sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Bosque: Jornada aos 3 Mundos

Hoje deixo os leitores com uma meditação criada pelo druida americano Ian Corrigan, intitulada “Jornada aos Três Mundos”. Basicamente é uma introdução prática aos mundos da Terra, Mar e Céu que fazem parte da concepção celta. Não é nada complicada de fazer, e uma vez que você tenha a sequência em mente, o resto vai fluindo. Se tiver alguém junto que possa conduzir a jornada, melhor ainda. De qualquer forma, é um excelente exercício. 

Preparação 


Respiração básica e relaxamento. Indução de névoa, que aos poucos vai cobrindo e tomando conta do espaço onde você se encontra e o faz flutuar. Depois sinta-se flutuando para baixo. 
Repouse, a névoa clareia... 

1: A Terra 

Você veio descansar em um solo estranho. A névoa clareia, e se espaça em uma gentil brisa. À medida que sua visão vai melhorando, você percebe que está na clareira de uma floresta. Você lembra sua busca – procurar o contato com a essência dos três mundos. 

A floresta está por toda a volta, luz cinza salpicada através das folhas das árvores. O chão de plantas e folhas macias abaixo de você, o cheiro da terra ao seu redor. Você se levanta em sua visão. Acima de você, o céu tem uma claridade prateada, mas sem sol, a luz quebrando aqui no chão da floresta. 

Enquanto você está parado de pé na clareira, vai se virar para as quatro direções. Contemple cada direção, e deixe a visão se tornar clara e completa. Enquanto você vira, um animal ou pássaro vai aparecer em algum lugar à sua frente. Você começa a andar, procurando pelo povo da terra. 

Enquanto você anda através da floresta, observa a natureza. Abra seu coração e busque um contato amoroso com os espíritos da terra. Observe qualquer resposta, mas continue andando, andando através dessa floresta. 

Finalmente você chega a uma clareira bem larga na floresta. No centro da clareira está um monte, do tipo antigo, um pequeno monte funerário, dentro de um círculo de pedras. À sua frente, a porta de entrada para o monte, um arco estreito de pedras gigantes, cujo batente de pedra é esculpido com círculos e espirais. No interior da porta tudo está escuro, e dela sobe uma fina corrente de fumaça. 

Você sabe que esse é seu local de destino, então você caminha sem medo para o portal e adentra o escuro, para dentro de um túnel descendente, com paredes de pedra fria. O túnel vira para a esquerda e para baixo na escuridão, vira novamente voltando para a direita, até que adiante uma ofuscante luz vermelha se torna visível. Seus passos te levam para dentro de uma câmara de teto alto e paredes de gigantescas lajes. A luz vem de um fogo, queimando em um altar circular erguido no centro da câmara. A luz oscilante do fogo revela entalhes de animais e plantas. 

Você vai até o fogo e contempla sua luz que sempre muda. Você volta sua mente para a terra. Conforme você olha o fogo, os espíritos da terra podem vir a você, podem se revelar. Deixe a sua mente alcançar os desertos e selvas, as tundras e bosques, as planícies e montanhas. Chame pelas mentes vivas que repousam dentro da pedra e do solo. 

Você se encontra dentro do monte, o chão abaixo de seus pés, o fogo diante de seus olhos. Você sente uma presença às suas costas e se vira. Você vê um espírito da terra parado à sua frente. 

A forma do espírito se torna clara – seu rosto, seu corpo, suas vestes. O espírito estende uma mão, oferecendo-lhe um presente. Você aceita o presente com agradecimentos a este guia da terra. 

O espírito gesticula, e atrás do altar ardente um painel de pedra entalhada se abre. Pela porta, você pode ver o oceano. Você pisa em torno do fogo, e sai para a praia. 

2: O Mar 

Você para na beira mar, e lembra-se da terra e seu presente. Você olha para o oceano, ouve o som das ondas na areia, sente o vento que sopra do mar, cheira o ar salgado. 

Um bela gaivota prateada voa da direita para a esquerda atravessando o céu. Seus olhos seguem o pássaro. Na praia você vê um navio, um navio de madeira branca, com velas azuis e acessórios de prata. Uma rampa de desembarque desce do navio para a praia. 

Você anda pela praia e sobe da rampa para o convés do navio. Nenhuma tripulação é visível, mas a rampa é puxada para cima, as velas se enchem com um vento refrescante, e a proa se vira para longe da terra enquanto o barco veleja. 

O navio veleja com velocidade mágica, deslizando sobre as ondas enquanto as gaivotas chamam acima da cabeça. Peixes o seguem, e pulam em volta da embarcação. Três golfinhos vêm para pular e brincar, correndo a frente do navio. 

Longe da terra firme, o navio diminui para uma parada. Na calmaria gentil das ondas, a prancha de desembarque abaixa de novo, para a água. No fim dela, os golfinhos esperam. 

Você desce pela prancha para dentro das águas do mar. A água fria é refrescante e te ampara. Os golfinhos vêm e levantam você, e rindo o carregam com eles enquanto mergulham no mar. 

Você não sente necessidade de respirar enquanto passa por baixo das águas, enquanto você desce na viagem entre a vida do mar. Abra seu coração à vida do mar conforme viaja em seu país. 

Você é levado através do mar pelos fortes e amigáveis animais até que chega numa grande montanha embaixo do mar, seu pico muito abaixo da superfície. A água agora fica morna, e você vê que o topo dessa montanha é plano. Sobre ele, está um anel de pedra, e em seu centro uma piscina de lava fumega e borbulha. Ela brilha em um vermelho quente, e fluxos de lava correm para o mar, esfriando-o. 

Os golfinhos o levam em direção da lava e você olha fixamente seu brilho. Você volta sua mente para o oceano. Deixe sua mente te levar para as valas e os recifes, para as estranhas fontes das correntezas, para os quentes bancos de areia e as estradas de baleias, para a tempestade furiosa e calmas profundezas cheias de vida. Conforme você olha a lava, os espíritos do oceano podem vir a você, podem se revelar. Chame pelas mentes que vivem nas profundezas antigas. 

