sábado, 29 de dezembro de 2012

Verbum Sacrum: Ano Novo!



Aproveitando o clima de novo que se forma pela expectativa do ano que virá, gostaria de trazer a você leitor uma reflexão sobre as promessas de ano novo, sim, aquelas promessas que sempre fazemos em relação ao próximo ano: perder peso, guardar mais dinheiro, trabalhar menos, acordar mais cedo, etc.
Bom caro leitor o que tenho para dizer é bem simples, não pratique “politicagem” com sua mente, ou seja, não haja como nossos tão estimados políticos, não prometa o que não pretende cumprir, na realidade o que recomendo mais precisamente é não prometa nada, comece esse ano fazendo, para se tornar diferente o primeiro passo é agir de forma diferente.

E nesse momento você se questiona sobre o por que dessa conversa de auto-ajuda se este é um espaço para falar sobre ocultismo, e te respondo: “Simples! Toda doutrina é mental”.
Você leitor que passou o ano esperando um mestre, uma escola iniciática secreta te convidar, um chamado divino ou qualquer outra coisa do gênero para sair dessa cadeira e se tornar alguém melhor, entenda bem que por fim perdeu em todos os dias que passou esperando, ou melhor em todos os segundos, a oportunidade de alcançar seus objetivos e de fato vir a ser uma pessoa melhor.

Todos os grandes mestres do passado relatam claramente que o verdadeiro conhecimento, só se faz útil a quem já está apto a recebê-lo, quando não, já o possui e somente lhe falta perceber, e você leitor que passou o ano sentado esperando, nunca chegará a esse patamar se não levantar e começar com suas próprias, ainda que frágeis, pernas a caminhar.
Por tanto dedico esse ultimo texto a você que podia ter feito e não fez, podia ter sido e não foi, na esperança de que no próximo ano os erros do passado passem e o presente seja novo e transformador.  
                    Um ótimo 2013
                                                e lembre-se: Progredir Sempre!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Solstício é celebrado na Vila Pagã

No último domingo (23/12) pagãos se reuniram para a celebração do Solstício de Inverno e da chegada da época das chuvas no Piauí. A celebração foi realizada no Bosque das Ninfas, Vila Pagã. Entre as atividades, piquenique, artesanato com pintura de máscaras e bate papo sobre o solstício.



Acima, o "Papai Noel" pagão. Arquétipo de Odin.

Abaixo, registros da celebração de Solstício






A época das chuvas marca o início dos plantios e da época de fertilidade dos solos.
Um dos arquétipos celebrados por aqui é o do Green Man (Homem Verde), 
que representa o verde da flora nativa na época das chuvas.










Os participantes confeccionaram suas próprias máscaras em honra ao aspecto fertilizador do Green Man.








sábado, 22 de dezembro de 2012

Deuses do Sol



Os Deuses do Sol regem a luz e a energia solar. Como os Deuses do Céu, seu domínio é o firmamento celeste. Algumas dessas divindades podem até ser confundidas ou relacionadas ao céu, mas apesar de habitarem as alturas da abóbada celeste, seu papel está para além disto. Sua principal fonte de poder é o fogo, fogo este que emana das forças primordiais que sustentam o universo, geralmente personificados na figura das divindades paternas destas deidades. Já que compartilham o reino do céu com as deidades da lua, seu tempo de influência limita-se às horas do dia, sendo os dias de sol forte e nas horas em que o sol se encontra em seus pontos mais significantes no seu périplo celeste os momentos mais propícios para se invocar e conectar com eles.

São, contudo, mais acessíveis ao amanhecer, entardecer e meio-dia. Associados a eles estão as carruagens (às vezes chispantes), puxadas por cavalos ou cisnes, o gavião, a fênix, o arco e flecha, música, poesia, as artes, coroas e anéis de ouro. Os Deuses do Sol mais proeminentes sãoApoloLughBaldurHélioMardukMithra e Vishnu.

São racionais, inteligentes, brilhantes, atraentes, geralmente o filho predileto do grande Deus do Céu. Têm uma dose considerável de narcisismo, no entanto são ligados à honra, ao comprometimento e a excelência. Eram invocados, por exemplo, para selar pactos, pois viam tudo e eram os mais honrados dos Deuses quando se buscava um para servir de testemunha para acordos, o que faz com que muitos destes, também, fossem Deuses legisladores ou ligado às regras, como o mesopotâmico Shamash, responsável pela justiça e pelas contendas a serem resolvidas, e o romano Hélio, que acompanhado de sua irmã, Aurora, eram os primeiros a se levantar, sendo ele responsável, por exemplo, pela descoberta das traições cometidas por Afrodite contra seu marido, Hefesto.

