domingo, 29 de abril de 2012

Magia Draconiana: Os Dragões nas Diferentes Culturas da Humanidade - Parte I


Seres alados com forma draco-ofidiana são encontrados em culturas presentes na Antiguidade, do Oriente ao Ocidente, e muitas dessas manifestações persistem vivas até os dias de hoje, sejam através de mitos, símbolos, cultos tradicionais e até mesmo cultos reconstrucionistas, como é o caso do Paganismo Contemporâneo e suas muitas vertentes.

O objetivo desse texto é introduzir brevemente o conhecimento sobre a presença desses seres tão especiais nas culturas apresentadas a seguir:

Suméria

Localizada na região da Mesopotâmia, historicamente um dos berços da civilização. Buscamos como fonte de culto draconiano a religião suméria e babilônica primitivas (pré-patriarcais), mais especificamente na Deusa Tiamat.

Tiamat é descrita no Enûma Eliš (O Mito de Criação Babilônico) como uma Grande Serpente Marinha, porém contendo cauda, coxas, cabeça, olhos astutos, pescoço e todas as demais características que nos levam a concluir que essa deusa era de fato representada como um Dragão. Segundo o mito, Tiamat deu origem a tudo aquilo que existe, sendo mãe, avó e bisavó de todos os seres e deuses do mundo. Um dos títulos de Tiamat é a "Grande Serpente de Fogo", o que faz clara alusão à sua natureza primordial e criadora.

Posteriormente, com o advento do patriarcado, o culto a Tiamat foi sendo gradativamente substituído pelo culto a deuses masculinos, a maioria reconhecidos como seus descendentes mitológicos, mais notadamente Marduk, que em um período tardio é retratado matando e esquartejando sua própria ancestral Tiamat, para então ele dar origem ao mundo se utilizando de partes do corpo d'Ela - algo bastante característico da ascensão dos mitos patriarcais sobre os matrifocais.

China

Sem dúvidas, uma das culturas de que temos mais notícias documentadas e traços da adoração do culto aos Dragões presentes até hoje, é a cultura chinesa.

Não podemos dizer com precisão como e onde nasceu exatamente a presença dos seres draconianos na China, mas acredita-se que estes surgiram em diferentes locais ao mesmo tempo, atráves do culto de diversas tribos aos seus totens protetores, que na maioria das vezes eram Dragões.

Na Mitologia Chinesa, o Dragão foi um dos quatro animais convocados pelo deus Pan Ku, para auxiliá-lo na Criação do mundo. Outros mitos, possivelmente anteriores aos de Pan Ku, contam que a Criação do mundo se deu pelas mãos da deusa Nu Kua, Senhora da Ordem, que é muitas vezes representada como uma Dragonesa e em outras como uma Velha Senhora.

O Dragão Chinês, diferentemente do Dragão conhecido pela cultura ocidental, é muito mais semelhante a uma Serpente e muitas vezes também é retratado sem asas. É um símbolo de proteção e rege o controle das águas que dão vida à agricultura na China.

O Dragão enquanto símbolo é utilizado até os dias de hoje pelos chineses, seja como protetor, ícone religioso ou motivo decorativo. Algo importante de se mencionar, é que historicamente, o Dragão era o símbolo do Imperador da China, e muitos chineses se identificam como "descendentes do Dragão", fazendo uma referência à sua natureza étnica.

No Horóscopo Chinês, o Dragão também se faz presente como um de seus "signos", sendo todos os anos regidos por ele os mais apropriados para se ter bebês, isto é, trazer à tona, mais uma vez, a Criação.

Índia, Pérsia e Egito

Na Índia existem largas referências sobre o culto às Serpentes e a ligação de divindades com elas. Entretanto, a presença de Dragões não é muito clara, mas podemos afirmar que ela esteve relacionada com o culto aos crocodilos que foi muito presente na região. Em determinadas regiões da Índia, o Dragão é hoje visto como símbolo do "Mal", algo que pode ter sido deturpado através dos tempos com a ascensão dos cultos patriarcais no Hinduísmo, após a passagem das tribos indo europeias.

Os Dragões Persas provavelmente descendem das lendas draconianas mesopotâmicas do período sumério e babilônico, assim como do antiguissimo culto à Tiamat. Na antiga Pérsia, o Dragão era visto como um ser guardião de grandes tesouros. Por outro lado, os mitos da região citam um Dragão chamado Azi Dahaka, que causava terror nos homens por eventualmente destruir suas fazendas, roubar seu gado e incendiar florestas. Alguns historiadores dizem que essa pode ser uma visão deturpada da figura do Dragão, e que na verdade, a figura de Azi Dahaka nada mais era que uma alusão alegórica ao próprio Império Babilônico que por séculos oprimiu a Pérsia durante a Antiguidade Clássica.

Os egípcios relacionavam a imagem do Dragão com a passagem do Tempo e a noção de equilíbrio entre o "bem" e o "mal". Assim como em outras culturas, sua imagem estava na maioria das vezes relacionada com a das Serpentes, que foram largamente cultuadas em todos os períodos e regiões do Antigo Egito. Um dos Dragões mais icônicos da Mitologia Egípcia que podemos citar é Apep, uma espécie de serpente-dragão que vivia no Submundo e todos os dias era morta pelo deus Rá, para renascer novamente, relembrando a ideia de tempo cíclico e equilíbrio.

Na segunda parte desse artigo veremos a presença dos Dragões nas culturas nativas das Américas, nas mitologias européias e seu significado também na mitologia judaico-cristã.

Até lá e abençoados sejam pelos Antigos!

sábado, 28 de abril de 2012

Cotidiano Pagão: Beltane e Samhain - Atividades



Beltane e Samhain

Sei que nem todos os que leem a minha coluna são Wiccans ou seguem a Roda do Ano Wiccan, mas hoje decidi colocar aqui um artigo sobre dois costumes, um de Beltane, o Mastro de Beltane, e um de Samhain, abóboras, dado que brevemente está chegando Beltane ao Hemisfério Norte e Samhain ao hemisfério sul.

Mastro de Beltane
Você precisa de...
  • Um tronco fino de uma árvore com mais ou menos 2 metros de altura;
  • Fitas multicoloridas, com 10 cm de largura, na mesma quantidade de participantes da cerimônia do Sabbat;
  • Pregos e martelo;
  • Uma coroa de flores coloridas.
No caso de estar a fazer isto de forma solitária, pode optar por um tamanho mais pequeno e as fitas que você desejar.

 Agora pode começar a pregar as fitas em uma das extremidades do tronco, a que ficará para cima. Pode também decorar o tronco, se assim entender que é correcto e que fica do seu agrado.

