segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Lança: O Deus Primordial no Egito (Parte 2)

Para ler o início deste texto, clique aqui.

Semana passada vimos que para os antigos egípcios a vida e o universo é proveniente de um Oceano Primordial, o qual eles denominaram de Num, ou Atum e até mesmo Rá, quando este manifestava-se em sua forma de Sol, a Luz divina que surge da contração da Noite Eterna do Oceano Primordial e assim dá vida e movimento, criando tudo que hoje conhecemos.

Quando Num se manifesta em um corpo concreto, a Terra, eles diziam que surgiam a Colina Primordial. Para compreender a dimensão deste mito é importante lembrar que o Nilo era o grande provedor da vida no Egito e toda simbologia criada em cima de seus Deuses perpassam as fases deste rio. Por isso, todo ano, depois que as águas do Nilo baixavam era possível avistar pequenos montes de terra por toda a extensão do rio. Nesses montes, a vida brotava de diversas maneiras e nada mais justo do que ampliar essa questão para o mito de Atum, "a colina do mundo surgindo do Oceano Primordial, contendo a promessa de tudo o que viria a ser" (Clark, p. 32).

A alegoria da Colina Primordial é encontrada em vários textos das Pirâmides e ao que parece as próprias pirâmides poderiam ser representações desta colina, como várias cidades importantes, tal como Heliópolis (Clark, s/d). Além disso, se observamos as pirâmides do ponto de vista tradicional, ou seja, como tumbas e pensarmos que os egípcios conservavam seus mortos e todo aparato material que eles possuíam dentro delas, por acreditarem que eles voltariam para aquele mesmo corpo, e que eles acreditavam em sua própria essência divina, é fácil deduzir que as pirâmides poderiam representar a própria Colina Primordial do morto, ou do seu mundo, inclusive nesta Terra ou em outra.

Assim é importante observar que basicamente todos os ritos egípcios e todos os Deuses são provenientes deste mito do Deus Primordial contado em suas mais diversas formas. Observemos agora por este ângulo: se as Águas Primordiais encontravam-se  na noite eterna, ou seja, na escuridão total, a emersão do Deus, como já dito, significava a vinda da Luz, a primeira manhã. Neste caso, a elevação do Deus foi associada pelo brilho da luz sobre um pilar ereto, ou no topo da pirâmide refletindo o sol nascente, o que mais tarde seria associado a elevação do Djed de Osíris (Clark, s/d). Por isso, quando Atum surge na Colina Primordial, uma Fênix, um pássaro de luz, pousa neste suporte sagrado anunciando o início da era do Deus visível (Clark, s/d).

Quando Atum, passa a ser o Sol Nascente, ele também passa a se chamar Khoprer, "Aquele que Vem a Ser", que por ser uma palavra homófona a escaravelho, toma este como símbolo. Dessa forma, passa a ser representado na forma humana com cabeça de escaravelho, tendo no Egípcio Médio perdido o "er" e ganhado um "i", tornando-se apenas Kopri, o Sol Nascente (Clark, s/d).

Para visualizar de uma forma mais clara onde esses mitos se encontram, pense assim: o Deus Primordial possuía várias faces. Primeiro, ele foi invisível e por isso seu nome era Atum, ao vir a ser o Sol Nascente, tornou-se conhecido como Kepri e torna-se Rá ao atingir o alto do Céu, quando a noite caí e Ele volta a viajar pelo mundo dos mortos, torna-se Atum novamente e apresenta-se também como a Fênix que árbitra o destino pousada no eixo do mundo e dando início a novas eras (Clark, s/d).

Continuaremos na semana que vem! Boa semana a todos!

Referência Bibliográfica:

Clark, R. T. R.;Símbolos e Mitos do Antigo Egito: Deuses, mitos e cultos: Osíris, Néftis, Órus, Ísis, Seth. Apopis. Editora Hemus. p. 29 a 35.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Caminhando entre as Deusas: Arianrhod


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Arianrhod, Deusa da Roda de Prata de estrelas, Deusa dos mortos e da reencarnação, Mãe, Rainha, Senhora de Si. Esses são alguns dos atributos desta Deusa galesa.


