sábado, 30 de junho de 2012

Cotidiano Pagão: Mooncup


Este é um tópico diferente do que costumo trazer, mas considero bastante interessante, principalmente para as mulheres! Afinal de contas, a menstruação faz parte do quotidiano de qualquer uma de nós, então, achei interessante este assunto! 


O Mooncup é um substituto aos pensos higiênicos (ou absorventes) e aos tampões. É algo mais ecológico e até, mais saudável para a mulher que o utiliza. 


Aqui vão alguns detalhes:
  • O que é o MoonCup e quais as suas vantagens?
O Mooncup é um copo fabricado em silicone macio, que pode ser reutilizado em cada menstruação. Usado internamente, em posição mais baixa do que um tampão, este funciona como recipiente do fluxo menstrual em vez de o absorver.

Não há sujidade, fugas ou secura. E basta ter um Mooncup, o que permite não só poupar dinheiro mas também respeitar o ambiente.

O Mooncup é feito de silicone hipoalergénico. Não interfere com o estado de saúde da sua vagina nem causa a acumulação de fibras na parede vaginal. O seu corpo não absorve pesticidas nem agentes branqueadores. O Mooncup pode ser utilizado em viagem e para diversos desportos como natação, equitação e até somente exercícios. E é, também, seguro para utilizar durante a noite.

O Mooncup é adequado para as mulheres com pele sensível ou que sofram de alergias e as marcas em mililitros permitem-lhe medir o fluxo menstrual. Isto é útil para as mulheres que precisem de indicar ao médico o volume exato de perda de sangue.

O Mooncup dura anos, logo é uma grande poupança na carteira de uma mulher e uma grande contribuição para o ambiente, tendo em conta que os absorventes e os tampões são feitos de substâncias que demoram longos anos a decompor. E para além disso, o Mooncup acumula mais do que qualquer outro produto de higiene feminina.
  • Como se utiliza? É fácil?
Se inserido correctamente, o Mooncup é tão confortável que nem dará pela sua presença. No início, pode ser necessário um pouco de prática, uma vez que terá de encontrar o ângulo e a posição mais adequados para si. Mas, após aperfeiçoar a técnica, ficará surpreendida ao ver como é fácil utilizar o Mooncup.

O Mooncup é dobrado e inserido na vagina e, uma vez no interior, ele abre-se. É necessário retirar e esvaziar o Mooncup cada quatro a oito horas, conforme o seu fluxo. De seguida, basta enxaguar com água ou limpar o Mooncup e inseri-lo novamente. Pode limpar o copo com mais cuidado e até desinfetá-lo depois de cada menstruação com água fria.
  • Diferentes Tamanhos: Qual Usar?


O tamanho está relacionado com a idade e o histórico de filhos. Existem dois tamanhos diferentes.
  • Enquanto Bruxa, como isto me pode ajudar?
Bem, para além de ser uma contribuição para o ambiente, ajuda-a a estar em maior contato consigo mesma e com os seus ciclos naturais. Ajudará a ter noção da sua menstruação e uma melhor relação com ela, pois entrará em maior contato com o sangue e não o verá apenas como "uma mancha" no absorvente. 


Para além disso, o sangue menstrual está recheado de energias e de boas propriedades para diversos usos mágicos. Sei que isto pode chocar algumas pessoas mais sensíveis, mas tem ritual de fertilidade e de autoconhecimento ou de ritos de passagem em que se pode utilizar sangue menstrual e, até, para colocar nas suas plantas, para fertilizar a terra. Afinal de contas, iria nascer um ser graças ao sangue, está cheio de nutrientes que podem fertilizar a terra, não há mal nenhum.

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Comprar no Brasil

Comprar em Portugal
O preço em Portugal é, por norma, 30€. O pack inclui o Mooncup, um Guia de Utilização e um saquinho para guardar o seu Mooncup.
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Mais informações, inclusive um vídeo que exemplifica como se coloca e retira o Mooncup, podem dirigir-se a Mooncup e terão todas as informações, em Português.

Bênçãos da Deusa,
MissElphie

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Runenmagie: Havamal e o Sacrifício de Odin

Hail!

Vamos finalmente começar a compreender as runas pelo sentido mitológico e assim compreenderemos a sua importância para a religião Asatrú (fé nos Asen) e Vanatrú (fé nos Wanen), assim como para as várias tradições germânicas e nórdicas.

Um erro bastante comum para quem começa a estudar runas é compreender na visão Asen e odinista que Odin foi quem criou as runas. Há muitos autores e próprios membros de tradições e vertentes Asatrú que dizem isto, mais no sentido de atribuir o fato das runas existirem à falácia da mitologia nórdica do que dizer que foi ele quem criou. De todo modo ainda é uma proclamação errada. 

Segundo o poema Havamál (presente nas Eddas Poéticas), Odin teria recebido as runas e sua sabedoria após um ritual iniciático que ele fizera na grande árvore Yggdrasil. O ritual feito por ele foi um sacrifício e auto-imolação, em que ele ficou suspenso de ponta cabeça num dos galhos da grande árvore da vida, com uma lança transpassada em seu corpo pelo período de nove dias e nove noites.

O sacrifício, feito dele para ele mesmo – como é dito no poema – é motivo de muitas especulações. Dizem que o Odin que fez o sacrifício não era o Odin divindade, talvez um líder da tribo que cultuava um Deus com seu mesmo nome. O que torna este ritual o caso de uma jornada xamânica em que o xamã se sacrifica ao seu Eu Superior para alcançar a sabedoria. Alguns autores sustentam esta teoria, afirmando que o indivíduo que se sacrificou teria sido apenas um mortal que entrou em contato com sua essência divina e mais tarde, depois de passar o conhecimento e sabedoria deste ato, assim como sua historia foi divulgada e transformada em lenda, ele foi dito como Deus.

Ainda falando sobre o ritual, ele é presente em muitas culturas antigas. Quando um individuo, por meio da morte ou sofrimento extremo do corpo físico e oferta tal ato a alguma divindade, penetra o mundo dos espíritos superiores e tem a possibilidade de arrecadar sabedorias. A volta desta jornada mais sábio, divinizado e com uma ponte eterna com o mundo dos espíritos é um renascimento e o que faz do individuo um ser entre os mundos, o que o torna, de fato, um xamã.