Flutuando lá na montanha, os golfinhos esperando ao seu lado, você sente uma presença às suas costas. Você vira e lá está um espírito do oceano. A forma do espírito pode ser agradável a você, seu semblante, seu traje. Ele, ou ela oferece um presente, e você pode optar por aceitá-lo. 

O espírito gesticula, e o golfinho carrega você novamente. Eles começam a levá-lo para cima, acelerando através das águas escuras para mares mais claros, para cima em direção à clara superfície. Eles alcançam a superfície e pulam alto, levando-o acima das ondas. De repente você se sente pego no ar por um poderoso corpo, que te leva em direção ao céu. 

3: O Céu 

Conforme você sobe no ar, ao olhar para baixo você vê um enorme cisne branco, te carregando gentilmente pelos céus. Suas poderosas asas batem e seu nobre pescoço se estende à sua frente. Você se lembra do oceano, e de seu presente. 

Você sobe mais e mais alto, através de bancos de nuvens, passa por bandos de pássaros cantando. Você sente o ar frio e puro do céu, vê o passar das nuvens e correntes de ar, o céu que circunda completamente o globo do mundo. Abra seu coração para o céu, buscando a consciência de seus espíritos, tempestade e estimada noite, vento e gentil chuva, enquanto o cisne o carrega através do céu prateado. 

O cisne voa a uma velocidade impressionante. Vocês se aproximam de um enorme banco de nuvens, onde elas se empilham brancas e fofas para o alto, acima de sua cabeça, você vê canyons e vales de nuvens. Perto de sua base está preto, e você ouve o ribombar de um trovão. 

O cisne o carrega para uma pequena planície na nuvem, e você desce escorregando pelo dorso, para ficar em pé na superfície branco acinzentada. Diante de você as convoluções das nuvens abrem como um labirinto, no qual você entra. 

O caminho é livre através de um vale de nuvens, até você chegar a um arco de puro branco, com uma torre de nuvem se erguendo por atrás. No centro do arco uma bola de fogo flutuante lampeja, crepitando e silvando no ar úmido. 

Contemple o fogo, e volte sua mente para o céu. Enquanto você olha o fogo, os espíritos do céu podem se revelar a você. Deixe sua mente alcançar o céu, para os ciclos de chuva e vento, ao reino dos pássaros logo acima dos topos das árvores, para o alto onde os ventos são mais fortes e velozes. Chame pelas mentes vivas que existem por trás do vento e da chuva. 

Você se encontra em pé em um templo de nuvens, o branco imponente, o estrondo do trovão e a labareda de fogo. Você sente uma presença atrás de você, que se vira para ver o mensageiro do céu. 

A forma do espírito se torna clara, seu traje, sua aparência. O espírito te oferece um presente, o qual você pode aceitar se quiser. 

O espírito faz um gesto, e o cisne o pega e o coloca em seu dorso, acelerando para cima de novo, para acima das nuvens, até o céu prateado ser deixado para trás, até o sol e a lua serem ambos visíveis em sua glória. 

Você se lembra dos três mundos, de sua experiência em cada um, e das dádivas recebidas. Agradeça, e lembre que quando você desejar retornar aos mundos interiores, para entrar em contato com os espíritos, este terá sido o primeiro passo. Ele abriu o caminho. 

4: O retorno 

Você monta nas costas do cisne e ele começa a descer gentilmente, de volta para a névoa espiralada abaixo. Juntos vocês voam para baixo, em direção ao mundo comum, relembrando de tudo à medida que você desce de volta para seu corpo. 

O cisne parte, e novamente aparece à sua volta aquela bruma. Lembre-se de seu corpo, sentado aqui. Você flutua de volta para seu corpo, acomodando-se gentilmente. 

Respire profundamente. Se estique e sinta sua carne se mover. Enquanto abre seus olhos, perceba que retornou a sua vida comum. Sua mente clara e descansada, preenchida com a memória do maravilhoso, mas pronta para retornar à sua vida comum, com as bênçãos dos três mundos! 

Tradução: Renata Gueiros

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Caminhando entre as Deusas: A Esfinge


Recado da autora: Esta é a segunda semana das férias da coluna "Caminhando entre as Deusas" e um dos textos também mais lidos dessa coluna foi o que falava sobre a Esfinge. Figura mítica que remonta ao Antigo Egito e a Grécia, ela sempre está presente no nosso imaginário, como um grande desafio que teremos que superar. Esse texto foi escrito em dezembro de 2011.

Me chamaram de monstro
Disseram que eu era feia e esquisita
Uma aberração
No entanto, o que eu guardo
São segredos da sabedoria
Mistérios antigos
Conhecimento 
E de certa forma, poder!
Me chamo Esfinge, Guardiã dos Mistérios
Meu dever é impedir a passagem dos impróprios
Portanto, se quiseres Saber
Aos meus desafios terás que responder.
Talvez, por isso me chamem de monstro
Pois, sou um monstro 
Para todos aqueles
Que pensam que podem passar por meus portões
Sem pagar um preço.
Mostre-me o seu valor
E te darei passagem
Conheça-me tal qual sou
Abrace-me
Pois, eu faço parte!


A Esfinge não é necessariamente uma deusa, mas ela é considerada a guardiã dos mistérios e iniciações. No Egito foi associada muitas vezes como uma outra face da Deusa Hator, que guardava os mistérios do nascimento e da morte, além disso a Esfinge simboliza o Nilo e suas estações e, de certa forma, a riqueza do Egito; na Grécia foi associada com um monstro.

As Esfinges do Egito guardavam os horizontes do Sol nascente e poente. Na Grécia, ela lançava desafios, como o de Édipo e devorava e destruía os que não conseguiam decifrá-lo.

A Esfinge possui cabeça e busto de mulher, corpo de cão, patas de leão, asas de águia e cauda de serpente. É uma figura que assusta, assim como todo novo conhecimento de início pode ser assustador.

As pessoas que estiverem sentindo sua presença, devem parar e ouvir qual o desafio que ela está propondo agora. O caminho do nosso desenvolvimento estará cercado por esses desafios, e a Esfinge só deixará passar aqueles que forem dignos do próximo nível de sabedoria.