Ao meu ver, ela pode ser bastante controversa, tendo um lado um pouco inapropriado para uma Deusa, ao mesmo tempo em que comanda o seu próprio destino. Mas vamos as lendas:

Filha do Deus Danu e irmã de Gwydion, esta Deusa vivia em um reino celestial conhecido por Caer Arianrhod, ou Corona Borealis. Para algumas tribos celtas estes era o local para onde as almas dos mortos iriam. E era nesta Terra que Ela fiava e tecia o destino de todos os espíritos.

Conta, que um dia seu irmão sugeriu que ela desposasse um rei. Levada a uma entrevista com o homem que seria seu marido se sentiu ultrajada quando este pediu uma prova, que ela caminhasse pelo seu bastão mágico para provar sua virgindade. A contragosto a Deusa resolveu fazer o que ele pedia e quando começou a andar sobre o bastão, um bebê caiu por entre suas pernas. Sentindo-se humilhada, começou a correr e antes de sair do salão, outro bebê despencou de suas pernas. Seu irmão, muito hábil, logo recolheu as duas crianças antes que qualquer outra pessoa pudesse ver.

A primeira criança era um menino escuro e foi chamado de Dylan e entregue ao oceano. Criado pelas ondas do mar, ficou conhecido por Eil Ton (Filho das ondas) e aprendeu a nadar tão bem, que nenhum peixe no vasto mar era tão rápido quanto ele. Anos mais tarde, foi morto por seu tio Govannon e todas as ondas do oceano chorou por sua morte.

O segundo filho foi criado pelo tio Gwydion e possuia um dom especial, ele cresceu muito mais rápido que qualquer humano. No entanto, este não tinha nome. O tio querendo muito que sua irmã desse um nome aquela criança, levou-a a corte de Caer Arianrhod quando esta estava com 4 anos de idade.

No entanto, quando a Deusa soube que aquele era seu filho nascido de uma trapaça, ficou chateada com o irmão e acreditou que estava sendo humilhada. O tio, em defesa da criança, disse que ele era um garoto gentil e que ela não devia se envergonhar de ser mãe de uma criança tão hábil. Então, ela perguntou seu nome e o tio disse que ele ainda não tinha. A partir deste fato Ela resolveu que o garoto ficaria sem nome até que Ela lhe decidisse dar um.

Ou seja, mesmo rejeitando a criança tomou para si o direito de mãe e de nomear a criança.

O restante da história fica para a semana que vem. Boa semana a todos!

Referências Bibliograficas:
Prieto, C.; Todas as Deusas do Mundo: rituais wiccanianos para celebrar a Deusas em suas diferentes faces. São Paulo: Gaia, 2003, p.59 a 62.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Lança: O Deus primordial no Egito Antigo (Parte 1)

A história do surgimento da primeira divindade no Egito Antigo remonta ao mito da criação do universo. Para eles todo o universo iniciou-se das Águas Primordiais, Abismo Primordial, ou ainda Oceano Primordial. Estas Águas não possuíam superfície, elas expandiam-se para todos os lados e ainda hoje podem ser encontradas nos limites do conhecido. O cosmo é uma vasta cavidade no meio desse espaço sem limites das Águas Primordiais. As águas que encontramos hoje fazem parte desta Águas e, o céu nada mais é um divisor entre as águas superiores e as inferiores (Clark, s/d). Podemos ver nisso um arquétipo do útero? Creio que sim!

Nessa época, quando apenas existia o Oceano Primordial, não existia Luz e por isso tudo era Trevas, elas cobriam a face do abismo. O universo foi criado a partir de uma retração parcial da noite eterna onde o domínio foi concedido ao Deus-Sol (Clark, s/d).

É importante ressaltar a dualidade deste mito: a água não possuí forma e nem características positivas. E a forma é gerada neste meio aquoso. Ou seja, não era o nada que existia, pois a água não é o nada, ela apenas não tem forma e por isso pode ser moldada em qualquer tipo de coisa (Clark, s/d). Salientando que a importância deste simbolismo é proveniente da própria subsistência daquele povo: o rio Nilo.

