quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nota de Pesar: Amanda Figueirêdo

É com grande pesar que eu, em nome de toda a equipe do jornal e portal "O Bruxo", notifico o falecimento de uma integrante ativa do movimento pagão brasileiro, que durante suas atividades, lutou pelos ideais nos quais acreditava. A jovem pagã Amanda Figueirêdo, conhecida no nosso meio como Golden Morgaine, era organizadora do Encontro Social Pagão de Pernambuco, evento que muito contribuiu para a consolidação do paganismo em seu estado e, em consequência, no nordeste brasileiro. 
Amanda faleceu em decorrência de um aneurisma. Creio que, apesar da dor que muitos sente, este momento deve ser visto como mais um rito de passagem para Amanda, a jovem pagã que partiu ao encontro dos Deuses e que, com toda a certeza, deve ser bem acolhida por Eles.
O que nós podemos fazer, enquanto amigos, pagãos, pessoas que a conheceram ou que são apenas irmãos de fé, é nos unirmos nossas preces para que a passagem de Amanda seja a mais confortável possível, e para que a dor dos que sofrem seja amenizada. Nos solidarizamos com seu noivo Erick, com a família de Amanda e com todos os que tiveram a honra de conhecê-la. Que ela esteja bem em sua nova morada espiritual.

Rafael Nolêto

Caminhando entre as Deusas: Uzume

Uzume é uma Deusa do panteão japonês. Eu, particularmente, me identifico demais com Uzume. Ela é a Deusa do riso, da alegria e da dança do Xintoímo. Foi ela quem tirou a Deusa Amaterasu, a Deusa do Sol, de sua caverna e esse é, creio eu, o mito mais conhecido de Uzume aqui pelo Brasil.

Pois, deixem-me conta-lo para vocês:

Amaterasu é a Deusa do Sol, é uma Deusa linda e delicada, que possuía uma beleza e uma força que nem sempre ela conhecia. Ela é irmã do Deus da Tempestade, Susano, que adorava provoca-la e desfazer tudo o que ela fazia com amor e carinho. Certo dia, ele passou dos limites, ocasionando a morte de uma das companheiras de Amaterasu. A Deusa ficou muito triste e se trancou dentro de uma caverna. A terra sem a luz do sol, começou a ficar fria e gelada, as plantações começaram a morrer, os animais e os homens começaram a passar frio e só havia trevas para qualquer lugar que se olhasse. No início, os outros Deuses acharam que era algo passageiro, que a mágoa de Amaterasu iria se aplacar e ela voltaria para cuidar do seu povo. Mas a Deusa estava muito ferida e não queria voltar. Então, os Deuses começaram a ir na caverna tentar convencer Amaterasu a acabar com a noite sem fim. Oitocentos Deuses tentaram de tudo, eles suplicaram e choraram na frente da caverna mas nada do que fizeram fez Amaterasu sair da caverna. Até que Uzume teve uma idéia!

Uzume em frente a caverna, posicionou um espelho, para que Amaterasu se deparasse com ele assim que tirasse a pedra que fechava a entrava da caverna e, virou uma tina de cabeça pra baixo chamando todos os Deuses e quem estivesse por perto para assistir ao seu espetáculo. Ela subiu em cima da tina e começou a dançar e cantar e gritar comentários obscenos, ela começou a despir seu quimono, brincou de fantoche com seus lábios vaginais, , deu a si própria prazer, invocou os espíritos e ofereceu seu corpo a eles que se recusaram a aceitar. Todos riram e se deleitaram com as loucuras de Uzume e junto com ela começaram a rir e a cantar. A algazarra foi tão grande que começou a atrair a atenção de Amaterasu, que começou a se perguntar que balburdia era aquela que ocorria fora de sua caverna. Ela resolveu sair e ver o que estava ocorrendo e deu de cara com a sua beleza refletida no espelho, assim fez votos para nunca mais se refugiar e Uzume ficou conhecida por ter sido a única Deusa que conseguiu tirar Amaterasu da caverna e assim trazer a luz e o calor do sol de volta a terra.

O que o mito de Uzume nos conta? Que é preciso aprender a rir! A rir de nós mesmos, da vida, para tornar a escuridão e a dor um pouco mais suportável. Uzume é uma xamã e por isso ela usa a dança e os movimentos corporais como forma de magia. Algumas pessoas ao lerem o mito de Uzume podem achar que ela era muito depravada, mas na verdade, ela reverenciava seu corpo e entendia que o prazer pode curar e deve e pode ser divertido. O nome da dança realizada por Uzume ainda hoje é praticada no Japão e é conhecida como Kagura.