Posicione a coroa de flores na extremidade que você pregou as fitas de modo que os pregos sejam ocultados pelas flores. De seguida prenda as fitas no tronco com um elástico para que elas não embaracem.

Agora, se divirta no seu ritual. É bem fácil.

***

Decoração com Abóboras
Escolha uma abóbora fresca que você goste. Veja o formato e escolha aquele que lhe agrada mais. No topo da abóbora, desenhe um círculo para começar a cortar, sabendo que tem de caber a sua mão lá dentro.

Corte esse círculo, com uma faca ou com um instrumento próprio que pode ser adquirido no mercado. Cuidado para não se cortar! Remova o caule e limpe a parte superior com cuidado para não estragar o topo, pois será a 'tampa' da nossa abóbora! Agora, retire o interior (pode aproveitar para fazer sopa de abóbora ou um bolo!) com uma colher.

De seguida, desenhe uma cara a seu gosto na abóbora. Conselho: Faça desenhos grandes, pois detalhes pequenos são mais complicados de cortar, principalmente se você não tem experiência com abóboras.

Agora pegue de novo na sua faca ou instrumento de cortar e recorte esses detalhes cuidadosamente, para não estragar a abóbora. Fazendo pressão por dentro da abóbora, empurre os pedaços que você cortou para fora, mas com cuidado para não estragar.

De seguida, é só colocar uma vela dentro da abóbora e apreciar! Mas cuidado sempre, não deixe velas sem serem vigiadas e certifique-se que no interior da abóbora não ficaram pedaços soltos que podem pegar lume.

Espero que tenham gostado destas dicas e se divirtam nas vossas atividades festivas!
Boas celebrações a todos!
Bênçãos da Deusa,
MissElphie
Fontes:
Mastro de Beltane foi retirado de um documento que tinha no computador, já velhinho. Não recordo de onde baixei, se alguém souber, agradeço que indique para que possa dar o devido crédito.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Bosque: Uma história para as noites de inverno


Por Heron
Tradução: Renata Gueiros


Ela chegou uma noite com um bando de fantasmas, quando o vento já tinha levado as folhas das árvores e a casa estava trancada contra o escuro, e o fogo estava alto na velha grelha, e havia um banquete sobre a mesa. Os cães dos mortos correram ao redor dos muros e a forma cinza do crânio de um cavalo apareceu no escuro, através das vidraças de chumbo na qual nenhuma cortina se pendurava em oposição à noite. E veio a noite. Uma mão violenta bateu na porta e uma rima foi falada:

Se ao igualar a rima falhar
Deixe-nos para os bolos e a cerveja entrar

O vento assobiou e os cães uivaram, e a noite estava nos corações de todos no aposento. E eles sabiam que deviam responder. Então, Gareth ergueu-se de onde cuidava do fogo, atravessou para a porta, e disse:

Até que os ponteiros do relógio se encontrem
Seus poderes em Annwn permanecem;
Vão-se daqui, atormentar outros corações
Cedo demais chegaram seus cães.

O vento ainda assobiou, mas era agora o único som. Então houve silêncio, seguido de sorrisos e suspiros de alívio na antiga casa da fazenda no alto da colina selvagem do campo, onde as estradas são poucas e as casas mais ainda. Mas o rosto de Gareth ainda estava sério. "Ainda não acabou", disse ele, "eles retornarão à meia noite e se não pudermos igualar rima por rima eles estarão dentro da casa em volta da mesa, e o banquete será deles". "Mas o que...?" disse Eleri, sua voz tremendo entre a fascinação e o medo, "...o que era aquela forma de uma cabeça de cavalo na janela?"

"Silêncio criança" disse sua mãe, sem querer falar de tais coisas naquela noite. Mas Gareth disse, "Se queremos manter esta casa intacta na noite de hoje, todos temos que estar preparados para os poderes que vamos encarar."

Ele sentou na cadeira junto à lareira e ficou em silêncio por um tempo, porém os outros sabiam que ele estava pensando profundamente. Nesse meio tempo, Rhiannon foi ao fogo, ajoelhou-se em frente às chamas, e disse suavemente as bênçãos da lareira e rezou para que todos estivessem bem e a salvo naquela noite. Quando terminou, ela acenou para que os outros se juntassem a ela. Eles sentaram em volta da lareira, e aguardaram. Gareth falou dos poderes da noite e do divertimento dos mortos, apesar de outros dizerem que eles jamais tenham vivido. Mas quem quer que fossem eles vinham com uma matilha de cães e muitas rimas, e apenas uma rima poderia mantê-los fora. Quando eles vinham, também vinha a Mari – a Cinzenta Égua da Noite – e apenas ela pode dizer as rimas com as quais se deve igualar. Então Rhiannon foi até a estante, tirou um livro e começou a ler a história de sua homônima. Havia uma penitência: ela deveria carregar em suas costas qualquer um que chegasse a ela no bloco de descida do cavalo, o qual ficava do lado de fora do portão de sua corte, e que ela precisava carregar até o interior. Rhiannon abaixou o livro e disse: "Por ela cujo nome carrego, e por meu lugar nesta casa, eu irei e farei nossa paz com a noite".

Subiu as escadas e tirou o vestido que estava usando para o banquete, e qualquer outra peça de roupa e ornamento, a não ser pelo colar de coisas acumuladas em mais de treze luas, muitos anos atrás. Ela envolveu o corpo nu em uma capa negra, desceu as escadas e pela segunda vez naquela noite ela se ajoelhou defronte ao fogo e pediu uma bênção de Bride na lareira deles. Então, virou-se para Gareth e eles trocaram algumas palavras antes de se abraçarem. Após isso ela tirou o ferrolho da porta e saiu para adentrar a noite. Logo estava vagando através da bruma cinza, e de lá veio uma forma que era ainda mais cinza. Rhiannon parou e falou para a forma, mas a forma não respondeu. Então Rhiannon se desfez da capa negra, tirou seu colar e o mostrou para a figura diante dela. A figura tornou-se clara, porém brilhou como uma velha lua num céu aquoso: era uma égua idosa carregando uma velha mulher em uma mortalha preta. E a mulher disse "Você fez bem em se desfazer daquela capa, minha querida", e Rhiannon reconheceu a capa como a mortalha nas costas da mulher. "Não vai agora dar um descanso para minha égua?" ela suspirou, acariciando a cinzenta cabeça fantasmagórica abaixo dela. "Com prazer", disse Rhiannon, “eu a carregarei para onde quer que deseje ir”. Então a velha mulher foi até ela e a abraçou, e a chuva sacudiu as árvores, e o vento soprou para longe suas lágrimas, e a bruma cinza clareou, e havia apenas a escuridão.