Ela nos leva a questionar como estamos lidando com os desafios de nossas vidas. Simplesmente desistimos e estagnamos ou lutamos e perseveramos até descobrir a chave para a sabedoria?

Ao sermos desafiados precisamos lembrar que estamos recebendo uma oportunidade de progredir, de melhorar. Enfrentá-lo ou não é uma escolha nossa. E além do mais, existe também a escolha de como vamos enfrentá-lo: bater em ponta de faca ou pensar em quais maneiras podemos decifrá-lo. Ou seja, você será egípcio ou grego ao se defrontar com a Esfinge? Irá olhar para ela como guardiã ou como monstro?

De certo modo, o fato é que para sermos Iniciados nos Mistérios da Sabedoria teremos de enfrentá-la mais cedo ou mais tarde. Estamos chegando ao fim de 2011 e vale a pena pensar e refletir sobre o que se foi vivenciado esse ano. 2012 vem aí. Disseram que era o fim do mundo. O início de uma nova Era. Quais os novos desafios que teremos que enfrentar? 

Por isso, fica a dica: Abrace seu desafio. Dance com ele. Enfrente-o. Ou então, serás devorado.

Beijocas estaladas no coração de todos!

Bibliografia Consultada:
MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Universo Simbólico: A Consciência Vibracional de um Circulo Sagrado ( Parte 2)


Olá pessoal, estamos aqui novamente para continuarmos nossa conversa sobre as vibrações que ocorrem dentro de um Círculo Mágicko, ou Espaço Sagrado como pode também ser conhecido, ao qual iniciamos na semana passada.

Vimos que estes espaços são repletos de cargas energéticas e pólos que são influenciados por aqueles que o utilizam e cada polo pode receber estas energias emanadas por nós e direcioná-las para os diferentes ramos da nossa vida e facilitar o êxito daquilo que almejamos. Que os Espaços podem ser de diversas formas geométricas, mas que o circular é o mais perfeito dentre eles, pois existe uma gama de pólos vibracionais impulsionadores de energias. Tudo o que tratamos aqui tanto nos servirá da forma de “Magiah Riscada”, ou os “Pontos Riscados” particularmente da Umbanda, como também da forma mais tradicional traçada visualmente pela maioria dos Magistas de nossos tempos.

A forma circular como sabemos representa todas as criações da Divindade e no Espaço Sagrado com seus aparentemente oito pólos vibracionais também são a representação do mental do ser humano e das oito entradas e saídas das forças Mágickas através de seu ponto central, aonde uma pessoa sendo colocada ao centro pode receber suas vibrações de acordo com o desejo do Magista, sendo muito utilizado para curar e fazer um reequilíbrio áurico e Elemental, além do seu objetivo mais próprio que é o da proteção.

Num Espaço Sagrado cada eixo é dividido em sete faixas vibracionais positivas e negativas preenchendo toda a forma, assim cada uma em sua posição direcionando energia de acordo com o pensamento dos envolvidos. Os pólos de signo (+) são de categoria passiva e os signos (-) são os de categoria ativa, aonde cada eixo representa a firmação astral de uma Divindade ou de uma força energética significativa e cada cruzamento representa o nosso plano mental de acordo com a nossa vibração.

Nossas intenções dentro dos espaços serão direcionadas para um dos sete eixos vibracionais de acordo com a escala, (positiva ou negativa) e aquilo que almejamos depende inteiramente das egrégoras de nossos pensamentos. Quanto mais destrutivos forem os sentimentos, mais abaixo e para a esquerda eles serão direcionados e distanciados do centro, a essência do círculo, a neutralidade das energias e o êxito propriamente dito. Já sentimentos puros serão elevados e direcionados para a direita, assim deixando-o mais perto dos planos superiores e do centro do plano mental.


É importante mencionar que o livre arbítrio e as leis Universais operam com mesma intensidade e cabe ao Magista saber com quais forças trabalhar. Não significa que por exemplo, se trabalhe para a destruição e o êxito não seja alcançado, pelo contrário, a depender da vibração do Magista ele pode sim alcançar seus objetivos, porém na escala vibratória o “preço” do ato negativo será redirecionado e sabemos que o efeito se assemelha a um bumerangue.

Toda e qualquer vibração circular é tida como importante justamente por causa destes detalhes que podem parecer desnecessários, mas se levados em consideração quando se esta dentro destes Espaços as chances de êxito, seja lá no que a nossa intenção estiver empregada serão de certa elevadas. O Contato com a Divindade também pode ser mais proveitoso e as práticas podem ser mais satisfatórias. Claro que este tipo de assunto não pode ser explanado apenas em dois textos, muito menos os textos poderão servir apenas como a base do estudo. 

Compreender as forças energéticas que nos envolvem através das práticas com um olhar mais apurado e a concentração necessária fará toda a diferença, pois o que posso assegurar é que mesmo com tantos livros que falem do tema, nada supera a pura e consciente vivência da Magiah, enfatizando de certa todo o equilíbrio que se deva possuir, ela por si sempre falará mais alto.


A Todos,
Pax Lux et Nox!


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Filosofia Oculta: A magia e as ferramentas. (Part 02)



Vimos na semana passada uma ideia aproximada do que viria a ser “magia”, e hoje veremos a lógica por trás das práticas e o funcionamento de suas ferramentas. 

Trarei aqui um resumo de assunto já tratado, para trazer uma luz ao que falarei em breve.

Apesar de todos os princípios intransponíveis serem necessários para produção mágica, existe um em especial que se trazido ao entendimento pode clarear muitas dúvidas e/ou desvelar o que muitos ignoram.

O Princípio de Correspondência, (O Caibalion, p.6) embora não seja suficiente, é necessário para o exercício mágico. Tal princípio consiste tão simplesmente em entender as infinitas ligações entre os mundo das coisas sensíveis e os mundos das coisas suprassensíveis.

Essa ligação é meramente entre objeto material e objeto ideal, objeto material e objeto sentimental (que pode ser ideal) e objeto material e objeto imaginário e o objeto imaginário a todos os outros já citados. 

