segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Lança: Osíris (parte 3)


Recado da autora:  Para ver a história da parte 1, clique aqui.
Para ver a história da parte 2, clique aqui.

Osíris foi esquartejado em 14 pedaços que foram jogados no mar. E enquanto Ele voltava novamente para sua jornada no mundo dos mortos, sua amada esposa Ísis procurava os 14 pedaços de seu corpo.

Ela, no entanto, só achou 13 pedaços. O 14°, o falo, teve que fazer uma réplica em ouro. Com os 14 pedaços em mãos, Ela pediu a ajuda de Anúbis e Néftis, e juntos eles construíram a primeira múmia e deram origens aos rituais de embalsamamento.

Ao terminar os ritos, Ísis se transformou em ave e começou a se lamentar e clamar por seu amado dando voltas acima de seu corpo. Osíris de onde estava escutou o lamento de sua amada e voltou pelo mesmo caminho por onde veio. Ainda em formato de ave, Ela copulou com Ele e assim Hórus foi concebido; no entanto, Ele não poderia voltar definitivamente, seu caminho agora era outro. Juntos, eles governariam os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos. Ele explicou para Ela que havia voltado mais uma vez para lhe dar algo, um objetivo para o qual viver e este era cuidar de sua criação, de seu filho, Hórus. 

Osíris passou a ajudar as almas que faziam a mesma travessia que ele, as que faziam a mesma jornada. Anúbis passou a ser seu braço direito e presidir os ritos de embalsamamento, além de proteger Ísis, os enlutados e os corpos dos que haviam falecido, enquanto estes esperavam o julgamento de Maat (a Deusa da justiça egípcia).

Um tempo depois, quando Hórus estava pronto, Osíris voltou para ensinar-lhe como governar e as artes das guerras, para que ele pudesse governar ao lado de sua mãe e vingar o cruel assassinato de seu pai.

Este é o mito de Osíris. As vezes podemos pensar que ele é apenas um coadjuvante na história da Deusa Ísis, no entanto, a história mostra que Osíris foi um Deus que por onde passava ia englobando aspectos de outras divindades reverenciadas no local. Seu culto foi se fortificando e se fortalecendo, mas por possuir mistérios que poucos conheceram - apenas os iniciados em seu culto tiveram esse privilégio - ele tornou-se uma figura um pouco apagada.

Mas, pensem bem, o que seria de Ísis sem Osíris? Ou de Osíris sem Ísis? Eles se complementam e enquanto estavam juntos na terra, não havia necessidade de criarem algo novo, eles estavam estagnados, parados. Quando Ele morre, Ela necessita modificar, transformar sua vida, sua existência, reencontrar-se novamente em si mesma, descobrir sua força e continuar vivendo. Ele faz a mesma jornada. Contudo, Ela aprende pela dor e Ele pelo caos que existe no vazio, na escuridão. Ele torna-se a Luz do vazio, a promessa de esperança para todos aqueles que atravessam os portões da morte.

Então, atravessem os véus de dores e percebam que mesmo separados eles estão juntos e esperando por nós, em um campo esverdeado e florido, onde o papiro cresce e frutifica e o Nilo corre transbordante em sua linda cheia. Eles nos esperam para juntos fertilizarem a nossa vida, trazendo um novo frescor para nossas jornadas.

Beijocas estaladas no coração de todos e até a próxima segunda-feira! 


Bibliografia Consultada:

- ELLIS, N.; Deusas e Deuses Egípcios: Festivais de Luzes: Celebrações para as estaões da vida baseadas nos mistérios das deusas egípcias. São Paulo: Mandras, 2003;

- GENEST, E., FÉRON, J., DESMURGER, M. ; As mais belas lendas da mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

- REGULA, D.; Os mistérios de Ísis: seu culto e magia. São Paulo: Mandras, 2004.

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