Então, carnaval tá ai! Divirtam-se conscientemente! Dancem e deixem que o riso, o êxtase e o prazer tomem conta do seu corpo e de suas vidas!

Beijocas estaladas no coração de todos!


Referências Bibliográficas:
- DONATELLI, M. (coord.); O livro das Deusas – Grupo Rodas da Lua.  São Paulo: Publifolha, 2005;
- MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;
MONAGHANP.;  O caminho da Deusa: mitos, invocações e rituais. São Paulo: Pensamento, 2009.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Indígenas falam sobre sua espiritualidade

A seguir, confira o documentário "Sabedoria da Mata: Pajelança e Espiritualidade Indígena", produzido com indígenas de aldeias Tupinikim e Guarani do município de Aracruz, no Espírito Santo. O pajé Guarani Tupã Kwaray e a viúva do pajé Tupiniquim falam sobre sua espiritualidade ligada a magia e a natureza.


* Produção, Roteiro, Imagens e Edição: Rafael Nolêto.
* Apoio: Angela Monteiro, Sury Monteiro.
* Entrevistados: Pajé Guarani Tupã Kwaray, Índio Tupiniquim Manoel Pêgo, Maria da Penha (Esposa do Pajé).

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Caminhando entre as Deusas: Lilith

Lilith é uma Deusa controversa, muito antiga e há muito esquecida. Sua imagem com o decorrer dos séculos foi deturpada e ela foi banida para o esquecimento.

Inicialmente, Ela é uma Deusa Sumeriana, mais antiga que Inana, assim como também é conhecido por ser o braço direito de Inana e ser aquela que atraía os homens para o Templo de Erech, onde ocorriam os ritos sagrados, que proporcionavam a cura física e espiritual através do ato sexual, que era considerado sagrado. Por conta disso, quando a cultura patriarcal começou a tomar conta da Suméria, Lilith passou a ser vista como meretriz, prostituta e ter sua imagem denegrida, assim como toda a liberdade e expressão da sexualidade feminina foram tolhidas.

No entanto, Lilith é uma Deusa selvagem que nunca aceitou ser domada. Ela é uma força primordial, na verdade. Ela é aquela que deu o grão à Mãe criadora e protetora que deu nascimento à Lua. Ela é a igualdade entre o feminino e o masculino. Um ser andrógeno. Força vital e puro instinto.

Na religião judaíca, ela foi assimilada de duas formas: como demônio, que tentava as mulheres, chupava sangue e comia crianças; também foi conhecida como a primeira mulher de Adão e por não aceitar deitar-se sempre por baixo dele, querer ficar por cima e sentir todo o prazer do ato sexual que Adão lhe negava, ela o deixou e partiu para os confins do Mar Morto. Isso gerou uma solidão em Adão que fez com que Jeová  mandasse três de seus Anjos em busca dela para convencê-la a voltar, como não conseguiram, Jeová criou  Eva. Lilith transformou-se em cobra e foi conversar com Eva, dizer para ela o quanto era importante ter sua independência... Vocês conhecem o final da história, né? Os filhos de Lilith também foram amaldiçoados a serem demônios e viverem no submundo.

Isso é um pouco do que se conhece sobre Lilith. Além do mais, ela era conhecida por abençoar as crianças recém nascidas e fazer cócegas em seus pés. Ela está em todas as mulheres que foram feridas e maltratadas e se reergueram para lutar por seus poderes e direitos. Possuía asas e garras, assim como a coruja e cobra, símbolos da sabedoria também a representam. Dizem, inclusive, que quando se escuta o grito da coruja, Lilith está por perto.

Seja você, mulher ou homem, busque sua força interior, seu poder primordial. Busque por Ela. Resgate o poder do instinto e deleite-se com ele.

Fica a dica: Olhares sobre Lilith é uma mostra audiovisual baseada no livro,  As filhas de Lilith vale a pena dá uma conferida: http://olharesobrelilith.wordpress.com/!

Beijocas estaladas no coração de todos!