No caso de Odin, a sabedoria veio em forma dos símbolos rúnicos. Que no Havamál ele dita ter vislumbrado no fundo das raízes da árvore da vida e de lá as agarrou. Vale salientar que os símbolos rúnicos citados não tem uma origem definida. É como se já existissem até antes dos Deuses sendo apenas adicionados na cultura dos Aesir com este ato de Odin. Também estes símbolos são desprovidos de espíritos, como é visto em algumas Tradições. São apenas os mesmos símbolos, chaves e portais para sabedorias e mundos próprios, oposta da visão de espíritos individuais.

Do Havamál, também se compara os nove dias e nove noites de sacrifício como uma assimilação dos nove mundos que compõem a mitologia nórdica e a Árvore Yggdrasil. Supõe-se que cada dia seria dedicado a meditação dos mundos externos e internos de Odin, reforçando que as runas e o xamanismo nórdico estão muito ligados ao autoconhecimento e ao desdobramento entre mundos.

Segue uma tradução do Havamál e até o próximo texto! Onde sairemos da zona do conceito de runas, para começar a verificar as runas em seu sentido individual.

"Estive pendurado nove noites
na árvore açoitada pelos ventos,
por lança trespassado e dado a Odin
eu mesmo, a mim mesmo, naquela árvore
que nenhum homem sabe de onde brota.
Com pão não me abençoaram, nem com chifre,
olhava para baixo; e então tomei
as runas eu tomei vociferando,
de lá tombei de novo depois disso.
Encantamentos nove eu aprendi
daqueles filhos célebres de Boltor,
o pai de Bestla; e foi-me dado então
beber do hidromel caro de Odreri.
Depois revigorei-me e fiz-me sábio,
cresci e logrei ter maior poder;
dito buscava dito de meu dito,
obra buscava obra de minha obra.
Runas tu hás de encontrar e letras lidas,
letras mui grandes, letras mui robustas,
e pelo grande sábio desenhadas
e pelos grandes deuses engendradas,
e pelo Hropt divino entalhadas.
Entre os ases Odin, e entre os elfos
Dáinn, e Dvalinn diante dos anões,
e diante dos gigantes está Ásvid,
e eu próprio talhei algumas delas.
Sabes como entalhar, tu sabes ler?
Sabes como traçar, sabes testar?
Sabes como pedir, como imolar?
Sabes sacrificar, sabes matar?
Melhor é não pedir que imolar muito,
sempre o regalo atenta ao pagamento;
melhor sem sacrifício que matança.
Assim à gente diva Thund talhou;
lá, de onde retornou, ele se ergueu."


Bibliografia consultada:
- FAUR, Mirella. Mistérios Nórdicos: deuses, runas, magias, rituais. Ed. Pensamento, 2007
- DAVIDSON, Hilda R. E. Myths and symbols in pagan Europe.
- Link (www.pget.ufsc.br/in-traducoes/edicao_3/o_verso_theo.pdf)




quinta-feira, 28 de junho de 2012

Caminhando entre as Deusas: Amaterasu Ômikami (parte 2)

Recado da autora: para ver a história da parte 1, clique aqui.

Amaterasu retirou-se da terra e não houve Deus que a convencesse a voltar. Com sua partida e a instalação das trevas os youkai (espíritos perversos) sairam de seus esconderijos no submundo e foram tomando conta da terra, saqueando as plantações e fazendo maldades por aí. O nihon mai (arroz) e o saquê precisaram ser racionados, pois sem o sol não tinha como repô-los. Em suma, a terra e o céu tornaram-se um caos.

Os Kamis não aguentando mais o suplício em que estavam começaram a maldizer o Deus Susanowo, até que Maakyurya (Deusa da Sabedoria) teve a ideia de que se fizesse uma grande festa na porta da caverna e assim, a Deusa do Sol não resistiria ao cheiro do sakê e a curiosidade sobre o porque de tanta diversão. 

Enfeitaram e coloriram a porta da caverna de várias formas e quando tudo estava pronto, eles retiraram o Yata no Kagami (espelho de oito lados) e as joias Yasakani no Magatama para que quando Ela saisse da caverna fosse ofuscada por sua própria luz e acreditasse que houvesse luz no mundo a despeito de sua presença. O espelho junto com as joiais tornou o local brilhante e luxuoso. Mas por mais que os Kamis rissem e se divertissem e mesmo com todo o cheiro forte do Sakê, Amaterasu não apareceu. As fogueiras esmaeceram e os Kamis desistiram e deram as costas para a "catacumba da viva". 

Ame no Uzume, a Deusa da Chuva e a mais espirituosa dos Kamis, começou a sapatear sobre uma pedra, fazendo-os virarem a cabeça para ver quem ainda tinha força para tentar mais algo. Uzume começou a dançar como se a música viesse de sua própria alma, rodopiava sobre si mesma, saltava e junto com ela, os seus raios acompanhavam seus passos. Os Kamis pararam para assistir e logo a dança começou a ficar mais obscena, mais lenta, assim como os pingos de chuva começaram a cair mais docemente e, os raios a rasgar a roupa Dela sem nunca atingi-la.  A ingênua lascividade da dança e o inusitado dos gestos que Uzume estava fazendo fez com que todo o panteão começasse a gritar lascivamente para Ela, a acompanhar seus passos com palmas, pedindo que não parasse mais. E isso atraiu a atenção de Amaterasu, que finalmente resolveu ir ver o que estava acontecendo, o por quê de todos aqueles assovios e aplausos que pareciam tão obscenos. Abriu um pouco a entrada da caverna para espiar e ficou ofuscada com sua própria imagem, era estranho se ver como se estivesse lá fora, dentro do espelho, até que se deu conta que o brilho que fitava era o seu próprio. Então, Ela deu um belo sorriso e ajeitou os belos cabelos roxos e saiu completamente da caverna. Logo os Kamis notaram sua presença e tornaram-se novamente felizes pedindo para que nunca mais Ela os deixasse. Os youkai logo voltaram para seus esconderijos e a festa continuou agora festejando a volta da Deusa do Sol! Banzai!

