terça-feira, 4 de setembro de 2012

Filosofia Oculta: Introdução ao cógito Vincuniano

(PS: Esse texto não visa ofender qualquer crença, leia-o com atenção.)

Introdução   
Muitos tomam como verdadeiras as crenças religiosas dadas, sem nenhum conhecimento acerca da mesma. Outros, os espíritos mais velhos, direcionam sua atenção ao conhecimento das coisas imutáveis e as leis gerais da natureza.

Os espíritos mais novos, os religiosos ou os ignorantes de si mesmos e de seu objeto de perseguição, seja ele qual for, contentam-se em pouco saber e preocupam-se com a mera diminuição de seu sofrimento. Essa maioria, em geral os frágeis e efeminados(3), pouco produzem de fato; e quando juntos somam uma grande força de atraso ou contenção do avanço moral e intelectual.

Para aqueles que são desatentos, será muito fácil julgar esse texto como uma apologia a discriminação religiosa ou de alguma cultura. Esses apressados devem tomar maior cuidado, pois estarão sendo tão preconceituosos como me julgaram ter sido nessas breves linhas. O que trago aqui é fruto de mera observação.

Não pensem, pois, que julgo esses espíritos mais novos como coisas sem uma possível solução, ao contrário disto. Julgo que como toda criança, estes são passíveis de educação, e se permanecem jovens por muito tempo é simplesmente por que o mundo no qual fazem parte não passa de uma grande creche, na qual os adultos se escondem e as crianças vivem em pleno gozo de sua natureza monstruosa.


1. A religião e os religiosos 
Muitas obras trarão o significado da palavra religião à ideia de religação. Esta religação pode ser dada com o quê exatamente? Com o “divino”? Com a natureza? Consigo mesmo? Seja qual for o significado real, ser religioso na maioria dos casos é apenas uma forma de justificar ou mascarar suas próprias fraquezas.


O homem que um dia sonhou em conectar-se com o divino, aprender suas sabedorias, tecnologias e prazeres (em alguns casos), agora apenas ostenta seus “deuses” como obras de arte cuja admiração se perde a cada dia e aos poucos não passam de objetos de comparação. Há ainda os monoteístas, que brigam entre si por um brinquedo como crianças mimadas ou como jovens irmãos competindo pela predileção do pai.

Desses tipos de religiosos que são os religiosos comuns, eu me afasto, assim como os antigos evitavam os leprosos, pois as chagas desse intelecto doentio produz um suco ácido que pinga na terra, e ali havendo boas plantas, acabarão com as folhas queimadas, e se as terras ainda não houverem sido cultivadas nascerá ali todo tipo de broto venenoso.

Mas os espiritualistas, aqueles que colocam suas crenças sob suspeita, experiência e razão, estes dispostos a sempre evoluir em prol de um Bem, sem acorrentar-se a doutrinas ou vícios e temores, esses espíritos mais velhos que por onde passam semeiam ervas desintoxicantes e árvores frondosas e de doces frutos, desses mantenho-me mais próximo, pois muito produzem de fato, vivem por si e possuem maior liberdade.

Veja quanto mal uma simples crença pode vir a fazer, quando ao invés de somar e fortalecer, ela subtrai e enfraquece. Qual sentido há em acostumar-se a uma vida de servidão ao sobrenatural? Porque os homens buscam um pai ou uma mãe transcendental para lhes dar cuidados ao invés de buscar a própria independência? Porque se ofendem quando maldizemos seus deuses?

Os religiosos estão sempre a chorar para ou por causa daquilo que idolatram e contraditoriamente sentem-se superiores por crer receber alguma esmola do divino.

2. Produção de fato
Tentarei ser breve nesse tópico, embora ele seja de demasiada importância.

Tudo o que existe, existe para algum fim. E aquelas cujo fim não é evidente são falsamente tomadas como inúteis.

Como diria o filósofo(1): “2. Se há, então, para as ações que praticamos, alguma finalidade que desejamos por si mesma, sendo tudo mais desejado por causa dela, e se não escolhemos tudo por causa de algo mais (se fosse assim, o processo prosseguiria até o infinito, de tal forma que nosso desejo seria vazio e vão), evidentemente tal finalidade deve ser o bem e o melhor dos bens.”(2).

“[V – Todos concordam em que o fim último é a felicidade(eudaimonia); mas discordam quanto à sua natureza]’’(2)

Todas as ações e todas as buscas, tantos as mais elevadas quanto as mais medíocres devem ter como fim a Felicidade, mesmo as atividades e produções que não levam a ela, a possuem como fim.

Todas as atividades que levam à felicidade como fim são produções de fato, pois todo ato necessário à natureza do homem deve ter como produto a própria felicidade.

Pois é ela que os homens procuram na religião, nas ciências e em qualquer outra atividade, os que conhecem o fim buscado, e não atrapalham outros na busca, são produtores de fato, e os que agem ao contrário, podam e manipulam, não o são.

3. Deus
Pouco importa a um ser supremo e onipotente, se existir, o fato de acreditarmos ou não nele, as qualidades já mencionadas o tornam isento de ofensas.
Se os religiosos concordam que o fim natural de tudo é Deus (mesmo ele sendo também a força motriz ou o princípio) concordarão comigo que Deus aqui será apenas mais um nome para a felicidade.
Não interessa que nome se dê a este ente, ou qual natureza possua, este deve ser necessariamente a felicidade, caso não seja, buscá-lo significaria uma afronta a natureza humana.


Notas: 

(1) – Aristóteles 

(2) – Retirado de: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco – Livro I. Tradução: Gama Kury, M. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Pensadores) pp. 118-136. 

(3)- Sentimentalmente frágil, que se ofende com facilidade.





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