quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Universo Simbólico: Sobre a Fé. (Parte 2)





Olá pessoal, voltamos com os questionamentos sobre fé vistos na semana passada. (Vide Parte 1) Desde já mais uma vez agradecendo a todos pela leitura e um ótimo Beltane para todos!


(...)

Só que o mundo não acaba ai. Levando-se em consideração que cada pessoa possui o seu ritmo, a fé pode ser compreendida e até mesmo conquistada ao longo da jornada com o estudo e fatos que acontecerão. Outro ponto negativo é encarar a Magiah somente como ciência, pois se isso acontece deixa-se passar todo o lado espiritual, ou seja, a razão tomaria conta de seus feitos, só que a Magiah nem sempre é racional.

Encará-la como ciência é perder os fatos extra-sensoriais que a razão não permite que tomemos conhecimento. Quando a fé se torna técnica demais a vivência do natural se torna nula, pois a visão é totalmente diferente do conceito de fé.  Ela jamais pode ser retirada do Magista sem que o mesmo seja destruído. Eles são um só desde o princípio do acreditar. Quando dizem que a fé move montanhas é uma metáfora mais que real.

Pessoas morrem, matam, mudam e criam conflitos pelo simples ato da fé, então se raciocina que ela tem forte influência sobre os homens, pois o ser humano é feito de puro desejo. Não há nada no ser humano que não seja fruto de seus anseios, do ponto mínimo até o seu ápice.

“Quando mais o ser humano deseja, mais insatisfeito ele fica, pois o próprio desejo deseja novamente desejar.”
(D’anjeloTerah)


Exemplos de ações provocadas pela fé:

 A Inquisição
II Guerra Mundial (Fé no poder do Estado)
 Disputas em Jerusalém entre Palestinos e Judeus.

Sem Ela o caminho é completamente vazio, mas também não seria negar a razão e a inteligência por completo, pois a fé se divide em várias características e é fundamentada em diversos fatores:

 A Fé como conhecimento: Conceito de que o conhecer é a Luz da fé e é a aceitação do conteúdo como verdadeiro.

A Fé como obediência: É a conversão interior e entendimento profundo da crença revelada. Uma fé natural por acreditar.

 A Fé opção fundamental do homem: É a pura conversão. O acreditar que é inerente ao homem, uma mudança definitiva.

 A Fé irracional: Mesmo não abandonando a razão, o homem tem que justificar sua crença, chegando a ser uma fé inumana, pois vai contra a sua natureza.

Imanência e Transcendência da Fé: “O acesso da fé fundamenta-se unicamente em Deus e exige a iluminação interior, mas a fé não pode ser privada da luz da razão”. (São Tomaz)

É a iluminação interior voltada á Deus sem abandonar a voz da razão.

Inculturação como aspecto negativo: A fé só existe se estiver ligada a uma cultura, para que venha ser vivida, sentida e aceita. Assemelhando-se a cultura, a fé incultura-se fazendo presente em qualquer sociedade.


Portanto, com tudo que foi comentado entendemos a importância de se estar equilibrado, mantendo os lados da teoria e da prática, unidos até o fim do caminho. Percebemos também a necessidade de se ter foco no que realmente se quer e saber expressar a sua verdadeira vontade após descobrí-la. Para querer é preciso que se acredite, e este acreditar deve ser levado a sério, pois é essencial para o fim do objetivo. Dedicar-se não se torna apenas cumprir um prazo de estudos, e sim, procurar manifestar todas as suas vontades no próprio cotidiano.

A "verdadeira" Magiah deve ser sentida e vivenciada. Temos que pensar mais em sermos grato por Aquela que nos deu a vida, e sermos gratos também por tudo que está a nossa volta, afinal a Magiah está em tudo e principalmente é parte da Divindade que habita cada Magista.


A Todos,
Pax, Lux et Nox

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Lança: Tropeços! E acertos!




Caminhar entre Deuses e Deusas é sempre algo deveras complicado, vocês devem saber bem disso! No entanto, sempre existe um ou outro com o qual você mais se identifica!

Eu, por exemplo, quando sentei para escrever o post desta semana pensei: "Hum... quem será?"... Me vieram alguns nomes mas não consegui desenvolver, e foi quando saquei pela milésima vez que entrar em contato com a parte masculina externa é deveras complicado! Ops! Ela é interna também!

Thot, por exemplo, pega no meu pé desde fevereiro para que eu sente e vá conversar com ele. Inclusive para criar um meio próprio de comunicação. Eu até tentei... mas fiquei no meio do caminho. Linhas malucas pra se criar um alfabeto todo... Mas quem foi que disse que ele me deixou???


Mesmo problema tenho com Apolo. Utilizo muito a ajuda dele para tirar o tarot mas às vezes, Ele gosta de me deixar cega com sua luz estonteante!

Osíris, eu vou deixar passar! Principalmente, Ele depois de ressuscitado! Sem comentários!

Já Shiva e seu mantra de limpeza é genial! Mas me deixa totalmente arrepiada!

Enfim, conversar com as Deusas é muito mais fácil para mim. Os Deuses me metem medo ou é necessário uma reverência que eu teimo em ter. Não por conta de sua sabedoria, não é isso! Mas por conta das minhas experiências com a imagem masculina do homem atual, entrar em contato com os Deuses é muito mais complicado. Ou talvez, tenha sido uma crise de fé que tenha iniciado na infância.

Das três facetas, a que melhor eu converso seria a do "Velho Sábio", mas também eu converso melhor com a "Anciã". O "Pai" e o "Jovem" são demais tempestuosos e malucos, me deixam confusa, me deixam aos tropeços.

Então, a pergunta de hoje, a grande reflexão de hoje é, como tropeçar e continuar a jornada rumo ao conhecido e desconhecido dos Deuses antigos? Como posso reverenciá-los atualmente? Sem me despojar do manto do amor? Como entender o lado da guerra, do seco, do amante? Eles são carinhosos e compreensivos como as Deusas que cruzaram meu caminho? Ou Eles pedem e requerem o que eu ainda não posso dar? Como confiar? Como ter fé na figura que foi talvez a mais deturpada?