Essa é uma das principais histórias de Amaterasu, ainda conta-se a forma como o Deus Susanowo pediu desculpas a irmã e o nascimento de seus filhos. No entanto, esta que lhes contei foi escolhida por ser bastante emblemática: a Deusa desisti de seu poder, deixa que o seu irmão ganhe a contenda e esquece-se Dela e de todos aqueles que precisavam dela. Ela esquece o qual forte e necessária Ela é. E desta forma nos faz lembrar que não devemos esquecer o nosso poder interno, não devemos esquecer a nossa própria luz, pois então nossas plantações irão secar, nossos youkai irão aparecer e nossa vida tornará-se um caos e nem sempre podemos contar com uma Uzume em nossas vidas para nos retirar da caverna. 

Então, olhe-se no espelho e perceba o Poder que existe dentro de você!

Beijocas estaladas no coração de todos!



Referências Bibliográficas:
- DONATELLI, M. (coord.); O livro das Deusas – Grupo Rodas da Lua.  São Paulo: Publifolha, 2005;
- MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;
- MONAGHAN, P.;  O caminho da Deusa: mitos, invocações e rituais. São Paulo: Pensamento, 2009;
SEGANFREDO, C.;  As melhores histórias da mitologia japonesa. Porto Alegre, RS: Artes e Ofícios, 2011.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Universo Simbólico - A Cruz de Caravaca




Olá pessoal, desde já quero desejar para todos um ótimo Solstício de Inverno, na certeza que a Luz da Criança da Promessa possa vos guiar nesta senda que é a Magiah.

Bom, esse mês para mim foi de confirmações, daí lembrei de um símbolo muito interessante que tem tudo a ver com este aspecto. E já que o Inverno chegou trazendo o grande ensinamento que mesmo sob o forte frio as sementes germinam e mostram sua força, conheceremos hoje um pouco de um símbolo extremamente forte e Confirmador: A Cruz de Caravaca.

Segundo o seu histórico Lendário ela também é conhecida como Cruz de Lenora ou cruz de Borgonha, uma relíquia cristã que apareceu misteriosamente no dia 3 de maio de 1232 na cidade de Caravaca-Espanha causando inúmeros milagres por conter lenhos da cruz de Cristo. Na península ibérica um Sultão chamado Abu Zeyt que governava a região possuía muitos prisioneiros e um deles era um sacerdote chamado Ginez Perez Chirinos, que por curiosidade do sultão em conhecer os ritos cristãos o obrigou a realizar uma missa, ordenando que fosse dado tudo que  ele precisasse, porém o mesmo se esqueceu da Cruz e indo já ao sultão se redimir do erro, eis que surgem dois anjos, do nada, trazendo pela janela do alto de onde estavam uma cruz de dois braços toda em ouro e com pedraria que fez todos no recinto se converteram ao catolicismo. A cruz de Caravaca chega ao Brasil na esquadra de Martin Afonso de souza com os primeiros colonizadores. Apesar de sua origem ser católica, esta cruz é utilizada por inúmeras crenças, desde os Cruzados medievais até mesmo por missionários e de certa chegando até os Bruxos que utilizam dela como simbolo de proteção.

Seu significado é  a cruz do espírito (a linha vertical) e o plano material (linha horizontal), tendo como resultado o Homem, que é um ser que se move no plano material com opção para ascender ou descender espiritualmente. Isto implica que, em muitas ocasiões, necessite proteção e, uma das melhores formas é levando a cruz, que lhe recordará a sua posição na escala evolutiva e, desta maneira faz com que se centre no cruzamento do espírito com a matéria. Ela também é influente para curas de doenças e para libertações de feitiços e encantamentos com bençãos e exorcismos. Seus dois braços nos faz refletir sobre a reconfirmação da fé e também onde essas duas cruzes formam o numero XX, (em romano) numerologicamente simplificados pelo numero 2, (XX=20= 2+0=2) os dois princípios que sustentam o Universo e o mantém em equilíbrio. Alguns atribuem também a Cruz de Caravaca como a Cruz Elemental, sendo utilizada como pingentes e artefato cerimonial em momentos de apuros através de rezas especificas que podem ser encontradas facilmente. 

Este símbolo pode ser de grande valia para qualquer pessoa, já que a intenção é o que coloca todo e qualquer símbolo em jogo. A reconfirmação da fé é sua marca registrada, mas não devemos nos esquecer que seu poder de proteção é fortíssimo, já que podemos encarar segundo os Glifos os algarismos "XX" como duas hélices que afastam as mazelas do mundo. A junção da Quinta-Essência pelo Quaternário Elemental Sagrado, ( 5+5+5+5=20) formado pela divisão da letra "X" - dez em Romanos - em "V e V" - cinco em romanos (5+5). Ainda nesse princípio podemos atribuir a Quinta-Essência pelo Quaternário Elemental Sagrado ( 5+4 = 9) numero triplicado da Santíssima Trindade, o poder reconfirmado através do 3x3. 

Deveras uma simbologia interessante que reforça sua mística por trás do símbolo além da origem. O que foi mencionado em textos anteriores repito: "O simbolismo está nos olhos de quem o vê." 

Espero que toda essa matemática simbólica tenha servido de alguma forma para vocês. No mais nos encontraremos aqui semana que vem, de certa agora bem mais protegidos.

A Todos,
Pax, Lux et Nox!


NT.: Sugiro que leiam - DEE, john. A Mônada Hieroglífica. 1527

terça-feira, 26 de junho de 2012

Filosofia Oculta: Orodreth e o discurso Vincuniano: A ética egoísta e a eudaemonia. (Final)



Orodreth: Tu dizes Lord Vincus, que existem bons e maus prazeres, e que os bons levam à felicidade. Isso não ficou tão claro para mim, existe uma atividade específica para levar à felicidade? Ou seja, a felicidade é uma?



Lord Vincus: A Felicidade é semelhante à Verdade, e quase sempre encontrando-se uma chega-se à outra. Ao afirmar semelhança entre os dois afirmo também que assim como a Verdade, a Felicidade é única.



Orodreth: Então só há um meio de se alcançar a Felicidade e a Verdade?



Lord Vincus: Depender-se-ia do que chamas de “meio”, mas vou tentar clarear o que estou dizendo. Dizer que a Verdade é única não é dizer que só há uma forma de ir ao seu encontro. É claro que há melhores métodos de se fazer isso e o mesmo ocorre com a felicidade.