O objeto material é todo o objeto que temos ao alcance dos sentidos, como facas, pingentes, velas e etc. Esses são dotados de matéria e imagem.

O objeto ideal é todo o objeto que não existe ao alcance dos sentidos, e muito menos possuem matéria e forma, e não podem ser sentidos mentalmente, mas podem ser conceituados. Como a ideia de justiça, sabedoria, beleza e etc.

O objeto sentimental é todo objeto que não possui matéria e forma, que não existe ao alcance dos sentidos, e pode ser conceituado e sentido pelo espírito¹. Como por exemplo, o amor, ódio, alegria, tristeza etc.

O objeto imaginativo, dos quais muitos estão familiarizados, são simplesmente nossas criações do espírito, isentos de matéria, mas dotados de forma. Como é o caso do centauro, das memórias imagéticas, deuses e etc. 

Uma vez entendida a explicação acima, vejamos seu funcionamento a partir de exemplos.

Ligação de objeto material e objeto ideal: em um ritual, quando usamos uma pena de pavão para representar a ideia de beleza, uma vez que essa ideia não possui imagens, usam-se imagens de representação para evocar a ideia. 

Ligação de objeto material e objeto sentimental: em um ritual em que o magista não é capacitado para gerar sentimentos artificiais, usa o símbolo do coração, por exemplo, para representar e evocar a ideia de amor e daí o sentimento, uma vez que o amor em si não possui imagem. 

Ligação de objeto material e objeto imaginário: como quando imaginamos um ser ou um símbolo e lhe damos corpo físico, como alguém que cria um selo mentalmente e o desenha no papel, o objeto imaginário liga-se a todos os outros objetos, pois sempre se liga a ideia e às vezes a sentimentos. 

Muitas dessas representações são arbitrárias e não de fato, mesmo assim seu efeito é existente. Como por exemplo o coração, que de fato nada tem a ver com o amor.

Os deuses são representações ricas em símbolos para representar o que não possui forma, daí temos o deus do amor, da justiça, guerra, beleza e etc. Esses são em sua maioria representação de ideias necessárias para o funcionamento da vontade.

Para entender melhor o porquê dessa ligação ocorrer, vejamos o que dizem os clássicos: 

“O método principal da ciência oculta é a analogia. Pela analogia determinamos as relações existentes entre os fenômenos.” (Papus 44)

“veremos, por exemplo, por que para comandar os espíritos do ar é necessário uma pena de águia (Eliphas Levi, Rituel de Haute Magie) segundo as relações analógicas existentes entre o elemento e a ave. Tudo isso consiste num método para fixar a vontade.” (Papus 113)

Mas uma pergunta eu faço, um mago cujo o espírito é capaz de abstrair imagens e formas com facilidade, não ficaria independente de objetos materiais em sua maioria? Os rituais não seriam então substituídos por meras abstrações de ideias? Os deuses e suas formas não perderiam os sentidos? Bastaria então a vontade e o conhecimento de sua aplicação? Seriam os deuses e símbolos meros ornamentos deixados pelos mais avançados para facilitar a ação dos espíritos mais jovens na magia?

Tais perguntas são assaz difíceis, e prefiro não responder neste artigo.

Notas:
(1) Espírito: Mente, eu interior, corpo intelectivo.

Referências Bibliográficas:

- O Caibalion, Os três iniciados. Texto virtual pdf. s/d.

- Tratado de ciências ocultas, PAPUS. Editora três. 1973.

sábado, 25 de agosto de 2012

Cotidiano Pagão: Pessoas da Natureza



Olá! 
Hoje venho com uma postagem bem simples, mas que eu gostei e estou desejosa de experimentar (e quando experimentar, colocarei aqui as imagens!). Vamos criar "Pessoas da Natureza". Ora eu explico como...

Material Necessário:
  • Diversas espécies de frutos secos com casca - avelãs, bolotas, nozes, etc.
  • Pinhas, cascas de noz, cabeças de bolota, etc.
  • Cola tudo (porque seca rápido) ou então cola branca ou cola de carpinteiro
  • Pedaços de feltro de lá para as roupas
  • Tesoura
  • Canetas de feltro preta


Como fazer:

Escolha duas nozes, pinhas, etc e cole uma em cima da outra, para fazer uma cabeça e um corpo. Posicione-a de acordo com o 'personagem' que deseja criar. Alguns frutos secos têm um lado mais plano, sendo um bom sítio para colar. As cabeças das bolotas fazem boas boinas e as avelãs bons rostos! 

Acrescente um cachecol, chapéu, camisa, capa, etc., colando pedaços de feltro. Utilize uma caneta para fazer os olhos e as feições da cara.


Viu como é divertido? Agora você pode usar estes bonecos para imensas coisas. Decorar sua casa, trabalhar como amuleto protetor ou até para juntar ao que falamos em postagem anterior, as Ilhas de Musgo

Espero que se divirta bastante e, se fizer, poste fotos para nós vermos! :)

Bênçãos da Deusa,

MissElphie

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Runenmagie: O Oráculo Rúnico


Hail!



Como estão? Espero que bem! Pois hoje vamos finalmente tirar aquelas runas que ganhamos ou compramos do fundo do baú, onde foram enclausuradas desde que você depois de várias tentativas chegou a conclusão de que elas lhe odeiam e nunca vão falar nem um “ai” pra você.
Chegou a hora de mexer no saquinho de runas, fazer do tilintar delas, do som que elas produzem a ponte para a alteração de consciência e de nossa boca um canal para os sussurros de sabedoria que elas tem a ofertar.