Com a luz, eles viam tudo, e por isso eram invocados em situações de dúvidas ou quando se precisava de esclarecimentos, pois corroboraria o que havia sido cometido por ambas as partes, num período em que a palavra de uma pessoa era levada muito em conta, principalmente entre homens. São imparciais, fortes, e por não fazer distinção a ninguém que se coloca sob seus poderes, por vezes eram hostis.

São os fertilizadores da terra, encontrando na simbologia dos raios solares um símbolo masculino por excelência, então a grande importância para todas as sociedades que logo conheceram e se sedentarizaram através da agricultura, ao passo que povos que não dependiam diretamente desta atividade ou a desenvolveram de forma tardia, como Celtas Gaélicos, tinham, a princípio, uma Deusa ligada ao Sol, a saber, Grian.

O movimento do astro foi o que influenciou, por exemplo, as formas de se traçar um círculo mágico, seja ele de forma “horária”, ou deosil, ou de forma anti-horária,widdershins. Princípios rituais como estes, remanescentes dos antigos ritos solares, foi o que sobreviveu entre as práticas de magia popular dos povos indo-europeus e chegou até o movimento atual do neo-paganismo, na Wicca. Eles são também senhores do tempo, a posteriori, quando começarem a se aplicar nas sociedades os calendários solares.

Na roda do ano, ele é o elemento preponderante dos cultos, já que se celebra o posicionamento, o nascimento, a força e o declínio da figura da qual se dependia todo uma cultura, e na mente destes povos, o desagrado à esta divindade, e bem como o não retorno dela aos céus seria letal para o povo que sofria com o as privações do inverno. Era comum que fogueiras e oferendas propiciatórias fossem feitas, com o intuito de fazer com que o Deus Sol retornasse, aquecendo e trazendo vida aos seus filhos.

Texto de Paulo Fernandes
Postado originalmente em: Além do Falo

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Universo Simbólico: Os Sigilos- Parte II



Olá pessoal, nossa postagem de hoje é uma continuação sobre a Arte dos Sigilos que iniciamos na semana passada. E como havia dito, será muito interessante que se tenha papel e caneta em mãos para facilitar a assimilação da prática proposta. Para quem está aqui pela primeira vez seja bem vindo(a) e desde já agradeço pela presença. Vamos começar!
Quando temos em mente um propósito bem definido e uma intenção forte podemos utilizar deste artifício para criar uma mudança astral em nossas vidas e assim fazer com que ela se manifeste em nosso plano material. Como observamos na semana passada cada sigilo possui um simbolismo e atinge uma área específica. Lembremos também dos cuidados que devemos ter e das múltiplas formas de energizações que eles necessitam para de fato serem ativados.

Considerando o nosso alfabeto portando 26 letras (incluindo o K, Y, W), numeramos todas elas de 1 a 9. Em seguida o objetivo a ser sigilado deve ser montado através de um gráfico criado segundo as imagens abaixo. Como exemplo, suponhamos que seu objetivo é uma competição importantíssima e tens que ganhar a todo custo. Seu objetivo focalizado é: VENCER!



Para alguns Magistas retirar as letras e os números repetidos e deixar somente um para manter a origem são muito comum, outros não são tão a favor, mas neste caso acredito sem bem subjetivo.

Sendo assim temos:

Matriz Numerológica


VENCER >>> VENCR>>> 4 5 5 3 9




O próximo passo é criar sua matriz numérica segundo as imagens de referência e riscar seu objetivo (VENCR>>> 4 5 5 3 9). Agora trace uma linha reta entre os números de seu desejo numérico até que você chegue ao seu sinal mais básico, entretanto ele pode ser modificado conforme você achar mais adequado.
Existem várias maneiras de se criar um sigilo com um objetivo através da matriz numerológica ( que podem também ser Quadrados Mágickos) como mostrado nos exemplos abaixo:


Podemos encontrar no que se refere a energização dos sigilos quem prefira realizar vários ritos de consagração semanais utilizando dos fluídos corporais masculinos ou femininos, ou até mesmo adaptando os ritos e os utilizando de uma forma mais Elemental (Terra=material. Ar= intelecto. Fogo= espiritual. Água= emoções) para que ele se torne realmente eficiente. De qualquer forma estando dentro dos “padrões” do bem comum e das formas ritualísticas sejam elas tradicionais ou não, tendem a produzir efeitos satisfatórios.
Adaptem-se aos seus métodos mais apropriados e desfrutem do que os sigilos têm a oferecer. E seguindo uma frase comumente passada a diante: “Tenham cuidado com o que desejam”! Sendo assim desejo bons progressos.