Quando os aguaceiros do inverno trazem a nova vida, o Nilo sobe e encharque todas as terras envolta do seu corpo. Este é o início de um novo ciclo de crescimento e essas águas são "águas de vida" e o Oceano Primordial ao qual elas pertencem é o Deus Nun, o Pai dos Deuses (Clark, s/d).

Para os antigos egípcios, emergir dessas águas possui quatro significados: a chegada da luz, da vida, da terra e da consciência (Clark, s/d).

É importante entender que eles não davam bastante importância ao mito, por isso vários mitos de criação existem, mas não porque não era importante saber como o universo foi criado, mas porque era muito misterioso e complexo entender como havia se dado o processo da criação (Clark, s/d). E por isso é tão complicado para nós entender de qual Deus, eles estão falando. 

Sendo assim o Oceano Primordial, vocês perceberão, foi  chamado de várias formas, como Nun e Atum ou até mesmo Rá. Mas o que é importante é que todos eles vieram destas águas (Clark, s/d), iniciam-se com a Luz e a chegada da Terra e a tomada de consciência que produz o controle.

Das trevas primordiais surgiu a primeira aurora e foi quando o Sol, retratado pelo Menino Divino com o dedo na boca, surgiu. Chu, o sopro desta divindade foi aquele que separou a terra do céu, as águas inferiores das superiores e criou o espaço para que a Luz emergisse (Clark, s/d).

Com a Luz, surge a vida, o movimento espontâneo para cima, a evolução. O simbolismo deste fato é o mesmo do sol surgindo, mas neste caso retratado com a serpente se erguendo em cima de sua cauda, ou a flor brotando das águas, abrindo suas pétalas e revelando a luz (Clark, s/d). Ou seja, a sabedoria.

Como a sabedoria necessita de um corpo para se manifestar, ocorre o surgimento da Terra, ou a Colina Primordial, Primeiro Lugar, ou Primeiro Trono e com ela as primeiras ordens e direções (Clark, s/d).

Mas para lidar com toda a força que a energia da Luz e sua sabedoria dão a este ser nesse involucro chamado corpo é preciso ter uma consciência, que exerça controle sobre a mente, a vontade e o Eu, para que possa dar forma a todos os pensamentos que surgirem daí por diante e assim, nasce o "Verbo", aquele que molda as águas primordiais. E assim, o restante dos fenômenos conhecidos são derivados das abstrações semipersonificadas deste "Verbo", como "Comando", "Vontade" e "Compreensão" (Clark, s/d). 

Tudo isso se organiza e se completa num todo conhecido como Deus Supremo, pois é completo em si só: Atum, "O Completo", ou Rá, enquanto Deus Supremo representado pela Luz (Clark, s/d):

"Ó Atum! Quando vieste a ser, surgiste como uma Grande Colina, Brilhaste como a Pedra Benben no Templo da Fênix, em Heliópolis" (Texto 600 das Pirâmides, in Clark, s/d, p.31)

Esta oração, Texto 600 das Pirâmides, demonstra isso do qual vinhamos falando: Atum antes de ser, não era e por não ser simboliza a água primordial que não possuí forma; ao atravessar o não ser e vir a ser torna-se Terra, a Colina Primordial, e estabelece a ordem e as direções, assim como traz a Luz e a consciência do construir através da modelagem das águas primordiais.

Atum é portanto própria Colina Primordial, Texto 587:

"Louvo a ti, ó Atum!
Louvo a ti, ó Devir, e que vieste a ser enquanto tu mesmo!
Te ergueste sob teu nome de Grande Colina.
Vieste a ser sob teu nome de Devir"
(Texto 587 das Pirâmides, in Clark, s/d, p.32)

E, também é, o próprio Oceano Primordial!

Conseguiram acompanhar? 

O ciclo se repete com todos nós em cada alma que nasce deste Oceano Primordial.