Creio que com a evolução do neopaganismo, a imagem da Deusa foi muito mais cultuada e adorada. Precisávamos disso no início, mas agora... Ela sente falta do seu Consorte e é preciso resgatar e recuperar as imagens dos Deuses tais quais Eles verdadeiramente são e não como a cultura patriarcal e machista construiu ao longo dos últimos séculos.

Por isso, é preciso que tanto os homens como as mulheres compartilhem suas experiências com estes Deuses. São poucos os comentários sobre Eles. Sobre as Deusas são abundantes... Mas Ela precisa do equilíbrio que Ele também lhe concede. Porque os dois juntos formam o Uno.

O post dessa semana foi para refletir sobre como andam a relação de cada um de nós com os Deuses, com o Deus que habita em cada um de nós. Até a semana que vem e boa reflexão!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Índios guarany-kaiwá: 555 suicídios já foram registrados na região


Integrantes do grupo de guaranis-kaiowá que ocupam área de fazenda na região de Iguatemi (MS) (Foto: Ascom/MPF-MS)
O caso do grupo de 170 índios Guarany-Kaiwá que ocupa 2 hectares (20 mil m²)  de uma fazenda privada em Iguatemi (MS), a 466 km de Campo Grande, desde novembro de 2011, e teve sua retirada decretada pela Justiça é resultado de um longo processo de conflito na região. Nesta quinta-feira (25), o Ministério Público Federal (MPF) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) recorreram da determinação da Justiça Federal de devolução da área.

Na última semana, uma carta divulgada pelos indígenas pediu a intervenção do governo federal para evitar a retomada. Os índios alegam “ter direito de sobreviver à margem do Rio Hovy e próximo do território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay”, nome antigo da região que, segundo estudos da Funai, era ocupada desde tempos ancestrais pela etnia.
'Morte coletiva'
Na carta divulgada pelo Conselo Indigenista Missionário (Cimi) no último dia 19, escrita pela comunidade da Terra Indígena Pyelito Kue, os índios pediam que a reintegração de posse não fosse feita e afirmaram que, se a Justiça Federal continuar com a decisão, isso decretaria sua “morte coletiva”. A expressão chegou a ser interpretada como a possibilidade de este grupo cometer suicídio coletivamente. O Cimi, no entanto, explicou que a expressão se referia ao fato de que os indígenas pretendiam resistir juntos, a todo custo.

Apesar de não pretenderem se suicidar coletivamente neste caso, a população guarany-kaiwá de Mato Grosso do Sul é marcada por uma alta taxa deste tipo de morte. Segundo relatório do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (DSEI/MS), entre 2000 e 2011 foram registrados 555 suicídios entre jovens guarany-kaiwá (com idade entre 15 e 29 anos) - uma taxa de mortalidade 62,01 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas. Em 2007, o índice nacional era de 4,7 para cada grupo de 100 mil pessoas.
São jovens, principalmente, “sem perspectiva de vida, frustrados, que, às vezes, por conta de pequenos problemas cotidianos, chegam a essa decisão extrema. A responsabilidade pela situação, evidentemente, não é dos indígenas, é de quem criou o confinamento, o estado brasileiro”, complementa.
Com 43.401 indígenas guarany-kaiwá vivendo no estado, a disputa por terras entre índios e produtores rurais é resultado de um longo processo histórico. Dados do levantamento “As violências contra os povos indígenas em Mato Grosso do Sul”, divulgados no ano passado pelo Cimi, afirmam que entre 2003 e 2010, 250 indígenas morreram assassinados. Entretanto, não há comprovação de que os crimes têm relação com conflitos agrários.
A Funai aponta que em todo o estado existem atualmente 24 terras indígenas regularizadas ocupadas pelos guarany-kaiwá. O total de terras equivale a 90,4 km² -- cinco vezes o tamanho da Ilha de Fernando de Noronha. No entanto, a área atual destinada aos indígenas está muito aquém de uma estimativa feita em 2008 por um grupo de estudo da própria Funai, que informou serem necessários 6 mil km² apenas para a população dos guarany-kaiwá – área cinco vezes maior que o tamanho do município do Rio de Janeiro.
Sobre o caso de Pyelito Kue, a Funai afirma que acompanha o processo judicial aberto pelo proprietário de terra contra a demarcação feita pela instituição e complementa informando que continuará prestando assessoria e acompanhamento jurídico, “confiando na decisão em favor dos indígenas, no sentido de reconhecimento e da reafirmação do povo guarany-kaiwá às suas terras de ocupação tradicional”.
Fonte: G1

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Caminhando entre as Deusas: Branwen (parte 1)

Branwen, Deusa galesa do amor. É filha de Llyr e Penarddun. Seu nome significa "corvo branco". Considerada muitas vezes como matriarca da Britânia, também é associada a Afrodite, Ártemis e Ériu. Sua faceta primordial é o aspecto Virgem da Deusa, no entanto, também possui muitos atributos da Mãe.

Dizem que ela é a materialização da soberania e representa o espírito da terra. Possui um coração puro e a capacidade de promover os reinícios, pois em seu poder está o caldeirão da plenitude que restaura a vida e onde os novos inícios são formados. 


É celebrada na lua cheia de Junho e reverenciada em cada lua crescente. E sua lenda explica o porquê de tantos atributos:

Conta-se que um belo dia o rei irlandês Matholwch aportou nas terras do rei galês Bran, o Abençoado, atrás de casar-se com a irmã deste, Branwen, a fim de fortalecer o poder das duas coroas. 

Bran reuniu-se com seu conselho e resolveram dar a mão da moça em casamento. Este ocorreria dentro de poucos dias, e os preparativos começaram e todos ficaram extasiados, principalmente o rei Matholwch, pois a beleza da moça era inacreditável. No entanto, houve um pequeno problema!

Evnissyen, outro irmão da noiva, estava em viagem e não soube do ocorrido. Ao chegar no castelo do irmão e ver aquela correria toda perguntou a um cavalariço o que estava ocorrendo, e quando este lhe contou sobre o noivado de Branwen, ele ficou estarrecido e completamente furioso. Como haviam dado a mão da sua irmã sem seu consentimento e ainda mais para aquele rei irlandês?! 