A Todos,
Pax, Lux et Nox.
Fonte: Magia da Alma Solaruna- www.solaruna.blogspot.com

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Caminhando entre as Deusas: A Face Negra da Deusa (Parte 3)

Recado da autora:

Para ler a parte 1, clique aqui.

Para ler a parte 2, clique aqui.
Os textos sobre a Face Negra da Deusa podem ser lidos aleatoriamente. Eles não possuem uma linha de continuação visível.

Hoje, gostaria de deixar uma pequena meditação para se entrar em contato com uma das Face Negras da Deusa. 

Como eu tenho mais contato com Ísis, minha tendência maior é falar sobre ela. Por isso, a meditação de hoje é com Ela.

Limpe o local em que você irá meditar (energeticamente falando).
Tenha certeza de que não será interrompido, ao começar.
Lance um círculo mágico antes de começar a prática.
Acenda um incenso e uma vela vermelha.
Sente-se confortavelmente.

Olhe, atentamente para a chama da vela.
Observe que a chama dança lhe convidando a adentrar o desconhecido.
Pouco a pouco, ela irá mostrar o formato de uma mulher. A mulher lhe convida a adentrar a escuridão. Você a segue. Ela começa a descer uma escada em espiral. A escuridão não está completa pois Ela segura um archote, enquanto lhe diz para segui-la sem medo.

Você a segue. Você pode notar as pedras amareladas e que está adentrando cada vez mais para o interior da terra. Você desce. As vezes, Ela olha para trás para ver se você está bem e se continua descendo. Você vai sentindo o ar ficando mais pesado. Cada vez mais pesado. Até que as paredes somem e você se vê em um grande salão escuro. Ísis lhe pega pela mão, seu archote se apaga. Ela leva você até o centro do salão. Pede para você sentar-se e observar a escuridão. Ela avisa que lhe deixará só. Que é hora de você aprender a lidar com a escuridão, que não precisa temer, pois Ela está de um lado seu e o seu bem amado Osíris está do outro. Lhe protegendo. Então, você os vê, a sua frente, em um abraço fraterno e um belo sorriso para você. Ela diz que lhe espera atrás do véu da escuridão e sua imagem desvanece. Deixando o salão na mais completa escuridão. 

Você começa a observar o que está a sua volta. A sentir o que está na escuridão. Permaneça no salão o quanto conseguir ou até passar pelo véu.

E depois, comente conosco, ou escreva em algum local como foi a experiência...

E até a próxima!!!



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Universo Simbólico: Os Sigilos. Parte I

Olá pessoal, hoje 12/12/12, falaremos sobre uma forma de expressão Mágicka que pode ser muito útil para qualquer um de nossos propósitos. Para os que já conhecem, verão novamente. E para os que ainda não viram sugiro que na próxima postagem estejam com papel e caneta em mãos, pois agora convido vocês para adentrarem no mundo dos SIGILOS.

Sigilo, (do latim sigilum, diminutivo de signum “sinal”) são expressões gráficas com um objetivo Mágicko focalizado. Suas origens são incertas, mas sabemos que esta ferramenta pode ser encontrada em diversos Sistemas de Magias e cada um deles utiliza-a de maneira muito particular. No simbolismo dos sigilos podemos perceber vários conceitos e métodos que no final nos mostram o quão complexo é esta forma de Arte.

Podemos perceber que a maior parte dos sigilos que são ensinados e até mesmo os pré-definidos que circulam pelo mundo (incluindo Pantáculos) são gráficos, ou seja, cria-se uma ideia que somente exista essa possibilidade, dai o porquê das tradições colocarem ênfase nos símbolos visuais da Magiah popular, porém ainda podemos encontrar dentre a gama de Ocultistas outras maneiras de utilização dos sigilos tais como: Mentais, abstratos, pictóricos, semi-abstrata, audíveis, e táteis.

Austin Osman Spare, um brilhante Magista, desenvolveu a utilização dos sigilos de formas separadas dos ritos como eram feitos no passado, o que ganhou força na Magiah do Caos e posteriormente se tornou ferramentas de uso das Magias ocidentais mais populares.Suas funções podem ser de acordo com a necessidade do Magista, dai podemos ter diversos tipos de sigilos tais como os de proteção, cura, prosperidade, etc. Após termos em mente qual o nosso propósito na utilização dos sigilos devemos ter em mente alguns detalhes que farão a diferença no resultado do mesmo. Energizá-los de forma adequada é um deles.

