quinta-feira, 13 de outubro de 2011

COLUNA: Caminhando entre as Deusas



O ano de 2010 foi para mim e alguns amigos um ano de caos. Tudo estava fora do lugar. Não havia mais certo ou errado, bem ou mau... Os parâmetros haviam sido abolidos. No meio do caos o que se sobressaía era a dor. A dor da perda, de não ter chão e o suspense da queda livre. Quando iríamos parar de cair? E assim foi o começo de 2010.

Então, em dois dias bastante tumultuados, eu passei na frente da Igreja de Nossa Senhora das Graças e senti vontade de entrar. Da primeira vez, eu pensei: “mas o que eu vou fazer dentro de uma igreja? Nem sou católica?”, e fui embora. Quinze dias depois, precisei passar novamente na frente da igreja e novamente senti uma necessidade de entrar. Eu já conhecia seu interior de anos antes, pois fui a um casamento e havia achado a igreja particularmente bonita, sem ser tão macabra, como outras igrejas. Ela era simples e delicada. Decidi que se nesse dia a igreja estivesse aberta eu entraria para tentar entender o que minha alma pedia. Bem, a igreja estava fechada e novamente à visita ficou para outro dia.

Durante esses 15 dias, recebi um e-mail com uma oração para Nossa Senhora das Graças e conversando com uma amiga, ela me fala, “Ru, estou querendo comprar uma medalhinha de Nossa Senhora das Graças, mas minha avó disse que era super difícil de encontrar”. E foi quando eu percebi que as referências dessa santa apareciam bastante para mim, mesmo eu não sendo católica. E então, pedi para que minha amiga procurasse uma para mim também. Eu me sentia desprotegida nessa época.

Então, passei numa loja que vende imagens de santos e tal qual minha surpresa, quando eu vejo que a medalha de Nossa Senhora das Graças. Eu já a havia usado anos atrás. Minha mãe havia me dado uma de presente, que se quebrou enquanto eu dormia sabe sei lá como. E eu também, para ser sincera, não lembro o que aconteceu com o resto dela. Pois bem, sai da loja e fui direto para casa, para pesquisar sobre tal. Afinal de contas, Nossa Senhora das Graças fazia sincretismo com que Deusa?

E aí, me deparei com Iemanjá, antiga conhecida minha e com Ísis, conhecida pelos livros de história egípcia que eu tanto gostava de ler. Resolvi voltar a estudar. Já fazia tempo demais que eu estava longe. Comprei uns livros e um deles, quando chegou, resolvi abrir em uma página qualquer. A página que caiu foi de sugestão para a invocação de Ísis. Nessa parte do texto, o livro contava a história de como Ísis havia perdido o seu amado Osíris duas vezes e a sua jornada para recuperá-lo. Identifiquei-me de cara com a história e era como se eu não estivesse mais tão sozinha. Havia algo para aprender no meio de tanta dor.

Alguns dias depois, num feriado bem tumultuado, fui bater na casa da amiga que havia me falado da medalha de Nossa Senhora das Graças, com o livro na bolsa. E enquanto eu chorava na mesa da cozinha, sua irmã resolveu abrir o livro e ver que mensagem sairia para mim:


“Cessa agora as tuas lágrimas, pois vim para ajudar-te.
Olhei para baixo e vi o sofrimento da tua vida.
Todas as coisas em breve mudarão para ti,
Pois debaixo da minha luz vigilante
A tua vida é revigorada, renovada”


No mesmo instante começamos a rir. É eu não estava mais sozinha. Dai por diante, 2010 foi um ano do caos, mas também foi um tempo de descanso e renovação de forças. Foi um ano de estudo e de retorno ao lar. Ou melhor, uma (re)construção do lar. Durante esse tempo, encontrei imagens das Deusas que estavam me ajudando e dois pentagramas que há anos eu procurava. Então, eu reencontrei o caminho ou, eu posso dizer, descobri novos caminhos.

Essa história toda foi para explicar o que eu vou fazer aqui. Acredito que ler e conhecer as histórias das Deusas, sua mitologia e simbolismo, dá margem para que possamos comparar com os momentos que estamos vivendo e descobrir novas maneiras e ângulos de se observar à questão. Na verdade, é como se ouvíssemos um conselho de uma pessoa mais velha, que já passou por tudo aquilo e dissesse “Calma, criança, a jornada é longa e tem muito sofrimento, mas passa e, o que é que você pode aprender com ela?”.
Então, uma vez por semana trarei uma história de uma Deusa, para que possamos conhecer e nos aproximarmos mais desses seres fantásticos. E assim, descobrir novos caminhos, novos coloridos para as histórias do dia-a-dia.

Beijocas estaladas no coração de todos.

Raio de Sol

2 comentários:

o lord de preto disse...

amei sua ideia...ficarei aguardando pelas lendas!

o lord de preto disse...

amei a ideia...ficarei esperando pelas lendas!

 
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