terça-feira, 22 de maio de 2012

Filosofia oculta: ( Parte 4: O uno e o demiurgo)

( Parte 4: O uno e o demiurgo)

Orodreth: Um deus único? Fala agora como um desses cristãos protestantes liberais, que ignoram todos os nossos deuses, digo - de nossos seres superiores, sé que posso chama-los de deuses, seguindo teu pensamento. Ora Vincus, está quase a me convencer.


Lord Vincus: Cristão? Por acaso não me ouviu dizer que Deus precisa ser perfeito? Por acaso nunca se pôs a ler o livro de Moisés? Aquele que os bajuladores chamam de Gênesis?


Orodreth: Não, nunca o li.


Lord Vincus: Imperdoável seu desinteresse, Orodreth, mas não me interessa. Nesse mesmo livro, o “deus” bíblico, arrepende-se após o dilúvio [Gênesis 6.6]. O que é o arrependimento se não a constatação de um erro, e o desejo de não ter errado? Como algo poderia ser mais imperfeito que isso? E quando este ira-se? Como a onipotência pode ser passiva de ira? Ou de qualquer outro sentimento? O motor primeiro não pode ser passivo a nada. Ele é causa sempre, não sente amor, é causa do amor, não sente fúria, mas é causa desta, não em si mesmo obviamente, pois, como ser perfeito é não passivo.


Orodreth: O “deus” cristão, quando bem pensado sob seu ponto de vista, faz lembrar o Demiurgo.


Lord Vincus: Totalmente plausível, mas isso implicaria retirar dele muito de seus títulos, seria impiedade com o pré-principio chamar o “deus” cristão perfeito e onipotente. [...]

Orodreth: Tu disseste também, que Deus é eterno, logo sempre existiu e vai existir sempre.


Lord Vincus: Obviamente, nada há mais potente, que possa destruí-lo.


Orodreth: Bem, a cerca do divino, sinto-me satisfeito, mas todo esse diálogo me deixou curioso acerca da morte e da destruição. O demiurgo pode morrer? Quero dizer, ele irá acabar?
Lord Vincus: Evitarei alongar-me falando da morte, pois sobre esta já discorri bastante em outro escrito.


Orodreth: Sim, no diálogo acerca da morte e o mito do deus polvo.


Lord Vincus: Correto, mas entendo necessário pincelar um pouco acerca da destruição. Nada que existe é destruído, já que a destruição significa transformar-se em nada, num zero absoluto. E como já foi dito, o nada não existe, pois se existisse precisaria existir antes de Deus, e se Deus é eterno o nada não pode existir.
Outro detalhe meu caro: já concordamos que Deus criou tudo por pensamento, e logo, por pensamento podemos conhecer tudo, pois só o semelhante reconhece o semelhante. Mas observe que não podemos pensar o nada, este de fato só existe em nome, pois uma vez que não podemos pensa-lo, significa que de maneira alguma foi criado, e como nada, esse não poderia vir a ser alguma coisa, seria eterno, e o único eterno é o motor imóvel...


Orodreth: Ainda não respondeu minha pergunta.


Lord Vincus: Então mantenha os ouvidos atentos e mais abertos que a boca, pois ainda não terminei de falar.
Com efeito, o Demiurgo é imortal, pois nada que existe pode deixar de existir; não confunda imortal com eterno, ambos são muito diferentes, tudo que é eterno é também imortal, mas nem tudo que é imortal é eterno, e eterno só é Deus.


Orodreth: Poderia ser ainda mais claro.


Lord Vincus: Com certeza, observe que eterno é tudo aquilo que é sempre, e o imortal pode ter sido criado, como pelo pensamento, e uma vez feito não é destruído jamais, logo jamais morre.


Orodreth: E o que ocorre, Lord Vincus?


Lord Vincus: Estes são transformados.



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