A Roda de Sansara (sânsc. Bhavachakra), também conhecida com a Roda da Vida, Roda da Existência, Roda do Devir e do Vir-a-ser, foi criada pela extinta escola Sarvastivada, precursora do buddhismo Mahayana. Este diagrama geralmente é encontrado nas portas de entrada dos monastérios tibetanos. Suas ilustrações representam simbolicamente a os doze elos da existência interdependente, os seis reinos da existência cíclica e os três venenos da mente. Segundo a tradição, a Roda da Vida foi desenhada pela primeira vez na época do Buddha Shakyamuni. Depois de pedir um conselho ao Buddha, o diagrama teria sido desenhado por ordem do rei Bimbisara de Magadha. Ele o enviou ao rei Udayana em retribuição a um manto de jóias preciosas que tinha recebido de presente. O rei Udayana teria atingido uma profunda realização espiritual após estudar este diagrama.
A assustadora figura que segura a roda é Yama, o demônio da morte da mitologia indiana. Aqui, sua terrível presença simboliza a impermanência; nenhum ser vivo pode escapar de suas garras. Entretanto, o Buddha está flutuando no céu e apontando para a lua cheia; isto representa que este atingiu a liberação.
Na borda da roda, doze ilustrações representam os elos da existência condicionada:
- Uma velha mulher cega, andando com uma bengala, representa a ignorância;
- Um oleiro fazendo um pote representa a vontade;
- Um macaco pulando de galho em galho representa a consciência;
- Um barco com duas pessoas representa o nome e forma;
- Uma casa com seis janelas representa o conjunto dos seis sentidos;
- Um casal se abraçando representa o contato;
- Um homem dramaticamente ferido por uma flecha no olho representa a sensação;
- Um homem tomando bebida alcoólica representa o desejo;
- Um homem ou um macaco agarrando uma fruta em uma árvore representa o apego;
- Uma mulher grávida representa a existência;
- Uma mulher dando à luz representa o nascimento;
- Uma pessoa carregando um cadáver representa o envelhecimento e morte.
A parte principal da roda é dividida em seis partes, representando os seis reinos da existência cíclica (sânsc. samsara). Na parte de baixo, estão os três reinos inferiores:
-
seres dos infernos (sânsc. naraka, nairayika);
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fantasmas famintos (ou espíritos carentes, sânsc. preta);
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animais (sânsc. tiryak, tiryagyona).
Na parte de cima, estão os três reinos superiores:
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deuses (sânsc. deva);
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semideuses (ou antideuses, deuses invejosos, demônios covardes, titãs, sânsc. asura);
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humanos (sânsc. manushya).
Em cada reino há um buddha: Yama Dharmaraja no reino dos infernos; Jvalamukha no reino dos fantasmas famintos; Simha no reino dos animais; Indra no reino dos deuses; Vemachitra no reino dos semideuses; e Shakyamuni no reino dos seres humanos.
Em alguns sistemas, o reino dos semideuses também é considerado um reino inferior, tornando-se um dos "quatro estados miseráveis" (infernos, fantasmas famintos, animais e semideuses). Em outros sistemas, contam-se apenas cinco reinos (infernos, fantasmas famintos, animais, humanos e deuses), sendo que os semideuses são divididos entre o reino dos fantasmas famintos e o dos deuses.
No centro da roda há três animais que representam os três venenos (sânsc. klesha) da mente, a origem dos seis reinos e dos doze elos: o desejo (apego) é representado por um galo; o ódio (aversão) é representado por uma serpente; e a ignorância (conhecimento errôneo), a fonte dos outros dois venenos, é representada por um porco ou javali. O galo e a serpente geralmente aparecem saindo da boca do corpo, indicando que o apego e a aversão surgem da ignorância. Ao transcendermos estes três venenos, podemos nos libertar do sofrimento dos seis reinos e extinguir os doze elos que nos prendem a ele.
Ao redor do círculo com estes três animais, há dois semicírculos que representam a virtude e a não-virtude. O semicírculo negro representa o karma negativo, que conduz aos reinos inferiores. O semicírculo branco representa o karma positivo, que conduz aos reinos superiores.
Observando a roda da vida, é possível contemplar os quatro pensamentos que transformam a mente: a preciosidade do nascimento humano, a impermanência, o karma e o sofrimento. Esta contemplação é muito eficaz para despertar a compaixão, o amor, a alegria e a equanimidade.
[Fonte: Dharmanet]
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