O cientista, o pagão, o cristão, o ateu e quem mais for que busque o Conhecimento, possui chances de aproximar-se da Verdade em seus saberes, pois tudo que se conhece é apenas uma sombra da Verdade, algumas mais iluminadas que outras; mas todas tendem à mesma coisa, coisa essa que é única e imutável.

Todos tendem ao conhecimento, a busca pela Verdade leva à Felicidade, todos trabalham sob a mesma sombra . Quanto mais nos aproximamos disso, mais nos sentimos felizes.

Pois a felicidade consiste em trabalhar naquilo que nos faz bem, seja o que for. Não é algo que se pratica para alcançar, mas algo que se tem enquanto pratica.

Orodreth: Oh, Lord Vincus, abençoado sejas, pois evocastes em mim a memória de um antigo texto, que eu adoraria recitar.

Lord Vincus: Pois então recite.

Orodreth: “Solitária, majestosa, plena em si Mesma, a Deusa, Ela cujo nome não pode ser dito, flutuava no abismo da escuridão, antes do início de todas as coisas. E quando Ela mirou o espelho curvo do espaço negro, Ela viu com a sua luz seu reflexo radiante e apaixonou-se por ele. Ela induziu-o a se expandir devido ao seu poder e fez amor consigo mesma. Ela A chamou de ´´Miria, a Magnífica``.

O Seu êxtase irrompeu na única canção de tudo que é, foi ou será, e com a canção surgiu o movimento, ondas que jorravam para fora e se transformaram em todas as esferas e círculos dos mundos. A Deusa encheu-se de amor que crescia, e deu à luz uma chuva de espíritos luminosos que ocuparam os mundos e tornaram-se todos os seres.



Mas, naquele grande movimento, Miria foi levada embora e enquanto Ela saía da Deusa, tornava-se mais masculina. Primeiro, Ela se tornou o Deus Azul, o bondoso e risonho Deus do amor. Então, transformou-se no Verde, coberto de vinhas, enraizado na terra, o espírito de todas as coisas que crescem. Por fim, tornou-se o Deus da Força, o Caçador, cujo o rosto é o sol vermelho, e no entanto, escuro como a morte. Mas o desejo o devolve à Deusa, de modo que Ele e Ela circulam eternamente buscando retornar em amor.
Tudo começou em amor; tudo busca retornar em amor. O amor é a lei, mestre da sabedoria e o grande revelador dos mistérios.” (2)

Lord Vincus: Grande memória tu tens Orodreth, e como teus olhos brilharam a recitar um texto tão maravilhoso.

Orodreth: Veja como o conhecimento pagão é muito próximo do teu, e embora tu não seja um de nós, concordamos em muitos pontos.

Por exemplo, quando eu trouxe esse belíssimo pensamento cosmológico, ficou claro que embora você nunca o tenha conhecido tal texto, tem um pensamento, em parte na mesma linha.

Ora se todos os seres são filhos do amor e todos tendem a ele, todos evoluem para encontrar o amor e fazerem parte da criação. Mas acabam sucumbindo ao movimento, e pelo “amor comum” buscam este amor perfeito eternamente.

Veja se não é o mesmo que tu dizes, que todos são filhos da Verdade e tendem à Verdade, e através da Felicidade buscam encontrá-la.

Lord Vincus: Não sou um conhecedor do pensamento pagão, caro Orodreth, para fazer tal afirmação. Mas posso dizer que é bem próximo.

Orodreth: Tu dizes também que cada um deve buscar a felicidade de forma egoísta, o que queres dizer com isso?

Lord Vincus: Que nenhum homem pode garantir a felicidade de outro... o caminho é solitário, muitos são prepotentes em quererem forçar outros à suas crenças e prazeres, julgando que aquilo que praticam e acreditam e que traz felicidade para si, trará também a felicidade de todos. Todos são uma só alma, mas inúmeras mentes e diversas experiências, cada uma com sua própria necessidade de conhecimento.
O lutador que pratica sua arte marcial e deleita-se enquanto luta, é feliz e tende ao conhecimento supremo, mesmo sem ler quaisquer textos sobre tal assunto, do mesmo modo que alguém que cozinha, ao praticar culinária e ter grande prazer enquanto pratica, adquire também o conhecimento do Supremo, mesmo que não se dê conta disso. Cada um à sua maneira busca a mesma coisa.

Entretanto, mesmo os homens não podendo garantir a felicidade de seus irmãos, oferecem infelicidade a estes, pois o homem por natureza é mau...



Orodreth: Mas tu dissestes várias vezes, Lord Vincus, que todo homem tende ao Bem.

Lord Vincus: Sim, e não volto atrás, pois se os homens tendem ao Bem, é por que estes não o possuem. Se possuíssem não o procurariam.

Orodreth: De fato, meu amigo.

Lord Vincus: Mas continuando, apesar do homem ser capaz de desviar seu próximo do seu labor natural, este não tem tal poder sobre os mais fortes, aqueles que dominam a própria mente; esses são livres de espírito e não podem ser manchados pelos espíritos mais jovens.

Eis que a felicidade é uma das chaves do poder. Muitos magistas são extremamente poderosos quando usam seus sentimentos em suas magias, e este segredo o paganismo sempre possuiu. Mas afirmo que não há mago mais perigoso do que aquele possuído por eudaemonia. Este tem o espírito alto, livre, capaz de grandes coisas, pois são grandes trabalhadores do natural ofício, estão prestes a avançar a um próximo nível, o de tornarem-se deuses perante os homens.

Orodreth: E o que é esta eudaemonia que tu citas?

Lord Vincus: É a própria Felicidade.

(Fim)

Notas: (2): Dança Cósmica Das Feiticeiras – Starhawk
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-Este texto contou com a contribuição de Breno Loeser, Wiccano, que de bom grado se dispôs a ajudar este pobre espírito a evitar ao máximo o desvio do pensamento pagão por parte de “Orodreth”. A este, meus agradecimentos –

Vinicius Pimentel Ferreira


segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Lança: Rá


Rá, Rei dos Reis, o Deus Sol, o Criador do homem e dos Deuses, do mundo. Representado no Egito por um sol que irradia seus raios para os seus súditos. 

