sábado, 29 de setembro de 2012

Cotidiano Pagão: Ligação Diária com Divindades



Este é um tópico bastante pessoal mas, mesmo assim, achei por bem falar dele aqui, já que é um aspecto bastante importante no Cotidiano da maioria dos pagãos: A Ligação Diária com Divindades.

Ora bem, a grande maioria dos pagãos sente a necessidade de se ligar a divindades, sejam elas específicas de algum panteão ou apenas divindades gerais. Porém, muitas vezes, com o cotidiano das cidades atarefadas e nosso dia a dia non-stop nem temos tempo para fazer seja o que for.

Então, hoje, vamos abordar formas de manter a ligação com as divindades (mesmo que seja de forma simples) apesar de se viver numa montanha-russa. 

Primeiro, como já é de esperar que seja feito, tem de investigar as coisas que se encontram associadas à divindade em questão (e não estou falando de ervas, cristais e coisas do gênero, mas sim características e traços). Conhecer as divindades que adoramos (tanto sua mitologia, forma de adoração, etc.) é essencial para estabelecer uma ligação mais estável. 

Após ter esse conhecimento todo, tornar-se-á muito mais fácil adotar essa adoração para o seu dia a dia. Dando um exemplo: Com a Deusa Hécate, no seu dia a dia tem imensas formas que pode mostrar seu culto e prestar homenagem. Não necessita ser sempre rituais e velas e oferendas, algumas atitudes da sua parte, podem e marcam, a diferença. Por exemplo, se a Deusa Hécate é a Deusa dos Caminhos não negue conselhos às pessoas, pois aí você estará ajudando as pessoas nos seus caminhos e aprendendo com a Deusa. Outra coisa que não deverá fazer é negar oportunidades, negar caminhos. Este tipo de situação, bastante comum no nosso dia a dia, é um ótimo exemplo da presença de Hécate na sua vida. Pode aproveitar essa ligação para tomar a decisão que será mais certa (e lembre-se que a mais certa nem sempre é a mais fácil). 

Outro exemplo que podemos tomar, no caso de a sua divindade ser, por exemplo, Afrodite, pode tirar umas horas do seu dia para se tratar a si mesma/o e dedicar algum tempo a você. Tomar um banho de espuma, relaxar, fazer algo que você gosta e tratar de si. Ao tratar de si estará mostrando respeito pela Deusa em questão e seguindo os seus ensinamentos. 

São coisas assim simples que podem fazer a diferença e permitem-nos aprender grandes lições com as divindades, mesmo quando pensamos que não temos tempo nem para respirar. 

Mas claro, se tiver a oportunidade, não deixe escapar e faça algo mais elaborado, talvez umas oferendas, um poema ou um texto dedicado aos Deuses ou até, se o tempo permitir, um ritual elaborado!

Deixe sua mente ir e não se limite. Existem mil e uma coisas que você pode fazer para manter sua ligação com os Deuses no seu dia a dia. Apenas temos de pensar e ver para além da imagem principal e vai ver que algo vai surgir!

Bênçãos da Deusa,
MissElphie

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Bosque: Oráculos e Divinação no Druidismo

(Do site da OBOD) 

Nos tempos antigos druidas utilizaram muitos métodos de adivinhação: de simples adivinhação do tempo até a interpretação sofisticada do vôo das aves, a partir da observação do comportamento animal para a interpretação de configurações planetárias. É quase certo que cada um dos quatro elementos foi usado para augúrio, bem como foram usados ​​para a cura. É provável que os sinais e sentimentos associados transmitidos pelo atirar de terra em uma folha ou tambor de pele foram lidas como uma cartomante pode ler as folhas de chá, e as formas das nuvens que passam ou das imagens encontradas no fogo ou no olhar em piscinas de água foram, sem dúvida, mais fontes de inspiração. Conhecemos o termo que os druidas irlandeses usavam ​​para adivinhação com as nuvens - Neldoracht - e sabemos também de métodos mais complexos de adivinhar utilizados na Irlanda, incluindo o Tarbhfeis, que implicavam no adivinho ser envolto em pele de touro para ajudar a sua clarividência.

A divinação, porém, não precisa ser simples adivinhação. Ela pode ser um meio eficaz de revelar dinâmicas escondidas – estejam elas dentro de si mesmas ou dentro de um relacionamento, ou dentro de um grupo. A divinação então torna-se um meio de ganhar auto-conhecimento e uma compreensão mais profunda das causas ocultas por trás das aparências. Visto dessa forma, torna-se ainda de outra maneira que podemos tentar ir além da superfície, para sondar as profundezas, a olhar para as causas em vez de efeitos.

