Este é meu primeiro artigo para O Bruxo, e não sei bem como começar; inícios sempre são delicados. Em nossa vaidade, queremos causar boa impressão, ao mesmo tempo em que desejamos compartilhar um pouco do nosso conhecimento com aqueles que se interessam e seguem o mesmo caminho. Resolvi começar apontando como uma pessoa pode iniciar sua busca pelo Druidismo e/ou Reconstrucionismo Celta (RC). Creio ser um bom começo.
É sempre importante que se tenha em mente que o conhecimento druídico da Idade do Ferro (ou seja, o “original”) era transmitido de forma oral. Durante longos anos, aqueles que eram enviados para os druidas aprendiam os ensinamentos, mitos, canções, códigos de conduta, sistemas mágicos, entre outros conhecimentos, de forma oral e prática, quase nunca escrita. E apesar de lamentar bastante por isso, é fácil reconhecer a sabedoria dos que optaram por este sistema.
A palavra escrita pode ser interpretada da forma que se quiser, pode ser “roubada”, deturpada, mal entendida. E pior, o conhecimento escrito fica lá, eternamente gravado, como se fosse algo imutável, engessado, fixo. Em minha opinião, isso é um perigo para qualquer religião que tenha como base a sacralidade da natureza e do universo. Uma vez que tudo é vivo, mutável e cíclico, como se pode querer definir esse tudo em meras palavras escritas?
Enfim... os celtas e druidas do passado se foram, dizimados por guerras, conquistados e assimilados por outros povos, outras culturas, outra religião. E o que restou de seus costumes e ensinamentos, pode ser encontrado em obras de escritores gregos e romanos, como é o caso do relato bélico de Júlio César – De Bello Gallico, ou nas lendas irlandesas e galesas compiladas na Idade Média, por monges cristãos. Que ironia, não? Como material de estudo ainda podemos contar com publicações arqueológicas e antropológicas, que ajudam a confirmar e esclarecer (ou não) as fontes escritas.
Mas e aí, onde estão os bardos, vates e druidas? Hoje em dia, aqueles que seguem o caminho druídico não vivem mais em tribos no meio de florestas, não guerreiam por sua liberdade ou caçam por sua comida, mas ainda procuram seguir os códigos morais e as práticas dos antigos. Moram em cidades ou na zona rural, a maioria tem acesso a todas as ‘modernidades’, como computador e internet.
Aqui no Brasil o Druidismo/RC é uma religião que vem crescendo em adeptos, pouco a pouco, com pessoas de todas as partes do país. E é importante que nos conheçamos e troquemos conhecimentos, experiências, idéias... porque há muita desinformação e interpretações errôneas. E sem ter mestre que guie, como pode um aluno aprender adequadamente?
Procurar por pessoas que estejam há mais tempo no Druidismo/RC é o primeiro passo. Através delas, você pode tirar dúvidas, receber indicações de bons livros, bons sites, trocar idéias e tirar dúvidas sobre como celebrar os festivais, por exemplo. Se não existir algum grupo na sua cidade, as redes sociais e listas de discussão estão aí para isso. E claro, não esqueça que não se vive virtualmente, tem que sair de casa, tem que sentir os pés na terra, na grama, sentir o cheiro de mato e o vento nos cabelos. E por favor, não se engane... o Druidismo, como toda religião, é um caminho de buscas e encontros com o divino e sua sabedoria. Não espere que alguém procure o conhecimento por você, isso deve ser de sua iniciativa, de seu interesse. E seja uma pessoa melhor por isso.
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