A Luz divina necessita estar em movimento para se manisfestar, Ela manifesta-se ao encontrar o movimento, a Vida e desabrocha pela sabedoria trazendo Luz onde não existia, mas toda essa manifestação necessita de algo que a contorne que lhe dê uma forma e onde possa existir, por isso a Colina Primordial é parte de si, um corpo que lhe confere forma e poder, mas tanto poder necessita ser controlado e por isso a Palavra, o Verbo, é o veículo pelo qual este poder, esta Luz manifesta-se e constrói.

Continuaremos na semana que vem! Boa semana a todos!

Referência Bibliográfica:

Clark, R. T. R.;Símbolos e Mitos do Antigo Egito: Deuses, mitos e cultos: Osíris, Néftis, Órus, Ísis, Seth. Apopis. Editora Hemus. p. 29 a 32.

sábado, 15 de junho de 2013

Verbum Sacrum: O passado era belo?




Alguns reconstrucionistas das religiões pagãs na atualidade sustentam a imagem de que os povos que vivenciaram na antiguidade tais religiões mantinham um estilo de vida pacato e pacifico, de plena integração com a natureza e de total respeito ao corpo humano e as regras de boa conduta que temos hoje.

Estes que pintam ou aceitam tal imagem como verossímil ou se quer próxima da verdade, não estudaram historia corretamente ou são cegos e tolos para a verdade que os assola a porta. Pode-se observar uma série de praticas atuais que geram fortes impactos ambientais (cujos quais, inclusive, é muito comum ver tais reconstrucionistas lutarem e protestarem contra, intitulados ou amparados ironicamente por preceitos pagãos) que tem origem em rituais pagãos ou superstições antigas de povos tribais que supostamente seriam nosso elo perdido com nossa conexão natural.

Que dizer de homens que compram barbatanas de tubarão para ter sucesso financeiro ou de jovens que, para provar sua maturidade, adentram o mar e lutam contra golfinhos, ou ainda daqueles que usam pés de coelho para trazer sorte e sacrificam animais em rituais em prol de benefícios? Não seriam estas práticas pagãs? Então deve-se criar uma outra classificação para o grupo de religiões e seitas que originaram e/ou ainda fazem uso dessas praticas? Quem passaria ileso nesta seleção?

Se estas questões assombram o leitor, ou lhe tomam de surpresa, lhe fazendo questionar o caminho que escolheu, significa que o mesmo deve propor-se a uma investigação mais sensata e coerente daquilo que diz ter escolhido pra própria vida (tendo por viés a premissa de que este é um jornal destinado ao publico pagão). Compreender a base histórica e real da sua religião pode e deve ser de fato uma prova de fé, o portador de uma religião deve se questionar a respeito de suas origens e de suas conjecturas, a decisão deve ser clara e coesa para que somente assim uma verdadeira fé surja, somente através do verdadeiro conhecimento de suas opções é que se pode fazer uma escolha sensata e real, de resto a qualquer brisa que venha sua crença é posta em cheque.

É fato que, historicamente, para que o preconceito criado acerca dessas conjecturas religiosas fosse derrubado, houve uma necessidade de se exaltar as qualidades dos povos de onde se originaram, porem essa primeira vestimenta bela e colorida tem a única intenção de agradar os olhos do povo comum e não pertencente a tais meios, o que se difere em muito daqueles que optaram, ou dizem ter optado, vivenciar profundamente tais aspectos, para o segundo caso faz-se necessário uma investigação mais refinada, um mergulho mais profundo, uma experiência inteira e integral dos fatos. O buscador pode (e legalmente deve) optar por não exercer nenhuma das atividades macabras que sua religião ou a base da mesma já possa ter acreditado, porem o mesmo deve compreender que ela existiu e as razões que  fizeram com que se perdesse tais hábitos, ou não, através dos séculos, ou anos de sua existência.

Assim como outros grupos religiosos devem ter um olhar mais critico para sua historia e talvez até existência, este conjunto de religiões denominadas pagãs também o devem, para que sua própria essência não se perca (como já vem ocorrendo, principalmente nos veios mais populares como a wicca) para que seus praticantes sejam de fato praticantes, e principalmente para que sejam de fato entendedores daquilo que dizem vivenciar.