Druidas modernos são capazes de transformar nessa busca de uma série de métodos distintamente druídicos de divinação, incluindo o trabalho com os animais e plantas sagradas da tradição celta e druida e trabalhar com Ogham, que veio a ser conhecido como o alfabeto druídico sagrado das árvores. Alega-se que os druidas teriam usado o Ogham para adivinhação. Histórias irlandesas medievais, como Etaine Tochmarc sugerem que era assim, apesar de inscrições reais em Ogham, encontradas em pedras, só terem sido datadas como dos séculos quarto e quinto. Embora do ponto de vista do historiador não podermos estar certos de que os antigos druidas usaram o Ogham, certamente hoje ele nos proporciona um meio evocativo da compreensão das dinâmicas ocultas e eventos futuros, e tornou-se parte integrante da formação Ovate moderno na Ordem. 

Para explorar diferentes métodos de divinação, veja:

The Druid Animal Oracle, The Druid Plant Oracle, The DruidCraft Tarot, todos por Philip & Stephanie Carr-Gomm e ilustrados por Will Worthington

Ogam: The Celtic Oracle of the Trees: Understanding, Casting, e Interpreting the Ancient Druidic Alphabet por Paul Rhys Mountfort, Destiny, 2003

Celtic Wisdom Sticks, Caitlin Matthews, Connections, 2001 

Tradução: Renata Gueiros



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Caminhando entre as Deusas: Vivenciando a dádiva do amor

Quando iniciei esta coluna há um pouco mais de um ano atrás contei para vocês um pouco da minha volta ao caminho da Grande Mãe.

Hoje, gostaria de falar um pouco sobre as dádivas (e/ou fardos) deste caminhar.

Posso dizer, atualmente, que sou filha de Ísis, pois Esta marca minha vida de várias formas possíveis e inimagináveis deixando o seu legado. Ela me chama por coincidências, sonhos, e de certa forma não deixa que eu me afaste do seu caminho.

Pois bem, pensem em um caminho complicado!!!

Então eu reclamo, de certo modo, e digo que é um "fardo" este legado: amar incondicionalmente. Conviver com a dor da perda e mesmo assim, amar e continuar amando.

Vocês já pararam para pensar em como deve ser difícil ser a Senhora da Luz e caminhar pela escuridão, guiando seu amado, protegendo-o com seu amor e sabendo que seus caminhos se separaram? 

Pois é! Ísis é uma deusa que cresce pelo luto. Pelo aprendizado que a perda de algo ou alguém traz. Isso modifica as pessoas e cria - sempre cria - algo novo! No caso de Ísis, o novo é uma nova luz, mas ela só vem depois que se caminha pela escuridão com sua própria luz, depois que se enfrenta os medos e a loucura de tudo que nossa mente projeta quando pensamos que perdemos tudo, inclusive a segurança e a lucidez.

Portanto às vezes, muitas vezes, me parece que ser filha de Ísis é um fardo. O caminho possui muitos atropelos, muitas perdas e requer muitas responsabilidades. É quase uma constante, ter, se sentir bem e segura e perder e recomeçar todo o processo de luto (Eh! Acho que ainda não descobri o segredo!). E aí, mais uma vez, estou eu reformulando as perdas e vendo como proteger aqueles que eu perdi, terminando de longe o trabalho  de guia-los para onde eles vão construir um Bem melhor e sentindo aquela dor terrível de não ser como eu gostaria, de não poder vivenciar tudo de outra forma, o desejo de jogar tudo para o lado e esquecer essa responsabilidade e pensando "o amor é um fardo!", quando me respondem "O amor te protege, ele é uma dádiva. Ser filha de Ísis é uma dádiva. Agradeça e lembre-se que o amor te protege".

Aí, você para pra pensar, né? Eu parei! Amar muitas vezes não é somente o ato de dar e receber, muitas vezes quando estamos doando nem percebemos que já estamos recebendo algo em troca. Talvez não seja a pessoa que recebeu que irá lhe retribuir, mas garanto que o universo encontrará outras formas.