Referências Bibliográficas:

- DONATELLI, M. (coord.); O livro das Deusas – Grupo Rodas da Lua.  São Paulo: Publifolha, 2005;
- MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;
PIETROC.; A arte da invocação: invocações, textos ritualistícos e orações sagradas para praticantes  de Wicca, Bruxaria e  Paganismo. São Paulo: Gaia, 2008;
PIETROC.; Todas as Deusas do mundo: rituais wiccanos para celebrar a Deusa em suas diferentes faces. 2° Ed. São Paulo: Gaia, 2003 (Coleção Gaia Alémdalenda);
ROBLES, M.;  Mulheres, mitos e Deusas: o feminino através dos tempos. São Paulo: Aleph, 2006;


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Pastores pentecostais tocam fogo em templos indígenas no Brasil. “Urucum é bosta do diabo”


Ras Adauto da ppaberlim, nos alertou sobre a grave situação em que vivem os Guaranis no Mato Grosso do Sul:  “A luta dos índios guaranis no Mato Grosso do Sul para preservarem suas tradições religiosas  necesssita de intervenção do governo federal,  suas práticas religiosas estão sendo acintosamente satanizadas pelas seitas pentecostais.”


O 25 mil índios que ainda restam na região em que eles foram donos, estão sendo vítimas no momento de um massacre e genocídio cultural. 36 igrejas pentecostais  concorrem entre si pelas almas indígenas, somente em uma reserva com 12 mil indios em Dourados.
Os indígenas já não podem nem mais usar urucum, pois segundo os pastores das igrejas, a tinta  usada pelos indígenas para cobrir seus corpos,  é “bosta” do diabo.
Reportagem de Fábio Pannunzio para a Rede Bandeirantes de Televisão.

Fonte: Mamapress

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Jornal O Bruxo lança Petição Contra a Limitação de Terras Indígenas no Brasil

Visando a defesa das comunidades indígenas (que são a base do paganismo no país) e a preservação da cultura, biodiversidade e o estado social em si, é que a organização do Portal O Bruxo lança uma petição contra o Projeto de Emenda a Constituição (PEC 38/99) que pretende limitar a demarcação de terras indígenas em prol de um crescimento econômico desordenado. O projeto do Senador Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) deixa clara a intenção de intervir nos direitos das comunidades indígenas, que vem perdendo suas terras pouco a pouco, sob o motivo de que suas áreas, por seu tamanho, impedem o crescimento de projetos econômicos no país. 

A verdade é que o projeto é uma forma de encobrir falhas em diversos sistemas do governo, que merecem uma maior atenção dos orgãos responsáveis. Queremos que os direitos das comunidades indígenas sejam respeitados e que o direito de voz do povo brasileiro seja ouvida, e não seja ignorada perante visões limitadas dentro do cenário político brasileiro.

Assine o abaixo assinado contra a PEC 38/99, clicando AQUI.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

PEC 38 limita a demarcação de terras indígenas em prol do "crescimento" econômico

A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 38/99 (PEC 38/99) limita a demarcação de TIs (Terras Indígenas) e está pronta para ser aprovada pelo Senado Federal. Ela é de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) e já foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

A proposta dá ao Senado Federal competência privativa para aprovar processos que envolvam a demarcação de TIs. Isso significa que o Senado terá competência para aprovar os processos de demarcação, ou se achar conveniente, também delegar a outro poder.

A PEC ainda institui que a demarcação de Terras Indígenas e Unidades de Conservação Ambiental (UCs) respeite o limite máximo de 30% da superfície de cada estado. Para o senador Mozarildo Cavalcanti, os territórios demarcados são amplos demais para o tamanho das populações indígenas e impedem a sua plena exploração econômica. Ele é o principal crítico no governo à demarcação da TI Raposa-Serra do Sol em seu estado, Roraima.

No parecer aprovado pela CCJ, foram excluídos os artigos que tratam das UCs por entender que as leis que as regem são diferentes daquelas que tratam das Terras Indígenas.

A PEC está na ordem do dia para ser votada.

Fonte: 360 Graus
* Informações da Agência Senado

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Crianças são os principais alvos de acusações de "bruxaria" na África


Dos últimos anos para cá, o número de pessoas punidas e mortas sobre a acusação de bruxaria tem aumentado consideravelmente. A Índia, o Oriente Médio e a África tem sido os principais focos desses ataques, onde, em sua maioria, os acusados acabam sofrendo prisão, confisco de propriedade, banimento de vilas, violência física e mortos em fogueiras ou apedrejados (Vídeo mostra pessoas acusadas de feitiçaria sendo queimadas vivas em comunidade africana). Na África esse número tem aumentado contra crianças da região. Na Nigéria, a Organização Não Governamental 'Child's Right and Rehabilitation Network' acolheu mais de 160 crianças acusadas de se dedicarem a atos de bruxaria.


Dezenas de crianças acabam sofrendo abusos verbais e físicos, sofrendo com o abandono e a rejeição, e em alguns casos até mesmo mortas pelas próprias famílias, isto por serem consideradas "bruxas". Em um país muito influenciado pela superstição e por crenças místicas, diversas pessoas acreditam que estas crianças sejam portadoras de pragas, doenças e morte, podendo contagiar demais pessoas (Agência Fides, 2011).