Ele não teve dúvidas, dirigiu-se ao estábulo e perguntou ao servo que guardava os cavalos qual era o do rei irlandês, mandou o servo afastar-se e rumou para o cavalo de Matholwch, retalhando o cavalo em várias partes. Mas isso não acalmou sua ira e ele continuou a matar todos os cavalos da corte do rei irlandês.

Matholwch ao saber da notícia quis partir imediatamente, e Bran tentou aplacar sua fúria dizendo-lhe que restituiria os cavalos com os melhores cavalos de suas terras e lhe daria uma bacia de ouro e um báculo de prata de seu tamanho. Matholwch aceitou o ouro e a prata desde que fossem do tamanho de Bran e pediu ainda que lhe fosse restituído o caldeirão mágico. O caldeirão mágico havia sido dado de presente a Bran em uma de suas visitas a Irlanda, e ele possuía o poder de restituir a vida aos guerreiros mortos que fossem mergulhados no seu interior. No entanto, eles voltavam mudos. Bran aceitou de malgrado devolver o caldeirão, mas era melhor do que ter a fúria do outro rei. 

Com suas novas preciosidades no navio, o caldeirão mágico e Branwen, o rei irlandês voltou para suas terras. O povo da Irlanda e a nobreza não gostaram do que havia acontecido, e mesmo Matholwch dizendo que o que havia sido feito já estava reparado, eles não aceitaram e trataram de exigir ao rei que este tratasse Branwen como uma rameira e criada qualquer. Além disso todos os galeses que viviam na corte do rei foram presos. E assim, a mais nova rainha percebeu-se sem meios de pedir ajuda a seus irmãos...

Bem, o resto da história fica para a semana que vem... Até a próxima!


Referências:



PIETRO, C.; Todas as Deusas do Mundo: rituais wiccanianos para celebrar a Deusa em suas diferentes faces. 2ª ed. - São Paulo: Gaia, 2003 (Coleção Gaia Além da Lenda) 

FRANCHINI, A. S.; As melhores histórias da mitologia Celta. Porto Alegre, RS: Artes e Ofícios, 2011.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Universo Simbólico: Sobre a Fé. (Parte 1)


Olá pessoal, resolvi postar sobre a fé, não com o intuito de propagar uma visão ideológica baseada no fanatismo, nem ofender a nenhuma tradição e suas pessoas envolvidas, muito menos criar “viagens”, onde a fantasia, que infelizmente assola nossos dias, roubam as cenas da realidade pagã protagonizando um espetáculo triste aos nossos olhos. O texto que apresento é a síntese de um reestudo do Codex Hermeticum, onde surgiu através de um debate feito no “Círculo de Estudos Pagãos Tuatha Lunar” um texto denominado “Raízes- Conclusões da alma”. Partindo do princípio que NÃO existe verdade absoluta, desde já agradeço a todos pela leitura.


A Fé como base de tudo

O ser humano por si necessita de uma crença para responder aos seus questionamentos, para isso tem que haver fé acima de tudo. Segundo o contexto Bíblico (Hebreus, Cap. 11 e 12) temos o maior e melhor conceito de fé já desenvolvida:

“A Fé é a expectativa certa de coisas esperadas, a demonstração evidente de realidades, embora não observadas”.

Ou seja: “É a certeza de coisas que se esperam, e a convicção de fatos que não se vêm!”.

Mesmo tendo que acreditar em alguma coisa, com o passar do tempo a fé transformou-se em sinônimo de caretice religiosa, e falar nela em público tornou-se motivo para ser taxado como maluco ou fanático, porém a fé e tão antiga quanto o próprio homem.

Na Magiah, Ela é tão fundamental quanto se ter uma boa oração gravada na mente, até porque, se o Magista não possuir acreditar suficiente na oração, ela somente será um amontoado de palavras sem sentido e com certeza o destino será a queda.

No caminho do Magista mesmo antes dele sonhar em ser um estudante da Arte, em sua vida considerada “normal”, ele já possui várias dificuldades. Quando ele conhece o caminho essas dificuldades parecem que se duplicam fazendo com que o Magista além de acreditar que ao adentrar no caminho sua vida desmoronou faz também com que desista de prosseguir.

“Para cada fase da vida, dificuldades em níveis semelhantes”.


Em contra partida existem lados opostos de outros religiosos que dizem: “Bastou me afasta da Magiah e abraçar a Jesus (ou outro Avatar de qualquer religião) para minha vida mudar”. Ou ainda: “Esses crentes fazem tudo colocando a fé em Deus e FUNCIONA!”.

Com o Magista deveria ser da mesma forma, porém hoje vemos pessoas que mal começaram a trilhar os caminhos e se acham os donos da verdade, os todos poderosos e de puros pensamentos, que acreditam que tudo é pensar. Enquanto o Magista pensa, o crente FAZ. Eis o segredo do sucesso deles.

Crentes, (aqueles que acreditam) estão à frente de uma visão de fé totalmente eficaz e que de certa faz parte de um todo. E porque não também da Magiah? Será que nós também não acreditamos que existe uma Divindade que zela por tudo e por todos? Será que é caretice ou vergonhoso expressar Amor e Fé naquilo que realmente acreditamos? Será que nós também não devemos demonstrar todo o nosso acreditar?  Perguntas como essa devem ser feitas a muitos Magistas e se observar as respostas insensíveis (existem exceções) que se obtém. Particularmente é desanimador saber que essa falta de sentimento para com a Divindade existe.


FAZER, esse é o segredo. E se o estudante deixar a ignorância (ato de ignorar) e de julgar, mais rápido perceberá que o caminho da Arte será mais fácil de seguir. Se for feito o contrário o estímulo do Magista tende a regredir drasticamente. Mesmo o caminho mais fácil faz com que o pensamento seja de estrada árdua e a motivação desaparece. A maioria dos Magistas, como citado acima,sentem-se os donos do mundo e conhecedores de sua própria vontade, acham-se bons o suficiente para fazerem tudo sozinhos e quando erram não são humildes para assumirem o tal erro.