Seguir esse caminho pode ser complicado, angustiante e cansativo, é assim que me sinto uma grande parte do tempo. A dor às vezes alucina e parece que nunca vai cicatrizar. E quando você pensa em entregar os pontos, Ela lhe sorri e demonstra o seu amor e zelo por meio de um sonho ou uma pequena e mera coincidência (que de tanto se repetir você começa a prestar atenção) e mostra um pouco do que há por trás do véu da escuridão e que espera por você.

Então lembrem-se crianças, neste caminho os desafios serão muitos, mas o amor te protege. Acredite nele! E até a próxima semana! Que o amor de Ísis proteja a todos!

I Dia do Orgulho Pagão em Pernambuco






O I Dia do Orgulho Pagão em Pernambuco foi uma iniciativa do grupo Dakinis em ideia dos diversos eventos promovidos mundo a fora, que visa a reunião de diversos segmentos do paganismo em um dia de comemoração pela luta do movimento neopagão. O maior evento do tipo no Brasil é o Dia do Orgulho Pagão RS, que se encontra em sua 9ª edição.

O evento teve início às 14hs, contando com a presença de 30 neopagãos e acompanhantes. "O evento iniciou como planejado com cânticos pagãos, ao som de tambor, chocalho e panderola.  Teve também uma alegre dança circular que sacudiu todos os presentes. 

A programação seguiu com a palestra de Karina Ártemis Afrodite, intitulada “A Wicca no Brasil: adesão e permanência dos adeptos na Região Metropolitana do Recife.” Este foi o título de sua dissertação de mestrado em Ciências da Religião, na Universidade Católica de Pernambuco. 

Após o término da palestra seguiu-se as feiras. Houve feira de artesanato e roupas. Além de massagem Shiatsu, com o massoteraupeta Eduardo Barbosa. Em seguida aconteceu a palestra da estudante de biologia, Bryanna: “Plantas medicinais e sua utilização em rituais de magia.”

Já anoitecendo deu-se início a celebração do Equinócio de Primavera. Cantou-se, fez-se espiral, meditação de aterramento, e a dinâmica dos ovos. Esta foi super divertida. Dividiu-se os participantes em dois grupos, um grupo para esconder e outro para achar os ovos pintados trazidos por aqueles. 

O evento encerrou com um banquete, com bolos, sucos, cup cakes e frutas". O evento obteve um bom retorno dos participantes, fluindo melhor do que o esperado. O evento contou com o apoio do Jornal O Bruxo e do Espaço Neopagão.

Texto de Douglas Phoenix, com descrição de Karina Ártemis (Cliografia da Bruxinha)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Universo Simbólico: O Caminho e o Caminhar.


Olá pessoal, primeiramente eu gostaria de desejar um Ótimo Ostara para todos, na certeza que neste novo Giro da Roda todos os seus objetivos venham a florescer com as grandezas da Primavera.

O caminho Mágicko é algo muito contagiante e causa um certo orgulho, pois quem nos dias de hoje caminha nesta estrada é porque realmente sentiu o "Chamado"  em seu coração e de fato se sente completo. Num mundo tão cheio de males visíveis e invisíveis , como o que presenciamos é realmente raro se conectar com algo que de fato brilhe em nossa alma.

Temos o entendimento que não se resolve nada com Magiah em primeira instância, porém nosso mundo mesmo cheio de  tantos males não existe sem ela. O que quero dizer e que não se deve utilizá-la levianamente, e mesmo que aconteça algo de ruim e estas influências tentem se infiltrar em nossa harmonia por um simples impulso negativo é preciso compreender certas diretrizes muito mais complexas , muito mais difíceis, pois cada uma delas nos direciona para a estrada menos difícil, e se mesmo assim a percepção for falha a tendência é ficar preso e não conseguir o progresso. Temos que manter o foco em nossas ações, porque somente nós temos a capacidade de nos analisarmos internamente. 

Assim muitas destas diretrizes foram estabelecidas para que um elo harmônico fosse criado e praticado entre as vertentes Espiritualistas, mas infelizmente ao nosso redor não encontramos estas qualidades na maioria dos Magistas, que se obtivessem tais qualidades dentro do contexto Mágicko, muitos Covens, e Grupos de Estudos não teriam conhecido o fracasso ou não passariam por certas dificuldades que poderiam ser evitadas. 
É preciso compreendermos que além de fazermos as nossas atividades em Grupos ou até mesmo solitariamente estamos sujeitos a compromissos. Nossos companheiros de senda necessitam do nosso apoio e a Divindade conta com nosso esforço para que nossa "Missão" seja bem realizada. Sendo assim, porque sermos levianos com algo que nos faz tão bem?  Eis algumas destas diretrizes que acredito serem importantes não somente em Magiah, mas para uma boa formação de um ser Humano. 