À medida que Rhiannon vagueava através da escuridão, desesperadamente perdida, uma linha da história que ela tinha lido mais cedo naquela noite correu sua mente: "Mas era casual que permitissem que fossem carregados." Enquanto ela se lembrava disso a lua minguante brilhou através de uma brecha nas nuvens e ela reconheceu um pequeno bosque de árvores, o qual ficava próximo à casa da fazenda. Logo ela podia ver a luz quente do fogo e as lamparinas aparecendo pelas janelas. Ela chegou à casa despida, molhada e salpicada de lama. Os outros pareciam preocupados enquanto ela passava pela porta. Porém, sem parar para se esquentar ou explicar o que tinha acontecido, ela pôs um casaco e levou cada um deles para fora da casa, um de cada vez, e fez com que aprendessem um verso com ela, enquanto o vento cantava em volta de seus ouvidos. Gareth era sábio em conhecimento e aprendizado e fez seu verso com pouca ajuda, mas com o firme aperto da mão de Rhiannon na sua. No entanto, os outros tinham medo da noite sobre eles, e tinham de ser mantidos longa e proximamente antes do verso chegar, e Eleri ela segurou mais próximo de que todos os outros, enquanto criava as palavras que tinha de dizer.

Finalmente terminara, e a porta estava trancada e o fogo ganhou altura, e todos estavam aquecidos em volta da lareira. Bride estava com eles e os inspirava, e o fogo brilhava mais quente que o ataque da meia noite. Então veio a batida na porta e a cantoria das rimas, e Gareth replicou primeiro como tinha feito antes. Um por um seus nomes foram chamados por vozes fantasmagóricas do escuro da noite, e um por um eles disseram suas rimas em resposta, até que, por último, veio a vez de Rhiannon. A voz na noite disse:

Rhiannon Williams venha à porta
Podemos ouvir o tinido da garrafa.
Você aí no chão nos apreciaria
E tomar sua comida e bebida.

Rhiannon não respondeu imediatamente, mas tirou das dobras de seu vestido o colar que ela não tinha colocado novamente em volta de seu pescoço desde que o tinha oferecido à velha mulher na bruma. As treze peças permaneciam como antes, mas agora estavam amarradas no comprimento de uma fina gaze esverdeada. Ela o segurou diante de si, e o ergueu por sobre sua cabeça. Então ela disse esse verso:

Pelo poder da Lua minguante
Eu ordeno que tomem vôo,
Em nome da Rainha de Annwn
Vão agora para a escura e profunda noite.

E enquanto ela colocava o colar em volta de seu pescoço mais uma vez, o som dos cães uivantes desapareceu na distância, e até mesmo o vento tinha parado.

O fogo resplandeceu no momento em que ela retornava para a lareira e reunia todos à sua volta para um abraço, e eles agradeceram a Bride por seu calor e luz, pela firme compreensão dos versos, e pelo amor que compartilharam. O banquete foi alegre e confortável foi a cama por toda a noite, apesar do vento frio ter soprado lá fora através das árvores nuas, e haver um severo inverno à frente.


Original em inglês: Dunbryton.org

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Caminhando entre as Deusas: Ísis (parte 1)

Ísis ou Aset, a Deusa dos Dez Mil Nomes é uma Deusa Egípcia que possui várias faces e histórias. Hoje iremos focar no seu aspecto de esposa, amante e aquela que dá ao seu escolhido o trono, ou seja, o poder de reinar entre as Duas Terras (Alto e Baixo Egito).

Não se sabe ao certo qual o surgimento desta Deusa, na mitologia, acreditas que ela era filha de Geb e Nut, assim como irmã de Osíris, Seth e Néftis. Alguns historiados no entanto, acreditam que ela e Osíris foram inicialmente humanos que tiveram tão aceitação em seu reinado que foram divinizados pelas gerações seguintes.

O ponto que gostaria de focar, no entanto, é o amor incondicional que está Deusa rege: Ísis e Osíris são autores dos mistérios da vida e da morte, que precederam os Místérios dos Elêusis.

 Ísis aprende e se modifica atráves da dor da perda do seu amado, Ele caminha pelas sombras da morte de  onde nada podemos saber, à não ser quando com ele atravessarmos este caminho também.

Conta a lenda (uma das mais belas histórias de amor que já li) que Ísis ensinou as mulheres do egito os segredos das ervas, deu-lhes os dons da cura e ensinou sobre a Arte de se viver em família e em sociedade, enquanto seu amado Osíris percorria as terras do Alto e Baixo Egito ensinando aos homens sobre a agricultura o uso de ferramentas e etc. Eles fizeram o reino prosperar e eram amados pelos seus súditos.

No entanto, existia uma sombra no reino formada pelo inveja e cíumes do seu irmão Seth, que encarna forças que são precariamente controladas. Seth era casado com Néftis, irmã gêmea de Ísis, no entanto, ele queria mesmo era estar com Ísis, visto que ela com seu poder e conhecimento era quem concedia o trono, ou seja, o poder que em última instância era o que Seth desejava. Ele, então, com seus comparsas construiu um ataúde enquanto Osíris viajava pelo seu reino. Este ataúde tinha exatamente o tamanho e larguras próprias para única e exclusivamente o corpo de Osíris e, sua tampa era cravejada de espinhos.

Seth organizou uma festa para comemorar a volta de seu irmão e jogos! Dentre eles, existia um que era uma armadilha: Ele desafiou a todos que estavam na festa a entrar no ataúde e aquele que coubesse exatamente dentro da peça ganharia um prêmio. Claro, que o prêmio previsto sempre havia sido a morte. Depois, que vários tentaram sem sucesso entrar no ataúde, Osíris resolveu que era a sua vez e logo ao entrar dentro do ataúde, Seth e seus comparsas colocaram a tampa e fecharam o ataúde (tornando este o protótipo dos sarcofágos e dos nossos atuais caixões, muito provavelmente). Logo após,  jogaram no Nilo o ataúde com o corpo de Osíris e deixaram que o rio levasse-o para seja lá qual fosse o seu destino.

Ísis e Néftis (que nutria uma secreta paixão por Osíris, chegando até a usar o perfume de Isís para sentir-se apenas uma vez amada tal qual sua irmã era e tendo assim concebido um filho de Osíris, que com medo da vingaça de seu marido, deixou-o as margens do rio Nilo para que morresse, sendo este achado por Isís que apiedou-se da pobre criança e adotou-a como se fosse sua, criando assim um laço indivizível entre ela e o pequeno ser, chamado Anúbis) não estavam na festa, estavam em outra cidade, distante  dos acontecimentos, mas em seus corações notaram quando algo aconteceu a seu amado. Isís sentiu uma dor indescrítivel e ao procurar as notícias do que havia acontecido com seu amado, descobriu que ele havia sido cruelmente assassinado. Em sinal de luto e em total desespero e dor, cortou seus cabelos, rasgou suas roupas e de tanto chorar e gritar, seus leais súditos acharam que a Grande Deusa, havia enlouquecido. Isís ficou irreconhecível, com as roupas rasgadas, suja, os cabelos desgranhados e cortados, sem conseguir concatenar as idéias, para ela não existia mais vida, apenas a dor e uma morte em vida, sem brilho, sem paz e sem o seu amado.