"Conflitos, deslocamentos internos forçados, falta de desenvolvimento e o peso da Aids sobre as famílias são todos fatores que contribuíram para o crescimento das acusações de bruxaria na África. Para exacerbar o problema existem várias seitas religiosas, que crescem sem parar, e que oferecem falsos serviços de exorcismo, bem como curandeiros locais que alegam “caçar” bruxas e cobram preços exorbitantes por poções para anular os “feitiços”."

No ano passado, um albino foi morto por uma comunidade a oeste da Nigéria, sobre as ordens de um curandeiro que pretendia usá-lo para trazer chuva a região, que nos últimos tempos tem sofrido com a seca.

Dentre os grupos mais vulneráveis estão as crianças de rua, os albinos e os deficientes. Este fenômeno só tem aumentado na África Subsariana. Os casos veem acontecendo nos últimos 10 ou 20 anos. Antes as acusações eram focadas em mulheres e idosos, porém acusações até contra animais (Multidão apedreja e queima macaco acusado de 'bruxaria' na África do Sul) tem ocorrido. Falta um posicionamento das autoridades públicas contra esses casos, atuando em ações de consciência das comunidades, para que fatos como estes tornem-se cada vez mais escassos. 

Texto de Douglas Phoenix
Fontes consultadas: Paperblog e Fátima missionária

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Meninas nepalesas "se casam" com deus em antigo ritual



Bhintuna, de nove anos de idade, sentava-se sorridente coberta de joias e usando um vestido de noiva em brocado vermelho e dourado enquanto segurava uma bandeja de oferendas, esperando sua vez de participar do ritual que a casaria com um deus.

A estudante é apenas uma de centenas de meninas nepalesas que devem participar do ritual que as casará com o deus Vishnu ao longo do próximo mês, uma época simbólica de casamentos, segundo a tradição nesta nação profundamente religiosa e de maioria hindu.

"É divertido. Estou feliz por usar novas roupas e por estar com tantos amigos", disse Bhintuna.
O ritual, que ocorre antes que uma menina atinja a puberdade, é um dos três casamentos aos quais as garotas da comunidade Newar, que domina o vale de Katmandu, são submetidas em suas vidas.

Em um cerimônia posterior ela se "casará" com o sol ao passar 12 noites em um quarto escuro quando tiver 11 ou 13 anos, um ritual que lhe dá proteção adicional. Seu último casamento será com o seu marido real e humano, geralmente por volta dos 25 anos.

As origens da tradição são obscuras, mas Rajendra Rajopadhyaya, o sacerdote que conduziu a cerimônia, disse datar de pelo menos vários séculos. O Nepal tornou-se uma nação oficialmente secular e aboliu sua monarquia hindu em 2008, mas a maioria de seus 26,6 milhões permanece profundamente religiosa.

Fonte: G1 Mundo

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Caminhando entre as Deusas: Pachamama e o seu poder de curar

Em novembro de 2011, esta coluna contou sobre o mito de  Pachamama e como entrar em contato com ela. Hoje irei focar no poder de cura que essa Deusa possui.

Pachamama é uma Deusa ligada ao tempo e a terra. Então, vamos iniciar esse post falando sobre o tempo.

Dizem que o tempo cura todas as feridas e existe uma antiga sabedoria nessa frase, sabedoria tão antiga como Pachamama e como o próprio tempo. 

Por que o tempo cura? Algumas pessoas devem se perguntar isso todo o tempo. Podemos concordar que o tempo é um processo, certo? Nós temos o tempo presente onde acontece a dor e a ferida, onde parece que o mundo vai acabar e que nunca mais vamos ver o sol, onde iremos sucumbir e nada mais será como antes. Seja uma perda, seja a dor de um amor, seja uma angústia ou qualquer que seja o nome que damos ao sofrimento que nos aflige, ele parece eterno e o tempo parece não passar.


Mas a verdade é que lentamente os dias vão se sucedendo. E o que era hoje, já não mais continua sendo amanhã. Novos acontecimentos vão surgindo, novidades, novas dores, novos amores, novas situações, novas pessoas, que irão alimentando e nos fortalecendo, o que antes era o nosso tempo presente torna-se passado e o sofrimento transforma-se em lembrança, uma lembrança às vezes dolorida, às vezes saudosa, apagada ou com um certo colorido, isso depende de como conseguimos integrá-la a nossa experiência de vida. 

