Hail, leitores!
Após compreender o
que de fato é uma runa, vamos começar a ver os conceitos mitológicos sobre
elas. O material-base para vários mitos nórdicos são os chamados Eddas.
A Edda em Prosa
(Prose Edda), escrita por Snorri Sturluson, é uma coletânea de textos nórdicos
que por mais que escritos sob uma ótica cristã e masculina tem muito valor para
a cultura nórdica por conta do grandioso trabalho feito pelo seu autor. Foi
muita busca, pesquisa e dedicação para a produção dos textos.
A Edda Poética (Poetic
Edda), também conhecido como Codex Regius e Elder Edda, são um conjunto de
textos que foram encontrados em um antigo manuscrito na Islândia. É deste texto
que se tem a maioria das explanações sobre os mitos nórdicos. Tanto por ser
mais antigo, como por sua forma de vesros nos darem abertura para várias
interpretações e visões amplas dos mitos antigos.
Dentro da visão
mitológica, como já citei antes, temos duas teorias, assim como na própria
mitologia nórdica/germânica temos duas famílias divinas: os Aesir (ou Asen) e
os Vanir (ou Wanen). Os Eddas reforçam em muito a visão Aesir dos mitos. Visto
que eles foram os povos que dominaram de certa forma os Vanir, nada mais
plausível que seus mitos serem os levados adiante. Já o que se tem sobre os
Wanen é fruto de interpretações a partir dos Eddas e da oralidade da Tradição
que vive aqui no Brasil.
Para facilitar a
compreensão de quem é quem, e assim facilitar a noção de onde as runas entram
em cada um dos povos ou clãs divinos, reservo esta postagem para a explicação
de cada um dos povos e norteá-los sobre as diferenças entre ambos e o que eles
tem em comum.
Os Aesir
Liderados por Odin,
este povo bélico migrou da Índia e norte da Europa (sendo assim chamados
indo-europeus) para as regiões onde seus mitos tiveram mais ênfase. Segundo os
seus mitos mais conhecidos, Odin e seus irmãos (Vili e Vê) deram origem aos
homens e aos mundos a partir do corpo de Ymir, um gigante de Fogo, filho de uma
outra família divinizada dos povos europeus.
São Deuses
normalmente ligados à guerra, justiça, ordem e englobam os arquétipos de Deuses
dos Céus. Poucos sendo ligados à energias telúricas (terra) e aos mares. Vivem
em Asgard, de onde governam Midgard e todos os outros mundos de Yggdrasil.
Entre os Aesir mais
conhecidos temos o “trapaceiro”, Loki, responsável pelo estopim do Ragnarok; o
Deus do Trovão, Thor, bastante em evidência graças à Marvel e aos filme “The
Avengers” e o que leva o próprio nome; Frigga, a esposa de Odin, geralmente
confundida com Freyja ou Mardoll; o Deus Benevolente, Baldur, geralmente
associado pelos mitólogos cristão a Jesus Cristo, visto que os arquétipos das
divindades são bastante semelhantes e ambos desempenham papel parecido em seus
mitos; Heimdall que é o guardião da ponte arco-íris, Birsfrost, responsável
pela guarda de Asgard. E tem, é claro, Odin, que é o Deus Supremo deste clã. É
o Pai de todos, soberano por natureza, também conhecido como Wotan em algumas
regiões. É um deus misterioso e paradoxal, que migra de guerreiro à xamã dentre
os vários mitos em que se apresenta.
Os Vanir
Os Deuses Vanir sãos
os Deuses mais arcaicos, nos Eddas e em outros escritos não há menção de sua
origem, mas crê-se que como deuses primitivos eles tenha iniciado seu culto
pela relação do homem primitivo com as forças e mistérios da natureza. Os Wanen
são deuses ditos mais pacíficos, relacionados à fertilidade, sexualidade,
agricultura, riqueza, e às forças da natureza. Ainda segundo os registros
diz-se que eles já se encontravam no continente quando os Aesir chegaram e por
anos tentaram conviver com as diferenças, mas elas ainda foram motivos para a
famosa Guerra das Tribos.
