Era mais ou menos duas horas da manhã.
Lord Vincus estava em seu quarto meditando, e o único som que se ouvia era o de
cantos gregorianos que eram gerados pelo seu computador, sons que ecoavam por
todas as paredes.
Lord Vincus: Quero que me ajude a melhorar minhas habilidades e conhecimentos.
O jovem magista deitou-se de barriga para
cima e então algo lhe ocorreu. Estava dormindo e ao mesmo tempo consciente de
tudo ao redor.
Primeiramente sentiu um grande peso sobre seu
corpo, conforme lutava para levantar o peso migrava paras as partes que continuavam
na cama como a perna e a cintura, quando finalmente levantou-se completamente,
contemplou seu corpo inerte dormindo, e em um determinado momento ele já não se
interessava mais.
>> Fechei os olhos, desejei
visitar os montes onde um velho amigo habitava, e ao abrir os olhos, eu lá
estava.
O chão estava tomado por fios d’água
cristalinos cortando o chão de pedra, toda a água partia de um único local, uma
caverna mais adiante, o sol brilhava no alto de um céu alaranjado ornado de
duas luas, o clima era muito agradável.
Ao me aproximar da caverna ergui as mãos e
evoquei a chave vincuniana sob meus pés, o símbolo brilhou forte em tons de
verde, e foi então que eu disse:
“Dragão alado do ar ,
Seu poder e coragem me dão animo para
guerra ,
Sua presença é poderosa e desaprova todos
os covardes ,
Eu o evoco a elevar-se como um tornado.
Dragão alado voe sobre os campos do
ocidente ,
Descanse sob a luz do poente ,
Pois o seu poder evoco para auxílio ,
O poder de um amigo de muitas eras.”
(Grimório pagão Vincuniano)
Um grande rugido foi lançado para fora da
caverna. Decidi entrar, lá dentro estava muito escuro, e ao chegar a um
determinado ponto, dois olhos vermelhos muito brilhantes iluminaram o local. O
dono desses faróis era um enorme réptil coberto por escamas verdes reluzentes,
o pescoço e as costas possuíam ossos afiados brotando sem ordem, suas asas
estavam abertas, o que lhe deixava ainda maior, e de sua boca lotada de dentes
escapava uma fumaça acinzentada, que por vezes encobria seus bigodes de carpa.
Coloquei-me à frente dele e desejei olhar
por ele; e assim ocorreu, ao invés de vê-lo, via a mim mesmo. Não como costumo
ver as coisas, mas de alguma forma também enxergava com o olfato.
Eu via um humanoide, muito vermelho e
brilhante, possuía um cheiro metálico que me abria o apetite, rapidamente
deixei a visão do dragão e voltei a mim.<<
Espigueiro: Há quanto tempo não lhe
vejo, e não ouço aquela evocação sem nenhuma beleza ou harmonia.
Lord Vincus: Ora Esmeraldino, se esquece
de que eu era ainda jovem quando compus aquilo?
Espigueiro: Você ainda é jovem Lord
Vincus, jovem e tolo, mas dentre a maioria do humanos, ser seu guia não é uma
opção tão desagradável.
Lord Vincus: Vejo que seu bom humor
continua intacto, mesmo depois de um ano sem minhas visitas.
Espigueiro: Tenho vida muito longa em
relação aos seres mais jovens, um ano terrestre não é nem de longe uma grande
espera, mas em relação ao período de visitas que você costumava fazer, sim, faz
muito tempo.
Lord Vincus: Não vamos ficar jogando
conversa fora, não sei quanto tempo conseguirei permanecer separado do meu
corpo denso, então vamos ao que interessa.
Espigueiro: O que deseja Lord Vincus, pelo
intelecto, apreender?
Lord Vincus: Quero que me ajude a melhorar minhas habilidades e conhecimentos.