A Magiah assim como outra religião qualquer não atrairá problemas para o estudante. A religião em si veio para religar (daí o nome Religião do Latim= Religare = Unir) o homem com Deus. Já a Magiah tem o compromisso em restabelecer o contato e fazer com que o ser humano perceba o ser Divino que ele é, e que com o passar dos séculos se deixou esquecer. Ela como qualquer crença é baseada em princípios éticos que devem ser seguidos. E uma coisa que se observa na maioria das vezes é que a Magiah é utilizada como primeiro recurso, ou como uma fonte de resolução de problemas de forma instantânea, coisa que não se deve fazer, pois é como normalmente se ouve:

“Deus não fará pelos homens aquilo que eles não fazem por si mesmos!”

Daí acontece também que na maioria dos casos o Magista não consegue realizar aquilo que desejava. Primeiro por falta de Fé, (ingrediente fundamental) segundo por utilizá-la antes que os métodos convencionais. (lembrando que existem exceções)

Certamente não podemos ser hipócritas em dizer que temos o "poder" de mudar as situações e não devemos usar, mas é bem comum por uma forma de vício esquecermos de utilizar métodos naturais para a resolução de nossos problemas. Sendo assim, até que ponto é válido possuirmos tal conhecimento e quais as formas de expressar o nosso acreditar? Até a semana que vem.

A Todos,
Pax, Lux et Nox

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A Lança: Brahman x Brahma

Olá, queridos leitores!

Semana passada falei um pouco para vocês sobre Brahman, Deus Hindu. E um de nossos leitores ficou com a seguinte dúvida: 

"O mantra 'OM NAMO BRAHMAYAYA', não seria 'OM NAMAH BRAHMAYA'?"

E fez o seguinte comentário:

"Ah, e não confundir Brahman com Brahma, que juntamente com Vishnu e Shiva formam a trindade clássica hindu. Brahman está acima da trindade Brahma-Vishnu-Shiva. Fica a dica".

Então, hoje irei responder a dúvida e falar sobre o comentário.

Iniciarei sobre o comentário: realmente, existe uma diferenciação entre Brahma e Brahman. Brahman, como eu falei no primeiro texto sobre Ele nesta coluna (clique aqui, para ler), é aquele que estava no vazio primordial e Tornou-se, Ele é, simplesmente: "Ele nasceu do infinito oceano da existência, foi o primogênito e primeiro entre os Deuses. Dele nasceu o universo e por isso Ele o protege. Seu conhecimento é o alicerce de todo o conhecimento [...]" (A Lança: Brahman, parte 1). Dele, nasceu tudo o que conhecemos e todos os outros Deuses. Por isso, ao sair do ovo dourado depois de um ano de cósmico, ou um ano de gestação, assim digamos, ele tornou-se Brahma, já sem o N. 

Ou seja, Brahman é a essência que não pode ser dita, que não é compreensível, Ele cria a si próprio e dá-se à luz como Brahma. Esta faceta de Brahman torna-se, então, incumbida da grande tarefa de construir o mundo tal qual o conhecemos, e suas criaturas. Ele torna-se o equilíbrio entre Vishnu e Shiva. Além disso, existem várias outras histórias de como Brahma nasceu.

Então vejam bem, eu não sou hinduísta e tenho uma visão deveras particular das divindades. Para mim, todas as divindades são faces de algo que eu não posso compreender totalmente com o intelecto que eu tenho. Por isso, crio aspectos, facetas e leio as histórias que mais se assemelham ao que eu estou passando pelo momento. Assim, Elas tornam-se um aspecto perto do meu Eu individual, algo mais próximo de mim, algo que eu possa entender. Por isso, não me preocupei antes em fazer a distinção, muito bem pontuada por nosso leitor. 

Para mim, Brahman será uma palavra que abrange tudo e possui as facetas e particularidades de Brahma, Vishnu e Shiva. Ou melhor dizendo, Brahma, Vishnu e Shiva, também são Brahman. Me repito? Repetirei mais uma vez: Brahma, Vishnu e Shiva são manifestações de Brahman, pois, Brahman, tal qual Ele é, não pode ser entendido visto que Ele é algo ilimitado e os conceitos de ilimitado, de um mundo sem dualidades, de um espaço primordial onde só existe potencial é algo que nossa mente praticamente não consegue conceber. A gente tem um vislumbre... apenas...

Alguns autores também compartilham desta visão. Abaixo, deixo algumas fontes para que se possa ler mais sobre Eles e suas histórias.

Agora, vamos ao Mantra...

Os mantras que encontrei que se assemelham em escrita e som dos mantras indicados: OM NAMAH BRAHMAYA e o OM NAMO BRAHMAYAYA.

Foram os seguintes:

OM HRIM BRAHMAYA NAMAH (mantra para elevar o estado de ânimo, para felicidade)

OM NAMAH SHIVAYA (Saudações a Shiva, o grande transformador, o grande yogue.)

OM SRIM NAMAHA (mantra chakra plexo)

e o composto:

"OM NAMAH SHIVAYA
OM NAMAH BRAHMAYA"

Ou seja, não sei qual das duas versões está certa, mas pelo que eu pude entender das pesquisas que fiz, NAMAH, significa eu me curvo, eu me prostro, diante do senhor tal. Assim como NAMO, também pode ter o significado de prostrar-se diante de, como reverenciar. Por isso, normalmente eles se encontram antes dos nomes dos Deuses. E o YA Do BRAHMAYAYA significa a caraterística masculina ativa do mantra.

Enfim, quaisquer comentários que possam vir a ter, por favor, comentem, inclusive no corpo do blog, assim poderemos manter um diálogo e aprender juntos cada vez mais.

Até a próxima!

Referências:


domingo, 21 de outubro de 2012

O Desafio do Paganismo



O paganismo foi uma bela criança. Teve alguns probleminhas de saúde mas vingou, frequentou a escola, teve professoras ruins que serviam magia feita de leite em pó, que misturavam umas coisinhas no mingau para ficar mais gostoso, teve amigos e desafetos, ficou adolescente e se rebelou, até anjo entrou no círculo mágico. Fez 18 anos e virou piada de mal gosto, ainda havia acne em seu rosto. 

Agora é um adulto de pele linda, cabelo escovado e roupa nova, sabe arrumar o armário e não gasta R$ 4.90 em literatura barata, aprendeu a ler coisa decente. Mas este adulto sabe para onde deve ir?

Provavelmente não!