Progredir sempre!
Lupos, Canis – O caçador

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Neblina do Tempo: A religião e o início das civilizações.

O homem surgiu no planeta, evoluiu e começou a organizar a sua vida em grupo. A religião de certa forma é responsável por parte dessa organização grupal e pelo seu desenvolvimento. A agricultura foi descoberta e inicialmente mantida e desenvolvida pelas mulheres enquanto os homens estavam caçando. Com ela veio o excedente de produção e o primeiro tipo de comércio, o Escambo feito à base de trocas.

Esse será um dos fatores que irá "forçar" as pessoas a saírem do seu mundo entrando em contato com outros grupos. O contato já havia, mas de uma forma muito mais esporádica. Especula-se de que não eram contatos pacíficos, havendo na maioria das vezes confronto entre os grupos. O comércio vai aos poucos mudar essas relações. Mas, você deve estar se perguntando, o que comércio e religião tem a ver? Qual a relação entre eles e o surgimento das civilizações?


O sacerdote tribal (usarei esse termo) vai reunir as pessoas ao redor de sua tenda, seja esporadicamente, seja em um momento específico, não há como precisar o momento em que os comerciantes vão perceber essa movimentação em torno da tenda (gruta, caverna, cabana) do sacerdote, dirigindo-se para o mesma onde armaram suas "tendas de comércio" para aproveitar esse fluxo de pessoas e vender suas mercadorias.

A partir de estudos feitos  em cima de alguns achados arqueológicos, supõe-se que os comerciantes vão passar a construir suas tendas próximo do local de habitação do sacerdote, pois sabem que a população sempre vai até lá.

Essa "relação" religião-comércio vai atrair aos poucos as pessoas que vão começar a morar mais próximo ao sacerdote e, consequentemente, dos comerciantes. É dessa forma que vão começar a surgir as primeiras grandes aglomerações de pessoas, que irão evoluir para vilarejos, vilas, polis e cidades.


São a partir dessas aglomerações que vão se organizar algumas das primeiras civilizações.
Agora, com a civilização, o espaço religioso vai evoluir e vão começar a surgir os primeiros templos. Os comerciantes antes localizados ao redor, agora vão construir suas tendas dentro dos templos. Em algumas culturas essa invasão dos comerciantes dentro do espaço sagrado vai ser combatida e espaços próprios para as tendas de comércio vão ser construídos. Em outras, sagrado e comércio vão começar a funcionar como uma coisa só, principalmente quando começam a surgir comerciantes que vendem artigos "sagrados" dentro dos templos.

As funções e atribuições do sacerdote também vão mudar em algumas civilizações com o passar do tempo. Essas mudanças e o fato do comércio localizado no interior dos templos vão permitir o surgimento do charlatanismo religioso, com falsos sacerdotes e seus truques de mágicas. Vai haver um grande  desenvolvimento tecnológico "religioso" por causa desses embusteiros, que vão ganhar dinheiro em cima da crença das pessoas (assunto para o próximo texto). É uma teoria bastante aceita dentro da história que o início das primeiras civilizações tenha se dado dessa forma: religião + comércio + população = cidades/civilização.

Essa não é a regra para o surgimento das primeiras civilizações, mas sim uma das possibilidades, já que se trata de um período que deixou poucos registros para estudos, e nem todos os que foram descobertos foram ou podem ser decifrados. Dessa forma, ainda há pouca informação sobre a época primitiva para se ter certezas de quando ou como aconteceram. Com as primeiras civilizações esse registros aumentam, e é a partir desse momento que entramos em uma nova fase na evolução das religiões.

Até a próxima, viajantes da neblina.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Magia Sexual: Alinhamento Sexual Multidimensional - Parte 01



Desde cedo desenvolvemos estratégias para fugir de sentimentos desconfortáveis e difíceis. E uma das maiores dificuldades da nossa sociedade é a ilusão de que estamos separados do todo, o que gera isolamento, falta de confiança e solidão. O ambiente em que vivemos e as situações que criamos em nossa vida são apenas reflexos de nossos pensamentos, de nossas palavras e atitudes.