Responsabilidade

A magiah por si só já requer muita responsabilidade, por ser ultra poderosa e suas leis estão ai para serem cumpridas, pois são implacáveis. O Karma não dá nenhum desconto: "Faça algo e receba três vezes de volta!"

A Magiah tem muito a oferecer, das coisas mais básicas até as coisas mais complexas, além da infinidade de tradições que a compõe. Paz, equilíbrio, harmonia , sabedoria, embora muitas pessoas busquem o dinheiro e outros bens materiais. Isso não é errado de se desejar. Errado é usar a Arte somente para esse feito, sem estudar ou praticar ou ter conhecimento fundamental das coisas.

O Compromisso com o Universo também se encaixa neste quesito, pois se não se tem responsabilidade com seus próprios companheiros de senda, acreditamos que com a Divindades e seus trabalhos o resultado final será bem falho.

A LEI DE CAUSA E EFEITO diz: "Nenhuma ação ficará sem reação!" É preciso saber ao lidar com a Magiah , pois TUDO o que for feito terá uma consequência, boa ou ruim, a depender de seus feitos. Por este motivo a responsabilidade e o pensamento no bem comum fazem mesmo a diferença em não se tornar um Magista egoísta.


Estudo

Nada vem de graça. ( e se vier desconfie, pois acaba logo) O esforço é fundamental para ser um magista bem sucedido, ao invés de uma imitação que usa amuletos legais,( e que nem sabe o significado) e se intitula um. A pesquisa voluntária é um bom começo, mas se existe uma ajuda da parte de alguém, não rejeite, nem seja dependente dessa pessoa. Ir em sebos, livrarias, comprar bons livros e não ter medo de abri-los faz uma boa diferença, trocar experiências e questionar também faz parte do aprendizado, além de fazer anotações.

O fato de questionar vem pelo motivo de que muitas informações podem vir das mais variadas formas. Não acredite facilmente em tudo que se lê ou que se fala, somente porque alguém disse ou escreveu. Não existe a verdade absoluta, mas procure a sua verdade. Com o questionamento e o estudo as demais coisas com certeza virão.


Respeito

Quando se adentra nessa senda sobe-se um degrau, porém não é motivo para menosprezar os que ignoram o conhecimento, nem humilhar seus semelhantes. Saber controlar o orgulho é algo indispensável., pois de fato muito são realmente destratados por alguém em algum momento de suas vidas e quando adquirem poder querem vingança. Respeitar os ignorantes(os que ignoram) e os intolerantes, principalmente respeitar as forças que se trabalha: A Natureza, as entidades, pois todos merecem respeito. A Lei do Retorno está sempre operante, respeite-os e eles se tornarão seus amigos. Desrespeite-os e as consequências sem duvidas serão aplicadas.

É o que normalmente acontece com alguns Magistas. A vida não anda bem, acontecem coisas estranhas e eles se perguntam o porque de tudo isso estar acontecendo? Com certeza as respostas estão em seus atos, afinal só colheremos aquilo que plantarmos. Se ganharmos algo além,dependerá de nosso merecimento.


O Silêncio

As leis magickas alertam que não se deve falar de assuntos magickos com leigos. O conhecimento deve ser passado, certo, mas deve-se se saber a quem, sem falar que na Arte não existe conversão, o famoso proselitismo.

Costumo chamar a Magiah de "Faca". A não ser que sejamos muito desmiolados, não daríamos uma faça na mão de um psicopata, DARÍAMOS? Enfim, as palavras têm poder e quando dizemos ou verbalizamos um desejo, podemos estar lhe dando ou tirando poder. O conselho que deixo é que quando estiver na presença de pessoas que não estejam prontas para ouvir esses mistérios, procure manter selos nos lábios sobre suas intenções e sua vida magicka, pois a influência de leigos só contaminariam seu desejo ou sua vida sugando-a pela duvida. Fale apenas com os que vibram na mesma sintonia que você. Na dúvida fique calado! Sempre me recordo do: "Saber, Ousar, Querer e Calar"


Paciência

As coisas não acontecem de repente e nem tudo possui efeito cinematográfico. Quando se tem ansiedade as coisas tendem a serem bloqueadas e assim seu desejo demorará para se concretizar, portanto seja paciente.