Cair não nos ensina a andar, nos ensina a levantar. Precisamos exercitar as pernas para saber dar passos. Atualmente temos pouca produção, pouca originalidade e nada de questionamentos. Afinal de contas, quem disse que quartzo rosa serve para atrair amor? E se no fim ele serve para repelir? Os pagãos acostumaram-se a começar do nada, enfrentar a família e a errar horrores para depois acertar, mas neste processo perderam completamente a criatividade e o bom senso, utilizando-se de tabelas há muito obsoletas, sem nenhum sentido em sua cabeça.

A lua azul é poderosa. Sabbath é pela roda norte. Turmalina negra serve para proteção. Deus tal é para tal coisa...

O pagão aprendeu a colar na escola, aprendeu a decorar, mas esqueceu de pensar. Este adulto é sério, tem uma casa e uma esposa, mas não sabe o que fazer com um livro de receitas. Sabe que sal é salgado, mas nunca engoliu uma colher dele. Este adulto é preguiçoso, egocêntrico, deslumbrado e impulsivo. Este adulto precisa de amigos, precisa passar necessidade e estender mais a mão, precisa sair do sonho cor de rosa e ver que há muito a ser feito, antes que vire um velho ranzinza, e perca toda a graça (Amém refresca a memória).

sábado, 20 de outubro de 2012

Cotidiano Pagão: Bolo de Chocolate no Microondas (12min)


Bolo de Chocolate no Microondas

Olá a todos! Minha vida anda super atarefada ultimamente e não tenho tempo quase para respirar, quanto mais! E creio que muitos sabem como isso é (vida universitária!). Então, deixo aqui uma receita que meu pai me deu bem rápida e bem simples para fazer um bolo delicioso! 

E, para quem não tem forno, é maravilha, porque é feito no microondas!

Ingredientes:
  • 1 chávena e ¾ de Farinha
  • 2 chávenas de Açucar
  • ¾ de chávena de Oleo
  • 6 Ovos
  • 5 colheres de sopa de cacau
  • 4 colheres de sopa de chocolate em pó
Procedimento: 

Bata a farinha, o açúcar, o óleo e os ovos todos num recipiente de forma a que fique bem misturado. De seguida, você tem de diluir o chocolate e o cacau em uma xícara de água morna e juntar tudo num recipiente de plástico que possa ir ao microondas.
Coloque meia barra de chocolate de culinária, partido em bocados, dentro da massa.

Agora você leva tudo ao microondas durante 12 minutos em potência máxima. Vá olhando para o bolo e ver se está ficando bom. Se achar necessário, pode deixar mais um pedaço de tempo.

Espero que gostem, eu adorei! 

Bênçãos da Deusa,
MissElphie

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Caminhando entre as Deusas: Sheela Na Gig

Me deparei com esta Deusa em Abril de 2010. Havia três meses que tinha acabado um namoro muito importante para mim e havia três meses que me debatia em águas tumultuadas. Meu "Oráculo da Deusa" havia acabado de chegar junto com o livro o "Caminho da Deusa" e eu estava me divertindo explorando novamente o caminho do desconhecido. Foi assim que Ela apareceu, como uma tábua de salvação, me dizendo: "Experimente! Experimente o novo e não tenha medo!"

Então, praticamente, vive 2010 com os seus conselhos na cabeça. Experimentando o novo. De comida a atos! Se eu sempre fazia de um jeito, neste ano, eu fiz diferente, sem medo (ou quase). Com o tempo, fui me distanciando novamente dela. Ela deu lugar a outras Deusas que se tornaram mais necessárias na minha jornada. E aí, ontem a noite, estou eu pensando em quem iria trazer para vocês hoje. Quando me soa nitidamente o nome dela na cabeça.

A primeira vez que vi sua imagem, me assustei, claro! Ela é conhecida por ser a imagem de uma velha que segura suas vulvas (sua yone) abrindo-as desavergonhadamente como um convite para adentrar e sair do ventre da Mãe Criadora, com os seios murchos e caídos e com um belo sorriso no rosto. Estas imagens foram talhadas em pedras e adornavam muitas catedrais medievais, até serem destruídas, com o avanço do fanatismo da Igreja.

Não se sabe ao certo de que país ela é originária. Pois, ao contrário das outras Deusas que conhecemos sua crença está firmemente arraigada a sua imagem, ou seja, o termo Sheela Na Gig diz respeito a qualquer imagem de uma mulher ostentando suas genitalias em qualquer parte do globo terrestre.

Considerada Deusa da vida e da morte, Deusa dos Humildes, e uma remanescente dos celtas, estes são um dos mitos que compõe a  história desta sábia. Também acredita-se que sua figura era usada (e talvez, ainda hoje seja) para espantar o mal e trazer fertilidade para as mulheres. Foi considerada a contraparte do Deus Green Man e existem várias outras histórias por aí... Além como vários outros nomes para esta criatura amável que aí está.

Ela é um símbolo de resistência, de prazer e sabedoria. Velha ou nova. Feia ou bonita. Ela convida a todos para experimentar o novo. Para sair de dentro do ventre, o lugar protegido e se aventurar nas entranhas da vida. Ela é o conhecido e o desconhecido e por isso tanto mistério a cerca.

Até a semana que vem... Lembrem-se: dê uma oportunidade para que ela lhe mostre a beleza do grotesco!

Referências:

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Universo Simbólico: A Noite Escura da Alma - Parte 2


Olá pessoal, na semana passada tínhamos algumas questionamentos: Cristianismo com Noite Escura? Fé? Peregrinação? Estas nos movimentaram a prosseguir com o diálogo e adentrar um pouco mais neste tema que é além de interessante, deveras extenso.  (Se você não viu o outro post anterior corre lá e vê a Parte 1). 

Dentro do Paganismo podemos obter várias possibilidades a respeito do tema, mas comecei a analisar que mesmo historicamente o Cristianismo vindo posteriormente fundamentou-se muito bem nesta crença de peregrinação da Alma e com suas próprias nomenclaturas fez com que esta crença se espalhasse e ganhasse força em nome da evolução do espírito. Sendo assim observemos este outro lado da moeda e continuemos...

