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Então, pudemos observar que Atum era a potência de tudo o que poderia ver e que dessa forma Ele estava só e encerrado em si mesmo, até tornar-se a Luz e a Terra e dar o início da criação. Portanto, é de se esperar que Ele se sentisse só (Clark, s/d).
Além do mais, é preciso notar que Atum, mesmo tratado no masculino encerra as duas possibilidades masculino e feminino. Lembrem-se que Ele enseja em si o potencial de tudo aquilo que pode ser criado e que poderá vir a existir. E assim, entramos em mais uma face deste Deus (Clark, s/d).
Vejam bem, um antigo texto funerário diz o seguinte:
"Ó tu que te elevaste em tua primeira aparição!
Ó tu que vieste a ser sob teu nome de Khopri,
Ó tu que vieste a ser sob teu nome de Khopri,
Tu és aquele que afirmou: "Oxalá eu tenha um filho, para me purificar quando eu aparecer em meu poder, e me aclamar na terra pura*".
(Texto Funerári, in Clark, s/d, p. 36)
E, sendo a mão e o pênis, Atum masturbar-se e do prazer da ejaculação nascem os irmãos Chu (Masculino) e Tefnut (Feminino), outro mito diz que Chu e Tefnut nasceu de um cuspe do Deus. E unindo, os dois mitos temos a parte concreta, física, o masturbar-se e, a parte abstrata, o cuspe presenta a palavra, o Verbo, o ar que passa pelas cordas vocais do criador dando assim forma. No entanto, a forma também precisa do Ka, a essência vital. E por isso, Atum abraçou suas crias e lhes soprou o Ka (Clark, s/d).
Ao criar Chu e Tefnut, O Deus Primordial criou o espaço, Chu, este era ao mesmo tempo Luz e Ar, como Luz é a vida manifesta, o calor, o fogo. E como Ar, é aquele que separa a Terra do Céu. É Chu quem sustenta a abóbada celeste, mais adiante, Chu transforma-se no Eterno, o mediador entre Atum e o resto da criação e Tefnut, torna-se Maat, a Ordem Côsmica (Clark, s/d). Neste ponto, talvez seja interessante compartilhar o Texto Funerário 80:
"Chu, o espírito de vida e eternidade, fala:
'Eu sou a Eternidade, o criador dos milhões,
que repete a cuspidura de Atum - o que proveio de sua boca -
Estendeu sua mão [para criar] o que desejava
Antes que a deixasse cair ao chão'
E Atum disse:
'Essa é minha filha, a fêmea vivente, Tefnut,
Que estará com seu irmão Chu.
Vida é o nome dele. Ordem, o dela.
Vivi com meus dois filhos, meus pequenos, um deles à minha frente, o outro atrás de mim.
A Vida repousava com minha filha Ordem.
Um dentro de mim; outro fora de mim.
Ergui-me acima deles, mas seus braços estavam ao meu redor'"
(Texto Funerário 80, in Clark, s/d, p. 39)
A metáfora estende-se por todo o resto da vida egípcia: os Deuses sempre andam na frente, tendo por trás as Deusas, as lhe acompanhar e proteger.
Ao criar Chu e Tefnut, Atum dá forma ao seu aspecto masculino e feminino, no entanto, continuam mesclados e indiferenciados, pois, o Deus os abraça ternamente protegendo-os e soprando lhes o Ka. Mas, em algum momento, talvez ao receberem o Ka, Chu e Tefnut se perdem de Atum. Este pede ao seu olho, que vá procurá-los. O Olho de Atum é uma entidade separada do Deus, mas tarde será associado a Deusa Hathor, Deusa do amor. O fato é que o Olho encontra Chu e Tefnut e os trás de volta e a partir daí o ciclo de regeneração tem início (Clark, s/d).
'Eu sou a Eternidade, o criador dos milhões,
que repete a cuspidura de Atum - o que proveio de sua boca -
Estendeu sua mão [para criar] o que desejava
Antes que a deixasse cair ao chão'
E Atum disse:
'Essa é minha filha, a fêmea vivente, Tefnut,
Que estará com seu irmão Chu.
Vida é o nome dele. Ordem, o dela.
Vivi com meus dois filhos, meus pequenos, um deles à minha frente, o outro atrás de mim.
A Vida repousava com minha filha Ordem.
Um dentro de mim; outro fora de mim.
Ergui-me acima deles, mas seus braços estavam ao meu redor'"
(Texto Funerário 80, in Clark, s/d, p. 39)
A metáfora estende-se por todo o resto da vida egípcia: os Deuses sempre andam na frente, tendo por trás as Deusas, as lhe acompanhar e proteger.
Ao criar Chu e Tefnut, Atum dá forma ao seu aspecto masculino e feminino, no entanto, continuam mesclados e indiferenciados, pois, o Deus os abraça ternamente protegendo-os e soprando lhes o Ka. Mas, em algum momento, talvez ao receberem o Ka, Chu e Tefnut se perdem de Atum. Este pede ao seu olho, que vá procurá-los. O Olho de Atum é uma entidade separada do Deus, mas tarde será associado a Deusa Hathor, Deusa do amor. O fato é que o Olho encontra Chu e Tefnut e os trás de volta e a partir daí o ciclo de regeneração tem início (Clark, s/d).
Atum cansado pergunta ao Abismo como poderá ser criado a Terra, para que Ele possa ter onde descansar. O Abismo lhe responde para beijar sua filha, Tefnut, a Ordem Cósmica, enquanto obrigava Chu a levantá-lo. O Deus Primordial surge então pelo Poder da Eternidade nos caminhos da Ordem Cósmica (Clark, s/d).
Vale aqui uma pausa para pensar: Atum aparece neste momento com três faces: O Olho, A Ordem e a Vida. O Olho representa sua onisciência e onipresença apesar da distância que poderá vir a ter entre Ele e sua criação, como mais tarde será representado pela Deusa do Amor, poderemos captar uma mensagem sútil do Amor que está presente em todo ato de criação? Sua criação segue os princípios do Ka, a essência, ou o que podemos chamar de alma, Chu, e a Ordem Cósmica, Tefnut. Estas foram as formas que eles encontraram para explicar o assombro do que viviam perante a vida.
Atum, a Potência ainda a ser transformada, possuí dentro de si a essência que permite a Vida e a Ordem pela qual sua criação deverá seguir.
Imaginem tudo como uma dança cósmica. Onde Chu e Tefnut contém e dão forma a massa indistinta de Potência que é Atum, a única coisa que é separado dessa forma e que perpassa as três energias em questão é O Olho, talvez, Aquele que dá o aval do que foi criado.
Atum, a Potência ainda a ser transformada, possuí dentro de si a essência que permite a Vida e a Ordem pela qual sua criação deverá seguir.
Imaginem tudo como uma dança cósmica. Onde Chu e Tefnut contém e dão forma a massa indistinta de Potência que é Atum, a única coisa que é separado dessa forma e que perpassa as três energias em questão é O Olho, talvez, Aquele que dá o aval do que foi criado.
Até a semana que vem!
*Terra pura significa a Colina Primordial.
*Terra pura significa a Colina Primordial.
Referência Bibliográfica:
Clark, R. T. R.;Símbolos e Mitos do Antigo Egito: Deuses, mitos e cultos: Osíris, Néftis, Órus, Ísis, Seth. Apopis. Editora Hemus. p. 29 a 35.
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