sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Bosque: Jornada aos 3 Mundos

Hoje deixo os leitores com uma meditação criada pelo druida americano Ian Corrigan, intitulada “Jornada aos TrĂȘs Mundos”. Basicamente Ă© uma introdução prĂĄtica aos mundos da Terra, Mar e CĂ©u que fazem parte da concepção celta. NĂŁo Ă© nada complicada de fazer, e uma vez que vocĂȘ tenha a sequĂȘncia em mente, o resto vai fluindo. Se tiver alguĂ©m junto que possa conduzir a jornada, melhor ainda. De qualquer forma, Ă© um excelente exercĂ­cio. 

Preparação 


Respiração bĂĄsica e relaxamento. Indução de nĂ©voa, que aos poucos vai cobrindo e tomando conta do espaço onde vocĂȘ se encontra e o faz flutuar. Depois sinta-se flutuando para baixo. 
Repouse, a nĂ©voa clareia... 

1: A Terra 

VocĂȘ veio descansar em um solo estranho. A nĂ©voa clareia, e se espaça em uma gentil brisa. À medida que sua visĂŁo vai melhorando, vocĂȘ percebe que estĂĄ na clareira de uma floresta. VocĂȘ lembra sua busca – procurar o contato com a essĂȘncia dos trĂȘs mundos. 

A floresta estĂĄ por toda a volta, luz cinza salpicada atravĂ©s das folhas das ĂĄrvores. O chĂŁo de plantas e folhas macias abaixo de vocĂȘ, o cheiro da terra ao seu redor. VocĂȘ se levanta em sua visĂŁo. Acima de vocĂȘ, o cĂ©u tem uma claridade prateada, mas sem sol, a luz quebrando aqui no chĂŁo da floresta. 

Enquanto vocĂȘ estĂĄ parado de pĂ© na clareira, vai se virar para as quatro direçÔes. Contemple cada direção, e deixe a visĂŁo se tornar clara e completa. Enquanto vocĂȘ vira, um animal ou pĂĄssaro vai aparecer em algum lugar Ă  sua frente. VocĂȘ começa a andar, procurando pelo povo da terra. 

Enquanto vocĂȘ anda atravĂ©s da floresta, observa a natureza. Abra seu coração e busque um contato amoroso com os espĂ­ritos da terra. Observe qualquer resposta, mas continue andando, andando atravĂ©s dessa floresta. 

Finalmente vocĂȘ chega a uma clareira bem larga na floresta. No centro da clareira estĂĄ um monte, do tipo antigo, um pequeno monte funerĂĄrio, dentro de um cĂ­rculo de pedras. À sua frente, a porta de entrada para o monte, um arco estreito de pedras gigantes, cujo batente de pedra Ă© esculpido com cĂ­rculos e espirais. No interior da porta tudo estĂĄ escuro, e dela sobe uma fina corrente de fumaça. 

VocĂȘ sabe que esse Ă© seu local de destino, entĂŁo vocĂȘ caminha sem medo para o portal e adentra o escuro, para dentro de um tĂșnel descendente, com paredes de pedra fria. O tĂșnel vira para a esquerda e para baixo na escuridĂŁo, vira novamente voltando para a direita, atĂ© que adiante uma ofuscante luz vermelha se torna visĂ­vel. Seus passos te levam para dentro de uma cĂąmara de teto alto e paredes de gigantescas lajes. A luz vem de um fogo, queimando em um altar circular erguido no centro da cĂąmara. A luz oscilante do fogo revela entalhes de animais e plantas. 

VocĂȘ vai atĂ© o fogo e contempla sua luz que sempre muda. VocĂȘ volta sua mente para a terra. Conforme vocĂȘ olha o fogo, os espĂ­ritos da terra podem vir a vocĂȘ, podem se revelar. Deixe a sua mente alcançar os desertos e selvas, as tundras e bosques, as planĂ­cies e montanhas. Chame pelas mentes vivas que repousam dentro da pedra e do solo. 

VocĂȘ se encontra dentro do monte, o chĂŁo abaixo de seus pĂ©s, o fogo diante de seus olhos. VocĂȘ sente uma presença Ă s suas costas e se vira. VocĂȘ vĂȘ um espĂ­rito da terra parado Ă  sua frente. 