Ísis partiu em busca de seu amado, passou por cada cidade e a todos perguntava se alguém havia visto o ataúde a descer o Nilo. Aqui e ali alguns moradores da beira do rio diziam que haviam visto, mas Ísis sempre estava atrasada, ao chegar ao local seu amado lá mais não estava.

A busca de Ísis pelo corpo do seu amado é uma jornada que transformou a Deusa, assim como transforma todas aquelas pessoas que ao perderem um ente querido precisam navegar por águas turvas e turbulentas até encontrar uma forma de preencher o vazio deixado por aquele ser que partiu.

No entanto, essa história é um pouco grande demais para ser contada em único post... Então, beijocas estaladas na buchecha de todos e até a próxima semana.

Bibliografia Consultada:
- ELLIS, N.;  Deusas e Deuses Egípcios: Festivais de Luzes: Celebrações para as estaões da vida baseadas nos mistérios das deusas egípcias. São Paulo: Mandras, 2003;
- DONATELLI, M. (coord.); O livro das Deusas – Grupo Rodas da Lua. São Paulo: Publifolha, 2005;
- IONS, V.; História ilustrada da Mitologia. 1° Ed., São Paulo: Editora Manole Ltda, 1999; - MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;
- MONAGHAN, P.; O caminho da Deusa: mitos, invocações e rituais. São Paulo: Pensamento, 2009.
- PIETRO, C.; A arte da invocação: invocações, textos ritualistícos e orações sagradas para praticantes de Wicca, Bruxaria e Paganismo. São Paulo: Gaia, 2008;
- PIETRO, C.; Todas as Deusas do mundo: rituais wiccanos para celebrar a Deusa em suas diferentes faces. 2° Ed. São Paulo: Gaia, 2003 (Coleção Gaia Alémdalenda);
- REGULA D.;  Os mistérios de Ísis: seu culto e magia. São Paulo: Mandras, 2004;

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Universo Simbólico: O Pentagrama- Parte I



Olá pessoal, estive pensando esses dias no que trazer para esta semana e para a semana que vem, pois são imensos os conteúdos sobre simbolismo e se eu for resumir perderá sua essência. E em meio a inúmeras possibilidades, surgiu o tema a respeito do Pentagrama e seus significados, que são muito interessantes, por decorrência de um fato que é muito comum quando se acolhe o Pentagrama como símbolo para representar a Antiga Arte: O preconceito.


Muitas são as pessoas que por ignorarem o significado deste símbolo acabam influenciando mesmo sem conhecer, ou por acreditarem nas deturpações que ele sofreu ao longo das eras, as pessoas que utilizam do Pentagrama como signo de Fé. E também o caso clássico daqueles que o utilizam sem mesmo conhecer sua mais aceitável origem.


Neste decorrer de textos proponho abrirmos a mente para este signo que causa tanta polêmica na sociedade, mas que com um bom esclarecimento sua má impressão pode reduzir ou até mesmo ser extinta.

O Pentagrama

Desde o princípio dos tempos, quando o Homem sentiu a necessidade de entrar em contato com as forças superiores, além dos métodos que ele já conhecia, foi necessária a criação de outros e dentre tantos, surgiu o Simbolismo, que apesar de tantos criados prevalece o Pentagrama. Este, que é tido como símbolo de proteção e considerado a junção Elemental somada ao espírito humano que em pleno entendimento o portador descobre a verdadeira harmonia que há em tudo a redor.

Representando a androgenia e equilíbrio perfeito e com o  foco no numero 5, que é a soma entre o número 3, o masculino e o número 2, o  feminino que sempre foram associados com os mistérios da Magiah e ele é intitulado "Laço infinito", pois através de um traçado único teria que formar uma estrela simples.

O pentagrama hoje é muito utilizado dentre os Neopagãos como símbolo de fé e religiosidade. Um de seus mais antigos usuários eram os povos da Mesopotâmia, onde suas inscrições era feitas em artefatos da realeza e por muitas vezes nos dias atuais é confundido com o “ selo de Salomão” (ou Hexagrama), pois seus primeiros inscritos eram complementos Hebreus do “livro de Pentateuco” que faz parte do Velho Testamento e faz atribuições a figura de Moisés.

Seus significados ao longo dos tempos são vastos, por exemplo: Na Grécia era o “Pentalpha” geometricamente representando os 5 As; No Egito, Caldéia e ao redor da  Índia existem explicações para seu surgimento através dos escritos do Filósofo, Matemático grego e místico Pitágoras, onde também nas construções pós-Helênicas pelos Pitagóricos foi tida como a “Proporção Dourada”  fazendo assim parte de seus templos; O que nos faz pensar que este não é um símbolo tão novo como muitos acreditam.


Os Primeiros cristãos tinha a relação com o Pentagrama fazendo a alusão das suas cinco pontas com as cinco chagas de Cristo e até os tempos medievais era um símbolo que não possuía vínculo com atividades maléficas, pelo contrário era tido como a "Pura Verdade"  um símbolo cristão, até que a Inquisição na busca pela unicidade da Fé e extermínio dos que fossem contra utilizaram de seus métodos para deturpar tal imagem.


Para os que pensam que este símbolo só tem isso a nos oferecer se engana, pois essa é somente a ponta do iceberg. Na próxima semana continuaremos com a análise mais detalhada deste símbolo tão rico e poderoso que atravessou os séculos se mantendo fiel em sua essência fazendo com que muitos desta Antiga Arte ainda reconheçam sua mais pura mensagem.


A todos,
Bons estudos!


Pax, Lux et Nox

terça-feira, 24 de abril de 2012

Filosofia Oculta: O mago e a religião


A esta altura, creio que o meu caro leitor já tenha uma idéia do que venha a ser um mago e o que esperar do mesmo, mas talvez ainda seja preciso tratar a cerca da religião. Muitos que buscam aprender sobre a magia pertencem a algum grupo religioso, talvez na tentativa de ser aceito em algum meio que não o convencional, por motivos também não convencionais ou até mesmo por crer que para as praticas mágicas depende-se de algum culto em alguma entidade de fama quase esquecida e constantemente modernizada. Não é difícil encontrar jovens buscando a fé em deuses antigos como Odin, Zeus ou Amon Rá enquanto crêem que todas as suas habilidades naturais dependem de tal entidade, não pretendo fazer criticas sobre tais credos, e se o fizer não será propositalmente, mas devo deixar claro, o poder de um mago não depende de nenhuma criatura a não ser ele mesmo.

