terça-feira, 19 de junho de 2012

Filosofia Oculta: Orodreth e o discurso Vincuniano : A ética egoísta e a eudaemonia.

-É necessária a leitura completa dos textos anteriores, para não se perder em minhas ironias e metáforas-  Coluna: Filosofia Oculta

(Parte 1: Introdução)

Lord Vincus: Salve às musas, me instruam no discursar, salve Clio, senhora dos discursos, salve Apolo, luz de verdades, e o último salve para Atena que será necessária para este pensamento.


Todos hão de convir que todos os seres tendem à felicidade, ninguém há de contrapor esta afirmação, e se o fizer, será incapaz de trazer suficientes defesas (em relação aos homens).


A felicidade para cada espécie pode ser alcançada de diferentes formas, mas apontam para uma mesma direção. Para as pedras é agir como pedra, para as partículas que a formam é simplesmente compor a pedra. Do mesmo modo é a felicidade para os homens. Em corpo é a saúde e a beleza, e em intelecto ou espírito é o conhecimento acerca dos seres.


O homem, em particular, quando não busca a felicidade tende ao adoecimento. O corpo doente é bastante conhecido, e seus males corrompem a saúde do espírito, ao passo que o espírito quando adoece causa danos ao corpo. Daí decorre o maior número de nossas doenças, mesmo as de causas externas, que se manifestam em sua maioria pelo mau zelo do corpo e do espírito (não tratarei dos outros corpos).


Mas de que modo o homem deve viver? E como ele deve viver em relação aos outros homens?

Todo homem deve viver em prol de sua felicidade, o processo é mais egoísta do que se imagina. Nenhum homem pode garantir a felicidade do outro, mas muitas vezes pode ser a causa da desgraça de seus irmãos.


Maldito seja o homem que ame tal condição sem almejar algo maior, algo maior não nesse mundo, pois é de sua natureza (do mundo) tal nível de maldade.

Pois digo sem arrependimentos: o homem deve ser egoísta, deve olhar para si e para sua felicidade, nisso consiste o pensamento ético do sistema vincuniano. Mas em que consiste a felicidade no sistema vincuniano?


Muito pouco pode ser mais tolo do que afirmar que os prazeres são prejudiciais. Como o homem poderia ser feliz sem o prazer? Afinal, a felicidade é prazerosa para mim, e se não a sinto, mesmo que estivesse feliz, jamais teria consciência disto.

Então o caminho para a felicidade é o prazer? Sim, mas não qualquer tipo de prazer, e sim prazeres de qualidade mais elevada. Mas como separo os prazeres de boa ou má qualidade? Terei de relembrar um antigo diálogo, onde esta mesma boca afirma que:

“O corpo tende sempre à saúde e à beleza, isso o torna feliz. Um corpo que vive de forma desregrada, onde sua aparência denuncia o descaso e sua imagem diante de si mesmo não é agradável, tende a adoecer, e adoecendo pode fechar aos poucos o canal do intelecto impedindo que a alma, sua governante, tome seu devido poder sobre ele. [...]

Ao passo que a alma tende sempre ao conhecimento, mas apenas até onde o corpo permite, pois como não é da natureza corpórea o conhecimento dos seres ou do divino, a alma precisa estar livre do corpo ou momentaneamente separada dele, para vislumbrar verdades superiores.”(1)

Os prazeres do corpo não podem ser desvinculados da saúde. Os glutões, por exemplo, jamais serão felizes. São suicidas do prazer, comem e bebem em tamanha fartura que todo o seu organismo entra em colapso. Tornam-se doentes, o corpo perde a boa forma e começa o sofrimento, é uma via de autodestruição.

Muitos se perguntam também sobre os prazeres sexuais, estes são totalmente vinculados à felicidade, desde que não desobedeçam a regra sobre ligarem-se à saúde. E quando falo de saúde falo também de uma consciência equilibrada, pois como a ciência atual muito sabe, um corpo doente adoece também a mente e vice-versa.

Orodreth: Oh! Como este assunto é interessante, e a quantas vias pode nos levar! Não me colocarei em posição de desânimo, farei a ti muitas perguntas e trarei também meu pensamento, para que esse objetivo tão importante, se não o mais importante dos seres, fique tão claro quanto um dia abençoado por Apolo.


Lord Vincus: E me será de grande prazer partilhar com você todo o meu conhecimento acerca disto, e de aprender tudo que puder.

Orodreth: Minha alma rejubila por conhecer isto, e meu coração dispara enquanto meu corpo se ouriça.


Lord Vincus: É o que sentimos, quando tratamos do nosso ofício.

(continua)

Notas:
(1) – Lord Vincus,2012, O pré principio anterior ao inicio sem fim, Jornal O Bruxo, Filosofia Oculta.

0 comentários:

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Hostgator Discount Code
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...