O alinhamento sexual multidimensional é um trabalho multidimensional sagrado, que poderá conectá-lo a um novo aspecto da sua luz, de seu direito de nascimento da alegria, saúde e abundância, preparando-o para tomar o seu lugar em uma nova parceria com a Mãe Terra e todas as formas de vida no Universo. 
O alinhamento equilibra os vários centros energéticos em seu corpo ativando a subida da energia Kundalini. A subida da energia Kundalini é descrita nas antigas escrituras como um processo que ativa o núcleo de “Iluminação”. 
A técnicaPleiadiana e Siriana para o alinhamento sexual cria uma aceleração desse processo de forma equilibrada e fluida, abrindo-o à sua Essência Divina e à Fonte da Vida. Irá despertar o seu centro cardíaco multidimensional e vai alinhá-lo com a Pulsação Universal. Uma sexualidade esclarecida é a chave para a plena expressão de sua Divindade nesse corpo, uma porta de entrada para a felicidade e estados de consciência expandida. Um foco sobre essa expressão sexual iluminada do Ser cria a cura para o corpo inteiro, dispara o seu processo de despertar e sua integração com a Fonte da Vida.
O alinhamento acontece em 06 etapas: 
- Abertura e alinhamento do coração sagrado:  irá despertar o seu centro cardíaco multidimensional e vai alinhá-lo com a Pulsação Universal, onde você, através de uma realidade dimensional mais elevada, poderá conhecer e experimentar a si mesmo como um Ser Divino Iluminado.
- Enraizamento: ela ativa a energia das pernas e dos pés e as conecta com a energia do corpo superior. Ela vai literalmente ajudá-lo a criar raízes. Isso é muito importante além de quaisquer práticas sexuais. Também ajuda a estabilizar os processos mentais. Você não poderá trazer muita luz para dentro de si se não enraizar a si mesmo na Terra.
- Balanceamento Cerebral e selamento: promove o equilíbrio dos aspectos masculinos e femininos da consciência. É sair da dualidade para viver a unidade.
- Fortalecimento, expansão e integração do corpo de luz humano: o alinhamento central desperta a Kundalini e facilita a sua fluidez e a subida equilibrada ao Ponto de Iluminação. 
- Ativação do fluxo de energia sexual e força vital: a energia criativa / reprodutiva será alinhada com seu Coração e com a luz do seu Ser, para que você se abra à concepção iluminada e união sagrada com seu parceiro divino e equilibre a sua energia masculina / feminina. 
- Ajuste cerebral: permite que as ativações e transformação durante a sua iniciação sejam inseridas, integradas e alinhadas com a sua nova energética.
Conhecer e estabelecer o alinhamento sexual multidimensional é para aqueles que pretendem criar novos níveis de saúde, vitalidade, êxtase e abundância em sua existência. Para todos os que buscam o alinhamento com a sua missão e para todos aqueles que estão prontos para reivindicar o seu direito de viver o Céu na Terra; pessoas que buscam despertar e integrar os aspectos masculino/feminino; pessoas com dificuldade de ancoramento; que abriram mão de seu poder (perda do poder pessoal); que experimentam a perda da libido e pretendem despertar e reforçar o poder desse aspecto de si mesmas.
Para os casais que pretendem acolher as crianças em suas vidas, dando-lhes o dom de uma concepção sagrada iluminada; que pretendem reacender, melhorar e espiritualizar seu relacionamento sexual, elevando-o a um ato de comunhão com o Divino. Para aqueles que precisam abordar disfunções psicológicas e sexuais, traumas ou repressões desta ou de vidas passadas. Enfim, todo aquele que se encontra em sua jornada buscando o estado de iluminação pode usar este processo de trabalho para seu avanço.
Nos próximos encontros, abordaremos arquétipos e carmas da forma de relacionar-se com o outro, a questão da ressonância de alma como algo além da atração física e ainda encontraremos elementos chave, para o ato de relacionar-se além do corpo físico.
Até a próxima.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Neblina do Tempo: Religiões tribais.


