terça-feira, 21 de agosto de 2012

Filosofia Oculta: A magia e as ferramentas. (Parte 01)

Não é incomum no “magismo” moderno o uso alienado de objetos mágicos durante a vida cotidiana e/ou em rituais.

Poucos realmente se perguntam se tais objetos são de fato necessários, suficientes, funcionais, e de que modo funcionam.  Meu objetivo neste texto não é ofender os doutrinados e muito menos ridicularizar crenças, mas talvez trazer ao entendimento coisas simples e importantes, que são injustamente ignoradas.

De que modo ou modos, por exemplo, uma das ferramentas mais usadas na magia pagã de rua - o pingente de pentagrama - influencia verdadeiramente nas causas e efeitos rituais? De que modo uma varinha, um símbolo desenhado na mão, um incenso ou uma vela causam qualquer efeito sobre o funcionamento mágico? Perguntas difíceis que buscarei responder tentando não incorrer em erro.

Essas perguntas são praticamente irrespondíveis sem a resposta de uma pergunta ainda mais urgente. De que consiste a magia?

Um ato de fé, dirão alguns. Mas afirmar que a magia é um ato de fé significa afirmar o que, exatamente? A fé, conceitualmente falando, é tão simplesmente a crença em determinada coisa que não lhe apresenta dados mínimos de evidência.

Então, ser um mago, seria puerilmente crer na realização de uma atividade qualquer cuja possibilidade e modo de realização não podem ser conhecidos? Ora, isso faria da maior parte da população maga! Esse pobre jornal, ou qualquer texto sobre tais assuntos perderiam todo sentido de serem lidos, uma vez que a magia consiste em um ato de fé. Bastaria querer que algo se realize e esperar acontecer, fazendo dos deuses e símbolos meros ornamentos.

Uma vez que a magia não é um ato de fé simplesmente, o que seria então? Uma ciência¹ ou um exercício?

Vejamos o que dirão os autores clássicos.

“A magia era o exercício de propriedades psíquicas adquiridas nos diversos níveis de iniciação. O desenvolvimento da vontade é o fim que todo homem deve ter em mente, se deseja comandar as forças da natureza.” (Papus, p 104)

“A diferença entre um mago e um feiticeiro está em que o primeiro sabe o que faz e prevê os resultados do que realiza, enquanto o segundo não tem o menor controle sobre sua atividade.” (Papus, p 105 e 106)

“Não é o poder que falta, é a vontade. (Mo-Tsé)” (Papus, p 106)

“As relações entre o visível e o invisível chegaram a seu limite. Daí o método empregado visando a fixar a vontade nas operações mágicas. Um adepto não pode produzir  um efeito em oposição à natureza, um milagre, simplesmente porque isso não existe.” (Papus, p 107)

“Não há milagres. Tudo o que acontece é o resultado da lei eterna, imutável, sempre ativa. (Madame Blavatsky)” (Papus, p 107)

“A magia considerada como ciência é o conhecimento desses princípios... (Madame Blavatsky)” (Papus, p 108)

“ A pedra angular da magia é um conhecimento prático e aprofundado do magnetismo e da eletricidade, de sua qualidade, de sua correlação e de sua potencialidade. (Madame Blavatsky)” (Papus, p 110)

“Resumindo, a magia é a sabedoria espiritual, a natureza é aliada espiritual, a pupila e a servidora do mago. (Madame Blavatsky)” (Papus, p 110)

“Deixai que os loucos ajam. Sem fim e sem causa, deveis, no presente, contemplar o futuro. (Fabre d’Olivete)” (Papus, p 115)

Com todas essas citações clássicas, digo que a magia é a ciência que estuda a natureza (em todas as suas manifestações) e que ela aplica seu conhecimento no exercício da vontade. Logo a magia não é fé, pois como já foi dito fé é a vontade sobre a esperança no desconhecido; e a magia enquanto ciência e prática difere muito disso.

Notas:

1: Conhecimento adquirido.

Referências Bibliográficas:

Tratado de Ciências Ocultas, PAPUS. Editora Três. 1973.

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