A energização pode ser através de qualquer método onde sua essência esteja de fato presente, ou seja, desde a utilização de saliva, até mesmo com sêmen através da masturbação e sangue menstrual. Outro fator é saber o que de fato de deseja e ser o mais direto possível na criação do sigilo, pois sabemos o quão literal são as forças Universais, cabendo a nós sermos bastante específicos nas nossas intenções.

Nos dias atuais podemos encontrar em logotipos de empresas e propagandas publicitárias alguns casos de conhecimentos na Arte dos sigilos, o que nos leva a crer que por um lado não somente Magistas podem utilizar desta ferramenta, mas também todos aqueles que desejam obter algum resultado diferente em suas vidas por um método eficaz e alternativo, obviamente desde que sejam responsáveis pelos atos cometidos, afinal as leis Universais imperam indiscutivelmente. O Olhar apurado e o estudo simbólico colocado em foco sem alienações permite observar tais símbolos e suas entrelinhas.

Esta Arte é muito rica em possibilidades, então podemos adquirir materiais inúmeros com relação ao tema através de uma busca focalizada pela internet e até mesmo em sebos decentes, sendo assim, espero esta singela postagem tenha sido esclarecedora de alguma forma e instigado sua sede de conhecer mais desta ferramenta que além de muito útil é também muito eficaz. Semana que vem continuaremos a falar de sigilos, porém será um conteúdo mais prático.

A Todos,

Pax, Lux et Nox!


Fonte: Círculo Soluruna- Magia da Alma- www.solaruna.blogspot.com 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A Lança: Shiva

Recado da autora: Hoje, resolvi compartilhar este texto com vocês. Ele encontra-se num livro de Kala Trobe, cuja referência pode ser encontrada no final do post. Enquanto escrevia, me lembrei dos momentos que estamos passando com a onda da transição planetária, então, gostaria de lembrar a todos, que entrem na onda, a transição que passaremos vem para melhorar. E é assim que este Deus trabalha, destruindo para criar.


O Ganges flui dos cabelos de Shiva em sete riachos sagrados, carregando sacramentos em seu potente fluxo. Cinzas, que lhe polvilharam a cabeça durante anos, flutuam como fragmentos de um naufrágio sobre as águas escuras e luminosas.

Sua pele é a neve do Himalaia, gelada com renúncias; cada pico, uma conquista da vontade sobre a matéria, um monumento à automortificação esculpido por séculos de esforços valoroso. Sua face é o céu azul, tão escuro como uma nuvem tempestuosa na garganta, em que o veneno do cosmo está preso, arrolhado para sempre contra os demônios que o usariam para destruir o Dharma e a humanidade.

Atrás de sua cabeça levanta-se a naja de mil cabeças, seu capelo protegendo-o do sol e da neve. A lua crescente brilha em seus cabelos como um peixe preso na rede, e no fundo encontra-se outra lua, enorme e astral, brilhando cheia nas montanhas iogues assombradas. Gurus moram aqui, anciãos joviais como o santo Babaji, sábios sadhus contorcidos em devoção, místicos levitadores que podem caminhar em dois mundos ao mesmo tempo, mestres ocultos e cânticos mântricos que mantêm o motor cósmico em movimento, seres santos que vivem e morrem em triste obscuridade, mas que abençoam o mundo dos homens com seu próprio alento.

No domínio de Shiva, o som do OM é audível nos íngremes declives, que são atos de devoção petrificados, e nas cavernas escuras e frias, forradas de pele de tigre, ele encontra seu eco. Às vezes, a paz desse retiro o enfurece; cem mil anos de meditação podem fazer com que tanto um homem como um Deus almejem o lado mais indômito da vida. Então, Shiva levanta-se, descruzando as pernas depois de um tempo na postura sagrada do lótus, e as montanhas são sacudidas quando o poder estala em seus membros.

Quatro braços incrustados de cinza esticam-se para tocar o céu, lembrando-se da fluência de seus movimentos. Maravilhado diante da mudança, o Senhor começa a dançar vagarosamente, em princípio, em movimentos longos como as serpentes, que são suas jóias, depois mais rapidamente e com intenção ameaçadora.

Sua face escurece; onde havia palidez, a força vital se espalha por sua fisionomia como uma mancha. Seu terceiro olho abre-se e mil árvores são incineradas ao seu primeiro olhar.

Quando a notícia do despertar de Shiva se espalha pelo éter, seus séquitos se reúnem. Dos cemitérios e morgues chega uma tormenta de almas perdidas em um turbilhão que busca o topo da montanha com um gemido agudo fantástico, um som que congela o sangue daqueles que estão vivos. Espíritos malignos são atraídos para a refrega, e com eles vêm os possuídos e os espiritualmente exorcizados, os insanos e as mulheres gritando e arrancando os cabelos. Todos os ladrões e criminosos da Índia ouvem o chamado do seu senhor e aumentam o bando assustador. Juntos, eles giram selvagemente montanha abaixo: o Shiva trovejante, de pele azul, e um milhão de espíritos e fantasmas, de feiticeiros entoando cânticos e de mulheres batendo no peito como que se lamentando.