Rá é uma das divindades criadoras dos Egípcio. Ele foi auto criado, surgindo de uma perfeita flor de lótus azul do oceano primordial, Nun. Criou as palavras e com ela criou os Deuses, os elementos e por uma combinação de palavras e lágrimas, 12 raças de homens.

A história conta que Rá todo dia aparecia no horizonte Oriental, como uma criança dourada que engatinha, ao ir andando pelo globo, os homens ao verem a criança se deslumbram e levanta as mãos em adoração. A criança vira homem e Ele visita cada um dos 12 reinos, das 12 raças. Continua sendo adorado pelo povo e por seus sacerdotes. Então, ele começa a descer e sinais de sua decrepitude começam a ser vistos. Alguns homens ainda o veneram, outros perdem a fé e lamentam diante da escuridão que se aproxima. O Deus fica triste, pois também pode ouvir os outros Deuses falando sobre sua obsolescência. Fora da vista de todos, no reino da escuridão ele se endireita e se regojiza por poder finalmente visitar o "Nome dos Mortos", seu domínio noturno, onde as pessoas sentem prazer em vê-lo.

Como sua decrepitude tornava-se cada vez mais visível, os Deuses começaram a falar em substituí-lo. Era hora do regime mudar e Hórus assumir. No entanto, para isso acontecer era necessário descobrir o nome mágiko Dele, pois era desta forma que ele exercia seu poder sobre homens e Deuses. Ísis cria então uma serpente criada do cuspe de Rá e um pó, ela o morde e por não ter sido criada por Ele, fica impossível para Ele neutralizar o seu veneno. Ele pede ajuda a Ísis, Deusa da Cura.  Ela diz que só poderá fazer isso se souber o seu nome mágiko, Ele exita, mas concorda em dizer apenas a Ela e que Ela poderia dizer apenas a Hórus. E assim dá-se um novo início de ciclo.

Outra lenda reza que Rá descontente com a humanidade pediu para que sua filha Sekhmet fosse até a terra para que destruísse toda a humanidade. Ela era ágil, sangrenta e inexorável em sua tarefa e ao ver toda a destruição que a personificação da sua ira estava fazendo, Ele voltou atrás. Mas já era tarde, inebriada pelo gosto de sangue a Deusa não voltou. Então, seu Pai misturou ocre vermelho com cevada fermentada e colocou no caminho que a filha tomava. Ávida por sangue ela confundiu os dois líquidos e bebeu todo a cerveja criada por seu Pai. Bêbada,caiu por terra em sono profundo e ao acordar já havia esquecido de sua ira.

Outras histórias também contam que ele possui uma arca, com a qual viaja pelos mundos derramando sua luz e calor, em que outros Deuses navegam com ele e as almas dos justos eram carregadas nessa barca, depois de suas mortes para que fossem colocados entre "as estrelas que nunca morrem".

Quando precisar criar ou se reenergizar, medite com Rá. Honre-o. Sinta a luz solar iluminando e estruturando sons para que seu pensamento possa ser dependurado, para que o fogo violeta que cospe pelo seu terceiro olho possa ser limpo.

Beijocas estaladas no coração de todos!

Referências:

- ELLIS, N.; Deusas e Deuses Egípcios: Festivais de Luzes: Celebrações para as estaões da vida baseadas nos mistérios das deusas egípcias. São Paulo: Mandras, 2003;
- TROBE, K.; Invocação dos Deuses: explorando o poder dos arquétipos masculinos. São Paulo: Mandras, 2002; 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Bosque: Sobre os Ancestrais

Hoje eu gostaria de falar um pouquinho sobre os ancestrais. Em praticamente todas as religiões pagãs atuais que bebem nas fontes antigas, o respeito e a honra aos ancestrais faz parte de todos os ritos, e não somente dos que acontecem na época do Samhain, por exemplo. Eles fazem parte do cotidiano de muitos druidas e druidistas, que em seus altares lhes fazem oferendas e lembram sua memória. Mas quem são os ancestrais, no Druidismo? Eles são de sangue, são de alma, e são da terra. Sua bisavó, celtas galeses e os indígenas e povos que aqui viveram muito antes de nós chegarmos são exemplos de ancestrais. Ao lado de deuses, não-deuses e dos espíritos dos 3 reinos, estão os ancestrais. Fazem parte da nossa “grande tribo espiritual”.

Nas lendas irlandesas, por exemplo, muitos deuses e/ou heróis são apresentados com suas genealogias, algumas citadas até o parente mais antigo conhecido. É a forma de saber de onde ele (ou ela) procede, qual é a sua linhagem. Mabon ap Modron, Cormac, filho de Art, filho de Conn das Cem Batalhas e a Rainha Medb, que tem sua linhagem apresentada no conto Táin Bo Cuailnge, são apenas três exemplos de como era importante a memória da linhagem da qual se provinha, que podia não ser só de sangue como também de criação. A adoção de um filho para os celtas era um aspecto de grande dignidade, que além de um costume social era também uma forma de aliança e respeito entre as famílias. Mas isso é assunto para outro dia.

Aqui no Brasil ainda se vê muito esse costume de "apelidar" os filhos com o nome de seus genitores, principalmente nas cidades do interior. Tem sempre um “Roberto de Mariana” ou uma “Fabiana de Zé Maria”, sempre um filho ou filha que mesmo com o sobrenome dos pais, é mais lembrado pelo nome de seu pai ou sua mãe, depende de qual dos dois é mais conhecido na comunidade.

No entanto, os ancestrais não são apenas os que estão na árvore genealógica dessa vida. No Druidismo também se honram os ancestrais da tribo e os da terra onde vivemos, como já foi dito acima. Há deuses que são reverenciados como ancestrais de tribos, há pessoas que se identificam com determinados povos em especial: gauleses, celtibéricos, galeses, irlandeses... e a eles fazem suas oferendas, pedem sua sabedoria e os reverenciam. E claro, também há os que honram toda a herança celta que foi deixada para aqueles que hoje seguem seus passos.

E por último, temos os ancestrais da terra que vivemos - em nosso caso, o Brasil. São aqueles que estiveram aqui antes de nós: povos indígenas e os que vieram antes deles, todos merecem nossa reverência.