Persistência

Não desista tão facilmente das coisas. Tudo na vida o tempo é aliado se for bem utilizado. Se algo é passado para que seja feito, se esforce até que o objetivo seja cumprido custe o que custar. ( Obviamente pensando nas consequências e agindo de acordo com elas)

Liberdade

Mental e não a física. Ter uma mente aberta e livre de preconceitos, medos e travas ajuda a prosseguir no caminho.

Sabedoria

Saber quando é o ego falando ou quando o orgulho impera, ou o desejo pessoal que atrapalha o próximo, já faz uma grande diferença. Ela é a Luz interna que todos temos que descobri-la, mas para isso e preciso humildade, e com ela todo o caminho se torna iluminado para com certeza não venhas a tropeçar.

Diciplina

Estudo e treinamento requerem tempo. As vezes é chato e cansativo, mas é necessário e um não vive sem o outro, e não se chegará a lugar nenhum sem eles. Não adianta adiar as práticas porque se tem que estudar nem vice-versa, pois o equilíbrio é o foco principal para a evolução.

Amor

Amor de verdade, o que pregou os grandes Mestres. O Amor que supera tudo, que perdoa, que releva, que enfrenta. O Amor aproxima ao objetivo visado, pois ele é a maior energia magicka que existe. Amor por tudo e tudo por amor. Amor sob vontade, essa é a Lei.


Manter o equilíbrio é fundamental na vida de um Magista, e empregar essas virtudes em seu interior torna a vivência Mágicka mas confortável. encontrar-se em meio as trevas não é tão ruim, desde que você saiba viver em plena harmonia com suas partes obscuras.


A Todos,
Pax, Lux et Nox.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Filosofia Oculta: Criação do Círculo


Introdução

O modus operandi vincuniano pode ocasionalmente diferir muito dos métodos mágicos populares. Tal diferença se deve ao fato de que o mago que caminha por esta linha deve estar sempre disposto à independência e ascensão. Não venho tratar nesse texto da linha ética ou moral da ascensão, pois este assunto já pincelei em "A ética egoísta e a eudaemonia (1 e 2)" e em "O pré principio anterior ao início sem fim. (1, 2 ,3 ,4 ,5 e 6)"

O método que venho propor a vocês leitores, os que lêem o que escrevo com carinho ou com ira, não é o mesmo método que uso no presente, mas é bem próximo e útil para o que pretendo passar.
Aconselho a todos que pretendem terminar esta leitura com a capacidade de não se enganarem com as minhas palavras (o que só conseguirão se forem desatentos), que leiam meus textos anteriores, principalmente o "A magia e as ferramentas (1 e 2)".

A Criação do círculo.

É aceitável uma preparação antes da criação do círculo, para evitar um trabalho malfeito. E essa preparação não deve ter necessidade de objetos simples como giz, athames, cajados ou qualquer outra ferramenta externa. Mas necessita principalmente de uma auto-organização e treinamento abstrativo.

Deve-se atentar para os humores de seu espírito: um espírito irado irá transferir a ideia de ira para a programação do círculo a ser criado. Um círculo voltado para o uso em batalha pode ser bem programado sob a utilização da essência da ira (ou com a influência de Marte, como dirão os textos obscuros).

A figura geométrica do círculo é utilizada simplesmente por este ser a forma que se liga a ideia de perfeição. O círculo é visto como uma figura perfeita simplesmente por ser igual em todas as suas partes (assim como o quadrado e o triângulo equilátero) e por ser, segundo nossa própria observação e o pensamento hermético (de Hermes Trimegisto), o movimento feito pelo universo a partir do modelo de pensamento do Todo aplicado pelo Demiurgo e assim, figura de transmutação e geração (não ler como 'gerar do nada', mas criar algo novo a partir de algo pré-existente).

"9-Ora o Noûs Deus, sendo macho e fêmea, existente como vida e luz, faz nascer de uma palavra um segundo Noûs demiurgo que, sendo deus do fogo e do sopro, criou governadores, em número de sete, os quais envolvem nos seus círculos o mundo sensível; e seu governo se chama destino."(Hermes Trimegisto, p 13).