Ele varrerá o mundo e trará as almas em luta para descansar em seu corpo monumental, Shiva dançante, tridente girando, braços como lâminas, agora que ele ganha velocidade e corre gritando, entusiasmado montanha abaixo. Toda criatura que ouve este som morre instantaneamente, deixando a casca da carne, o que é a travessura maior dos Deuses, e encontrando doce repouso na fonte da vida, que é a essência interior do Shiva de aparência assustadora.

Seus pensamentos são irrevogáveis, pois, embora ele ainda repousa em Samadhi naquela montanha de gelo e tenha simplesmente sonhado com o dia de nossa destruição, sua mente coloca as rodas de Maia em movimento, e, uma vez impulsionadas, ninguém pode fazê-las retroceder.

Agora Shiva irá fatiar o mundo, e então, com a união de linga e yoni, conceber outro, mais puro e limpo que o último.

Os demônios não saberão do novo lugar, nem os possuídos ou exorcizados espiritualmente. O novo Yuga será abençoado por Shiva e pelo Kalki Avatara, encarnação final de Vishnu, uma era de virtude e de realizações de Deus, pois o ato da criação é tão natural para ele como o da destruição, e os Deuses brincam com pólos de dualidade como crianças brincando com tochas e sombras.

Uma vez feito isso, ele volta para o seu palácio, para Parvati de luxuriantes cabelos vestida em seu brilhante sári escarlate e ouro, para seus queridos filhos Ganesha e Skanda, e conta-lhes tudo o que fez naquele dia de trabalho.


Referência:
  • TROBE, K.; Invocação dos Deuses: explorando o poder dos arquétipos masculinos. São Paulo: Madras Editora, 2002, p.39 a 41.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O (esquecido) valor do conhecimento



Atualmente, algumas correntes filosóficas, vêm defendendo a idéia, outrora tão rejeitada de que o saber sobre o oculto deve ser disseminado pelo mundo afora, e que este conhecimento deve ser oferecido a qualquer um, ainda alem disso tais correntes sugerem que o portador desse conhecimento tem que estar sempre disposto a dividi-lo com quem quer que o peça.
Veja leitor que esta afirmação aparenta uma beleza inegável, uma condição de elevação espiritual entre outros, porem isto não passa de uma armadilha, este pensamento é em si o ápice da ignorância. A esta altura você deve estar se indagando sobre o que quero dizer com isso, pois bem, me esclareço.
Apesar de parecer uma afirmação politicamente correta, lhe pergunto se ao acaso você daria uma arma de fogo a alguém que lhe é sabidamente um bandido, ou se daria facas para crianças brincarem. Pois ao se abrir o acesso a um tipo de conhecimento para qualquer um o resultado que se obtém é justamente o de qualquer um fazendo uso e desuso deste conhecimento e o que se percebe com facilidade é que a grande massa em si não apresenta estrutura psicológica e nem intelectual para lidar com tais materiais e possibilidades, por tanto ora agindo eles como crianças com facas, ora como bandidos que acabaram de receber a arma que precisavam.
Aquém a esta incoerência ainda há aqueles que dizem que não há mais condições dos bons mestres esperarem por bons discípulos, e que estes, os mestres, ou ainda os portadores do conhecimento, devem buscar por tanto os aprendizes. E apesar de crer que esta busca é sim ambígua, nunca tanto para um quanto para o outro unilateral, e por tanto é um encontro duplamente favorável, percebo cada vez mais que esta frase tem tido em si uma má interpretação ou uma descontinuidade em seu entendimento. O mestre, tutor, ou portador do conhecimento de fato não deve se esconder em uma caverna e esperar que o seu discípulo insurja por entre as pedras com total sede de saber, mas este que detém alguma instrução, também não fará jus a sabedoria se sair pelos quatro cantos como um pastor ensandecido propagando as suas verdades na ânsia de que alguém implore por ser seu aprendiz e por muitas vezes como tenho visto, implorando ele para que alguém se ofereça para aprender seus ensinamentos.
O conhecimento em qualquer grau e realidade sempre foi uma arma poderosíssima e o seu portador sempre deve ter o cuidado de selecionar bem os que estão adequados e aptos a se aprofundar na doutrina que ensina e os que não estão, é por tanto natural que se peneire, ou seja, que se escolha cuidadosamente estas pessoas, e ainda o próprio aprendiz tem que reconhecer que tal saber tem em si um peso, uma responsabilidade e ainda um valor. Perceba que não me refiro a dinheiro, e em geral se te pedem dinheiro corra, pois coisa boa não costuma vir desses que se perderam na ganância de obter coisas que a qualquer doutrinado jamais haveriam de fazer falta, ou serem necessárias como moeda de troca pelo que aprendeu.
Por muitas vezes angustiados, por motivos errados, aparecem exigindo que o conhecimento seja passado a eles para que possam fazer isso ou aquilo, e lhes pergunto: “O que você me oferece para que lhe transmita este saber?”, e então a pessoa fica indignada, chegando alguns a fazer uso de palavras de baixa qualidade moral, e cobram, exigem, reivindicam o seu direito ao conhecimento, dizendo até que jamais alcançarei a minha evolução, pois me recuso a cumprir o dever primordial de transmitir o saber para eles.
Atente, pois leitor, principalmente se é um destes em estado ainda mentalmente reduzido ao que direi. Ninguém é obrigado a transmitir-lhe qualquer saber, seja este qual for, o saber deve e sempre deverá ser merecido e mesmo quando merecido ainda sim conquistado. Por tanto, se queres chegar a condição de obter este conhecimento, prove que está a altura dele, para tal não há de esperar cair do céu este mérito, nem tão menos cairá algum dia e qualquer um que seja verdadeiramente instruído ao perceber sua ausência de preparo, se afastará e se silenciará. Uma vez que esteja a altura e a verdadeira oportunidade surja agarre-a e dedique-se por inteiro, pois uma aula só rende frutos quando o aluno se aplica a matéria.

