terça-feira, 28 de agosto de 2012

Filosofia Oculta: A magia e as ferramentas. (Part 02)



Vimos na semana passada uma ideia aproximada do que viria a ser “magia”, e hoje veremos a lógica por trás das práticas e o funcionamento de suas ferramentas. 

Trarei aqui um resumo de assunto já tratado, para trazer uma luz ao que falarei em breve.

Apesar de todos os princípios intransponíveis serem necessários para produção mágica, existe um em especial que se trazido ao entendimento pode clarear muitas dúvidas e/ou desvelar o que muitos ignoram.

O Princípio de Correspondência, (O Caibalion, p.6) embora não seja suficiente, é necessário para o exercício mágico. Tal princípio consiste tão simplesmente em entender as infinitas ligações entre os mundo das coisas sensíveis e os mundos das coisas suprassensíveis.

Essa ligação é meramente entre objeto material e objeto ideal, objeto material e objeto sentimental (que pode ser ideal) e objeto material e objeto imaginário e o objeto imaginário a todos os outros já citados. 

O objeto material é todo o objeto que temos ao alcance dos sentidos, como facas, pingentes, velas e etc. Esses são dotados de matéria e imagem.

O objeto ideal é todo o objeto que não existe ao alcance dos sentidos, e muito menos possuem matéria e forma, e não podem ser sentidos mentalmente, mas podem ser conceituados. Como a ideia de justiça, sabedoria, beleza e etc.

O objeto sentimental é todo objeto que não possui matéria e forma, que não existe ao alcance dos sentidos, e pode ser conceituado e sentido pelo espírito¹. Como por exemplo, o amor, ódio, alegria, tristeza etc.

O objeto imaginativo, dos quais muitos estão familiarizados, são simplesmente nossas criações do espírito, isentos de matéria, mas dotados de forma. Como é o caso do centauro, das memórias imagéticas, deuses e etc. 

Uma vez entendida a explicação acima, vejamos seu funcionamento a partir de exemplos.

Ligação de objeto material e objeto ideal: em um ritual, quando usamos uma pena de pavão para representar a ideia de beleza, uma vez que essa ideia não possui imagens, usam-se imagens de representação para evocar a ideia. 

Ligação de objeto material e objeto sentimental: em um ritual em que o magista não é capacitado para gerar sentimentos artificiais, usa o símbolo do coração, por exemplo, para representar e evocar a ideia de amor e daí o sentimento, uma vez que o amor em si não possui imagem. 

Ligação de objeto material e objeto imaginário: como quando imaginamos um ser ou um símbolo e lhe damos corpo físico, como alguém que cria um selo mentalmente e o desenha no papel, o objeto imaginário liga-se a todos os outros objetos, pois sempre se liga a ideia e às vezes a sentimentos. 

Muitas dessas representações são arbitrárias e não de fato, mesmo assim seu efeito é existente. Como por exemplo o coração, que de fato nada tem a ver com o amor.

Os deuses são representações ricas em símbolos para representar o que não possui forma, daí temos o deus do amor, da justiça, guerra, beleza e etc. Esses são em sua maioria representação de ideias necessárias para o funcionamento da vontade.

Para entender melhor o porquê dessa ligação ocorrer, vejamos o que dizem os clássicos: 

“O método principal da ciência oculta é a analogia. Pela analogia determinamos as relações existentes entre os fenômenos.” (Papus 44)

“veremos, por exemplo, por que para comandar os espíritos do ar é necessário uma pena de águia (Eliphas Levi, Rituel de Haute Magie) segundo as relações analógicas existentes entre o elemento e a ave. Tudo isso consiste num método para fixar a vontade.” (Papus 113)

Mas uma pergunta eu faço, um mago cujo o espírito é capaz de abstrair imagens e formas com facilidade, não ficaria independente de objetos materiais em sua maioria? Os rituais não seriam então substituídos por meras abstrações de ideias? Os deuses e suas formas não perderiam os sentidos? Bastaria então a vontade e o conhecimento de sua aplicação? Seriam os deuses e símbolos meros ornamentos deixados pelos mais avançados para facilitar a ação dos espíritos mais jovens na magia?

Tais perguntas são assaz difíceis, e prefiro não responder neste artigo.

Notas:
(1) Espírito: Mente, eu interior, corpo intelectivo.

Referências Bibliográficas:

- O Caibalion, Os três iniciados. Texto virtual pdf. s/d.

- Tratado de ciências ocultas, PAPUS. Editora três. 1973.

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