Não se sabe quando exatamente o primeiro Runemál (aquele que lida com runas) decidiu averiguar sua sorte, ou prever o futuro com este alfabeto ideográfico. Sabe-se que este é o uso mais difundido e praticado em relação às runas. Por isso não vou me ater muito a ele. Há vários livros sobre o assunto, com vários métodos e maneiras de interpretar, até aplicativos e sites que sorteiam runas pra você já existem (quem pratica tecnomagia já utiliza). Então vou dar um pequeno resumo superficial da minha visão sobre o oráculo rúnico e a comparação dele com outros oráculos. Superficial, pois um Runemál dedicado sempre consegue atingir um nível mais profundo de interpretações, métodos e interação com as runas. Ele sempre consegue ir além de uma maneira única e particular.
Como sempre gosto de dizer, a magia rúnica é uma eterna fonte e prática de aprendizado e estudo. Descubro quase a todo instante novas características desta ou daquela runa que não vejo catalogado em nenhum dos mais célebres artigos de autores renomados. E é este nível de intimidade com os espíritos rúnicos que você deve pretender chegar. Primeiro iniciando pelo básico, a identificação das runas.
Quando começo a ensinar runas a alguém sempre digo pra que a pessoa crie o hábito de, ao acordar, sorteiar uma runa. Claro que nunca devemos sortear runas deliberadamente. Dê sempre um propósito para o ato. Se vai sortear aquela runa, peça para que ela lhe dê uma prévia do seu dia ou lhe ajude em algum aspecto da sua vida. E durante o decorrer do dia você vai meditar e relembrar desta runa. Tentar identificar, se for o caso, a ação dela no seu cotidiano. Tentar identificar o alerta ou conselho que ela lhe deu. Ver onde ela se encaixa e tudo mais.
Lembro que quando fiz este mesmo exercício a primeira runa que saiu foi a Algiz – que indica perigo, cuidados – e durante todo o dia eu fiquei em alerta com medo de que algo acontecesse. No fim do dia eu estava meditando novamente sobre em que campo da minha vida Algiz se manifestou, já que nada de ruim havia acontecido. E num clique percebi outro aspecto da runa, que era o da Atenção... Fui atencioso durante todo o dia sem nem perceber!
O bom deste exercício é que em um mês você já terá feito isso com todas as runas e com isso as conhecerá e saberá das suas diversas facetas. Quando já tiver terminado você pode modificar o exercício para o sorteio e combinação de duas ou mais runas.

Diferente de vários oráculos, as runas tem como particularidade a sua precisão e clareza nos significados. Diferente do Tarô, elas não são nada subjetivas. Muito pelo contrário, por vezes elas tem uma linguagem ácida, digna dos bárbaros nórdicos, que para um interprete acostumado com as mancias mais comuns e menos “diretas” pode até parecer rude. Elas, normalmente, não dão um leque de possibilidades e sim demonstram a possibilidade mais eminente, agem sobre um único aspecto que normalmente se destaca perante os outros. Dentre outras particularidades não tão vistas em métodos convencionais que só no campo experimental você vai conhecer.

Para quem já conhece bem o básico, indico o método de três runas. Onde uma pergunta é feita antes de que o sorteio seja executado. Após o sorteio, as runas são dispostas uma ao lado da outra. Na Tradição Wanen lemos as runas de maneira oposta à leitura ocidental, ou seja: ao invés de ler da esquerda para a direita (como você está fazendo agora) lemos da direita para a esquerda (como nas línguas orientais). Outras tradições leem ela de maneira convencional. Fica a seu critério que modo vai utilizar.
Após desvirar as runas, evite ao máximo ler uma a uma. Numa tiragem deste tipo, as runas se combinam. Elas são como uma frase: o sujeito precisa do verbo e do contexto para fazer sentido; se vistos em separados são informações sem nexo.
E é justamente neste processo de leitura da “frase” que muita gente se perde. A intuição tende a falhar, ou às vezes está acostumada com a grande variedade de símbolos que outros oráculos dispõem e por mais que você olhe para as runas, não consegue ver nada.
É aí que entra o “mote” da leitura rúnica. Ela se passa num nível tão denso do inconsciente que alguns sinais são negligenciados. O que você sentiu quando viu as três runas dispostas? Quais daquelas runas lhe chamou mais atenção? Qual runa está gritando a mensagem? Em outras palavras, quem é o sujeito, o verbo e o contexto/tempo?
Você precisa se antenar a isto para a as leituras, com calma paciência e muitas e muitas tentativas erradas e algumas certas, até que sua intuição se afine e você se sincronize com a linguagem das runas.

Por hoje é isto! Até a próxima!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Caminhando entre as Deusas: Pachamama - A Mãe Terra


Recado da autora: Nas próximas três semanas a coluna "Caminhando entre as Deusas" está entrando em recesso, por isso, iremos fazer uma reprise das histórias mais lidas pelos leitores durante o ano de 2011 até agora, claro! O texto mais lido foi o que conta a história da Deusa Pachamama, a Mãe Terra! Escrito em novembro do ano passado, especialmente para esta coluna e lançado no dia 17 de Novembro, o texto já conta com quase 1500 visualizações. Por isso, hoje, iremos relembrar deste texto. 

Hoje quem nos faz um convite é a Deusa Pachamama. Ela pergunta em toda sua delicadeza se você tem reverenciado a Mãe Terra. Você tem prestado atenção no canto da Terra? O convite sútil que Ela faz para que você aprecie o quão bela é a vida e o quanto a natureza é sábia?

Vivendo em grandes cidades e muitas vezes até nas pequenas, esquecemos de respeitar e reverenciar a natureza ao nosso redor. Esquecemos que também somos filhos delas. E acabamos por nos perder na "selva de pedra", desconectados com a força e a energia da vida.

Pachamama é uma Deusa Inca associada a fertilidade, que ainda hoje é cultuada em alguns lugares da Bolívia e Peru. Podemos vê-la nos rios, lagos, florestas, no chão de terra, nas montanhas, nas pedras, em suma, em todos os seres vivos. Acredita-se também que Pachamama possui um aspecto de dragão e ao ser esquecida, ela acorda do seu sono milenar e sacode a terra com terríveis terremotos para lembrar aos seus que ela ainda está presente.

Pachamama possui um consorte chamado Pacha Camac ou Inti. Juntos formam o casal mais benevolente da cultura Inca. Juntos fertilizam a Terra e cuidam de seus filhos. 

Para agradecer a Pachamama e pedir proteção a Ela, reza a lenda que devemos cavar um buraco na terra e alimentá-la, deixando lá os frutos colhidos, ou queimar um pouco de nossa própria comida como oferenda.