O homem primitivo, principalmente por proteção, começa a passar mais tempo em grupo. E nesses grupos primitivos começam a surgir "afinidades" que vão manter alguns membros juntos, enquanto que outros vão buscar grupos nos quais se "encaixem". Essas afinidades foram o esboço do que virão a ser as tribos.


Já fazem parte dessas equipes figuras humanas que provavelmente eram consideradas "diferentes" pelos outros membros e que, posteriormente, serão os Xamãs, Pajés, Homens-santos ou sacerdotes das tribos.
Estes são mulheres e/ou homens que não temem os fenômenos da natureza e agem quase que por pura intuição. Geralmente ficam um pouco afastados dos outros membros do grupo, como se fizessem, e ao mesmo tempo, não fizessem parte do grupo, pois procuram observar a natureza para aprender o que ela tem a ensinar.

Quando esses grupos se tornam mais organizados, por assim dizer, a figura do/da sacerdote (sacerdotisa) se torna mais importante e influente, pois passa a fazer previsões sobre uma caçada, sobre o tempo, curar e entrar em contato com os ancestrais da tribo. A religião tribal vai girar toda em torno dessa/desse sacerdotisa/sacerdote, em alguns casos sua palavra é ainda mais procurada do que a do chefe tribal, pois esse também pede conselhos à ele/a.

Assim como cada pessoa é diferente uma da outra, isso também ocorre entre as tribos, religiosidade e também na figura desse líder religioso. Em algumas tribos o conhecimento é passado para um jovem, escolhido por determinadas características, para substituir o sacerdote atual de quem obtém o aprendizado. Em outras o/a jovem recebe um chamado e se isola da tribo por um determinado tempo, e se, quando retorna, tendo passado pelos "testes", já é aceito pela tribo como novo/a sacerdote.

Provavelmente nessa época começaram a surgir a primeiras "artes divinatórias", através da observação do voo das aves, do cair da folhas, de desenhos formados na areia, da maneira como a fumaça se eleva, pegadas (rastros) de animais, posição de pedras, fenômenos naturais, da entranha de animais, possivelmente com pinturas em cavernas, entre várias outras outras formas de divinação que utilizam a natureza (todas essas formas ainda podem ser utilizadas por qualquer um nos dias de hoje).

Alguns elementos oraculares também devem ter surgido na época primitiva, como a utilização de gravetos, ossos, conchas e areia para entrar em contato com o futuro.

Através de estudos atuais sabe-se que vários grupos tribais espalhados pelo mundo fazem uso da utilização de plantas para entrar em transe e, dessa forma, penetrar no mundo espiritual, seja através da mastigação de folhas, raízes, casca ou caule; através da infusão de alguns desses elementos, ou mesmo queimando-os para a inalação ou o fumo.

Apesar do contato com algumas tribos que ainda mantém seus costumes inalterados, não há como precisar quando, como ou porque esses povos começaram a utilizar as ervas para divinação e contato com o mundo espiritual.

Algumas de suas lendas e mitos nos falam que Deuses, animais ou espíritos ensinaram aos homens a usar as plantas para cura, divinação e contato com o mundo espiritual.

Mas, mesmo assim, não há como precisar o inicio dessas utilizações ou como eles sabiam quais plantas usar e a utilidade de cada uma, ou seja, qual servia para divinação, qual era melhor pra curar determinada doença, etc.

Cabe apenas ao sacerdote tribal as artes divinatórias e contato com o mundo espiritual. Quando um/uma jovem da tribo aparenta ter esse tipo de conhecimento ele(a) é levado(a) até o sacerdote que, ou irá transformá-lo/la em aprendiz, após uma observação para saber saber se o/a jovem realmente tem dons, ou se está doente ou possuído/a. Dependendo da cultura tribal, esse jovem será mandado/a para a floresta aonde terá de sobreviver e aprender com os espíritos e animais, depois retornar para a tribo e posteriormente assumir seu lugar como sacerdote/sacerdotisa.