A forma do espĂ­rito se torna clara – seu rosto, seu corpo, suas vestes. O espĂ­rito estende uma mĂŁo, oferecendo-lhe um presente. VocĂȘ aceita o presente com agradecimentos a este guia da terra. 

O espĂ­rito gesticula, e atrĂĄs do altar ardente um painel de pedra entalhada se abre. Pela porta, vocĂȘ pode ver o oceano. VocĂȘ pisa em torno do fogo, e sai para a praia. 

2: O Mar 

VocĂȘ para na beira mar, e lembra-se da terra e seu presente. VocĂȘ olha para o oceano, ouve o som das ondas na areia, sente o vento que sopra do mar, cheira o ar salgado. 

Um bela gaivota prateada voa da direita para a esquerda atravessando o cĂ©u. Seus olhos seguem o pĂĄssaro. Na praia vocĂȘ vĂȘ um navio, um navio de madeira branca, com velas azuis e acessĂłrios de prata. Uma rampa de desembarque desce do navio para a praia. 

VocĂȘ anda pela praia e sobe da rampa para o convĂ©s do navio. Nenhuma tripulação Ă© visĂ­vel, mas a rampa Ă© puxada para cima, as velas se enchem com um vento refrescante, e a proa se vira para longe da terra enquanto o barco veleja. 

O navio veleja com velocidade mĂĄgica, deslizando sobre as ondas enquanto as gaivotas chamam acima da cabeça. Peixes o seguem, e pulam em volta da embarcação. TrĂȘs golfinhos vĂȘm para pular e brincar, correndo a frente do navio. 

Longe da terra firme, o navio diminui para uma parada. Na calmaria gentil das ondas, a prancha de desembarque abaixa de novo, para a ĂĄgua. No fim dela, os golfinhos esperam. 

VocĂȘ desce pela prancha para dentro das ĂĄguas do mar. A ĂĄgua fria Ă© refrescante e te ampara. Os golfinhos vĂȘm e levantam vocĂȘ, e rindo o carregam com eles enquanto mergulham no mar. 

VocĂȘ nĂŁo sente necessidade de respirar enquanto passa por baixo das ĂĄguas, enquanto vocĂȘ desce na viagem entre a vida do mar. Abra seu coração Ă  vida do mar conforme viaja em seu paĂ­s. 

VocĂȘ Ă© levado atravĂ©s do mar pelos fortes e amigĂĄveis animais atĂ© que chega numa grande montanha embaixo do mar, seu pico muito abaixo da superfĂ­cie. A ĂĄgua agora fica morna, e vocĂȘ vĂȘ que o topo dessa montanha Ă© plano. Sobre ele, estĂĄ um anel de pedra, e em seu centro uma piscina de lava fumega e borbulha. Ela brilha em um vermelho quente, e fluxos de lava correm para o mar, esfriando-o. 

Os golfinhos o levam em direção da lava e vocĂȘ olha fixamente seu brilho. VocĂȘ volta sua mente para o oceano. Deixe sua mente te levar para as valas e os recifes, para as estranhas fontes das correntezas, para os quentes bancos de areia e as estradas de baleias, para a tempestade furiosa e calmas profundezas cheias de vida. Conforme vocĂȘ olha a lava, os espĂ­ritos do oceano podem vir a vocĂȘ, podem se revelar. Chame pelas mentes que vivem nas profundezas antigas. 

Flutuando lĂĄ na montanha, os golfinhos esperando ao seu lado, vocĂȘ sente uma presença Ă s suas costas. VocĂȘ vira e lĂĄ estĂĄ um espĂ­rito do oceano. A forma do espĂ­rito pode ser agradĂĄvel a vocĂȘ, seu semblante, seu traje. Ele, ou ela oferece um presente, e vocĂȘ pode optar por aceitĂĄ-lo. 

O espĂ­rito gesticula, e o golfinho carrega vocĂȘ novamente. Eles começam a levĂĄ-lo para cima, acelerando atravĂ©s das ĂĄguas escuras para mares mais claros, para cima em direção Ă  clara superfĂ­cie. Eles alcançam a superfĂ­cie e pulam alto, levando-o acima das ondas. De repente vocĂȘ se sente pego no ar por um poderoso corpo, que te leva em direção ao cĂ©u. 