Guardar a memória e a sabedoria dos antigos pode parecer uma bobagem, uma coisa fora de moda, e não duvido que muitas pessoas pensem dessa forma. Só basta assistir aos telejornais, ou somente ler as notícias em um site. São pais matando filhos, filhos matando os pais ou avós, pessoas que não dão o mínimo valor às suas heranças culturais, depredando e destruindo monumentos que representam essa herança. Perdemos muito desse respeito pelos ancestrais, e reencontrar esse respeito é muito importante não só para um druidista, mas para qualquer pagão de qualquer vertente.

Bem, é isso. Ficam aí minha opinião e sugestão de reflexão, leitores. Até a próxima!


Sugestão de leitura - Táin Bó Cúailnge


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Exército espiritual de reserva




Um erro crasso ! É sobre isso meu texto hoje.

Fazemos rituais, oferendas muitas vezes, e buscamos um contato senão diário pelo menos frequente com nossos Deuses, mas estaremos procedente da maneira correta?
Existe um movimento egocêntrico e possívelmente antropocêntrico no tocante às “Espiritualidades da terra” que prezam as observações pessoais antes das tradicionais. Isso vem junto com nossa sociedade ocidental e consumista, onde cada um representa um universo a ser conquistado pelo estômago, olhos ou bolso, que prioriza os desejos mantidos de forma pessoal ante a saúde da comunidade.

A psicologia moderna só veio a piorar este quadro, dando argumento e embasando as distorções como flores de plástico em um linda ravina, de longe convencem, mas um olhar mais demorado perceberá o estranho habitando ali. Pegar um caminho tradicional, recortar e colar sobre outro costuma funcionar para desenhos, quadrinhos e filmes em 3D, mas em movimentos ritualísticos não surtem tanto efeito (a não ser para fins comerciais), onde elementos geralmente opostos e não complementares fazem a energia estagnar e emperrar no segundo ciclo da engrenagem.

Não estou com isso querendo dizer que o ser humano é fraco ou inferior, longe disso, só estou dizendo que em sociedades tradicionais o indivíduo não existe e não é celebrado, como é o caso da nossa sociedade, e isso tem interferido na construção plena de caminhos espirituais, de grupos e lideranças. Todos os dias brotam tradições e grupos com propostas inovadoras, indo de miscelâneas culturais ao mais louco hightech ( já temos e-religion! ), sem estudos prévios ou qualquer argumento e embasamento que funcione na prática, criando um “Exército espiritual de reserva” ávido por vagas no mercado religioso e buscando oportunidades mais lucrativas ou com planos de carreira.

Somos ensinados desde pequenos que somos únicos e valiosos por isso, sempre foi assim a bem da verdade, mesmo em sociedades tradicionais, mas existe a continuação deste texto tão bonitinho: sendo únicos-e-valiosos compomos junto com outros únicos-e-valiosos uma comunidade única e valiosa !

Viver religião não é cantar um hino de independência, é inserir-se em uma comunidade ou cria-la, sem distorce-las porque parece mais fácil ou adequado sem antes avaliar as perdas e ganhos, não é clamar aos ventos que “Eu odeio grupos” ou “ Grupo não funciona”, aliás sabe porque grupos não funcionam? Pelo mesmo motivo que os casamentos não duram ou as amizades não se mantém: individualismo consumista ocidental. Todos armados para um guerra épica quando simplesmente vão sentar-se para o jantar não poderia dar um boa coisa, bombas explodem e munições ficam engatilhadas nestas horas. Um grupo ou comunidade não é composto de pequenos pedaços bem polidos e excessivamente brilhantes, são compostos de pedaços que se acomodam aos outros. Qual grão de areia brilha mais que o outro para formar a praia? Se queremos ser praia, devemos ser grão de areia, porque se todos quiserem ser a mais bela pedrinha brilhante vai virar uma boate.

Para celebrarmos Deuses de verdade e da forma tradicional sem dar a pitadinha ocidental e consumista que transforma tudo em business, devemos antes sair do jardim de infância e encarar religião como adultos.

Caminhando entre as Deusas: Amaterasu Ômikami (parte 1)

Nascida do olho esquerdo de Izanagi (O Macho que Convida), Amaterasu é a Deusa Solar do panteão Xintoísta no Japão, é a principal divindade deste e acredita-se que seja a precursora da família imperial. Irmã de Susanowo (Deus das Tempestades e dos Raios, e do Mar) e Tsukuyomi no Mikoto (Deus da Lua), que também nasceram de Izanagi quando estou volto do Mundo dos Mortos ao Mundo dos Vivos.

Conta o Kojiki (Registro dos Assuntos Antigos), principal fonte da mitologia japonesa, que um certo dia Izanagi chamou seus três filhos para dividir os bens que possuía. Amaterasu reinaria nos céus de Takaamahara, a Alta Planície Celestial, e iluminaria o mundo, sendo chamada por "Deusa do Sol, a Grande Divindade que Brilha no Céu, a Rainha do Dia"! Tsukuyo governaria Yoru no Ossukuni, o País do Reinado da Noite, e o iluminaria, sendo chamado por "Deus da Lua, A Grande Divindade que Ilumina a Noite"! Susanowo seria o Senhor em Una Hara, a Planície Marinha, e foi chamado por "Deus do Mar e Macho Veloz e Impetuoso". No entanto, este último não gostou da divisão e questionou seu pai, pois considerava-se muito mais brilhante que seus irmãos. Sentiu-se injustiçado, com uma amargura que prenunciava tragédias. Por isso, para vingar-se de seu pai e mostrar o poder de sua destruição e a força de seu ódio, ele resolveu atacar Amaterasu.