Ao alimentar Pachamama alimentamos também a nossa natureza interior, com isso utilizamos de sua energia para curar nossas feridas e nos energizar. Pois, somos filhos da Mãe Terra e dessa forma também somos seres sagrados.

Por tanto, escute Sua voz no espírito do ar que chega até você. Ela canta suavemente para que você olhe para Ela, para que você sinta o Seu poder. Sinta o Seu chamado no toque suave dos seres ao teu redor. Ela te chama docemente para que possa curar sua alma descansando no seio da Mãe Terra.

Então, encontre um tempo, atenda ao Seu pedido e até a semana que vem!

Beijocas estaladas no coração de todos!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Universo Simbólico: A Consciência Vibracional de um Círculo Sagrado (parte 1)



Olá pessoal, devido a uma rotina, acabamos por deixar passar despercebidos alguns detalhes que são de suma importância na realização de algumas atividades Mágickas que fazemos. Falarei hoje de algo bem básico, que se pudermos observá-la com um olhar mais apurado e de uma forma totalmente simbólica, podemos perceber o quanto sua importância vai além do que comumente ouvimos falar e a depender do nosso propósito pode ser de grande valia.

Círculos de proteção são lançados quase que diariamente por Magistas em seus ritos. Alguns destes magistas o fazem de uma forma robotizada, sem a atenção necessária, o entendimento da ritualística e, muito menos, sem compreender o simbolismo que, de certo, é muito eficaz para qualquer uma de nossas atividades. Temos o costume de falar círculo, mas o espaço de proteção é para qualquer outro fim em que o Magista se coloque ao centro, onde pode variar de acordo com o seu propósito, podendo ser um triângulo, um quadrado, um hexágono, enfim, desde que se respeitem as diretrizes básicas da Magia. Muitas práticas podem ser realizadas nestes espaços sagrados e o esperado para seu potencial é o ápice.

Tudo que está dentro do Espaço Sagrado traçado pelo magista (falando do círculo) possui uma vibração e dois polos, sendo desde uma reta, um ponto, um ângulo e até mesmo um círculo secundário. São trezentos e sessenta polos vibracionais existentes em um Espaço Sagrado que emanam e direcionam todas as energias necessárias para que nosso feito seja realizado com êxito, incluindo os polos onde se encontram as vibrações divinas. Os pontos cardeais e os pontos colaterais (mesmo com menos frequência) ao qual demarcamos podem ser encontrados na maioria das figuras geométricas, onde suas influências vão até as outras dimensões e reconectam o que almejamos e os redirecionam para os diversos planos da nossa vida.



Polo mágicko norte: — N — Polo mágicko irradiante; de magnetismo "passivo" ou que irradia ondas de baixa frequência.

Polo mágicko sul: — S — Polo mágicko absorvente; de magnetismo "ativo" ou que irradia ondas de altíssima frequência.

Polo mágicko leste: — L — Polo mágicko irradiante: de magnetismo misto (tanto absorve quanto irradia ondas de baixa, média e alta frequência).

Polo mágicko oeste: — O — Polo mágicko absorvente: de magnetismo misto (tanto absorve quanto irradia ondas de baixa, média e alta frequência).

Polo mágicko nordeste: — NE — Polo mágicko irradiante; de magnetismo passivo ou que se irradia em ondas de média frequência.

Polo mágicko sudoeste: — SO — Polo mágicko absorvente; de magnetismo ativo ou que irradia ondas de alta frequência.

Polo mágicko noroeste: — NO — Polo mágicko irradiante: de magnetismo passivo ou que irradia ondas de média frequência.

Polo mágicko sudeste: — SE — Polo mágicko absorvente; de magnetismo ativo ou que irradia ondas de alta frequência.

O Universo com sua dualidade Divina e suas leis de causa e efeito são a prova de que a Magiah se ativa em todas as formas e só prevalecerá o interior daquele que a ativa, ou seja, o que normalmente chamamos de intenção. Cada Espaço Sagrado é um varal amplificador, onde cada polo irá se concentrar e captar todas as vibrações a eles emanadas, então é fundamental que a intenção para cada Magiah seja especificada com clareza.

Os pólos mágicos são esses:

Norte– Passivoirradiante.
Sul– Ativo absorvedor.
Leste – Misto, Dupla função.
Oeste – Misto, Dupla função.
Nordeste - Passivo Irradiante.
Sudoeste – Ativo absorvedor.
Noroeste – Passivo absorvedor.
Sudeste – Ativo absorvedor.

Tendo essas definições podemos saber como aplicar as energias e intenções necessárias de acordo com o nosso desejo, além de ficarmos mais a vontade com o que nos circula enquanto trabalhamos Magickamente. Esse é um assunto muito importante, apesar de parecer básico (devido a robotização do ato) e também muito extenso. Semana que vem continuaremos na Segunda parte. Espero que tenham gostado e compreendido um pouco esse nosso bom e velho amigo pra todas as horas.

A Todos,
Pax, Lux et Nox.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Filosofia Oculta: A magia e as ferramentas. (Parte 01)

Não é incomum no “magismo” moderno o uso alienado de objetos mágicos durante a vida cotidiana e/ou em rituais.

Poucos realmente se perguntam se tais objetos são de fato necessários, suficientes, funcionais, e de que modo funcionam.  Meu objetivo neste texto não é ofender os doutrinados e muito menos ridicularizar crenças, mas talvez trazer ao entendimento coisas simples e importantes, que são injustamente ignoradas.

De que modo ou modos, por exemplo, uma das ferramentas mais usadas na magia pagã de rua - o pingente de pentagrama - influencia verdadeiramente nas causas e efeitos rituais? De que modo uma varinha, um símbolo desenhado na mão, um incenso ou uma vela causam qualquer efeito sobre o funcionamento mágico? Perguntas difíceis que buscarei responder tentando não incorrer em erro.

Essas perguntas são praticamente irrespondíveis sem a resposta de uma pergunta ainda mais urgente. De que consiste a magia?

Um ato de fé, dirão alguns. Mas afirmar que a magia é um ato de fé significa afirmar o que, exatamente? A fé, conceitualmente falando, é tão simplesmente a crença em determinada coisa que não lhe apresenta dados mínimos de evidência.

