domingo, 24 de fevereiro de 2013

Verbum Sacrum: O tempero e a temperança



“Eu nasci assim, eu cresci assim,
E sou mesmo assim, vou ser sempre assim:
Gabriela, sempre Gabriela!
Quem me batizou, quem me nomeou,
Pouco me importou, é assim que eu sou
Gabriela, sempre Gabriela!”
Gabriela - Gal costa



Quem nunca ouviu uma frase semelhante de pessoas próximas ou não as proferiu propriamente? Quem não sente por vezes uma pontada, quando não a faca inteira, de orgulho de se ser quem se é? Pois bem, esta é uma tendência comum da nossa espécie o orgulho pelo próprio orgulho, orgulhar-se tanto de seus feitos ou ditos a ponto de se orgulhar inclusive de seus defeitos mais obscuros. Atualmente é observável na mídia comum certa exaltação ao individuo, musicas, novelas entre outros vem atacando a mentalidade social com a idéia de que devemos nos orgulhar do “nosso jeito”, mas penso que essa é uma, como tantas outras, idéia perigosa se mal compreendida.

Aplaudir a diferença e receber o próximo pelo que ele é obviamente é uma pratica belíssima e até divina, é aceitar a diversidade em essência, porem isso não significa acomodar-se com seus defeitos e esperar que o próximo os valorize e bata palmas para seus erros.
Como educador percebo cada vez mais e cada vez mais cedo, o efeito de certas políticas que adotamos por adotar em nosso país sem que haja de verdade um trabalho para que as mesmas sejam compreendidas. A lei é criada em caráter extremista e acaba por tornar muitas vezes a visão dos jovens equivocada acerca da realidade. É, por exemplo, chamar a atenção de um jovem por ele não ter executado as atividades que lhe foram passadas e ele virar a mesa e dizer: “ Você esta brigando comigo por que sou gay, isso é preconceito e bullying.” Quando o mesmo na realidade desconhece o que exatamente caracteriza um ato de preconceito e/ou de bullying, porem acha um atentado contra sua personalidade exigir-lhe ter responsabilidade, e como “esse é o jeito dele” isso não pode ser mudado.

Vivemos em um mundo cheio de diversidade, animal, social, cultural, religiosa, política entre outros, justamente para que possamos reconhecer essas diferenças e aprender com elas, nos tornarmos melhores e mais flexíveis, aprendermos aquilo que nos falta, corrigir nossos excessos e melhorar nossa índole.  Devemos reconhecer a diferença de tempero e temperança, saber que temos sim aspectos que nos tornam únicos e devemos usá-los sim, porem reconhecer que nem todas as nossas ações ou atitudes estão ligadas a esses aspectos, principalmente nossos defeitos e falhas de caráter, estes devem ser modelados e trabalhados, devem “progredir sempre”.

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