Progredir Sempre 

Lupos Canis – O Caçador

sábado, 8 de dezembro de 2012

Festividade pagã (Perchtem) toma conta das ruas na Áustria e Suíça

Festival Perchten na Áustria
Aos poucos as raízes pagãs estão sendo retomadas e sua chama se torna cada vez mais viva. Pelo menos assim tem acontecido  na Europa, nos últimos anos. Na Áustria e na Suíça, por exemplo, de Novembro a Janeiro ocorre as comemorações de uma antiga festividade pagã com mais de 1500 anos. O Perchtem é uma das comemorações mais populares nesses países,  marcada com um ritual a deusa Perchta, popular nos cultos pagãos do sul da Germânia, também associada a Deusa Freya.


Esse ano, as ruas de Salzburgo (Suíça) e no Tirol (Áustria) foram invadidas por pessoas com máscaras e roupas feitas com peles de animais, a fim de se espantar os maus agouros e trazer fertilidade com a chegada do inverno. São distribuídos também uma mistura de cinzas e farinha de milho pelas casas, alimento que representa o poder de regeneração, da vida após a morte. Outras práticas como a queima de ervas e outras, marcam os 12 dias de comemorações.

Alguns grupos religiosos se mostram contra tais festividades, considerando-a uma forma de culto a "seres malignos", além de se manterem receosos devido ao fortalecimento da cultura pagã no continente europeu.

Durante esses doze dias, mais de 500 adultos e crianças saíram fantasiadas nas ruas desses países.

Texto de Douglas Phoenix

Fontes consultadas: Tour my contryGospel Prime


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Caminhando entre as Deusas: A Face Negra da Deusa (parte 2)

Recado da autora: 
Para ler a parte 1, clique aqui.

Para se chegar a luz é preciso primeiro ter estado e passado pela escuridão. 

Todo trabalho mágicko e todo caminho para o crescimento é permeado pelo equilíbrio entre a luz e a escuridão, no entanto, para se chegar ao equilíbrio é preciso ter conhecido os dois lados e eles além de se completarem possuem uma ordem: primeiro vem a escuridão, para depois vir a luz.

Na escuridão não podemos ver e por isso não temos ideia do que nos cerca ou do que está acontecendo ao nosso redor, por isso muitas vezes o medo, ele nada mais é do que a ignorância do que está ocorrendo conosco naquele exato momento.

Não podemos ser luz sem o nosso lado escuro, sem conhecê-lo, por isso a importância de se trabalhar e conhecer este nosso lado e esta face da divindade.

Se vocês prestarem atenção várias Deusas tornaram-se conhecidas após o seu "passeio" pelo lado escuro da alma. Vejam Ísis, a dor da perda de Osíris levou-a para um abismo onde só existia a solidão, o sofrimento, o medo e o desconhecido. Sem Ele, Ela não se reconhecia, o mundo não existia e ela precisou se reinventar, descobrir sua força interna e mudar. Tanto é que a face mais conhecida de Ísis é o da viúva e o da mãe, que ela só pôde se tornar depois do falecimento do seu amado esposo.