Há muitos autores influenciados pela filosofia medieval que usa o termo religião como religar ou reconectar-se com o divino, se adotarmos este conceito primeiro precisaremos pensar a cerca do divino ao qual em um dia muito esquecido já estivemos próximos.

O que direi aqui jamais deve ser visto como apologia a alguma divindade, mas se tomarmos o tópico “O dialogo a cerca da morte e o mito do deus polvo”, o post da semana passada, veremos que a busca do homem ao divino é um caminho para dentro de si mesmo, o verdadeiro deus que devemos buscar e que é fonte de nosso poder, não é ninguém mais que nós mesmos, uma vez que somos obras e extensão da origem, e não há nada de superior aquilo que tudo originou, os deuses por sua vez, apesar de cada mito revelar uma cosmologia própria, são apenas criaturas que já passaram (se realmente existem), pelo processo que estamos passando neste momento, estes não precisam ser adorados, adora-los seria o mesmo que pensar que deveríamos receber oferendas dos seres de baixo intelecto, orações e etc. Mas como muitos poderão e irão afirmar, os animais, de certo modo, servem aos seres humanos, mas ao fazer tal afirmação, na crença de que assim, defenderá a idolatria, cairá em um prazeroso problema, nós seres humanos, imperfeitos, dependemos dos animais para viver, e se os animais precisam nos servir para garantir nossa sobrevivência, dizer que por ter algum grau de inferioridade deveríamos servir ao deuses, estes, necessitando de algum tipo de trabalho externo, poderiam ser vistos como seres também imperfeitos, e logo, não dignos de nossa total confiança, ao contrário, devemos tomar cuidado, uma vez que optamos pelo caminho da adoração, para não acabarmos como ovelhas, que são engordadas por um tempo, depois raspadas e devoradas.

Mas há também, entre os magos, os poucos casos de estudantes monoteístas, em grande parte, estes, esquecidos de que os perversos andam por aí, desde que a história é escrita, acabam tornando-se efeminados, ocidentais influenciados pelo ideal oriental, e ao buscar no mundo um ideal de bondade e justiça, que com efeito não está nele, tornam-se frágeis, indefesos, problemáticos até onde a vista alcança, cantadores de protestos com pouca utilidade e avanço, não experimentam por medo de ofender um ser supremo, esquecidos de que uma onipotência não pode ser ofendida, julgam caminhar no caminho do Bem, mas caminham pelos becos do medo e da ignorância, estes não avançam muito, estão sempre preocupados com um possível mal a espreita, histéricos com a própria sombra.
Mas um mago não ignora as potencias superiores, buscas compreendem-las, aprender o que puder sobre o mundo através delas e muitas vezes fazer oferendas de esforço nos altares do conhecimento. É preciso muitas vezes recorrer aos livros dos mitos, vistos erroneamente como a literal verdade, o estudante dedicará muitos eons de sua vida a tais estudos, não se deixará limitar pelas alegorias, as verá como códigos a serem decifrados, e passará a eternidade nutrindo-se de conhecimento, e assim elevando-se cada vez mais, e a cada dia tornando-se mais divino.

Rascunho de O livro mágico de Vincus – 2012 – Lord Vincus.

Uma dúvida


A banalização da espiritualidade pagã era esperada e temida eu imagino, como todo movimento espiritual que se populariza, com o neo-paganismo a coisa não poderia ser diferente.Estamos acostumados com os católicos não-praticantes, com os evangélicos de fim de semana ou com os umbandistas de última hora, mas quando a sineta bate em nosso quintal, em geral prestamos mais atenção no quão estranha uma coisa pode ser. Sou um religioso desde pequeno, nasci e em seguida me tornei católico, e católico fui, frequentava missas, grupos de jovem e tudo mais, depois disso descobri que gostava de ser adventista, e assim me fiz, guardava o sábado e não ingeria porco; claro que um dia acordei e descobri que aquilo ali não me preenchia nem me criava dúvidas plausíveis, me tornei pagão.

Minha personalidade não me permite ser menos que o mínimo, celebrei todos os Festivais, fazia rituais sempre que assim se fazia necessário e observava todas as regras que poderiam me ser apresentadas. Ok, tudo lindo, meus amigos todos eram assim, mas um dia ouvi uma querida amiga dizendo-se wiccana não-praticante, evidentemente achei graça, e necessariamente me desliguei do assunto.

Caminhando pela net percebi este termo sendo usado com maior frequência do que o saudável, e muitas justificativas para ser relapso, como estudar! Oi? Todos estudam (ou pelo menos deveriam), trabalham e tem uma rotina mais ou menos normal, ninguém aqui mora em comunidade e vive se alimentando daquilo que planta, dinheiro e sociedade são realidades indeléveis.

O processo de banalização, como já falei, era esperado a até certo ponto é normal e bem vindo, no entanto a superficialidade onde poderemos chegar não. Como podemos ser de uma religião, e sermos respeitados por isso, se não fazemos o mínimo que é celebrar os Festivais ( ou Sabbaths se preferirem os neo-pagãos) direitinho ou devotar aos Deuses queridos? Ainda estamos cheios de embotamentos e preconceitos e esta falta de entendimento interno prejudica no fechamento do conhecimento.

Projetos ousados e ímpares precisam de apoio e não recebem, ideias fantásticas são ignoradas, mas a internet está repleta de blogs e mensagens de conteúdo aparentemente verdadeiro e de fé. Então onde mora o perigo? No discurso verdadeiro mas mal utilizado de liberdade pagã. Podemos usar qualquer panteão ( mas misturá-los é assim tão saudável?), podemos justificar nossas ações no livre-arbítrio ( isso é judaico-cristão gente) e o mundo fica cor de rosa...Existem escritores fazendo o que bem entendem com o nome da WICCA por exemplo, mas creio que se tem quem venda é porque tem quem compre, material de péssima qualidade sendo lido e se silencia.

Meu texto não é para ser elucidativo é para criar uma dúvida de cara: Se existe uma banalização e todos concordam com isso por que o silêncio se faz tão audível assim?

2012: o Ano do Dragão da Água



Já a astrologia chinesa, nossa irmã bem mais velha, se baseia em ciclos lunares. O ano astrológico chinês começa com a primeira lunação, ou primeira lua nova, do ano. E durante todo o período, um signo astrológico chinês assume a regência.

Em 2012 é a vez do Dragão, ocupando o lugar do Coelho e comandando do dia 23 de janeiro até 9 de fevereiro de 2013.
Aliás, “comandar” é a palavra certa, já que o Dragão representa, entre outras coisas, a imagem do Imperador!

