“Tudo que foi escrito nesse
texto, não pretende ocupar o lugar da Verdade, uma vez que o que venho trazer
aqui é simplesmente assuntos de pesquisas e observação. Quero deixar claro que,
pessoalmente, mesmo acreditando nisso, não me vejo hábil o suficiente para
escrever um texto digno de ser chamado Verdadeiro. Tudo o que trago é para
reflexão e transmutação.”
Lord Vincus-2012
Olá a todos os
leitores, sei que ando sumido, mas como bom ocioso que sou (e é graças ao ócio
que reflito sobre minhas pesquisas), nem sempre produzo algo, ou se produzo,
não julgo interessante publicar. Mas o que trago hoje é assunto de uma pesquisa
feita há dois anos, mas sobre o qual nunca ousei escrever com tranquilidade,
pois como muitos de vocês, em um tempo em que fui menos favorecido como mago,
era também um pagão. O fato de não mais prestar culto aos deuses da terra não
torna menos inquietante esse texto, mas pelo menos, me sinto mais capaz de
escrevê-lo.
Vamos começar com
um dos meus autores prediletos, Hermes Trimegistos, cujas citações já deve ter
cansado todos os meus leitores.
E assim diz
Hermes;
“
Nossos primeiros antepassados depois de terem se equivocado seriamente a
respeito da verdadeira doutrina acerca dos deuses- não acreditavam, nem se
preocupavam com o culto ou religião, de uma forma absoluta-, inventaram a arte
de fazer deuses, logo, assim que os fizeram, vincularam a ele uma virtude
adequada,que inferiam da natureza material, e misturando esta virtude com a substância das estatuas, dado que não
poderiam criar almas propriamente ditas, depois de terem invocado almas de
daimons, as introduziram em seus ídolos por meio de rituais santos e divinos,
de modo que estes ídolos tiveram o poder de fazer o bem e o mal.” (Hermes
Trimegisto, p 117)
Deve-se ter
ciência, quando lemos textos herméticos, que os deuses são separados em duas
classes:
Os deuses
celestes, que são os deuses “verdadeiros” criados por Deus(Todo ou Uno) para
governar o mundo material, tendo como exemplo o Demiurgos (aquele primeiro a
ser criado, transformador do universo), Júpiter(aquele que dá a propriedade
motora e vivificante), Pantomorfos (aquele que dá a forma aos seres) e por
último(até onde pude compreender ou pesquisar) Fortuna e Heimarmene
(responsáveis pela aplicação das leis universais e do destino¹). Esses deuses
citados, seriam os responsáveis pela composição e conservação do nosso
universo, feitos integralmente de substâncias imateriais ou inteligíveis²(e sem
formas).
Os deuses terrenos
ou deuses artificiais (Hermes chamará de “os deuses dos templos”), feitos de
matéria sensível fundidas alquimicamente aos seres compreendidos como daimons³,
são seres muito inferiores em potência que os deuses celestes(estes celestiais
aparentemente são desprovido de vontade). Os deuses terrenos são dependentes da
idolatria humana para se manter, necessitam de sacrifícios sensíveis e
suprassensíveis correspondentes aos usados em sua fabricação, tornam-se mais
poderosos conforme mais humanos se apropriam de seus selos4 , e
quando são esquecidos e aos poucos perdem sua fonte de energia, vão se tornando
agressivos e suscetíveis a ferir seus criadores.
“
Pois os deuses terrestres encolerizam-se facilmente, pois os homens
compuseram-nos de uma e outra natureza” ( Hermes Trimegisto, 117)
“ Asclépios:
E de que ordem é a qualidade desses deuses que se chamam terrestre, ó
Trimegistos?
Hermes Trimegistos: Resulta, Asclépios, de uma
composição de ervas, pedras e perfumes que contém a si mesmos uma virtude
oculta de eficácia divina. E se alguém busca a maneira de agradá-los através de
numerosos sacrifícios, hinos, cantos de louvor, concertos de som dulcíssimos
que recordem a harmonia celestial, é para que este elemento celestial que foi
introduzido no ídolo por meio de prática repetida de ritos celestiais possa
suportar alegremente esta larga permanência entre os homens. Esta é a maneira pela
qual os homens fabricam deuses.” (Hermes Trimegistos, p 117
e 118)
Não é nenhum
segredo que os deuses conhecidos e adorados por meio de oferendas e
sacrifícios, sejam de qualquer religião, não podem ser perfeitos, uma vez que
tomemos como perfeito, tudo aquilo que é completo, ou seja, que nada necessita,
já que como perfeito tudo possui e nada há que possa querer, precisam também
ser imutáveis, pois a mudança procede da necessidade ou passividade, e como o
ser perfeito possui tudo, não pode haver nada que lhe seja superior, pensar o
mais que perfeito é risível.
Tomemos cuidado
para não sermos tolos, e tomar as coisas imperfeitas com um olhar de pena, pois
tudo que teve um inicio é imperfeito, e nem por isso podemos inferir que tudo o
que conhecemos é de alguma forma ruim. Mas devemos ter noção que as coisas
mutáveis são inferior em potência, que as coisas imutáveis(se é que existe mais
de uma).
Qualquer um
estudioso da magia (que é diferente de seguidores de receitas), pode em sua
própria casa criar “deuses” usando das pistas dadas nesse texto, pode comprovar
tudo o que venho dito. Tudo que escrevi aqui a muito tempo não é segredo nem
para os magistas virtuais ou esses supostos magos do caos. Hoje os “deuses”
terrestres são conhecidos por outros nomes como: Tupas, elementares, elementais
artificiais, egrégoras conscientes, deuses pagãos e por qualquer nome que com o
tempo se vá agregando.
Termino aqui esse
pobre texto, carente de informação pela necessidade não ser muito longo nesta
via em que publico. Peço aos leitores que não sejam consumados em ira, mas que
leiam com um olhar cético e se proponham em por a prova tudo que escrevi.
“Rumo
a grande obra”
Notas do autor:
1- A
ideia de destino no pensamento hermético não me parece tão clara, mas me parece
que se refere a lei hermética de causa e efeito, que impede um governo
desordenado.
2- Que podem ser percebidas pelo intelecto, este
termo muitas vezes lembra o pensamento platônico.
3- A palavra grega “daimon”, significa algo que
caminha entre o mundo e o divino, Hermes coloca essas criaturas como seres
intermediário entre o homem e os deuses, muitas vezes podemos confundir a
referência a esses seres com o conceito de seres chamados “elementais”(termo
usado pelos alquimistas medievais e adotado pelos atuais pagãos), no pensamento
platônico apresentado no livro Fédon, esses seres são responsáveis por guiar os
homens no pós morte.
4- A palavra “selos” deve ser lida em um contexto
próprio(não pessoal ou popular), aqui ela se refere a todo tipo símbolo ou
ideia ao qual a criatura está ligada.(Ler a magia e as ferramentas parte 1 e 2)
Referências Bibliográficas;
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