Outra Deusa que também passa por um processo semelhante é Inanna. Inanna precisou descer ao submundo, a escuridão, e se despir de tudo que lhe ira importante de tudo o que a tornava Inanna. Mas esse despir-se mostrou o quinhão de forças que Ela ainda tinha. Mostrou um outro lado seu igualmente poderoso, a raiva e o controle sobre ela.

Então, que tal darmos um pouco mais de atenção e descobrir os mistérios que só existem na escuridão? Quando enfrentamos e tropeçamos no escuro acreditando que o véu será descortinado e poderemos finalmente enxergar será feito a luz. E então, estaremos mais fortes e conscientes de quem nós somos.

Até breve... aproveitem que a lua está chegando a Nova. Aproveitem este momento da Deusa Negra.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Universo Simbólico: Desmistificando os Mantras.





Êpa Heyi!

Olá Pessoal, saudando aos Quatro Ventos inicio esta postagem e hoje abordaremos um assunto que a dúvida é uma companheira quase inseparável daquele que escolhe trabalhar com esta ferramenta em sua Arte: Os Mantras.

Os Mantras são chaves de harmonia e uma fonte alternativa de energias para desempenhar funções variadas a depender da intenção daquele que opera a prática. Normalmente a maioria das pessoas possuem algumas definições equivocadas e assim acontece com os mantras devido aos grandes e desenfreados movimentos esotéricos que acabam banalizando algumas ferramentas poderosas de harmonia e “evolução”. Acreditamos que eles somente são de origem indiana e que sua única forma de aplicação se dá através dos sons emitidos pela repetição, mas por trás desta forma ao qual pensamos existem muitas outras de grande eficácia. Diversas são as religiões e até mesmo o próprio Cristianismo, quese utilizam de mantras para desenvolver alguma atividade, sendo assim, abre-se um leque de possibilidades para nós Magistas e nossos feitos.

Alguns cuidados devem ser tomados para que danos físicos e mentais não sejam causados àqueles que utilizam dos mantras levianamente. Os Sons que são propostos a serem emitidos não são por acaso e a sua influência não somente no individuo que entoa, mas também no ambiente a sua volta é extremamente intensa.De forma geral os Místicos entoam os mantras na forma triangular com 3,9, 27 ou mais repetições. Se analisarmos com detalhes podemos perceber que é uma extrema emanação de energias mentais e uma concentração muito forte que exige dos Chakras um grande potencial e harmonização. Por este motivo que é recomendado saber o que cada mantra significa e estudar sua pronúncia correta e a melhor forma de aplicação por algum tempo antes mesmo de sair cantarolando pelos lugares. O Idioma pouco importa em alguns casos, já que são as intenções que movimentam as energias entoadas e sabendo também que cada mantra possui seu campo de atuação e sua egrégora, mas desde que realmente saibamos o significado de cada palavra e a pronúncia entoada corretamente os resultados se mostrarão mais fortalecidos.

Mantras podem ser utilizados tanto para meditações como para as ações Mágickas e cada uma delas podem agir em conjunto ou separadamente. Na forma de concentração temos a vocalização que transporta o praticante para os Arquivos Akasicos e auxilia no transporte para a tela mental, onde se busca a unicidade com todo nosso interior. Na categoria de métodos e técnicas de aplicação dos mantras nós imaginamos somente a vocalização, mas eles podem ser utilizados de forma escrita (há exceção de mantras que mesmo escritos só fazem efeito se entoados) e esta forma de Magiah é muito útil quando queremos discrição, quando não podemos fazer barulho em algum local ou quando não desejamos perturbar ninguém.

Encontramos uma relação entre cada mantra existente e percebemos que eles possuem uma Divindade específica que rege um planeta característico e que possuem também um centro de iluminação, sendo este o Sol ou a Lua como principais elementos centrais. Um mantra pode atingir várias dimensões e suas Divindades podem se tornar Galácticos e até mesmo Ultragaláticos a depender da propagação de suas energias.

Agindo Magickamente um mantra se expande e envolve num raio de três metros não só o vocalizador, mas também tudo que estiver a sua volta fazendo com que pertença a nova egrégora criada. Outra forma muito comum são as Mandalas, mantras na forma gráfica que surtem um efeito mais indireto nessas ações.

Portanto, essas diretrizes devem ser seguidas para que todos os trabalhos tenham êxito. Espero ter ajudado e desde já agradeço pela visita desejando bons estudos.

A Todos,
Pax, Lux et Nox.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ta-Hiera: Reconstrucionismos: o que são e pra que servem?