Líder, franco, idealista e otimista, corajoso e ousado, o Dragão é a força máxima do zodíaco oriental.
O ano de 2012 tem esses traços. Intenso, o ano deixará marcas de fatos extremos, do tudo ou nada.
Os ciclos do signos chineses têm a duração de 12 anos (um ano para cada signo). O ano 2000 foi a regência anterior desse signo. Não por acaso, 2000 foi um ano onde as grandes destruições e reconstruções ocorreram no imaginário e na realidade: das teorias sobre o fim do mundo (assim como agora!), a virada de século e o susto mundial com o primeiro estouro da bolha da Internet, um fato influenciado pelo excesso de otimismo de Dragão.

Dragão é a força de vontade imposta, que pode levar a conflitos violentos pelo poder ou abrir caminho para lideranças autoritárias. Daí a eleição de George Bush para a presidência dos Estados Unidos em 2000 (e da maneira meio “na marra”, como ocorreu).
Intensidade, velocidade, otimismo e poder transformador dão o tom, novamente, agora em 2012. Mas dessa vez, teremos um Dragão da Água (a última vez foi em 1952), com uma força mística maior e com seu potencial criador e destruidor se manifestando nesse elemento.
Acidentes marítimos em grande escala são um risco, por um lado. Mas novos projetos de distribuição de água e saneamento também virão. Veja que tudo depende da escolha de uso das forças disponíveis.

Dragão também induz a guerra. Sendo um Dragão da Água, essa energia “de briga” pode se manifestar em forças de paz ou conflitos com intenções de pacificação. Algo como “queremos paz e tem que ser JÁ”.
Uma “coincidência” interessante é que essa energia voltada para a água acontece justamente quando Netuno entra em Peixes, um signo de água. A espiritualidade e os mistérios estarão muito mais em evidência e se opondo a lógica racional de anos anteriores. O mundo vai buscar um sentido maior para as coisas.

Se você pensou: “Dragão seria uma coisa assim, tipo Áries?”.
Tipo. Uma coisa assim. Mas o melhor é não fazer essa comparação. Não é o “Ano de áries”. É o “Ano do Dragão”. A astrologia chinesa segue uma lógica diferente e traçar paralelos nem sempre vai funcionar.
Fica também outra dica. Nesses tempos em que tudo pode ser embrulhado pra viagem você com certeza vai encontrar uma onda de produtos associados a figura do dragão. Você não precisa sair comprando dragões pra “se proteger”, “atrair sorte” ou coisas assim. A não ser que você goste de dragões.

O bom mesmo é aproveitar a energia intensa e construtiva do ano para ousar mais, para construir e começar grandes projetos. Dragão chega barulhento, dramático e explosivo, mas sempre trazendo muita sorte!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A lança: Odin

Odin, ou Wotan, é o pai dos Deuses na cultura nórdica. Além disso, ele é conhecido por ser o Deus das Guerras, dos Heróis e Senhor dos Mortos, além de também estar associado ao êxtase, à magia, a arte e a poesia.

Odin passou por várias provas para conquistar a sua sabedoria e o seu conhecimento: primeiro, ele participou de um ritual de sacrifício onde ficou pendurado na árvore do mundo, Yggdrasil, de cabeça para baixo e ferido por sua própria lança com fome e sede durante nove dias e nove noites, ao fim destes dias e noites, ele avistou no chão os caracteres rúnicos no chão e os recolheu, por isso ele é conhecido como o Senhor das Runas e todos aqueles que desejam conhecer e ter acesso a esse método de adivinhação devem pedir sua permissão; ainda não satisfeito, Odin procurou o gigante Mimir, que guardava a "Fonte do Conhecimento", e pediu permissão para beber da água dessa fonte para que ele pudesse ficar mais sábio, o gigante disse que não teria problema, desde que ele pagasse o preço, este era um de seus olhos.

Odin é casado com a Deusa Frigg. Construiu para eles um palácio, Valaskjálf, em Asgard, a terra dos Deuses. Sentado em seu trono, Hliðskjálf, e tendo aos seus pés dois lobos que o guardavam e se alimentavam de toda carne que era ofertada aos Deuses e, dois corvos, Hugin (Espírito e Razão) e Munin (Memória e Entendimento) ombros, que sobrevoavam o mundo em busca de novidades e depois posavam em seus ombros, Ele podia observar tudo o que acontecia nos nove mundos (a cultura nórdica acredita que existem nove mundos que são sustentados pela árvore Yggdrasil). Possui um manto mágico que o protege, além da lança Gungnir, forjada pelos anões ferreiros, que só para depois de atingir o alvo, e o cavalo Sleipnir de oito patas que se locomove entre as esferas humana e divina.

Quando havia uma batalha, Odin sempre ordenava as Valquírias para irem em busca dos guerreiros tombados em batalha; os mais valorosos guerreiros lhe faziam companhia esperando o dia do Ragnarokk, o apocalipse da cultura nórdica, onde depois da batalha se daria  o surgimento de uma nova raça e o planeta passaria a ser um planeta de regeneração.

Odin pode mudar de forma e por isso também é conhecido como Grimnir (o Mascarado), também é chamado de Hagagud (Deus dos enforcados) relacionando aos criminosos e ao saber das runas; Bölverkr (o que traz os males) é a face temida de Odin; Byleygr (o que não olha nos olhos) e Glapsvidir (aquele que é apto para os enganos), Valfodr (pai dos assassinos)... são alguns dos nomes de Odin e mostra sua natureza múltipla.

A palavra Odin possui a raiz na palavra Od que significa "vento" ou "espírito" e Wotan possui a raiz na palavra Wut que significa "fúria", ou seja, assim como o vento pode ser suave e leve ele também pode ser forte e ameaçador. 

Se quiser encontrar com Odin, vá com cautela e respeite o seu poder, ele valoriza esses atributos, a sabedoria de quem conhece suas limitações, no entanto, por possuir o dom de se camuflar e mudar de forma ele também poderá pregar algumas peças naqueles que tentar engana-lo.

Ele pode estar onde você menos esperar... Olhe com cautela...

Beijocas estaladas no coração de todos...

Bibliografia consultada:










domingo, 22 de abril de 2012

Cultus Deorum: Conhecendo Netuno


O Deus romano Netuno foi sincretizado com o grego Posêidon, pois a partir das características em comun, os dois foram identificados ao longo do tempo (interpretatio romana).

Mesmo com muitas semelhanças, é importante lembrar que existem algumas diferenças entre os dois aspectos do Deus dos Mares. Enquanto o Posêidon grego possuía aspectos mais violentos e multifacetários, o Deus romano Netuno era muito mais associado aos mares e águas correntes.