Na tradição judaica, a noite apresenta ora um aspecto negativo, ora um aspecto positivo. No Gênesis, ela denomina as trevas, sendo inferior à luz: 

"E viu Deus que a luz era boa, e fez separação entre a luz e as trevas. Chamou Deus à Luz Dia e às trevas, Noite (1.4-5)" . 

Em outras passagens, porém, a Bíblia ressalta o aspecto positivo da noite. Por exemplo, em Jó 35.10, lê-se que:


"Deus inspira canções de louvor durante a noite". 

A noite é, portanto, o momento da inspiração divina. E em Salmos 19.2, a noite relaciona-se com a sabedoria: " Uma noite - diz o salmista - revela conhecimento a outra noite". Não por outra razão a coruja, pássaro notívago, representa, de longa data, a filosofia, simbolizando o saber e a clarividência. Na arte poética, a noite é geralmente evocada como o período propício ao romance, pois à noite, cessadas as atividades laborativas do dia, o ser humano pode ir livremente em busca do outro. Neste caso, a noite exerce fascínio: "Tudo tem suave encanto quando a noite vem", diz uma canção popular. Na esfera psíquica, a noite significa a face oculta da consciência, o inconsciente, que, durante o sono, geralmente à noite, vem à tela mental através de símbolos que expressam não só os desejos, mas também a sabedoria, a criatividade e as mais belas intuições.

A Figura de São João da Cruz sendo o pioneiro dos Peregrinos da Alma, logo foi tido como exemplo e seguido por outros que se tornaram conhecidos como: Madre Teresa, Santa Tereza de Avila dentre outros que se dispuseram a enfrentar/reconhecer suas sombras para alcançar a tão sonhada Luz, porém cada um deles para desempenhar tal papel, tiveram que elevar sua consciência para o Divino e acreditar no que estava por vir como uma bonança. Entramos na questão polêmica da Fé, uma auxiliar secundária, (a primeira seria o auto-conhecimento da duvida em questão) que nos firma na confiança em nossos Mestres, (físicos ou não) em nosso caminho, em nós mesmos e principalmente em nossas praticas que nos levam a elevação. 

São João da Cruz, o Místico, escreveu um poema que explica todos os estágio implícitos e os vários sentidos figurados da noite: o mitológico (geratriz da luz), o sapiencial ( momento da sabedoria e da inspiração divina), o poético (instante doce  do amor) e o psicológico (centro de consciência transcendente). Gostaria de deixar este poema para uma análise e fundamentar cada vez mais este conceito que além de complexo, muito nos identifica, apesar de ser através de outra doutrina, porém ao meu ver, São João da Cruz tinha uma visão holística mesmo pertencendo a massa Cristã do Sec. XVI.
NOITE ESCURA


Canções de S. João da Cruz (1542-1591) que descrevem o modo pelo qual o místico chega ao estado de perfeição espiritual.

(1578)

1. Em uma noite escura,

De amor em vivas ânsias inflamada,     (1)
Oh, ditosa ventura!
Saí sem ser notada, (2)
Já minha casa estando sossegada. (3)

2. Na escuridão, segura,
Pela secreta escada, disfarçada,  (4)
Oh, ditosa ventura!
Na escuridão, velada,
Já minha casa estando sossegada.

3, Em noite tão ditosa,
E num segredo em que ninguém me via,
Nem eu olhava coisa,
Sem outra luz nem guia    (5)
Além da que no coração me ardia.

4. Essa luz me guiava,
Com mais clareza que a do meio-dia,
Aonde me esperava
Quem eu bem conhecia, (6)
Em sítio onde ninguém aparecia. (7)

5. Oh, noite que me guiaste!
Oh, noite mais amável que a alvorada!
Oh, noite que juntaste
Amado com amada,
Amada já no Amado transformada! (8)

6. Em meu peito florido
Que, inteiro para ele só guardava,
Quedou-se adormecido,
E eu, terna, o regalava,
E dos cedros o leque o refrescava.

7. Da ameia a brisa amena, (9)
Quando eu os seus cabelos afagava,
Com sua mão serena
Em meu colo soprava,
E meus sentidos todos transportava.

8. Esquecida, quedei-me,
O rosto reclinado sobre o Amado; (10)
Tudo cessou. Deixei-me,
Largando meu cuidado
Por entre as açucenas olvidado.(11)


(1) Trata-se de alma adiantada na espiritualidade, pois está incendiada do amor a Deus.

(2) Isto é, saiu de si, sem ser impedida pelos sentidos inferiores que compõem o ego.

(3) Casa sossegada: vida interior com pleno domínio das pulsões inferiores e das paixões menores.

(4) A escada mística da ascese rumo à Divindade. A escada joanina desdobra-se em 10 degraus.

(5) A luz da fé e do amor.

(6) Em sendo evoluída, a alma já conhecia a Divindade.

(7) O centro da alma, o espírito que é também sua parte mais alta.

(8) Pela união com a Luz a alma se transforma na Luz.

(9) Ameia: cada um dos arremates salientes, separados por intervalos regulares, construídos na parte mais alta do castelos, das torres e das muralhas que protegiam as cidades antigas. Vê-se que a alma subiu a escada para encontrar a Divindade.Brisa amena é sopro, símbolo do influxo espiritual de origem celeste. Mensageiro divino, o vento afasta as trevas. Na tradição bíblica, o "sopro de Deus" animou o primeiro homem. No poema, o sopro de Deus faz surgir o ser iluminado ( o novo homem que retornou à origem divina).

(10) Esquecida de si, quer dizer, com a atenção concentrada só no Amado.

(11) Sua inquietação desapareceu.


Podemos perceber o quanto a Noite Escura é uma benção disfarçada e embora os indivíduos possam, por um momento parecer declinar em suas práticas de virtude, na realidade, eles se tornam mais virtuosos, uma vez que se desprendem de seus egos durante o processo. Compreender que tudo tem um propósito já é um fator decisivo para transpassar essa ponte de cordas. Que a Confiança, a Fé, o Acreditar, o auto-conhecimento e a Divindade sempre estejam com os que realmente buscam pela Luz.