Espigueiro: Até que suas habilidades sejam
consideradas dignas de serem chamadas assim, levará muito tempo e será muito
trabalhoso, mas posso ajudá-lo a seguir por esta via meu jovem pupilo.
Lord Vincus: Por onde começo guardião?
Espigueiro: Você precisa aprender muito, e
há condições não suficientes, mas necessárias que está ignorando. Comece
revendo seus apetites, pois muito permanece em ti daquilo que constitui as
bestas, e disto devia se envergonhar. Cuide também de teu intelecto, que embora
tenha feito bom avanço, ainda continua rudimentar, estude a natureza, pois
conhecendo o anjo alcançará o arcanjo.
Treine, Lord Vincus, treine como se uma
batalha iminente estivesse à tua espera, tenha-se sempre atrasado, esteja
sempre a exercitar a guerra.
Afaste-se dos vícios que drogam o cérebro,
dos excessivos vapores da carne que embebedam o espírito, e que sempre nos
deixam temerosos quanto à nossa imagem perante os iguais e superiores, pois o Bem
ou aquilo que se faz de boa fé, não envergonham a alma.
Não bastam a saúde e o intelecto em ato
para a eudaemonia, mas as coisas que são vergonhosas ao espírito devem ser
evitadas, aquelas coisas comum à mente humana, como os vícios do corpo e tudo aquilo que choca os
espíritos dos viventes. Pois a eudaemonia é egoísta, não deve ser feita à custa
de outros ou visando-os.
Pois apreende agora meu filho, antes que
seu corpo pereça e teu espírito se esqueça, pois é tendência do espírito
tornar-se esquecidiço, como uma criança traumatizada, que se esquece de suas
mazelas e substitui suas memórias por inúmeros símbolos e manifestações de seu
passado, sejam de forma dolorosa ou não dolorosa.
>> Minha projeção passou a oscilar,
minha visão foi tornando-se turva.<<
Espigueiro: Teu corpo o chama, ainda está
intoxicado de teus maus costumes, vejo que não poderás mais ficar aqui. Leve
esta última pérola com você:
“Oh, Humanos
perecíveis, embevecidos pelo vinho sem mistura da ignorância, cuja realidade
limita-se aos olhos sensíveis, e quando pior, a fé não é posta sob a razão. Oh, despertai corais humanos, despertai, pois o sofrimento desmedido e o não zelo pelo
intelecto adoece a vossa alma. Oh, pobres sentimentalistas, 'ofensíveis' e
efeminados, pobres e fracos, olhai no espelho à sombra da magnificência,
à sombra demiúrgica, ansiosa por liberdade e respeito. Não matem o homem e
a natureza por idealismo, idealizem um homem melhor de forma não destrutiva. Que
verdades possuem aqueles que ainda sofrem? Que bens podem oferecer, que já não
ofereceram a si mesmos? Crescei e multiplicai seus conhecimentos e horizontes,
pois não só de pão vive o homem, já que este não é só corpo, é intelecto
também, e esta parte queima de desejo pelo conhecimento."
>> Após calar-se, o dragão expeliu
uma onda de fogo sobre mim, fui impulsionado rapidamente de volta, e quando voltei,
foi como tivesse saltado de uma grande altura que ao bater no chão, fez meu
corpo subir alguns centímetros.
Eu estava mais leve, momentaneamente me
sentia mais leve, como se a chama do dragão tivesse clareado e aquecido meu
espírito.<<
Lord Vincus
2012
2 comentários:
Saudações. Gosto muito dessas postagens. Elas são feitas pelo Vinicius, ou pelo Vinicius enquanto um mago? A pergunta parece tola, mas me refiro a inspiração natural, ou a revelação do Mago Vinicius.É só uma curiosidade, pois seja qual for. é boa e atinge as espectativas. Um abraço e muita energia.
é uma mistura dois dois, inspiração ou revelação e pesquisa rsrs. Fora a experiência que está em quase todas.
Postar um comentário