A religião é importante para a manutenção da tribo como um todo, pois a sacerdotisa/sacerdote não é só um curandeiro, conselheiro ou em alguns casos também juiz, é ele que guarda o conhecimento, as histórias e memória da tribo para que os membros não esqueçam quem são e de onde vieram.

Veremos mais adiante como a religião foi importante na formação das primeiras civilizações.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O Paganismo na Arte: A Sagração da Primavera, de Stravinsky, completa 100 anos

03.jpg (608×456)No dia 29 de maio de 1913, a elite parisiense se reuniu no recém-inaugurado teatro des Champs-Elysées para ver mais um espetáculo dos Balés Russos de Serghei Diaghilev, sem saber que a noite entraria para a história da música e da dança. Era a estreia da Sagração da Primavera, uma composição de Igor Stravinsky coreografada pelo mítico bailarino Vaslav Nijinsky. Na época, não se sabe se é a música ou a coreografia que provoca mais escândalo.  

A coreografia só aprofundou o desconforto que a música havia muito bem instaurado: a história de uma virgem sacrificada em favor do deus da primavera após o embate entre tribos rivais. O músico maturava a composição desde pelo menos 1910. “A ideia de Le Sacre du Printemps me veio enquanto ainda estava compondo O Pássaro de Fogo. Sonhei com uma cena de paganismo ritual na qual uma virgem escolhida para sacrifício dança até a morte. Essa visão não veio acompanhada de ideias musicais concretas”, conta ele numa de suas várias explicações sobre o momento de inspiração. Ao longo dos anos, em razão dos contextos, as versões se alterariam.

Revolucionária, a obra provocou desmaios, gritos e insultos. Foi um verdadeiro tumulto, como relembrou o próprio Stravinky em uma entrevista nos anos 60: "O público gritava, assobiava e vaiava desde o início. Os espectadores tinham vindo para ver balés tradicionais, como 'Sherazade' ou 'Cleópatra', e se depararam com 'A Sagração da Primavera'. Ficaram muito chocados", contou o compositor.

"A Sagração da Primavera" afunda suas raízes no folclore eslavo e na rica tradição musical russa. Enquanto a partitura extraía novos sons de instrumentos familiares e tomava liberdades com o ritmo, os dançarinos quebravam todas as regras do balé tradicional: em vez das graciosas pontas, por exemplo, os pés eram virados para dentro.

Para festejar o centenário da histórica estreia em Paris e o seu próprio aniversário, o Teatro des Champs-Elysées foi palco nos dias 29, 30 e 31 de maio, de quatro representações excepcionais do balé original de Nijinsky. Perdida durante décadas, a coreografia foi reconstituída nos anos 80 graças às pesquisas de uma coreógrafa americana e um historiador da arte inglês.

O balé do Teatro Mariinsky de São Petersburgo apresenta em Paris a coreografia original de Nijinsky para "A Sagração da Primavera".Ela foi apresentada pelo balé e orquestra do teatro Mariinsky, de São Petersburgo, junto com uma recriação inédita assinada por Sasha Waltz, um dos maiores nomes da dança contemporânea. O fato é que aos poucos A Sagração se ramificou: a alemã Pina Bausch, o francês Maurice Béjart, a norte-americana Martha Graham ressignificaram as reflexões que a peça propõe. No centro, estão a temática do feminino, do sacrifício, da purificação tão comuns na época quanto parecem ser urgentes agora em pleno século XXI. “Hoje em dia, quase qualquer pessoa pode se tornar uma vítima e os contextos sociais do sacrifício são infinitos – família, trabalho, igreja, política, guerras, etc. – e, mesmo assim, já não existem certezas acerca da absolvição”, escreve Nadja Kadel.

Apesar de curta, são cerca de 33 minutos de música, a apresentação parece ter durado bem mais tempo naquele dia. Em verdade, como um marco da vanguarda, dura até hoje.

Segue abaixo um vídeo de uma das representações da peça:

Fontes: O Povo e rfi

 
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