"11- Porém o Noûs Demiurgo, conjuntamente com o verbo, envolvendo os círculos e fazendo-os girar zumbindo, coloca desta forma em ação o movimento circular das criaturas, deixando-as fazer a sua revolução segundo um começo indeterminado até o término sem fim, pois começa onde se acaba. E esta rotação dos círculos, segundo a vontade do Noûs, produziu, tirando-os dos elementos que se precipitavam para baixo, animais irracionais (pois não possuíam o Verbo próximo de si) [...]" (Hermes Trimegisto, p 13).

Para criar um círculo (ferramenta de contenção, proteção, transformação e geração) segundo o método vincuniano é necessário simplesmente uma mistura de vontade, abstração, imaginação e imposição de sensações e sentimentos.

Receita:

Em pé, se for noite apague a luz e acenda velas* no seu campo de visão, sem exageros - o objetivo não é causar incêndios. Caso se sinta mais relaxado coloque alguma música instrumental. Afaste os pés de uma forma em que o ângulo entre suas pernas forme um triângulo equilátero*, leve as mãos com as palmas para cima até as coxas. Feche os olhos e respire fundo, sem soltar o ar visualize um círculo no qual você é o seu centro, dobre levemente os joelhos e solte o ar na medida em que vagarosamente ergue os braços. Enquanto levanta os braços imagine o círculo brilhando e uma chama branca brotando dele. Quando tiver erguido totalmente as mãos, respire fundo rapidamente desça os braços como um descer de asas e una as mãos (como em oração) em frente ao peito, soltando o ar de vez com o bater das palmas, nesse momento veja o círculo brilhando muito e explodindo em chamas brancas. (Preencha o "ritual" com sons luminosos e sons de fogo).

Símbolos

*Velas: A baixa claridade direcionada a um ponto especifico incentiva a imaginação e a atenção, e auxilia (não é necessidade) na manipulação de energia.
*Triângulo equilátero com ponta para cima: Simboliza a ascensão, o elemento fogo (transformador, solve e coagula), as três substâncias (corpo, alma e espírito) e funciona como elemento energizador.

Músicas sugeridas:

Clair de Lune - Debussy
Cânticos gregorianos em geral
Requiém - Mozart

Observações:
Se você não tiver uma perna ou for paraplégico, pode fazer sentado (afinal não há muitas opções), se lhe faltar um braço ou dois, ou as mãos, mentalize-as como se as tivesse. Se você não possuir algum dos 5 sentidos, é possível que este método não funcione bem.

Referências Bibliográficas

Hermes Trimegisto. Corpus hermeticum, Editora Hemus, 1978. (Escrito provavelmente entre os anos 100 e 300 D.C)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Verbum Sacrum: O Choque de gerações


Sempre é esperado que a geração mais nova conflite ideias com a geração anterior. Este mesmo princípio vive fazendo o mundo girar em extremos opostos. Desde a alta iluminação científica até os obscuros anos  do mundo nazista.


A grande questão é: quando uma mudança é boa ou ruim? Dentro do instinto humano, obviamente pressentimos logo que toda mudança é ruim, temos uma natural relutância ao novo e na prática vemos que nem sempre é assim. Infelizmente entender a linha que separa as mudanças boas das ruins ainda é coisa muito complexa a nós mortais. E devido a esse fato permanecemos no estágio científico da experimentação.

Dentro do ocultismo não é diferente, e quando envolve âmbitos religiosos é ainda mais complicado perceber tal divisória. Vemos constantemente novas práticas filosóficas surgirem e serem arrebatadoramente criticadas. Algumas conseguem seguir em frente, outras morrem de vez ou para renascer logo adiante com uma nova cara.

Estranhamente quando se para pra refletir nas tradições tão cultuadas ou cujo renome é usado como maximus argumentum em discussões comparativas com as novas idéias que surgem em nosso tempo, tais tradições surgiram em momentos similares de caos ideológico, foram extremamente criticadas, tentaram suprimi-las e muitos de seus criadores têm históricos altamente prejudicados pelas artes que tentavam desenvolver.

Particularmente valorizo muito aqueles que tentam o novo, mesmo que a conclusão seja trágica. Esse é um risco que só os ousados podem correr. Ao passo que tenho visto muita produção que foge completamente (ou quase isso) a toda concepção tradicional já vista, e de fato isso assusta um pouco, principalmente pelos aforismos de que a fé não precisa de constatação ou lógica. Dentro do ocultismo isso nunca foi bem aceito devido ao método pseudo, mas ainda sim científico em que se elaboram as práticas e as técnicas no mundo dos véus.