A Deusa vivia em Takaamahara, nas profundezas de uma caverna junto com 8 tecelãs, enquanto seu irmão Tsukuyomi viajava pela noite. Toda noite as 8 tecelãs faziam um novo Kimono para Ela vestir e irradiar sua luz pelo mundo! Um belo dia, Ela sentiu um Ki muito forte indo em direção ao seu lar e pediu ao Kami (Deuses Habitantes) das Mil Justiças que não fosse seu irmão e ordenou aos guardiões e suas tecelãs que tomassem cuidado e vigiassem. Quando a Deusa partiu, seu irmão apareceu sorrateiramente, adentrou-se no território da irmã e foi até a estalagem onde ficava os cavalos de Amaterasu, e o cavalo sagrado que sua irmã tanto adorava. Ele não teve dúvidas, com inveja do amor que sua irmã demonstrava para com o seu cavalo e não a ele,  pegou sua katana e enfiou-a até o cabo no querido cavalo. Ninguém ouviu barulho algum. Ele esquartejou o cavalo e levou consigo as peças entrando no salão de tear, onde as tecelãs teciam o Kimono do próximo dia. Antes que alguém pudesse perceber, ele jogou os pedaços do cavalo nas tecelãs, que gritaram apavoradas e saíram correndo uma para cada lado, rasgando a veste inacabada. Uma das tecelãs tal foi o medo que teve que parou como uma estátua na frente do perverso Deus da Tempestade que aproveitando-se da exitação jogou em cima dela a cabeça do cavalo, com o peso deste ela cambaleou  e caiu batendo com a cabeça numa pedra. Morreu na hora. Satisfeito com o estrago que causou foi esconder-se para esperar a volta de sua irmã e ver sua reação.

Amaterasu ficou chocada e triste ao voltar para casa e ver o seu querido cavalo morto, assim como uma de suas tecelãs mortas. Sua ira tornava-a mais brilhante do que já era, as lágrimas evaporavam antes mesmo de cair. Ela vociferou e amaldiçoou-o e pediu para que avisassem aos 4 cantos e aos Deuses de toda a galáxia que pegassem o seu cruel irmão, que ao ouvir isto, logo tratou de fugir sem sucesso. De tão triste que ficou, recolheu-se na profunda Caverna Rochosa, ordenando aos guardiões que lacrassem a entrada. Não haveria mais dia, decidiu Ela.

O restante ficará para a semana que vem! Até a próxima! Beijocas estaladas para todos!

Referências Bibliográficas:
- DONATELLI, M. (coord.); O livro das Deusas – Grupo Rodas da Lua.  São Paulo: Publifolha, 2005;
- MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;
MONAGHANP.;  O caminho da Deusa: mitos, invocações e rituais. São Paulo: Pensamento, 2009;
SEGANFREDO, C.;  As melhores histórias da mitologia japonesa. Porto Alegre, RS: Artes e Ofícios, 2011.




quarta-feira, 20 de junho de 2012

Universo Simbólico - Os Dons da Magiah, o real e imaginário.


Bom Pessoas, vou adentrar em um assunto que cada vez mais vem chamando a atenção de pessoas que anseiam em adentrar a  Arte e até mesmo para aquelas que já se encontram neste caminho: Os Dons da Magiah

Muitas pessoas quando adentram no mundo Magiah, normalmente se perguntam se possuem algum "Dom" místico/paranormal, muitas das vezes influenciados por séries de TV ou por filmes que mostram coisas fantasiosas com base em alguma verdade Mágicka não absoluta. Além de gostarem de saber se possuem tal "Dom", o questionamento posterior é de saber como descobri-lo e qual a garantia de veracidade de seus feitos? Uma grande observação a ser feita é da enorme frustração destes que são influenciados pela mídia, quando descobrem por variados métodos que o mundo real não é tão empolgante como mostra HOLLYWOOD em seus filmes e seriados, porém nós praticantes e estudiosos desta Arte tão Antiga dizemos: "- Aí é que vocês se enganam!"

Mesmo não tendo todos os efeitos televisivos a Magiah tem sua própria forma de manifestação e cabe ao praticante explorar todas as suas sendas. Todo o trabalho Mágicko deve ser feito com entusiasmo, alegria e acima de tudo AMOR, pois sem estes ingredientes considerados fundamentais o estudo da Magiah/Arte, em si, se torna enfadonho e sem resultados satisfatórios. A Responsabilidade é algo que deve ser frisado também, por que é ela quem freia as atitudes impensadas, e através dela há o comprometimento da dedicação em todos ramos do aprendizado Mágicko. Tudo faz parte de uma grande gama de assuntos que nos faz percorrer vastos caminhos, mas que no final, ou melhor, no recomeço (pois é um ciclo) acabamos nos deparando com o ponto de onde partimos, só que com uma mente mais evoluída e com uma "bagagem" Mágicka-Intelectual maior e mais consistente para julgar e interpretar novos/velhos pontos de vista com mais confiança e sabedoria. 

      O estudo da Magiah é algo que abre os horizontes de qualquer Magista, mas é preciso que ele se abra para a sabedoria divina, pois a estrada realmente não se move sozinha enquanto se fica parado, daí a vontade como fonte principal na busca pela plenitude na vida. Praticar Magiah é respirá-la diariamente e saber reconhece as faces da Divindade na natureza, o que hoje em dia dificilmente acontece, pois muitos entendem Magiah prática como uma forma de impressionar a terceiros, numa ilusão de que será possível soltar raios como os dedos, ler mentes, somente ao abraçar uma árvore e pisar na grama. Um ledo engano. A prática é um processo de interiorização que leva tempo e requer muita disciplina natural, além de honestidade para consigo e para com os outros. Conhecer o Universo é conhecer a Divindade, que automaticamente passa a conhecer seu próprio interior.

     Para se praticar é necessário lembrarmos quem somos e de onde viemos e, é nesse ponto em que damos de cara com os rituais. Sabemos que para alcançar o mundo da Divindade é preciso que entremos em contato com o nosso Self-Menor, o nosso ser criança, pois ele diferentemente do Self-Maior, o nosso ser da razão, não bloqueia a nossa verdadeira vontade. Há uma diferença gigante em expressar o SELF MENOR e ser um Psicopata. Expresse seu momento de fantasia, mas não se permita viver nele o tempo todo, afinal é necessário que os dois lados estejam equilibrados. Fazer é importante, Querer é indispensável e estar e manter-se equilibrado é a Lei. Sendo assim que saibamos de nossos "Dons" e que possamos manter-nos sempre em harmonia.

A todos,
Pax, Lux e Nox!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Filosofia Oculta: Orodreth e o discurso Vincuniano : A ética egoísta e a eudaemonia.

-É necessária a leitura completa dos textos anteriores, para não se perder em minhas ironias e metáforas-  Coluna: Filosofia Oculta

(Parte 1: Introdução)

Lord Vincus: Salve às musas, me instruam no discursar, salve Clio, senhora dos discursos, salve Apolo, luz de verdades, e o último salve para Atena que será necessária para este pensamento.