Então, ser um mago, seria puerilmente crer na realização de uma atividade qualquer cuja possibilidade e modo de realização não podem ser conhecidos? Ora, isso faria da maior parte da população maga! Esse pobre jornal, ou qualquer texto sobre tais assuntos perderiam todo sentido de serem lidos, uma vez que a magia consiste em um ato de fé. Bastaria querer que algo se realize e esperar acontecer, fazendo dos deuses e símbolos meros ornamentos.

Uma vez que a magia não é um ato de fé simplesmente, o que seria então? Uma ciência¹ ou um exercício?

Vejamos o que dirão os autores clássicos.

“A magia era o exercício de propriedades psíquicas adquiridas nos diversos níveis de iniciação. O desenvolvimento da vontade é o fim que todo homem deve ter em mente, se deseja comandar as forças da natureza.” (Papus, p 104)

“A diferença entre um mago e um feiticeiro está em que o primeiro sabe o que faz e prevê os resultados do que realiza, enquanto o segundo não tem o menor controle sobre sua atividade.” (Papus, p 105 e 106)

“Não é o poder que falta, é a vontade. (Mo-Tsé)” (Papus, p 106)

“As relações entre o visível e o invisível chegaram a seu limite. Daí o método empregado visando a fixar a vontade nas operações mágicas. Um adepto não pode produzir  um efeito em oposição à natureza, um milagre, simplesmente porque isso não existe.” (Papus, p 107)

“Não há milagres. Tudo o que acontece é o resultado da lei eterna, imutável, sempre ativa. (Madame Blavatsky)” (Papus, p 107)

“A magia considerada como ciência é o conhecimento desses princípios... (Madame Blavatsky)” (Papus, p 108)

“ A pedra angular da magia é um conhecimento prático e aprofundado do magnetismo e da eletricidade, de sua qualidade, de sua correlação e de sua potencialidade. (Madame Blavatsky)” (Papus, p 110)

“Resumindo, a magia é a sabedoria espiritual, a natureza é aliada espiritual, a pupila e a servidora do mago. (Madame Blavatsky)” (Papus, p 110)

“Deixai que os loucos ajam. Sem fim e sem causa, deveis, no presente, contemplar o futuro. (Fabre d’Olivete)” (Papus, p 115)

Com todas essas citações clássicas, digo que a magia é a ciência que estuda a natureza (em todas as suas manifestações) e que ela aplica seu conhecimento no exercício da vontade. Logo a magia não é fé, pois como já foi dito fé é a vontade sobre a esperança no desconhecido; e a magia enquanto ciência e prática difere muito disso.

Notas:

1: Conhecimento adquirido.

Referências Bibliográficas:

Tratado de Ciências Ocultas, PAPUS. Editora Três. 1973.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Lança: Osíris (Parte 1)

Recado da autora: Nas próximas três semanas a coluna "A Lança" está entrando em recesso, por isso, iremos fazer uma reprise das histórias mais lidas pelos leitores durante o ano de 2010 até agora, claro! Os textos escolhidos foram os que falam sobre o Deus Osíris. A história desse Deus foi contada em três partes. Para mim foi muito importante ver o quanto Ele pode alcançar os olhos de nossos leitores, visto que Ele convive muito comigo. Tenho um carinho especial por ele. Então, vamos lá, vamos reler e vivenciar novamente a Grande Jornada de Osíris!

Osíris, filho de Geb e Nut, irmão e consorte de Ísis, irmão de Néftis e Seth. Ensinou aos antigos egípcios os segredos da agricultura, da guerra e foi um rei bondoso e querido. E ficou conhecido por ser o Deus perecível da vegetação e muito mais por ser o soberano do mundo dos mortos.

Esta é a sua história:

Nut, sua mãe, deitou-se com Geb, seu pai. Rá pai de Nut com tanta raiva desta união proibiu a filha de ter filhos em qualquer dia do mês ou do ano. Nut ficou muito triste, em seu ventre já estavam seus cinco filhos: Osíris, Isís, Seth, Néftis e Hórus.  Ainda no ventre de sua mãe, Osíris desposou Isís.

Nut ficou muito triste por não poder dar à luz seus filhos. E o Deus Thot vendo toda aquela tristeza, resolveu tentar ajudar Nut. Thot procurou a Lua, que era o olho esquerdo do Hórus mais velho, e convidou-a para jogar dados. Para que o jogo ficasse mais interessante ele lançou um desafio: a cada partida que ele ganhasse a Lua lhe daria um setenta e dois avos do seu brilho. A Lua muito convencida, não pediu nada em troca se ele perdesse, e assim iniciaram os jogos.

Thot ganhou a primeira partida e a Lua franziu a testa. E quando Thot ganhou a segunda partida ela ficou preocupada, e eles continuaram jogando até que o olho esquedo de Hórus mais velho escureceu. Ele levou então os cinco setenta e dois avos do brilho da Lua a que tinha direito, e com eles aperfeiçoou o calendário egípcio. Já que Ele era o Deus do calendário, ele criou com o brilho da Lua mais cinco dias que colocou à parte no final dos dozes meses de trinta dias que formavam calendário da época. Com cinco dias fora do ano e do mês, Nut pode assim dar à luz seus filhos.

Primeiro nasceu Osíris, e por ser o primogênito ele recebeu o direito ao trono. Neste dia, uma voz estranha anunciou: "Quem está vindo à luz é o senhor de todas as coisas". E em Tebas, no mesmo instante, um sacerdote que havia ido buscar água no templo de Amon ouviu uma voz a lhe dizer: "Acaba de nascer o Grande Rei, o benfeitor Osíris!"

Osíris e Ísis regiam o Delta Inferior do Nilo. Ele foi considerado o Deus da civilização, do casamento, do dever do homem para com sua esposa. Ensinou a todos a arte da agricultura e da vida em comunidade. Ele era o Deus dos grãos do mundo, e sua vida representava o sacrifício e a renovação. Osíris era o Deus do Nilo e por isso a fonte de abundância.

