Semana passada vimos que Osíris foi assassinado e preso em uma arca que foi jogada no rio Nilo (clique aqui para ver o início da história). Esta semana continuaremos sua história que nos faz refletir sobre os mistérios da morte e da vida.
Osíris desceu todo o Nilo. E enquanto seu povo e sua amada choravam sua morte, Osíris fazia uma jornada que um dia todos iremos fazer.
Não existem muitos registros históricos sobre os ritos que aconteciam para celebrar os mistérios de Osíris e Ísis, pois apenas uma parte da celebração podia ser vista: a dor de Ísis pela perda de seu amado. A dor do luto. A dor do Egito. Então, o que sabemos é que enquanto Ísis procurava por toda a extensão do Nilo a arca com o corpo do seu amado, Osíris percorria um caminho que o que imaginamos é que seja sombrio e escuro.
Osíris encarna os mistérios da morte. Desta jornada nada podemos saber até chegar a nossa hora, por isso, o que acontecia com a alma de Osíris no mundo dos mortos, o que ele aprendia e descobria atravessando este caminho não nos é dado saber.
Mas, o corpo de Osíris foi protegido até que sua esposa o achasse. A arca foi depositada gentilmente nas margens do Nilo em Biblos, perto de uma moita de urze que cresceu e cobriu toda a arca protegendo-a. O rei destas terras ficou maravilhado com a árvore que cresceu de uma forma tão estranha em sua terra, da noite para o dia. E mandou que cortassem um pedaço, que era justamente o que continha a arca e com ela fez um pilar de sustentação em seu palácio.
Ísis acabou por saber dessa história e foi até lá buscar o seu amado, ao conseguir permissão para cortar a árvore e levar consigo a arca, ela ficou extasiada. Seu marido precisava ser enterrado no Egito. Era preciso seguir os antigos costumes, pois só assim seu amado descansaria em paz.
Ísis levou consigo a arca e continuou sua jornada escondendo-se de Seth que não gostaria de ver Osíris de volta as terras egípcias. No entanto, a sua dor era tão grande que ela não resistiu, encontrou um lugar tranquilo e acolhedor e abriu a arca para ver mais uma vez o rosto do seu amado. Ao fazer isso, ela chorou e suas lágrimas banharam a face de Osíris, e acredito que um pouco de sua dor acabou por tocar a alma de seu amado que já ia distante. Ísis chamou por ele e beijou-o, e ao beijá-lo, ela sentiu um pouco de Ka (a energia vital, para os egípcios) em seu amado. Ísis ficou exultante, descobriu que ainda havia esperança de trazer Osíris de volta. Ela beijou-o novamente e fez amor com ele, a fim de trazê-lo de volta à vida pelo poder do seu amor e da sua dor, respectivamente. Osíris voltou um pouco mais à vida, mas Ísis percebeu que precisaria da ajuda de Néftis e Anúbis para curá-lo totalmente e trazê-lo de volta em todo o seu esplendor.
Ela então disse para ele que já voltava, e fechou a caverna em que se encontravam com uma pedra, pois estavam no meio de uma plantação de papiro e ela acreditou que as plantas iriam proteger o seu esconderijo. Partiu com pressa a fim de chamar sua irmã e seu sobrinho. No entanto, Seth caçava ali perto e seus cães farejaram o seu inimigo, e ao entrar na caverna e ver Osíris ainda com Ka e se fortalecendo cada vez mais, fez sua fúria ser imensa e tamanha que ele despedaçou o corpo do irmão em 14 pedaços. Cada pedaço ele jogou em um canto diferente do Nilo, para que Ísis não fizesse novamente sua mágica, para que ela nunca mais pudesse ver o corpo de seu amor.
Osíris assim foi definitivamente jogado no mundo dos mortos. Não havia mais um corpo para o qual pudesse retornar.
E o resto da história ficará para a semana que vem. Beijocas estaladas no coração de todos!
Bibliografia Consultada:
- ELLIS, N.; Deusas e Deuses Egípcios: Festivais de Luzes: Celebrações para as estaões da vida baseadas nos mistérios das deusas egípcias. São Paulo: Mandras, 2003;
- GENEST, E., FÉRON, J., DESMURGER, M. ; As mais belas lendas da mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
- REGULA, D.; Os mistérios de Ísis: seu culto e magia. São Paulo: Mandras, 2004;
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