Entre os romanos, Netuno era inicialmente associado as águas doces. Apenas a partir do início do século IV a.C, quando foi sincretizado com o grego Posêidon, é que adquiriu aspectos de Deus Marinho.

Salácia, sua contrapartida feminina, também era cultuada como uma Deusa das fontes, mas posteriormente passou a reger as águas marinhas, pois foi identificada com a Deusa grega Anfitrite, esposa de Posêidon.
As Netunálias (ou Neptunálias) eram festas celebradas em honra de Netuno, registradas nos calendários mais antigos. Durante os dias 21, 22 e especialmente 23 de Julho, no auge do verão, eram celebradas várias atividades em honra a este Deus. Era nesse período em que a água se tornava mais escassa e todos se reuniam para pedir as bênçãos de Netuno para as atividades agrícolas.


Na Roma Antiga existia um grandioso templo dedicado a Netuno, no Circo Flamínio. A construção do espaço de culto é atribuída a Cneu Domitius Enobarbus, cônsul em 32 a.C. Na estrutura do Templo era possível notar esculturas do arquiteto e escultor grego Escopas, representando várias divindades aquáticas, que apareciam sendo conduzidas por Posêidon e Tétis, realizado pelo arquiteto e escultor grego Escopas. Alguns atributos típicos encontrados em representações de Netuno são o Tridente, os Golfinhos e sua coroa.

sábado, 21 de abril de 2012

Cotidiano Pagão: Banhos de Sal (Ervas e Óleos)



Olá! Hoje vou-vos falar sobre banhos de sal, como fazê-los, tanto para uso imediato como fazer para guardar e ir usando! Os banhos de sal são algo muito útil, principalmente para limpeza pessoal, após um longo dia de trabalho ou um período estressante nas nossas vidas.
Vamos nos basear em dois tipos de banhos de sal: Um feito com ervas e outro feito a partir de óleos essenciais.

Há algo que essencial para os dois tipos:
  • Sal Marinho
  • Bicarbonato de Sódio (Para conservar, caso não seja para usar logo mas para durar mais tempo. Se for para uso imediato, não é necessário!)
Coloque todos os ingredientes que quer usar perto de si, se não souber as propriedades de cada óleo ou erva, uma pesquisa rapidinha no google ou em livros sobre ervas, irá encontrar as propriedades de cada erva e planta. Mas, pode fazer de qualquer outra erva ou óleo que deseje.

Encontre um recipiente que seja do seu agrado e encha-o até cerca de metade com sal marinho (pode usar um funil ou outra forma para filtrar os pedaços maiores, de forma a que não fique com grandes cubos de sal dentro do recipiente) e adicione (se desejar) um pedaço de bicarbonato de sódio (o tamanho do pedaço, depende do tamanho do recipiente que está usando). Misture bem estes dois componentes, se usar bicarbonato. Caso contrário, pode seguir para a próxima fase.

De seguida, adicione as ervas a seu gosto. A quantidade, é aquela que desejar, lembrando que terá impacto no cheiro (o que é muito bom!). Se desejar, pode também adicionar alguns óleos essenciais a esta mistura, para dar o cheiro. Tape o recipiente e abane bem, para misturar todos os ingredientes, para que fique tudo bem misturado.

Existe no mercado colorantes em pó, que não fazem mal a saúde, e que dão um aspecto bonito e colorido aos seus sais, se quiser. Pessoalmente, gosto mais ao natural, mas isto vai do gosto de cada um, é claro!

Já no caso dos óleos essenciais, repita o processo inicial, encontre um recipiente, encha-o até cerca de metade com sal marinho (pode usar um funil) e adicione o bicarbonato de sódio, se desejar. O motivo por que, tanto no caso das ervas, como neste caso, enchemos até metade, é porque se torna mais prático quando é para misturar. É complicado misturar duas coisas se o recipiente estiver cheio até cima, não é? Misture bem o sal com o bicarbonato de sódio. Caso não adicione este último elemento, siga já para os óleos.

De seguida, você escolhe o seu óleo, e aqui você tem de ter bastante cuidado, porque os óleos essenciais são complicados de lidar. A viscosidade de cada óleo muda dependendo do óleo, por isso, tenha cuidado ao deitar as gotinhas. A quantidade de gotinhas, depende do gosto que você tem por cada óleo. Se gostar muito de um óleo, pode por umas 9 ou 10 gotas, à vontade. E sinta-se à vontade para misturar óleos também (mas informe-se sobre os efeitos secundários de determinados óleos!).

Após adicionar os óleos, pode adicionar mais um pedaço de sal, apenas para que o sal que entrou em direto contato com os óleos não fique pegado à tampa do recipiente e, de seguida, abane bem para misturar bem todos os elementos utilizados.

Agora, conselhos finais: Informe-se bem sobre as ervas ou os óleos que vai usar. Cada erva tem seus cuidados e contra-indicações. Por exemplo, se estiver grávida ou amamentando, NÃO consuma arruda! É uma erva abortiva, não é recomendável. E veja também suas alergias, é possível ter alergias a determinados óleos essenciais.
Informe-se muito bem antes de começar a utilizar os produtos. Depois, tenha cuidado e aproveite o seu banho!
Adicione umas velas e um incenso para dar um cheiro agradável e relaxe!

Bênçãos da Deusa,
MissElphie
Fonte:

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Bosque: Stonehenge não é celta?



Não mesmo. Apesar de ser comum, é errônea a associação de que foram os celtas - mais especificamente os druidas - que construíram Stonehenge. Na verdade, até agora ninguém conseguiu descobrir que povo específico (ou povos) ergueu o monumento megalítico, que foi sendo construído e utilizado ao longo de aproximadamente dois mil anos (3.700 a 1.600 A.E.C.), do Neolítico à Idade do Bronze. O anel de pedras mais visitado de todo o mundo, por exemplo, faz parte da terceira e última fase de construção, algo em torno de 2.300 A.E.C. Os povos celtas, como se convencionou chamá-los, pertencem a um período posterior chamado Idade do Ferro. Por causa dessa diferença enorme de anos, Stonehenge não poderia ter sido construída por um povo céltico. 

Outro mistério que ainda permanece é o propósito da construção. Estudiosos do assunto ainda oscilam entre algumas opiniões. Uma delas é a de Stonehenge ser um observatório astronômico, uma espécie de calendário preciso para os solstícios e constelações; outra é de ser um imenso monumento funerário ou local de culto e sacrifícios, já que foram encontrados diversos restos e cinzas humanas enterradas, além de restos de animais depositados principalmente na entrada e na área sudeste do monumento. O fato é que ao longo dos milênios, Stonehenge serviu a diversos propósitos que se adequaram aos povos que dele se utilizaram. O total esclarecimento sobre a sua função é trabalho para uma vida inteira (e olhe lá). 