Seguindo ainda a lógica do nosso último encontro sobre a qualidade da informação, transmito aqui algo a mais para facilitar esta seleção. Devemos ter em mente que quando nos propomos a conhecer profundamente algo temos que buscar primeiramente os conteúdos renomados e indicados, para que doravante possamos aplicar-lhes o devido bom senso e analise para nos aproximar de tal conhecimento e poder por fim tecer-lhe alguma crítica ou inová-lo. Salvo raras exceções, é acertadamente ruim aceitar ideias que não têm nenhum embasamento prévio, ou não se baseiam em real estrutura lógica qualquer. É ver, por exemplo - após milênios de relatos sobre a mutabilidade das essências - milhares de pessoas entrarem para um novo grupo religioso que alega que se pode ter a alma de um “dragão verde dos olhos rosas” e por acidente encarnar na forma humana, sendo portanto um dragão enclausurado no corpo de humano; ou ainda grupos que idolatram um sujeito que alega ser a reencarnação do conde Drácula ou de Jesus, e pior que isto é ainda observar que tais criações se embasam em argumentos ainda mais estúpidos como: “Jesus previu que seria ridicularizado quando retornasse portanto a prova de que sou Jesus é que vocês me acham ridículo” ou “Se você sente que o mundo precisa melhorar você provavelmente é um dragão preso num corpo humano”.

Como disse, valorizo aqueles que tentam o novo e quero deixar claro que não discurso contra as inovações, porem chamo a atenção daqueles que tem gana por um ideal, e aceitam o novo somente por ser novo. Clareando: aqueles que propõem algo novo por mais tolo que seja ainda está sendo ousado, já aquele que não propõe nada novo e ainda por cima opta por seguir um tolo está unicamente sendo duplamente tolo. Portanto se for para ser tolo seja ao menos um tolo criativo, do contrário procure bons grupos e boa literatura para embasar suas práticas. Estejamos sempre atentos à coisas novas e buscando compreendê-las, mas não nos vendemos para uma fé cega e degenerada, onde morre todo o senso crítico.

Progredir Sempre! 
Lupos, Canis - O caçador

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Runenmagie: Galdr – Magia Rúnica de Som I



Hail, leitores!
Passado o entendimento básico do uso oracular, que tal irmos para outra das principais formas de uso de runas? O Galdr  (lê-se “gáldra”). O princípio do nome das runas é “sussurro”, o que nos faz interpretar o alfabeto como sendo inspirado numa fonética que há muito se perdeu e que hoje se associa a linguagem atual. O que não deixa sombra de dúvidas é que o Galdr é uma das formas mais poderosas de utilização das runas e principalmente que sua utilização estava em muito sincronizada com a magia clássica e tradicional.

Mas o que é Galdr?

De início vamos relembrar um pouco de Física. Segundo a Física Moderna, o som é a propagação de ondas tridimensionais que não movem partículas, mas fazem com que elas “vibrem”. Esta vibração provocada por uma onda sonora causa uma alteração no equilíbrio de partículas de ar.


Logo, o Galdr é utilizar esta propagação, vibração e alteração para um determinado fim. Algo de novo para quem utiliza tambores e outros instrumentos para alteração de consciência, cânticos e rimas para feitiços, poemas para invocações ou mesmo silenciosas danças (que contem ondas infrassonoras inaudíveis para humanos) para alcançar o êxtase ritual? Não, não há nada de novo!
O Galdr é uma das formas de magias mais antigas do mundo. Ela sofreu poucas alterações no resultado, e enormes nos métodos, instrumentos e meios de uso. A diferença é apenas a nomenclatura e o fato de que na Runenmagie os sons produzidos tentam despertar e canalizar o poder dos Espíritos Rúnicos.
Um paralelo que gosto de fazer é que como as chamadas obras de arte, o Galdr se utiliza de sons (audíveis ou inaldíveis) para representar algo real ou pretendido. Pode ser num misto harmônico, ou desarmônico, o que importa é que tal som reproduza em você e em que o ouve a sensação pretendida.

Como utilizar?