Seu reinado prosperou ao lado de sua querida esposa. Ele viajava em sua barca por todo o Nilo, mantendo as fronteiras e ensinando as artes das quais era regente ao seu belo povo. No entanto, no 28° ano do seu reinado, que também é considerado o seu 28° aniversário, Osíris foi traído e assassinado pelo seu irmão Set, que tinha ciúmes da estima do povo pelo rei e invejava as qualidades do irmão, além da raiva de não poder ser o senhor do Egito.

Set recebeu seu irmão de braços abertos, depois de mais uma conquista pacífica de Osíris e seu exército em solo estrangeiro. Disse que estava feliz com sua volta e convidou-o para um banquete em sua honra. Durante o banquete, Set apresentou uma arca e prometeu dá-la àquele que ocupasse exatamente todo o seu espaço. Todos tentaram alegremente, mas ninguém conseguiu, até que chegou a vez de Osíris. Assim que ele entrou na arca, os 72 convidados presentes se precipitaram e fecharam a tampa, pregando-a com marteladas e lacrando-a com chumbo derretido. Depois, jogaram a arca com o corpo de Osíris dentro do rio Nilo.

Bem... o resto da história fica para a semana que vem. Beijos estalados na bochecha de todos.

Bibliografia Consultada:
- ELLIS, N.; Deusas e Deuses Egípcios: Festivais de Luzes: Celebrações para as estaões da vida baseadas nos mistérios das deusas egípciasSão Paulo: Mandras, 2003;
GENESTE., FÉRON, J., DESMURGER, M. ;  As mais belas lendas da mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
REGULAD.; Os mistérios de Ísis: seu culto e magia. São Paulo: Mandras, 2004;

domingo, 19 de agosto de 2012

Cultus Deorum: Posturas Pagãs

As posturas mais comuns esperadas de um adepto do Cultus Deorum são ligadas à “religio” (a crença de que os Deuses são nossos parceiros benevolentes). Além disso, outra virtude esperada é a “Pietas” (cumprir o dever para com os Deuses e os outros), dando atenção aos Deuses.

A “Religio” é a crença de que os Deuses são “os parceiros benevolentes dos mortais na gestão do mundo e que os rituais prescritos são a contrapartida esperada pela ajuda oferecida pelos imortais” (Scheid p.173).

M. Terentius Varro (séc. I a.C.) escreveu: “O homem religioso reverencia os Deuses como aos seus pais, pois eles são bons, mais dispostos a perdoar do que punir”.

“Religio” permeia a vida dos justos e conscientes, e os que regulam a sua conduta por de acordo com regras e limites.

Pietas é a aplicação da religio na ação, sobretudo pelo empenho em cumprir as exigências da parceria com os Deuses. Pietas requer sinceridade, por isso um desempenho superficial do ritual, sem qualquer sentimento, é simplesmente inaceitável. Pietas também se estende à esfera social e, novamente, significa o cumprir os deveres e honrar as obrigações individuais, familiares e sociais. Apesar de muito ligados a espiritualidade, os romanos abominavam a superstitio, que é a crença de que os Deuses são vingativos, maus ou invejosos, por isso não era visto com bons olhos o comportamento servil excessivo destinado apaziguar a ira dos imortais.

Superstitio engloba também o desejo de extrair conhecimento ou poder a partir da relação com os Deuses. A soma total de religio e pietas é cultus deorum. Cícero cita a opinião do filósofo estóico Q. Lucilius Balbus sobre o cultus deorum:

“Nós devemos venerar e adorar os Deuses, pois não há nada mais puro, a mais venerável e mais sagrada que o “cultus deorum”, desde que sejam venerados com pureza, justiça e integridade de mente e de palavra. Não somente os filósofos, mas também os nossos antepassados distinguiram a superstitio de religio."

Os romanos estavam atentos às mensagens divinas e, possivelmente por causa da influência etrusca, deram atenção especial aos sinais da natureza; raios e trovões, vôo dos pássaros entre outras ocorrências. Ainda hoje nos vemos em uma estreita relação com os Deuses e com o mundo natural, que eles criaram e mantêm. No entanto, hipersensibilidade a esses sinais era uma forma de superstitio.


Esta religião oferece algum tipo de orientação para a vida?
Nós cremos que uma vida “correta”, de acordo com os padrões romanos, é promovida por meio da filosofia, não necessariamente por meio da religião, apesar de que as duas em harmonia podem favorecer uma postura melhor por parte do homem. Embora o cultus deorum não tenha “livros inspirados”, é incorreto dizer que os cultores não têm guias. Somos livres para usar a nossa razão e filosofia para guiar nossas vidas, e a história romana nos oferece um exemplo notável.

Marcus Tullius Cicero é bem conhecido por seus discursos e sua carreira política (ele já foi um cônsul), mas ele também foi um áugure, um filósofo e um pai. É com as duas últimas que escreveu um pequeno volume intitulado "De Officiis" sob a forma de uma longa carta ao seu filho, também chamado Marcus. Neste livro, Cícero colocou suas idéias sobre os deveres morais: “Para nenhuma fase da vida, seja pública ou privada, seja nos negócios ou no lar, se um está trabalhando no que diz respeito a si mesmo isolado ou lidando com o outro, há como ser sem seu dever moral” (Cicero, De Officiis, I, 2).

As idéias de Cícero foram adotadas indiscriminadamente pelos primeiros pensadores cristãos. Da declaração de Santo Ambrósio de 390 d.C. que legitimou De Officiis para uso eclesiástico (e todas as outras obras de Cícero), até o presente, as idéias de Cícero têm sido a base do pensamento ocidental. O primeiro livro impresso por Gutenberg, logo após sua Bíblia, foi o “De Officiis”, de Cícero.

A noção de vida correta para Cícero é essencialmente baseada na idéia de que todas as pessoas estão conectadas através da natureza e dons dos Deuses, incluindo a abundância da natureza e a idéia de civilização. Assim, longe de ser desprovido de orientação moral, o cultus deorum, através de sua abertura ao pensamento filosófico, se tornou a base do pensamento moral do Ocidente. Este é tanto o nosso patrimônio quanto nossa tradição viva.

 
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