Segundo a Tradição,
os Deuses Wanens foram originados e primeiramente cultuados em Thule, um antigo
arqupélago ao norte Europeu que desapareceu da mesma forma que Atlântida e
Hiperbórea. Só depois do desaparecimento de Thule é que a tribo migrou para o
continente europeu e se instalou lá.
Liderados por Mardoll
(aquela que brilha sobre o mar), que recebe o titulo de Freyja (Senhora) vivem
em Wanaheim, são detentores do conhecimento e sabedoria assim como da magia e
dos seus usos. São os Deuses Xamãs, já que foi Freyja Mardoll quem detinha o
conhecimento sobre o Seidr (xamanismo nórdico) e depois passou este
conhecimento para Odin.
Entre os Deuses Wanens
mais conhecidos estão Freyr, dito irmão gêmeo
de Freyja nos Eddas, Senhor das Florestas, Animais e Instintos; Ran,
Senhora dos oceanos; Aegir, consorte de Ran; Njord e Nerthus; Deuses Ancestrais
do Mar e da Terra, respectivamente. Há quem diga que Tyr também seja um Deus
Vanir, visto que seu culto é mais antigo em algumas regiões que o culto do
próprio Odin. E tem a famosa Gulltweig/Heide, Deusa da Transformação, Magia e
do Renascimento que foi o estopim da guerra entre os Wanen e os Asen.
Há uma variedade de
contradições entre o que os Eddas falam sobre os Wanen e o que a Tradição conta
sobre eles. O que sabemos ocorrer com freqüência quando um povo “vence” outro.
A verdade é de quem ganha. E no caso desta guerra os “vencedores” foram os
Aesir.
Guerra das Tribos
Diz o mito que
Gulltweig foi como uma diplomata fazer uma visita aos Asen em Asgard. A Deusa
Wanen despertou a cobiça pelo ouro entre os filhos de Odin, visto que um dos
seus poderes era tornar ouro tudo o que desejasse, assim como andava repleta de
jóias e adornos dourado. Seu próprio nome significa “O Caminho Dourado”.
Odin deve ter
interpretado isto como uma ofensa. O que se sabe é que não há razão aparente
para o que houve em seguida a esta visita. Os Asen a fizeram prisioneira e por
três vezes a queimaram e por três vezes ela renasceu das próprias cinzas sendo
chamada depois disso de Heidhe, a Brilhante.
Após este
acontecimento várias batalhas ocorreram e como não havia um vencedor entre eles
foi feito um acordo de paz, onde dizem terem sido trocados alguns deuses. Indo
alguns Wanen indo viver em Asgard e outros Asen indo para o Wanaheim.
Para a Tradição
Wanen, a guerra ocorreu com os mesmos moldes, mas no fim enquanto não houve
algum vencedor, após o acordo selado. Houve uma mescla entre os povos, mas os
Wanen, orgulhosos como bem são, migraram novamente se instalando onde seria
hoje a Escandinávia. E diferente do dito, a soberana Mardoll ou Freyja não ficou
em Asgard, o que pode ter acontecido é uma das sacerdotisas dela ter ficado lá.
Mas isto é uma outra questão de interpretações que se distancia da base
acadêmica para a interpretativa e religiosa.
Por hoje é só
pessoas!
Na próxima postagem
descreverei por fim os mitos Wanen e Aesir sobre a aparição e criação das Runas
em seus clãs.
Bibliografia consultada:
- FAUR, Mirella. Mistérios Nórdicos: deuses, runas, magias, rituais. Ed. Pensamento,
2007
- DAVIDSON, Hilda Ellis. Gods and
Myths of Northern Europe. Peguin Books, 1964
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