Fui muito cordialmente convidado para participar do presente Jornal e escrever sobre o movimento reconstrucionista, especialmente o reconstrucionismo helênico, grupo do qual faço parte há alguns anos. Assim, antes de iniciarmos as discussões gostaria de introduzir os leitores, sejam peritos ou curiosos, sobre o lugar que o movimento atualmente ocupa no cenário maior das manifestações pagãs.

O reconstrucionismo está localizado historicamente como uma das vertentes que surgiram a partir da Wicca e seu desenvolvimento a partir da década de 1960. Junto com a retomada das religiões e espiritualidades nativas influenciadas pelo xamanismo, o ressurgimento público das práticas de bruxaria e feitiçaria (e não nos deteremos às diferenças entre uma e outra) e inclusive o intenso processo de fragmentação da própria Wicca em uma infinidade de tradições e grupos, o reconstrucionismo surge, a princípio, nos contextos anglófonos (Estados Unidos e Inglaterra) como um movimento de “insatisfação com o nível intelectual” dos praticantes da Wicca. Agora façamos uma pausa para entender o que isso significa. A partir da década de 1990, quando começa-se a esboçar isso que é o reconstrucionismo, muitos grupos wiccans perambulavam pelo cenário ocidental. O ecletismo, ou seja, a mistura de visões de mundo, panteões e formas de lidar e interpretar as espiritualidades nativas e pré-cristãs eram a marca geral desse movimento. Assim, a insatisfação intelectual “denunciada” por esse novo movimento estava na verdade em um desacordo com essa forma de lidar com a religião, que se preocupava mais com a prática e desconsiderava a necessidade do estudo histórico destas religiões, como muitas vezes evidenciado pelos autores clássicos da Wicca – a exemplo da Doreen Valiente, para citar um dos nomes. 

Então, nesse clima de insatisfação inicia-se um amplo movimento com raízes pagãs, mas que rejeita a Wicca como expressão desse paganismo antigo-moderno; esses pagãos então se reconhecem enquanto praticantes de religiões históricas. Por volta do fim da década de 1970, o historiador Isaac Bonewits utiliza o termo para referir-se àquelas pessoas que de alguma forma praticavam uma religião de cunho histórico propriamente: os cultos romanos, a latreia helênica, ou o paganismo celta, entre os principais. 

Saindo da década de 1970 e voltando aos dias atuais, o reconstrucionismo pode ser entendido substancialmente – e isso quer dizer que vamos pular as discussões atuais sobre a questão – como uma forma de lidar com a religião que consiste, primeiro, na recusa ao ecletismo, e segundo, numa preocupação com a acuidade dos ritos e crenças, ou seja, busca-se uma fundamentação nas práticas, fundamentação essa que consiste num vínculo entre pesquisa e ação, entre saber o que os antigos faziam para traduzir esse conhecimento nos dias atuais, quando necessário, operando mudanças e adaptações. Essas adaptações estão não apenas no plano do culto, mas também no das ações, já que quase todos os ramos do reconstrucionismo têm um forte apelo à retomada de um modelo moral ou de comportamento ético conforme as bases das culturas em que estão inseridas. 

Um ponto muito importante ao entender o reconstrucionismo é buscar diferenciá-lo daquilo que se pode chamar de “revivalismo”. O revivalismo, em termos gerais, é uma tendência a querer transpor o passado para os dias atuais, reproduzir o que foi no que está sendo. Isso não é reconstrucionismo. O reconstrucionismo, de forma mais ampla, está nas coisas como um todo, na tentativa de adaptação ou tradução de alguns conhecimentos e na forma com que lidamos com o mundo, para os dias atuais; não é reviver o passado, é nos inspirarmos no que há de bom e proveitoso nele para melhorarmos os dias de hoje. 

Mas talvez, o mais importante de tudo isso seja entender que, assim como não existem leis universais que se apliquem a todos os seres, o reconstrucionismo não é mais ou menos do que a Wicca tradicional ou as suas vertentes modernas; não é melhor do que a bruxaria ou as religiões nativas. O reconstrucionismo é uma opção que serve à forma como alguns buscam viver suas experiências religiosas e espirituais; assim, cabe a alguns e a outros não. Nesse universo de diferenças e assimetrias, mais vale tentar conhecer o outro e desenvolver laços de hospitalidade e respeito do que repetir guerras que não são nossas em busca de uma verdade que certamente, como disse no início desse parágrafo, não devem existir – e se existem, bem... talvez seja o caso de não nos interessar. 

A todos minhas boas vindas e espero que possamos ter uma convivência agradável e proveitosa!

Eirene Theoi; (A paz dos deuses, em grego)

 
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