quinta-feira, 2 de maio de 2013

Caminhando entre as Deusas: Héstia (Parte 2)


Héstia em grego significa "lugar recôndito" e "lareira". Sua associação com o fogo sagrado é tão antiga que muitos historiadores acreditam que além de representar o fogo que os antigos povos utilizavam nas lareiras, Ela representaria o fogo do centro da Terra, devido a forte relação que a Deusa possuía com Delfos, considerado o umbigo da Terra (Prieto, 2003).

Como dito anteriormente, Héstia podia ser invocada apenas ao acender o fogo como também era crença comum que seu fogo deveria viver sempre aceso. Caso apagasse alguma desgraça poderia ocorrer naquela casa ou para seus moradores (Prieto, 2003).

Quando uma criança nascia o ritual existente para que ela fosse apresentada a família era ser levada até a lareira, assim ela ganharia as bençãos da Deusa, e seria conhecida perante seus familiares. Além disso,  oferendas eram feitas em cada refeição depositando um pouco da comida que todos os familiares iriam apreciar nas brasas da lareira. (Prieto, 2003; Salis, 2003). Na lareira, também existia uma tábua que servia como o calendário da família onde os eventos religiosos e datas festivas eram registrados e onde todos teriam acesso (Salis, 2003)

Por ser uma Deusa virgem, suas sacerdotisas (as Vestais) e as mulheres que cuidavam do Fogo Sagrado em suas próprias casas deveriam ainda ser virgens também (Prieto, 2003). As Vestais eram escolhidas por volta dos seis aos dez anos e dedicavam praticamente toda a sua vida a Héstia. Possuíam altos valores, cultura e normalmente provinham de alta linhagem familiar. Elas não deveriam ter desejos, preservar a saúde do corpo físico e, só podiam casar depois dos 40 anos de idade, quando estavam desobrigadas do serviço do Templo ( Prieto, 2003)

Todas as cidades possuíam uma lareira pública, as Pytantis, e todos as pessoas vinham buscar neste fogo, a brasa para as suas casas (Prieto, 2003; Salis, 2003). Uma sacerdotisa todo ano era escolhida para cuidar deste fogo e ela precisava ser bastante sábia, pois todos iam consulta-la para tirar dúvidas e falar de suas angústias. A Prítanis era a guardiã dos costumes, valores e sabedoria da cidade (Salis, 2003). Quando uma cidade nova era construída, as brasas vinham de outra cidade, assim como quando uma mulher casava, as brasas de sua lareira eram provenientes da casa de sua mãe. O lar só estaria abençoado quando está lareira fosse acessa (Prieto, 2003). 

Podemos observar que muito desta tradição transformam Héstia, a Deusa protetora da família. Afinal, Ela quem era responsável pelo bem estar do lar, alegria, honestidade, estabilidade no casamento, as relações familiares fortes e duradouras (Salis, 2003, Meunter, 2010). Assim, Ela era a Matriarca, a mais antiga, aquela a quem Hera, provavelmente deveria pedir ajudar.

Todas as oferendas feitas com fogo para qualquer Deus ou Deusa, possuía uma parte dedicada a Héstia, pois sem Ela, o fogo não existiria (Prieto, 2003, Meunter, 2010).

"Ó sublime Héstia, estás nas moradas de todos os deuses imortais, e no interior de todos os homens que vivem na terra e no interior de todas as cidades; dá-nos o privilégio de saber como nunca apagar seu fogo eterno e não permita que esta chama jamais se extinga"
(Homero, na Íliada, em Salis, 2003, p. 55)

* Curiosidade: É da palavra Prítanis que se originou o termo reitor ou reitora (Salis, 2003).

Referências:
Prieto, C.; Todas as Deusas do Mundo: rituais wiccanos para celebrar a Deusa em suas diferentes faces. 2ª Ed. São Paulo: Gaia, 2003, p. 156 a 158.
Meunter, M.; Nova Mitologia Clássica: a legenda dourada, história dos deuses e heróis da antiguidade. 8ª Ed., São Paulo: IBRASA, 2010, p. 23.
Salis, V. D.; Mitologia Viva: Aprendendo com os deuses a arte de viver e amar. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2003, p. 53 a 56.



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