Semana passada vimos que o Kami redimiu-se e foi em busca do perdão de Amaterasu.
Amaterasu, no entanto, não acreditou na mudança repentina do irmão e ele para provar suas verdadeiras intenções convidou-a para um duelo que era tradicional dos Kamis japoneses. Susanowo deu a espada retirada do dragão de oito cabeças para que Amaterasu engolisse e dela nascessem os filhos do Deus da Tempestade, de acordo com a Deusa o valor da prole do Kami diria se realmente ele havia mudado.
A Deusa recebeu a espada e com seus belos dentes a estraçalhou, dos pedaços da espada nasceram três Deusas filhas do Deus Susanowo. A primeira filha controlou os ventos que se combatiam violentamente; a segunda, invocou uma bola de luz e a trouxe até o meio dos Kamis que assistiam o duelo divino; a terceira, possuía o dom de entrar na cabeça de todos os Deuses e fazerem com que eles perdoassem qualquer coisa.
Mesmo com a integridade e boa conduta das Deusas, Amaterasu ainda estava em dúvidas, mas resolveu unir-se ao Deus, dando para ele uma de suas jóias favoritas e pedindo para que ele também a engolisse para que os filhos de Amaterasu pudessem nascer. Cinco Deuses surgiram, tão íntegros quanto suas primas e assim, finalmente, a Deusa confiou novamente em seu irmão.
A história deste Kami mostra como as pessoas podem modificar-se a partir do amor e de decepções. A vida, assim como uma tempestade, pode ser caótica, mas também pode ser doce e leve trazendo bons ventos e modificações.
Não desistam dos seus poderes e acreditem neles. A jornada do Deus da Tempestade mostra como valorizar e acreditar na sua força e em sua herança. Assim como, não é possível não gostar daquilo que se tem. No final das contas, tudo tem um porque.
Seganfredo, C.; As Melhores Histórias da Mitologia Japonesa. Porto Alegre, RS: Artes e Ofícios, 2011.
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