terça-feira, 2 de outubro de 2012

Filosofia Oculta: Homem, o criador de deuses.


“Tudo que foi escrito nesse texto, não pretende ocupar o lugar da Verdade, uma vez que o que venho trazer aqui é simplesmente assuntos de pesquisas e observação. Quero deixar claro que, pessoalmente, mesmo acreditando nisso, não me vejo hábil o suficiente para escrever um texto digno de ser chamado Verdadeiro. Tudo o que trago é para reflexão e transmutação.”
        
  Lord Vincus-2012





 Olá a todos os leitores, sei que ando sumido, mas como bom ocioso que sou (e é graças ao ócio que reflito sobre minhas pesquisas), nem sempre produzo algo, ou se produzo, não julgo interessante publicar. Mas o que trago hoje é assunto de uma pesquisa feita há dois anos, mas sobre o qual nunca ousei escrever com tranquilidade, pois como muitos de vocês, em um tempo em que fui menos favorecido como mago, era também um pagão. O fato de não mais prestar culto aos deuses da terra não torna menos inquietante esse texto, mas pelo menos, me sinto mais capaz de escrevê-lo.
  Vamos começar com um dos meus autores prediletos, Hermes Trimegistos, cujas citações já deve ter cansado todos os meus leitores.
   E assim diz Hermes;

“ Nossos primeiros antepassados depois de terem se equivocado seriamente a respeito da verdadeira doutrina acerca dos deuses- não acreditavam, nem se preocupavam com o culto ou religião, de uma forma absoluta-, inventaram a arte de fazer deuses, logo, assim que os fizeram, vincularam a ele uma virtude adequada,que inferiam da natureza material, e misturando esta virtude   com a substância das estatuas, dado que não poderiam criar almas propriamente ditas, depois de terem invocado almas de daimons, as introduziram em seus ídolos por meio de rituais santos e divinos, de modo que estes ídolos tiveram o poder de fazer o bem e o mal.” (Hermes Trimegisto, p 117)

 Deve-se ter ciência, quando lemos textos herméticos, que os deuses são separados em duas classes:
 Os deuses celestes, que são os deuses “verdadeiros” criados por Deus(Todo ou Uno) para governar o mundo material, tendo como exemplo o Demiurgos (aquele primeiro a ser criado, transformador do universo), Júpiter(aquele que dá a propriedade motora e vivificante), Pantomorfos (aquele que dá a forma aos seres) e por último(até onde pude compreender ou pesquisar) Fortuna e Heimarmene (responsáveis pela aplicação das leis universais e do destino¹). Esses deuses citados, seriam os responsáveis pela composição e conservação do nosso universo, feitos integralmente de substâncias imateriais ou inteligíveis²(e sem formas).
 Os deuses terrenos ou deuses artificiais (Hermes chamará de “os deuses dos templos”), feitos de matéria sensível fundidas alquimicamente aos seres compreendidos como daimons³, são seres muito inferiores em potência que os deuses celestes(estes celestiais aparentemente são desprovido de vontade). Os deuses terrenos são dependentes da idolatria humana para se manter, necessitam de sacrifícios sensíveis e suprassensíveis correspondentes aos usados em sua fabricação, tornam-se mais poderosos conforme mais humanos se apropriam de seus selos4 , e quando são esquecidos e aos poucos perdem sua fonte de energia, vão se tornando agressivos e suscetíveis a ferir seus criadores.
    “ Pois os deuses terrestres encolerizam-se facilmente, pois os homens compuseram-nos de uma e outra natureza” ( Hermes Trimegisto, 117)

  “ Asclépios: E de que ordem é a qualidade desses deuses que se chamam terrestre, ó Trimegistos?
 Hermes Trimegistos: Resulta, Asclépios, de uma composição de ervas, pedras e perfumes que contém a si mesmos uma virtude oculta de eficácia divina. E se alguém busca a maneira de agradá-los através de numerosos sacrifícios, hinos, cantos de louvor, concertos de som dulcíssimos que recordem a harmonia celestial, é para que este elemento celestial que foi introduzido no ídolo por meio de prática repetida de ritos celestiais possa suportar alegremente esta larga permanência entre os homens. Esta é a maneira pela qual os homens fabricam deuses.” (Hermes Trimegistos, p 117 e 118)

  Não é nenhum segredo que os deuses conhecidos e adorados por meio de oferendas e sacrifícios, sejam de qualquer religião, não podem ser perfeitos, uma vez que tomemos como perfeito, tudo aquilo que é completo, ou seja, que nada necessita, já que como perfeito tudo possui e nada há que possa querer, precisam também ser imutáveis, pois a mudança procede da necessidade ou passividade, e como o ser perfeito possui tudo, não pode haver nada que lhe seja superior, pensar o mais que perfeito é risível.
  Tomemos cuidado para não sermos tolos, e tomar as coisas imperfeitas com um olhar de pena, pois tudo que teve um inicio é imperfeito, e nem por isso podemos inferir que tudo o que conhecemos é de alguma forma ruim. Mas devemos ter noção que as coisas mutáveis são inferior em potência, que as coisas imutáveis(se é que existe mais de uma).
  Qualquer um estudioso da magia (que é diferente de seguidores de receitas), pode em sua própria casa criar “deuses” usando das pistas dadas nesse texto, pode comprovar tudo o que venho dito. Tudo que escrevi aqui a muito tempo não é segredo nem para os magistas virtuais ou esses supostos magos do caos. Hoje os “deuses” terrestres são conhecidos por outros nomes como: Tupas, elementares, elementais artificiais, egrégoras conscientes, deuses pagãos e por qualquer nome que com o tempo se vá agregando.
  Termino aqui esse pobre texto, carente de informação pela necessidade não ser muito longo nesta via em que publico. Peço aos leitores que não sejam consumados em ira, mas que leiam com um olhar cético e se proponham em por a prova tudo que escrevi.

“Rumo a grande obra”


Notas do autor:

1-   A ideia de destino no pensamento hermético não me parece tão clara, mas me parece que se refere a lei hermética de causa e efeito, que impede um governo desordenado.
2-    Que podem ser percebidas pelo intelecto, este termo muitas vezes lembra o pensamento platônico.
3-    A palavra grega “daimon”, significa algo que caminha entre o mundo e o divino, Hermes coloca essas criaturas como seres intermediário entre o homem e os deuses, muitas vezes podemos confundir a referência a esses seres com o conceito de seres chamados “elementais”(termo usado pelos alquimistas medievais e adotado pelos atuais pagãos), no pensamento platônico apresentado no livro Fédon, esses seres são responsáveis por guiar os homens no pós morte.
4-    A palavra “selos” deve ser lida em um contexto próprio(não pessoal ou popular), aqui ela se refere a todo tipo símbolo ou ideia ao qual a criatura está ligada.(Ler a magia e as ferramentas parte 1 e 2)
 
Referências Bibliográficas;

Hermes Trimegisto, Corpus Hermeticum, Editora Hemus, 1978. 

0 comentários:

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Hostgator Discount Code
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...