3: O CĂ©u 

Conforme vocĂȘ sobe no ar, ao olhar para baixo vocĂȘ vĂȘ um enorme cisne branco, te carregando gentilmente pelos cĂ©us. Suas poderosas asas batem e seu nobre pescoço se estende Ă  sua frente. VocĂȘ se lembra do oceano, e de seu presente. 

VocĂȘ sobe mais e mais alto, atravĂ©s de bancos de nuvens, passa por bandos de pĂĄssaros cantando. VocĂȘ sente o ar frio e puro do cĂ©u, vĂȘ o passar das nuvens e correntes de ar, o cĂ©u que circunda completamente o globo do mundo. Abra seu coração para o cĂ©u, buscando a consciĂȘncia de seus espĂ­ritos, tempestade e estimada noite, vento e gentil chuva, enquanto o cisne o carrega atravĂ©s do cĂ©u prateado. 

O cisne voa a uma velocidade impressionante. VocĂȘs se aproximam de um enorme banco de nuvens, onde elas se empilham brancas e fofas para o alto, acima de sua cabeça, vocĂȘ vĂȘ canyons e vales de nuvens. Perto de sua base estĂĄ preto, e vocĂȘ ouve o ribombar de um trovĂŁo. 

O cisne o carrega para uma pequena planĂ­cie na nuvem, e vocĂȘ desce escorregando pelo dorso, para ficar em pĂ© na superfĂ­cie branco acinzentada. Diante de vocĂȘ as convoluçÔes das nuvens abrem como um labirinto, no qual vocĂȘ entra. 

O caminho Ă© livre atravĂ©s de um vale de nuvens, atĂ© vocĂȘ chegar a um arco de puro branco, com uma torre de nuvem se erguendo por atrĂĄs. No centro do arco uma bola de fogo flutuante lampeja, crepitando e silvando no ar Ășmido. 

Contemple o fogo, e volte sua mente para o cĂ©u. Enquanto vocĂȘ olha o fogo, os espĂ­ritos do cĂ©u podem se revelar a vocĂȘ. Deixe sua mente alcançar o cĂ©u, para os ciclos de chuva e vento, ao reino dos pĂĄssaros logo acima dos topos das ĂĄrvores, para o alto onde os ventos sĂŁo mais fortes e velozes. Chame pelas mentes vivas que existem por trĂĄs do vento e da chuva. 

VocĂȘ se encontra em pĂ© em um templo de nuvens, o branco imponente, o estrondo do trovĂŁo e a labareda de fogo. VocĂȘ sente uma presença atrĂĄs de vocĂȘ, que se vira para ver o mensageiro do cĂ©u. 

A forma do espĂ­rito se torna clara, seu traje, sua aparĂȘncia. O espĂ­rito te oferece um presente, o qual vocĂȘ pode aceitar se quiser. 

O espĂ­rito faz um gesto, e o cisne o pega e o coloca em seu dorso, acelerando para cima de novo, para acima das nuvens, atĂ© o cĂ©u prateado ser deixado para trĂĄs, atĂ© o sol e a lua serem ambos visĂ­veis em sua glĂłria. 

VocĂȘ se lembra dos trĂȘs mundos, de sua experiĂȘncia em cada um, e das dĂĄdivas recebidas. Agradeça, e lembre que quando vocĂȘ desejar retornar aos mundos interiores, para entrar em contato com os espĂ­ritos, este terĂĄ sido o primeiro passo. Ele abriu o caminho. 

4: O retorno 

VocĂȘ monta nas costas do cisne e ele começa a descer gentilmente, de volta para a nĂ©voa espiralada abaixo. Juntos vocĂȘs voam para baixo, em direção ao mundo comum, relembrando de tudo Ă  medida que vocĂȘ desce de volta para seu corpo. 

O cisne parte, e novamente aparece Ă  sua volta aquela bruma. Lembre-se de seu corpo, sentado aqui. VocĂȘ flutua de volta para seu corpo, acomodando-se gentilmente. 

Respire profundamente. Se estique e sinta sua carne se mover. Enquanto abre seus olhos, perceba que retornou a sua vida comum. Sua mente clara e descansada, preenchida com a memĂłria do maravilhoso, mas pronta para retornar Ă  sua vida comum, com as bĂȘnçãos dos trĂȘs mundos! 

Tradução: Renata Gueiros

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