A Todos,
Pax,Lux et Nox

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Lança: Brahman (Parte 2)

"OM NAMO BRAHMAYAYA"
(Prostração ao Senhor Brahman)


Semana passada tentei explicar um pouco sobre quem seria Brahman. Hoje, vamos tentar entender um pouco mais sobre Ele.

Creio que existam poucas maneiras para se entender a imensidão do que Ele é. Na verdade, é preciso muito treino, muita paciência e muita força de vontade para não enlouquecer no processo. Sempre teremos apenas alguns vislumbres.


Segundo Kala Trobe, para entrar em contato com Ele é de bom tom estar com o corpo purificado do tabaco, do álcool, do peso que certos alimentos trazem para o nosso corpo e etc. Entoar um mantra, como o citado acima, também ajuda a estender a consciência e abarcá-lo. Medite. Medite de frente para o norte, pois seus altares ficam na face norte de seus templos.


Bem, correndo o risco de ser redundante, Brahman, além de ser o criador de tudo, é o criador dos corpos causal e astral:



"Ele emite um raio de luz branca de lótus no topo de seu Ser e chama-o de Coroa e, ao pronunciar a palavra, ele se Torna. Feito isso, emite um raio de luz violeta de sua fronte, e ao ser recebido ele o chama de Ajna. E então Brahma emite e pronuncia os raios de azul, e verde, e amarelo, e laranja e vermelho, e a constituição dos corpos causal e astral está completa. [ ] Esses corpos, um contido dentro do outro, Brahma veste de carne, enquanto ele próprio se mantém incorpóreo, contemplando sua criação com quatro faces espirituais, quatro pontos dos céus. [ ] Ele faz com que luz e trevas se encontrem no meio e as induz a cooperar. E tudo o que ele deseja pronuncia e passa a Ser."


(Invocação dos Deuses, Trobe, p. 60)

Ele é a reunião de tudo e a palavra que forma seu nome é muito mais velha do que o próprio Deus. Significa casta sacerdotal, assim como Deus Máximo. Além disso, originalmente acreditava-se que significava também "dito sagrado" e que o som teria sido criado por meio do som. Assim os mantras são sagrados e muito valorizados nessa cultura, pois eles possuem o poder de criar, sustentar e destruir.

Ele possui quatro (4) cabeças com as quais pode olhar para todos os lados e juntamente com Vishnu e Shiva, forma a Trindade Hindu. O primeiro representa o aspecto formativo; o segundo, o aspecto sustentador e o terceiro, o aspecto destrutivo. Também é importante saber que Ele representa os Vedas e possui uma mulher, Sarasvati, que representa a sabedoria e a aplicação dos Vedas. Sua combinação forma a Sagacidade Máxima. Usa um manto branco brilhante, indicativo de sua pureza espiritual e cavalga um pavão ou um cisne, por serem aves muito belas e consideradas da realeza. Possui quatro braços e carrega um rosário e um punhado de capim sagrado, um livro - que representa sua sabedoria - os quatro Vedas, um pote de água primordial, uma mão erguida em benção, um lótus e um prato para esmolas. Sua arma, quando é utilizada, é um disco que simboliza as rodas da vida e a arma dos deuses, cauterizadora da vida. Acredita-se que por Ele não carregar armas simboliza que Ele é inatacável.

Por isso, quando precisarem mudar os óculos para encontrar novas saídas, verem o mundo de outra forma, meditem com Brahman. Respirem, entoem um mantra ou o mantra OM, e sintam-se crescendo e crescendo e ficando maiores.  Olhe para o norte e veja o que dá para se ver dessa posição e faça isso com os três quadrantes restantes. Depois, reflita em como você vê a sua situação; mude de posição, como as outras pessoas envolvidas vêem essa situação? Modifique mais uma vez e tente ver de fora, como se não estivesse envolvido, o que você vê? Agora, faça um salto, você é um gigante, e está além do tempo e do espaço. Você pode ver o passado e o futuro e percebe que tudo torna-se uma coisa só... que tudo torna-se insignificante com o passar das eras... que tudo torna-se extremamente importante com o passar das eras. Volte lentamente. E reflita sobre o que você vivenciou. Dessa experiência o que você pode levar para a sua vida?

Eu sei o quanto é difícil fazer o exercício acima. As vezes esquecemos de nossa grandeza e nos preocupamos apenas com a nossa realidade concreta, humana. Mas não se preocupem, até isso passa...

Uma semana recheada de esperança para todos!

Até a próxima!

Referências:
  • Trobe, K.; Invocação dos Deuses: explorando o poder dos arquétipos masculinos. São Paulo: Mandras, 2001, p. 59 a 68

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Caminhando entre as Deusas: Kuan Yin (Parte 2)



"OM MANI PADME HUM"
                                       (Recebemos a Jóia da Consciência no Coração do Lótus)


Semana passada falamos sobre a história de Kuan Yin. Hoje, falaremos sobre como entrar em contato com esta Deusa.

Nas mãos desta Deusa repousa um vaso com a Água da Vida para aliviar as dores do mundo.

Ela nos ensina com sua eterna compaixão que devemos sempre buscar o refinamento da alma, a compreensão e a prática do serviço ao outro. Além do mais, quando temos a certeza de estar sendo escutados e compreendidos iniciamos um processo de cura interno que muitas vezes não entendemos.

Por isso, ao evocar o nome de Kuan Yin, associando-o ao mantra citado a cima é uma forma de trazer paz física e espiritual ( e garanto a vocês, funciona!).



Muitas vezes, quando eu estou precisando ter calma e compaixão com meus familiares e amigos, eu começo a entonar esse cântico. E após alguns segundos estou mais calma e relaxada.

As imagens desta Deusa também são fáceis de achar, principalmente nestas lojas de artigos chineses. Normalmente, ela possui um manto branco e segura o vaso da compaixão, como já foi dito a cima. É meio rechonchuda e possui uma cara muito bondosa.

Segundo o Grupo Roda da Lua, em seu livro "O livro das Deusas", se você quiser pedir perdão e contar com a ajuda de Kuan Yin, você deve acender um incenso de Lótus enquanto traça fitas coloridas pensando nas pessoas e situações que você gostaria de perdoar. Amarre a trança numa árvore em algum local da natureza e peça pela compaixão da grande bodhisattva para você, para as suas relações e para todos os seres do planeta.