Todos hão de convir que todos os seres tendem à felicidade, ninguém há de contrapor esta afirmação, e se o fizer, será incapaz de trazer suficientes defesas (em relação aos homens).


A felicidade para cada espécie pode ser alcançada de diferentes formas, mas apontam para uma mesma direção. Para as pedras é agir como pedra, para as partículas que a formam é simplesmente compor a pedra. Do mesmo modo é a felicidade para os homens. Em corpo é a saúde e a beleza, e em intelecto ou espírito é o conhecimento acerca dos seres.


O homem, em particular, quando não busca a felicidade tende ao adoecimento. O corpo doente é bastante conhecido, e seus males corrompem a saúde do espírito, ao passo que o espírito quando adoece causa danos ao corpo. Daí decorre o maior número de nossas doenças, mesmo as de causas externas, que se manifestam em sua maioria pelo mau zelo do corpo e do espírito (não tratarei dos outros corpos).


Mas de que modo o homem deve viver? E como ele deve viver em relação aos outros homens?

Todo homem deve viver em prol de sua felicidade, o processo é mais egoísta do que se imagina. Nenhum homem pode garantir a felicidade do outro, mas muitas vezes pode ser a causa da desgraça de seus irmãos.


Maldito seja o homem que ame tal condição sem almejar algo maior, algo maior não nesse mundo, pois é de sua natureza (do mundo) tal nível de maldade.

Pois digo sem arrependimentos: o homem deve ser egoísta, deve olhar para si e para sua felicidade, nisso consiste o pensamento ético do sistema vincuniano. Mas em que consiste a felicidade no sistema vincuniano?


Muito pouco pode ser mais tolo do que afirmar que os prazeres são prejudiciais. Como o homem poderia ser feliz sem o prazer? Afinal, a felicidade é prazerosa para mim, e se não a sinto, mesmo que estivesse feliz, jamais teria consciência disto.

Então o caminho para a felicidade é o prazer? Sim, mas não qualquer tipo de prazer, e sim prazeres de qualidade mais elevada. Mas como separo os prazeres de boa ou má qualidade? Terei de relembrar um antigo diálogo, onde esta mesma boca afirma que:

“O corpo tende sempre à saúde e à beleza, isso o torna feliz. Um corpo que vive de forma desregrada, onde sua aparência denuncia o descaso e sua imagem diante de si mesmo não é agradável, tende a adoecer, e adoecendo pode fechar aos poucos o canal do intelecto impedindo que a alma, sua governante, tome seu devido poder sobre ele. [...]

Ao passo que a alma tende sempre ao conhecimento, mas apenas até onde o corpo permite, pois como não é da natureza corpórea o conhecimento dos seres ou do divino, a alma precisa estar livre do corpo ou momentaneamente separada dele, para vislumbrar verdades superiores.”(1)

Os prazeres do corpo não podem ser desvinculados da saúde. Os glutões, por exemplo, jamais serão felizes. São suicidas do prazer, comem e bebem em tamanha fartura que todo o seu organismo entra em colapso. Tornam-se doentes, o corpo perde a boa forma e começa o sofrimento, é uma via de autodestruição.

Muitos se perguntam também sobre os prazeres sexuais, estes são totalmente vinculados à felicidade, desde que não desobedeçam a regra sobre ligarem-se à saúde. E quando falo de saúde falo também de uma consciência equilibrada, pois como a ciência atual muito sabe, um corpo doente adoece também a mente e vice-versa.

Orodreth: Oh! Como este assunto é interessante, e a quantas vias pode nos levar! Não me colocarei em posição de desânimo, farei a ti muitas perguntas e trarei também meu pensamento, para que esse objetivo tão importante, se não o mais importante dos seres, fique tão claro quanto um dia abençoado por Apolo.


Lord Vincus: E me será de grande prazer partilhar com você todo o meu conhecimento acerca disto, e de aprender tudo que puder.

Orodreth: Minha alma rejubila por conhecer isto, e meu coração dispara enquanto meu corpo se ouriça.


Lord Vincus: É o que sentimos, quando tratamos do nosso ofício.

(continua)

Notas:
(1) – Lord Vincus,2012, O pré principio anterior ao inicio sem fim, Jornal O Bruxo, Filosofia Oculta.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Lança: Lakshman


A história de Lakshman, ou Lakshamana é intimamente ligada a história de seu irmão Rama, juntos eles enfrentaram o terrível exército de Ravana em busca de salvar a esposa de Rama, Sita.

Lakshman era o irmão mais novo de Rama e resolveu acompanha-lo quando de seu exílio. Também é casado com a irmã de Sita, Urmila. De início, seu humor era sempre sombrio, crendo que tudo daria errado e que era muito triste a situação que Rama e Sita se encontravam. Depois, ao realmente começar a enfrentar o perigo, Lakshman mostra-se valoroso e corajoso, combatendo fortemente o inimigo e sendo um exemplo para os outros soldados.

Algumas tradições hindus acreditam que Lakshman é um avatara de Rama, ou seja, uma forma secundária a sua aparição, eu traduziria como uma sombra, por ele inicialmente ser pessimista, eu diria que ele é o lado medroso de Rama, o não tão perfeito, o humano. Em outras tradições, ele é considerado o avatar de Ananta Sesha ( O Naga de mil cabeças sobre o qual descansa o deus Vishnu no oceano primordial de leite).

Na verdade, Lakshman faz parte da história do Ramaiana e ele torna-se conhecido e venerado por conta de seu amor e devoção por Rama. Afinal, de contas ele deixa toda a sua vida para acompanhar o irmão durante todo o tempo do exílio (14 anos). Ele possui o poder de lançar círculos protetores e de certa forma torna-se um protetor do irmão e da esposa, ajudando-o nos momentos de tensão e medo em que o desespero faz com que Rama pense em desistir e lançando o círculo de proteção em Sita antes dela ser raptada por Ravana, mas ela por ter um bom coração e se apiedar de um pedinte que passava por ali, que não era nada mais nada menos que o vilão Ravana.

Podemos aprender com ele, que as vezes, mesmo não sendo o personagem principal da história nosso papel é muito importante. Sem a ajuda de seu irmão, Rama não teria chegado até o final da jornada. Então, pensem nisso!

Por hoje é só! Beijocas estaladas no coração de todos!

Bibliografia consultada:

 
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