O processo de utilização do Galdr, na maioria das vezes é muito mais intuitivo que consciente. Você por vezes não se dá conta que por segundos elevou ou baixou o tom de sua voz ou deu ênfase em uma determinada palavra numa conversação, mas todos estes mínimos detalhes comuns à comunicação, desde gestos à fonética são as formas básicas de Galdr.
Repetindo, você sempre cria uma expressão de som enviando uma mensagem (ou energia) para um determinado receptor (ou fim). A dúvida novamente é como fazer uso destes princípios utilizando runas.
Faur tem uma listagem muito boa sobre quais sons vocais podem ser atribuídos a runas. Ela os correlacionou com a fonética atual. Mas como já citei em outro momento, o som real das runas foi algo que se perdeu. Vale salientar que além da lista no livro de Faur,  há outros níveis de utilização e outros instrumentos que podem ser utilizados no processo de magia sonora.
Por exemplo, se quero trabalhar a runa Uruz (bisão, força primal, selvageria), como atingir uma forma de som que SEJA Uruz utilizando um tambor e minha voz?


Eivør - Trøllabundin

Esta música é um exemplo perfeito de que independente do que se é dito em palavras, qual língua se está falando ou qualquer outra coisa a cantora conseguiu extrair do tambor e de sua voz um som que nos remete à forma mais visceral e selvagem do instinto. Pessoas sensíveis à sonoridade e que gostem de dançar sentirão esta energia mesmo que ela fale em qualquer língua morta. Porque a mensagem a energia transcendeu a linguagem e chegou ao conceito, o significado e energia. Isto é Galdr.

Continuo no próximo texto!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Caminhando entre as Deusas: Nossa Senhora do Rosário


Hoje resolvi ser polêmica, como é que uma coluna que fala de Deusas, pode abrir espaço para falar sobre uma santa?

Pois bem, pra mim os santos católicos são Deuses. Assim como os africanos transformaram seus Deuses em Santos e alguns outros como a Deusa Bright se tornou Santa Bright, então, porque não "jogar tudo no mesmo saco".

Claro que existem certas coisas na Igreja Católica que não fazem o menor sentido, ao meu ver. Mas, eu também acho que os Santos não tem nada haver com isso e que é uma questão de crenças.

Pois bem, dada essa explicação, vamos adiante.

Lembram da Santa com o véu vermelho que eu vi em sonho seca com uma múmia dentro de um templo? Lembram que eu vi umas fotos de Nossa Senhora de Fátima neste sonho dentro da sala própria dessa Deusa/Santa?

Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora do Rosário, são praticamente a mesma santa, que ficou conhecida como Nossa Senhora  do Rosário de Fátima. Mas por que nossa Senhora do Rosário? Por que ela possui um véu vermelho! Uma das tantas que achei com um véu vermelho. 

Vamos a sua história?

A origem do Rosário é antiga. Possui esse nome por ter sido fabricado inicialmente com pétalas de rosas prensadas. Sua função é ajudar na contagem das frases ritualísticas, para que o sacerdote, padre, ou qualquer outro que venha a recita-las não se perca. Foi usado em várias religiões e em vários tempos, em suma.

Já em 1208, Nossa Senhora aparece à São Domingos de Gusmão e entrega a ele o Rosário, segundo a lenda católica, informando que este é o "seu rosário" e que com ele, ele poderia converter os descrentes. E que esta seria uma "arma" para as lutas que ocorriam na Europa da época. Aqueles que rezassem com devoção alcançariam a graça e iluminação e estariam sobre a sua proteção. 

Em 1571, no dia 07 de outubro, ocorria a batalha naval de Lepanto ao mesmo tempo que uma procissão ocorria em que os cristãos recitavam o rosário, pedindo a proteção e a vitória na batalha. Como eles conseguiram a vitória sobre os Turcos Otamanos, o Papa Pio V, para celebrar a vitória concedeu ao rosário e sua dama este dia para sua festa. De início, ela ficou conhecida como a Festa do Rosário e depois passou a ser chamada de Festa de Nossa Senhora do Rosário.

Em 1917, Nossa Senhora de Fátima ao aparecer novamente para uma de suas três crianças, disse que o seu nome era Nossa Senhora do Rosário e daí provem a junção das duas santas: Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Vocês devem tá se perguntando o que tudo isso tem haver com a Deusa/santa do meu sonho, né? Eu ainda não achei o elo de ligação que explique  o porque. Mas foram muitas coincidências e como eu acho Nossa Senhora do Rosário de Fátima muito fofa, uma das Deusas/santas com o olhar mais carinhoso dentro da Igreja Católica, achei que hoje seria um bom dia para pedir suas bençãos e compartilhar um pouco com vocês de sua história.

Hoje fico por aqui, trazendo em breve, mais histórias. Até a próxima!

Bibliografia Consultada:


 
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