quinta-feira, 10 de maio de 2012

Caminhando entre as Deusas: Ísis (parte 3)

Recado da autora: para ver a história da parte 1, clique aqui.
Para ver a história da parte 2, clique aqui.

Seth encontrou o corpo de Osíris, enquanto Ísis tinha ido pedir a ajuda de Anúbis e Néftis, e ficou irado! Então, pegou o corpo de seu irmão e o esquartejou em 14 pedaços que jogou ao longo do Nilo.

Quando Ísis descobriu, Ela saiu em busca novamente dos pedaços de seu amado, tendo como companheiros de jornada Anúbis e Néftis. Em cada local que um pedaço do corpo de Osíris era descoberto, Ísis construía um túmulo e fazia um funeral, e esse fato explicaria a grande quantidade de túmulos que dizem ser de Osíris no Egito. Ela fez isso para que Seth nunca descobrisse onde está o verdadeiro corpo de Osíris. Além disso, também dizem que ela mandou construir várias estatuas do Deus para que honras em sua homenagem fossem feitas, e assim também confundir Seth.

A história conta que Ísis encontrou 13 pedaços e o 14°, o pênis, não foi encontrado porque ao cair no rio foi engolido por um peixe; e por isso alguns peixes de água doce não são ingeridos no Egito. Ísis para trazer Osíris de volta à vida precisava ter todas as partes do seu corpo, e por isso fez uma réplica de ouro do falo de Osíris. Com a ajuda de Anúbis e Néftis, eles construíram a primeira múmia do Egito.

Ísis deu a Osíris o direito de escolher se voltaria ou não. Osíris responde ao chamado de sua amada. Passa um tempo com ela, tempo em que ela concebe o filho deles, Hórus. No entanto, Osíris volta para o mundo dos mortos e torna-se o senhor daquele mundo, guiando e protegendo as almas que fazem a mesma travessia que ele fez. Anúbis torna-se o seu braço direito e Ísis precisa ficar na terra para continuar protegendo seu povo, para que eles não sofram o que ela sofreu e para que Seth não mate seu filho, nem suba ao trono. Então, Ela governa até que seu filho esteja pronto para ocupar o trono do pai e vingar sua morte.

Ísis e Osíris fizeram cada qual uma jornada. Na jornada de Ísis, Ela aprendeu pela dor o caminho para o seu poder pleno, o poder da sua completude, o poder da criação. Com Osíris vivo, Ela não possuía a necessidade de criar e isso explicaria porque ela só concebe um filho do Deus após a sua morte. A dor levou à necessidade de reinventar um mundo em que seu amado não mais estaria. No entanto, como Osíris volta e doa um pouco de si, deixando uma semente no ventre da Deusa, ele a salva de uma vida sem sentido regada a dor e lágrimas. Ele dá para Ela um objetivo para continuar neste mundo. Como casal divino que mesmo após a morte continuam se amando e juntos, eles continuam emanando poder e por isso, acabam por aumentar o seu reinado, agora eles guiam os povos nos dois mundos: o dos vivos e o dos mortos.

A importância de se compreender este mito, o poder restaurador de Ísis e atravessar com Ela sua dor e seus lamentos, encontra-se na necessidade que temos de admitir que perdemos pessoas e entes queridos, e que só poderemos traze-los de volta a partir de um poder interno que restaura e cria um novo mundo em que o objeto de amor perdido não mais se encontra fora de nós, e sim que ele faça parte de nós, esteja dentro de nós como algo novo, criado de nossas lembranças, de nossos sentimentos. E isso o integra para sempre em nossas almas e então, não estamos mais incompletos, o encontramos enfim, para poder descansar e diminuir a dor, a completude dentro de nós mesmos.

Alguns aprendem pela dor, outros pelo vazio e pela escuridão. O mito de Ísis e Osíris é muito belo e importante para mim. A medida que Ísis procura por Osíris e pelas partes de seu corpo, para mim, é como se ela estivesse procurando pedaços de si mesma, o seu próprio eu que se perdeu com a ausência de seu amado. E ao reunir novamente o corpo de Osíris, Ela descobre que está inteira novamente e que agora Ela está diferente. Ao lê-lo é como se estivesse revivendo e buscando na minha própria jornada o Osíris que preciso ressuscitar para trazer-me novamente ao mundo. Então, gostaria que vocês comentassem o que sentiram ao lê-lo, o que trouxe à memória e o que aprenderam com Ísis e Osíris, se for possível, claro!

Então, até a próxima semana e beijos estalados na bochecha de todos!

Bibliografia Consultada:
- ELLIS, N.; Deusas e Deuses Egípcios: Festivais de Luzes: Celebrações para as estaões da vida baseadas nos mistérios das deusas egípcias. São Paulo: Mandras, 2003;
- DONATELLI, M. (coord.); O livro das Deusas – Grupo Rodas da Lua. São Paulo: Publifolha, 2005;
- IONS, V.; História ilustrada da Mitologia. 1° Ed., São Paulo: Editora Manole Ltda, 1999; - MARASHINSKY, A. S.; O oráculo da Deusa: um novo método de adivinhação. São Paulo: Pensamento, 2007;
- MONAGHAN, P.; O caminho da Deusa: mitos, invocações e rituais. São Paulo: Pensamento, 2009.
- PIETRO, C.; A arte da invocação: invocações, textos ritualistícos e orações sagradas para praticantes de Wicca, Bruxaria e Paganismo. São Paulo: Gaia, 2008;
- PIETRO, C.; Todas as Deusas do mundo: rituais wiccanos para celebrar a Deusa em suas diferentes faces. 2° Ed. São Paulo: Gaia, 2003 (Coleção Gaia Alémdalenda);
- REGULA, D.; Os mistérios de Ísis: seu culto e magia. São Paulo: Mandras, 2004.


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