sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Bosque: Sobre os Ancestrais

Hoje eu gostaria de falar um pouquinho sobre os ancestrais. Em praticamente todas as religiões pagãs atuais que bebem nas fontes antigas, o respeito e a honra aos ancestrais faz parte de todos os ritos, e não somente dos que acontecem na época do Samhain, por exemplo. Eles fazem parte do cotidiano de muitos druidas e druidistas, que em seus altares lhes fazem oferendas e lembram sua memória. Mas quem são os ancestrais, no Druidismo? Eles são de sangue, são de alma, e são da terra. Sua bisavó, celtas galeses e os indígenas e povos que aqui viveram muito antes de nós chegarmos são exemplos de ancestrais. Ao lado de deuses, não-deuses e dos espíritos dos 3 reinos, estão os ancestrais. Fazem parte da nossa “grande tribo espiritual”.

Nas lendas irlandesas, por exemplo, muitos deuses e/ou heróis são apresentados com suas genealogias, algumas citadas até o parente mais antigo conhecido. É a forma de saber de onde ele (ou ela) procede, qual é a sua linhagem. Mabon ap Modron, Cormac, filho de Art, filho de Conn das Cem Batalhas e a Rainha Medb, que tem sua linhagem apresentada no conto Táin Bo Cuailnge, são apenas três exemplos de como era importante a memória da linhagem da qual se provinha, que podia não ser só de sangue como também de criação. A adoção de um filho para os celtas era um aspecto de grande dignidade, que além de um costume social era também uma forma de aliança e respeito entre as famílias. Mas isso é assunto para outro dia.

Aqui no Brasil ainda se vê muito esse costume de "apelidar" os filhos com o nome de seus genitores, principalmente nas cidades do interior. Tem sempre um “Roberto de Mariana” ou uma “Fabiana de Zé Maria”, sempre um filho ou filha que mesmo com o sobrenome dos pais, é mais lembrado pelo nome de seu pai ou sua mãe, depende de qual dos dois é mais conhecido na comunidade.

No entanto, os ancestrais não são apenas os que estão na árvore genealógica dessa vida. No Druidismo também se honram os ancestrais da tribo e os da terra onde vivemos, como já foi dito acima. Há deuses que são reverenciados como ancestrais de tribos, há pessoas que se identificam com determinados povos em especial: gauleses, celtibéricos, galeses, irlandeses... e a eles fazem suas oferendas, pedem sua sabedoria e os reverenciam. E claro, também há os que honram toda a herança celta que foi deixada para aqueles que hoje seguem seus passos.

E por último, temos os ancestrais da terra que vivemos - em nosso caso, o Brasil. São aqueles que estiveram aqui antes de nós: povos indígenas e os que vieram antes deles, todos merecem nossa reverência.

Guardar a memória e a sabedoria dos antigos pode parecer uma bobagem, uma coisa fora de moda, e não duvido que muitas pessoas pensem dessa forma. Só basta assistir aos telejornais, ou somente ler as notícias em um site. São pais matando filhos, filhos matando os pais ou avós, pessoas que não dão o mínimo valor às suas heranças culturais, depredando e destruindo monumentos que representam essa herança. Perdemos muito desse respeito pelos ancestrais, e reencontrar esse respeito é muito importante não só para um druidista, mas para qualquer pagão de qualquer vertente.

Bem, é isso. Ficam aí minha opinião e sugestão de reflexão, leitores. Até a próxima!


Sugestão de leitura - Táin Bó Cúailnge


1 comentários:

Takumi disse...

muito bommmmmmm!!!

 
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