Recado da autora:
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Branwen gritou e correu até a lareira a fim de salvar seu filho, enquanto atrás de si a batalha iniciava.
Os soldados galeses, fizeram uma barricada junto ao Rei Bran, enquanto os irlandeses corriam para ataca-los. Branwen tirou seu filho da lareira ainda em chamas, porém a criança já estava morta. O número de mortos crescia dos dois lados vertiginosamente até que o Rei Matholwch lembrou-se do caldeirão irlandês da imortalidade. Então, ordenou que seus homens colocassem os corpos do seus amigos mortos no caldeirão.
Logo o exército irlandês começou a tornar-se mais numeroso que o exército gales, mas Evnissyen logo disse para seu irmão que iria cuidar do caldeirão enquanto ele e seus cuidados cuidavam dos guerreiros irlandeses.
Evnissyen correu e matando os guerreiros irlandeses que protegiam o caldeirão, arremessou-se dentro dele. Lá dentro, começou a pressionar com suas pernas e braços o caldeirão. Não demorou muito e o caldeirão estourou e foi destruído, assim como todos que estavam dentro dele, incluindo o próprio Evnissyen.
A batalha estendeu-se por mais um tempo. Do exército galês sobraram apenas 7 pessoas, entre eles: Branwen. Taliesin, Pryderi (filho de Pwyll); o rei estava vivo, porém ferido mortalmente. Seu último pedido foi que enterrassem sua cabeça no alto da Colina Branca em Londres, em direção a França, para que nenhum outro conquistador daquele reino tentasse invadir o seu.
Ao chegarem no seu reino, descobriram que Bran havia sido destronado, mesmo assim, haviam festejos por este rei, festejos que ficaram conhecidos como "A Festa da Cabeça Sagrada"!
Branwen morreu de desgosto ao ver seus irmãos e seu filho mortos e de ver a desgraça que havia feito para seu povo. Foi enterrada às margens do rio Alaw.
Do lado irlandês, sobraram cinco mulheres grávidas e assim a descendência desse povo pôde continuar.
Este é um dos mitos e, vocês devem estar se perguntando, assim como eu fiquei, como é que uma Deusa do amor, possui uma história tão trágica? Onde está o amor? Falamos de guerra e de morte, dois reinos destruídos, pelo poder e pela arrogância de seus povos. Então, como Branwen tornou-se Deusa do amor?
Talvez, ela tenha adquirido o título por conta de sua mãe, que também era uma Deusa do amor, ou será porque ela reuniu dois reinos?
Ao que me parece, todas as histórias das Deusas do amor são trágicas e elas sempre acabam ou sem seus amores, ou elas acabam por observar a destruição que fazem a sua volta. No entanto, não são elas que iniciam as batalhas. Elas imploram pelo amor e pelo perdão. Mas os homens muitas vezes não a escuta.
Este texto serve para refletir sobre a esperança de sair das prisões construídas por nós ou não; sobre a necessidade de esmagar um ser para conseguir algo; e mais ainda sobre a reconstrução que se processa com cada ato que gera uma mudança... Branwen morreu de coração partido, aquela que também é conhecida pelo seu coração honesto sofreu todas as dores, causadas ou não por ela, dos dois povos que o seu casamento uniu. Ela os amava e não aguentou ver tanta destruição, sua morte pode ser vista como um ato de redenção? Uma desculpa a todos os sobreviventes e a todos aqueles que morreram pela falha dos corações? Um sacrifício! Para que os sobreviventes e as novas gerações entendessem que a guerra trazia mais dor do que amor?
Essa última reflexão me lembra uma outra Deusa... Mas isso fica para a semana que vem... Até mais...
Referências:
- PIETRO, C.; Todas as Deusas do Mundo: rituais wiccanianos para celebrar a Deusa em suas diferentes faces. 2ª ed. - São Paulo: Gaia, 2003 (Coleção Gaia Além da Lenda)
- FRANCHINI, A. S.; As melhores histórias da mitologia Celta. Porto Alegre, RS: Artes e Ofícios, 2011.
- http://orderwhitemoon.org/goddess/Branwen/index.htm
- http://www.eryri-npa.gov.uk/a-sense-of-place/myths-and-legends/legend-of-branwen
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