Hoje
eu gostaria de falar um pouquinho sobre os ancestrais. Em praticamente todas as
religiões pagãs atuais que bebem nas fontes antigas, o respeito e a honra aos
ancestrais faz parte de todos os ritos, e não somente dos que acontecem na
época do Samhain, por exemplo. Eles fazem parte do cotidiano de muitos druidas
e druidistas, que em seus altares lhes fazem oferendas e lembram sua memória.
Mas quem são os ancestrais, no Druidismo? Eles são de sangue, são de alma, e
são da terra. Sua bisavó, celtas galeses e os indígenas e povos que aqui
viveram muito antes de nós chegarmos são exemplos de ancestrais. Ao lado de
deuses, não-deuses e dos espíritos dos 3 reinos, estão os ancestrais. Fazem
parte da nossa “grande tribo espiritual”.
Nas
lendas irlandesas, por exemplo, muitos deuses e/ou heróis são apresentados com
suas genealogias, algumas citadas até o parente mais antigo conhecido. É a
forma de saber de onde ele (ou ela) procede, qual é a sua linhagem. Mabon ap
Modron, Cormac, filho de Art, filho de Conn das Cem Batalhas e a Rainha Medb,
que tem sua linhagem apresentada no conto Táin
Bo Cuailnge, são apenas três exemplos de como era importante a memória da
linhagem da qual se provinha, que podia não ser só de sangue como também de
criação. A adoção de um filho para os celtas era um aspecto de grande dignidade,
que além de um costume social era também uma forma de aliança e respeito entre
as famílias. Mas isso é assunto para outro dia.
Aqui
no Brasil ainda se vê muito esse costume de "apelidar" os filhos com
o nome de seus genitores, principalmente nas cidades do interior. Tem sempre um
“Roberto de Mariana” ou uma “Fabiana de Zé Maria”, sempre um filho ou filha que
mesmo com o sobrenome dos pais, é mais lembrado pelo nome de seu pai ou sua
mãe, depende de qual dos dois é mais conhecido na comunidade.
No
entanto, os ancestrais não são apenas os que estão na árvore genealógica dessa
vida. No Druidismo também se honram os ancestrais da tribo e os da terra onde
vivemos, como já foi dito acima. Há deuses que são reverenciados como
ancestrais de tribos, há pessoas que se identificam com determinados povos em
especial: gauleses, celtibéricos, galeses, irlandeses... e a eles fazem suas
oferendas, pedem sua sabedoria e os reverenciam. E claro, também há os que
honram toda a herança celta que foi deixada para aqueles que hoje seguem seus
passos.
E
por último, temos os ancestrais da terra que vivemos - em nosso caso, o Brasil.
São aqueles que estiveram aqui antes de nós: povos indígenas e os que vieram antes
deles, todos merecem nossa reverência.
Guardar
a memória e a sabedoria dos antigos pode parecer uma bobagem, uma coisa fora de
moda, e não duvido que muitas pessoas pensem dessa forma. Só basta assistir aos
telejornais, ou somente ler as notícias em um site. São pais matando filhos,
filhos matando os pais ou avós, pessoas que não dão o mínimo valor às suas
heranças culturais, depredando e destruindo monumentos que representam essa
herança. Perdemos muito desse respeito pelos ancestrais, e reencontrar esse
respeito é muito importante não só para um druidista, mas para qualquer pagão
de qualquer vertente.
Bem,
é isso. Ficam aí minha opinião e sugestão de reflexão, leitores. Até a próxima!
Sugestão de leitura - Táin Bó Cúailnge
1 comentários:
muito bommmmmmm!!!
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