E por que essa identificação com os druidas, então? Sim, é fato que atualmente diversas ordens druídicas como a OBOD - sigla para Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas - celebram os festivais da roda do ano em Stonehenge. Isso se deve (principalmente) a dois homens que fizeram parte de um movimento iniciado no século XVIII chamado Renascimento Druídico: os ingleses John Aubrey e William Stuckeley. Ambos escreveram livros relacionando Stonehenge com os druidas; daí para uma “apropriação” foi um passo que perdura até os dias de hoje, mesmo com as descobertas esclarecendo a real idade do monumento. 

Um último ponto, para concluir: em sua obra Historia Regum Britanniae, o bispo galês Geoffrey de Monmouth creditou ao mitológico Merlin a criação de Stonehenge. Bem, há quem acredite em todos os tipos de coisas, mas esta certamente também faz parte do universo das lendas. Stonehenge definitivamente não é celta. 

Referências:


Paganismo e Bruxaria serão ensinados em colégio na Inglaterra

Paganismo, bruxaria, druidismo e culto dos deuses antigos, como Thor, serão temas incluídos no currículo de uma escola no sul da Inglaterra. Os alunos aprenderão sobre a importância de locais de adoração pagãos como Stonehenge e as dificuldades que uma praticante da bruxaria pode enfrentar nos dias de hoje.


A escola de Cornwall County, Inglaterra, dará aos seus alunos não cristãos igualdade de condições, propondo que as diferentes formas de paganismo sejam oficialmente incluídas no currículo de educação religiosa.

A região de Cornwall tem uma longa história de práticas druídicas e pagãs e um grupo de adeptos requisitou que o Conselho Municipal os colocassem no mesmo nível do ensino sobre cristianismo, islamismo e judaísmo. Segundo essa proposta curricular, a partir da idade de cinco anos, as crianças devem começar a aprender sobre a história dos rituais. Aos 11 anos de idade, os interessados poderão “explorar o paganismo moderno e sua importância para muitas pessoas”. As áreas de estudo devem incluir “a importância dos locais pré-cristãos para os pagãos modernos”.

Neil Burden, membro do Conselho de Ministros de Serviços para Crianças argumentou que a medida daria aos alunos “acesso a um amplo espectro de crenças religiosas”. A iniciativa do Conselho de Cornwall segue a decisão tomada pelo governo inglês em 2010 de reconhecer o druidismo como forma de religião.

Imediatamente a iniciativa alarmou alguns ativistas cristãos que temem que isso evolua e seja parte dos currículos de todas as escolas do país. Eles estão preocupados como fato de que uma religião considerada “excentricidade” ganhe cada vez mais o reconhecimento oficial. No município, com população de 537,400 pessoas, existem oficialmente cerca de 700 neopagãos.

Mike Judge, porta-voz do Instituto Cristão de Cornwall, acredita que “apresentar o paganismo é apenas uma moda passageira e tem mais a ver com o desejo de ser politicamente correto de professores que com as necessidades educativas das crianças”, disse.

O Neopaganismo inglês abrange diversas vertentes, desde druidas, que se consideram praticantes da antiga fé pré-cristã, passando pela Wicca, forma moderna de bruxaria até os xamãs, que invocam os espíritos da natureza.

De acordo com o censo nacional de 2001, existem cerca de 40.000 pagãos praticantes na Inglaterra e País de Gales, embora algumas estimativas afirmam que o número seja bem maior.


Traduzido e adaptado de Christian Today e Daily Mail
Fonte de publicação: Gospel Prime

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Caminhando entre as Deusas: Coatlicue


Coatlicue é a Deusa Mãe dos Astecas. A Mãe Terra, a mãe da vida e da morte. Seu nome significa "aquela que veste uma saia de serpentes" e sua história tem haver com amor e tem haver com dor. 

Reza a lenda que Coatlicue era casada com Mixcoatl (Deus da Tempestade e da Caça, seu nome significa Serpente das Nuvens) com ele teve dois filhos, Coyolxauhqui (Deusa da Lua) e Huitzilopochtli (Deus do Sol), além disso tinha mais 400 filhas estrelas. Sua função era varrer os céus duas vezes por dia, uma para a chegada do seu filho Sol, outra para a chegada de suas filhas Lua e estrelas. Certo dia, enquanto varria o céu, plumas brancas caíram em seu seio e ela ficou grávida. Seus filhos ficaram com medo do que esse novo irmão poderia fazer com eles e juraram matar sua mãe para que o rebento não nascesse. No entanto, sua filha Coyolxauhqui, avisou-a do perigo dando tempo para que ela fugisse. Seus irmãos enfurecidos, decapitaram-na como castigo e sua mãe como recompensa, colocou a cabeça brilhante de sua filha para sempre no céu.  

Existem variações no mito de Coatlicue, em alguns deles, Ela está grávida do Deus Sol, e a Deusa Lua é quem comanda a revolta contra a Deusa, o Deus Sol, no entanto, antes que tentem matar sua mãe, pula do ventre já crescido e pronto para a luta e decapita sua irmã, lança sua cabeça aos seus, e destrói todas as suas irmãs estrelas. Coatlicue condena sua ação à escuridão eterna e toda noite ele necessita brigar contra as forças da escuridão para retornar a terra.

Os povos antigos não temiam a morte, eles viam-na como necessária a vida, como uma renovação e por isso adoravam-na. Além disso, o mito de Coatlicue nos fala sobre a superação da dor da perda, da dor infligida pelo outro, ou simplesmente da dor, da dor ocasionada por todos aqueles que amam e sofrem por amor. Como podemos transforma-la?

Olhe bem para a imagem ao lado da Deusa. Inicialmente, ela é assustadora, não?

Observe, mais um pouco... Ela começa a parecer atraente? O que as cobras lhe dizem? O que as serpentes sibilam para você?

Coatlicue está ligada a morte e a transformação. Ela está associada ao fogo que queima tudo aquilo que não nos serve mais, assim como, ela também possui a função de varrer tudo aquilo que não nos serve mais e prepara a chegada do novo.


Está na hora de deixar o velho para trás e com ele a dor e abrir os braços para o novo. Meditem com Coatlicue. 

Beijocas estaladas no coração de todos.


Referências:


- MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;
PIETROC.; A arte da invocação: invocações, textos ritualistícos e orações sagradas para praticantes  de Wicca, Bruxaria e  Paganismo. São Paulo: Gaia, 2008;
PIETROC.; Todas as Deusas do mundo: rituais wiccanos para celebrar a Deusa em suas diferentes faces. 2° Ed. São Paulo: Gaia, 2003 (Coleção Gaia Alémdalenda);
http://caminhandoparaaradia.blogspot.com/2011/11/coatlicue.html

 
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