segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Lança: O Deus Primordial no Egito (Parte 2)

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Semana passada vimos que para os antigos egípcios a vida e o universo é proveniente de um Oceano Primordial, o qual eles denominaram de Num, ou Atum e até mesmo Rá, quando este manifestava-se em sua forma de Sol, a Luz divina que surge da contração da Noite Eterna do Oceano Primordial e assim dá vida e movimento, criando tudo que hoje conhecemos.

Quando Num se manifesta em um corpo concreto, a Terra, eles diziam que surgiam a Colina Primordial. Para compreender a dimensão deste mito é importante lembrar que o Nilo era o grande provedor da vida no Egito e toda simbologia criada em cima de seus Deuses perpassam as fases deste rio. Por isso, todo ano, depois que as águas do Nilo baixavam era possível avistar pequenos montes de terra por toda a extensão do rio. Nesses montes, a vida brotava de diversas maneiras e nada mais justo do que ampliar essa questão para o mito de Atum, "a colina do mundo surgindo do Oceano Primordial, contendo a promessa de tudo o que viria a ser" (Clark, p. 32).

A alegoria da Colina Primordial é encontrada em vários textos das Pirâmides e ao que parece as próprias pirâmides poderiam ser representações desta colina, como várias cidades importantes, tal como Heliópolis (Clark, s/d). Além disso, se observamos as pirâmides do ponto de vista tradicional, ou seja, como tumbas e pensarmos que os egípcios conservavam seus mortos e todo aparato material que eles possuíam dentro delas, por acreditarem que eles voltariam para aquele mesmo corpo, e que eles acreditavam em sua própria essência divina, é fácil deduzir que as pirâmides poderiam representar a própria Colina Primordial do morto, ou do seu mundo, inclusive nesta Terra ou em outra.

Assim é importante observar que basicamente todos os ritos egípcios e todos os Deuses são provenientes deste mito do Deus Primordial contado em suas mais diversas formas. Observemos agora por este ângulo: se as Águas Primordiais encontravam-se  na noite eterna, ou seja, na escuridão total, a emersão do Deus, como já dito, significava a vinda da Luz, a primeira manhã. Neste caso, a elevação do Deus foi associada pelo brilho da luz sobre um pilar ereto, ou no topo da pirâmide refletindo o sol nascente, o que mais tarde seria associado a elevação do Djed de Osíris (Clark, s/d). Por isso, quando Atum surge na Colina Primordial, uma Fênix, um pássaro de luz, pousa neste suporte sagrado anunciando o início da era do Deus visível (Clark, s/d).

Quando Atum, passa a ser o Sol Nascente, ele também passa a se chamar Khoprer, "Aquele que Vem a Ser", que por ser uma palavra homófona a escaravelho, toma este como símbolo. Dessa forma, passa a ser representado na forma humana com cabeça de escaravelho, tendo no Egípcio Médio perdido o "er" e ganhado um "i", tornando-se apenas Kopri, o Sol Nascente (Clark, s/d).

Para visualizar de uma forma mais clara onde esses mitos se encontram, pense assim: o Deus Primordial possuía várias faces. Primeiro, ele foi invisível e por isso seu nome era Atum, ao vir a ser o Sol Nascente, tornou-se conhecido como Kepri e torna-se Rá ao atingir o alto do Céu, quando a noite caí e Ele volta a viajar pelo mundo dos mortos, torna-se Atum novamente e apresenta-se também como a Fênix que árbitra o destino pousada no eixo do mundo e dando início a novas eras (Clark, s/d).

Continuaremos na semana que vem! Boa semana a todos!

Referência Bibliográfica:

Clark, R. T. R.;Símbolos e Mitos do Antigo Egito: Deuses, mitos e cultos: Osíris, Néftis, Órus, Ísis, Seth. Apopis. Editora Hemus. p. 29 a 35.

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