Por isso dizem que o tempo cura. Ele permite que a gente transite entre nossas experiências: ao passar dos dias nossas dores vão se amenizando, ele nos deixa olhar de diversos ângulos aquela situação que tanto nos machucou e assim observar uma realidade não muito boa que poderíamos ter tido, transformando o nosso futuro em algo belo, em algo que nós construímos ao pensar em curar nossas feridas e mágoas com sabedoria. A sabedoria de quem vive e aprende com o tempo. Então, lembre-se que a dor de hoje é pra ser vivida, ela lhe trará ensinamentos. Mas Pachamama, que rege o tempo, lhe assegura que ela passa e que existe algo mais além da dor, seja no passado, no presente ou no futuro. 

Para que a cura possa ser completa é preciso lembrar que precisamos nos alimentar. A terra, o meio ambiente, é aquela que alimenta o nosso ser e o nosso espírito. A cura de um corpo, seja física ou emocional, necessita também de uma boa alimentação. Se não alimentamos nosso organismo ele não terá energias e forças para aguentar as tormentas que o aflige. Pachamama por reger o tempo, rege também os ciclos da terra e dos alimentos, plantação e colheita, assim, quando nos alimentamos também estamos entrando em contato com esta Deusa. 

Logo, Ela veio novamente nos lembrar para que cuidemos de nós, do nosso templo interno, nosso corpo. Ela pede para que fortaleçamos nosso espírito, curando nossas feridas com os remédios provenientes do seu corpo, a Terra, com frutas, verduras, uma alimentação saudável e também, com amor, com carinho, com diversão e que tenhamos calma, pois o tempo irá passar, curando nossas feridas. 

Beijocas estaladas no coração de todos!
Rosario Câmara

Blibliografia sugerida:


- DONATELLI, M. (coord.); O livro das Deusas – Grupo Rodas da Lua.  São Paulo: Publifolha, 2005;
- MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;
- PIETRO, C.; A arte da invocação: invocações, textos ritualistícos e orações sagradas para praticantes  de Wicca, Bruxaria e  Paganismo. São Paulo: Gaia, 2008;

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A maior ação de destruição a terreiros de Umbanda e Candomblé no Brasil completa 100 anos


Alagoas lembra hoje os cem anos do dia em que - nas vésperas do Carnaval - uma massa de populares, liderada por veteranos de guerra e políticos, invadiu, depredou e queimou os principais terreiros de Xangô em Maceió, espancando líderes e pais de santo dos cultos afros. Considerada um dos mais emblemáticos casos de racismo e intolerância religiosa do Brasil, a noite fatídica daquele 2 de fevereiro de 1912 ficou conhecida como “O Quebra de Xangô”.

O movimento foi organizado por integrantes da Liga dos Republicanos Combatentes em Maceió, sob a liderança do sargento do Exército Manoel da Paz, veterano da guerra de Canudos, na Bahia. “Muitos foram pegos de surpresa e apanharam pelas ruas até chegar à delegacia, na calada da noite. Outros tiveram a oportunidade de fugir para estados como Bahia, Pernambuco e Sergipe”, assegura o professor de História e pesquisador Célio Rodrigues, o “Pai Célio”, um dos grandes difusores da religião de matriz africana no Estado.

Também denominada como Operação Xangô, o movimento tinha um forte viés político com o objetivo de afastar do poder o então governador do Estado, Euclides Malta, que já administrava Alagoas por 12 anos seguidos e era considerado um amigo dos líderes religiosos massacrados.

Na época do Quebra, o movimento que desencadeou a postura intolerante contra a religião de matriz africana contou com o apoio da imprensa oposicionista, notadamente o Jornal de Alagoas. Nos trechos de seus artigos e matérias, termos pejorativos sempre eram direcionados ao governador por este se relacionar com os xangôs. Na série de matérias intituladas “Bruxaria”, publicada nos dias consequentes ao episódio, a suposta relação de Euclides Malta com os xangôs denota a mãe de santo Tia Marcelina como sua “feiticeira” protetora.

“Os relatos são de que a multidão induzida pela Liga dos Republicanos Combatentes - oposição - entrou quebrando tudo que via pela frente, no auge do ritual, quando alguns seguidores ainda tinham o santo na cabeça. Bateram nos filhos de santo e queimaram objetos sagrados numa grande fogueira”, diz Fernando Gomes.

O pesquisador Célio Rodrigues acrescenta que foi uma perseguição também aos negros em geral. “Essa Liga foi feita para dizimar as religiões de matriz africana e, por tabela, os negros, pois naquela época Maceió era habitada por muitos ex-escravos e seguramente uma das maiores cidades negras do Brasil”, defende ele.

 
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