Meditar com esta Deusa traz calma e serenidade, traz alegria e amor. Enquanto você caminha pela rua, faz suas compras, ou está no banho, entoe esse mantra sagrado. Ele ajuda a alinhar os chakras e aumentar a sua energia e a energia do mundo, de uma forma mais positiva.

Leve o amor e a compaixão, para todos os lugares que você for!

Até a próxima!


Referências Bibliográficas:
- DONATELLI, M. (coord.); O livro das Deusas – Grupo Rodas da Lua.  São Paulo: Publifolha, 2005;
- MONAGHAN, P.;  O caminho da Deusa: mitos, invocações e rituais. São Paulo: Pensamento, 2009;

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

III Encontro Wica de João Pessoa



“Quem disse que não tem tradição?” Com esse tema, aconteceu em João Pessoa durante os dias 22 e 23 de setembro o III Encontro Wica. Assim mesmo, com apenas um ‘C’, uma vez que essa seria a grafia original para a religião difundida por Gerald Gardner a partir da década de 50.
O surgimento da Wicca, panteões celtas, necromancia e magia draconiana foram alguns dos temas apresentados durante as palestras realizadas por membros do clã Hex-ACBNB, que é coordenado pelo bruxo Saulo Gimenez e com sede em João Pessoa. Outro tema muito interessante foi o da legitimidade e moral em religiões não cristãs, palestra realizada por Ana Paula Cavalcanti, professora do curso de Ciências das Religiões da UFPB.

O III Encontro Wica também contou com palestras e vivências de outras linhas religiosas como Xamanismo, Reconstrucionismo Helênico e Druidismo. No geral foi um evento muito tranquilo e proveitoso, com um público extremamente participativo vindo da própria cidade de João Pessoa e também de Campina Grande, bem como de outros estados: Brasília, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco. 

Como em todo encontro, o que fica ‘plantado’ são os debates gerados, os momentos de descontração e as ideias que surgem para novos encontros, novas associações e novas formas de vivenciar o paganismo. E como em tudo que é bom, o III Encontro Wica deixou gosto de ‘quero mais’. 

Que venha o IV.


*Fotos por Thiago Oliveira.

Universo Simbólico: A Noite Escura da Alma - Parte 1


Olá pessoal. Esta semana tem sido um tanto nostálgica para mim e acabei me deparando com esse assunto mais uma vez, sendo que analisando-o de uma forma mais detalhista, podemos compreender alguns aspectos em meio a imensa contradição de elementos que nos mostram a iluminação e o sofrimento nesta fase tão importante na vida de qualquer Magista. A Paciência, o Acreditar, são alguns pontos essenciais que nos conduzem ao caminho da evolução, mas a Confiança é a maior chave para abrir as portas da sabedoria.
A Noite Escura da Alma é uma metáfora que remete ao período de dificuldades que todos basicamente passam, onde se é testado por diversas vezes e tem-se a impressão que estamos sendo abandonados pelos Deuses. Mas na verdade tudo que acontece simboliza um avanço espiritual e uma ruptura com o seu antigo eu e a iniciação da busca pelo seu próprio caminho, sua essência e a abertura de canais para a percepção do que nos rodeia . O Autoconhecimento é uma das conquistas da Noite Escura, porém quando estamos nela não conseguimos enxergar um palmo em frente ao nosso nariz.
Muitas vezes acontecem coisas na nossa vida que ficamos a nos perguntar o porquê de tudo. As diversas situações que saem dos eixos e nos fazem pensar cada vez mais e mais em seus motivos aparentemente invisíveis nos deixam frustrados, mas é muito interessante notarmos que quando a Noite escura chega e nos invade dificilmente a percebemos e enxergar a luz no final do túnel é uma tarefa quase que impossível. A depender da forma que as coisas aconteçam a pessoa em prova acaba por se desligar ainda mais da suas crenças achando que ela não vale nada. Porém, tudo não passa de uma prova de percepção e que se deve resistir, além de se ter em mente que a Noite Escura da Alma atinge nosso acreditar e impulsiona nossa alma abismo abaixo, nos impedindo de usar nossa maior arma que é a nossa FÉ, uma movedora de montanhas, que bem utilizada é alavanca que nos impulsiona novamente para o alto. É necessário entretanto que se tenha a percepção e o entendimento das situações por completo para que saibas o que fazer na hora em que as coisas começarem a sair do controle.  
Como falado acima, a expressão "Noite Escura da Alma" é uma metáfora e que para aqueles que pensam que este termo é somente pagão, estão muito enganados. O cristianismo e outras culturas também aderiram ao termo para descrever a peregrinação do espírito rumo ao criador. Dentro da doutrina Cristã datada de 1577 temos o Jovem São João da Cruz, que trocou de nome e deixou tudo que possuía e aderiu a peregrinação espiritual após ser preso, tendo passado por longos anos trancafiado até que descobriu seu verdadeiro caminho por influência de um Poema, um Insight que serve de base até os dias de hoje.


Entre os mitos gregos, Noite é o nome de uma Deusa, filha do Deus Caos, o vazio primordial antes de serem ordenados os elementos do mundo. Essa Deusa personifica as trevas superiores e é representada com um manto escuro, a percorrer o céu, enquanto seu irmão, Érebo, simboliza as trevas inferiores. A Deusa Noite gerou várias divindades, algumas benéficas, outras maléficas, sendo a mais importante delas o Dia (Hêmera), a divindade que trouxe a luz ao universo. Também na tradição judaica, a noite apresenta ora um aspecto negativo, ora um positivo. No Gênesis, ela denomina as trevas, sendo inferior à luz: 

"E viu Deus que a luz era boa, e fez separação entre a luz e as trevas. Chamou Deus à Luz Dia e às trevas, Noite (1.4-5)" . 

Cristianismo com Noite Escura? Fé? Peregrinação? Se estas perguntas aguçaram sua curiosidade, saiba que semana que vem falaremos um pouco mais desse assunto que sinceramente é muito esclarecedor e extenso. Convido os Neófitos e aos que já passaram por esse momento a relembrarmos então aqui no nosso próximo encontro, deste período de nossas vidas que se assemelha a andar de bicicleta:  Jamais esqueceremos!

 
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