terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Verbum Sacrum: O manipulador e o manipulado


Existem muitas idéias sobre qual a melhor forma de se ascender a plena consciência, encontrar a mente primaria ou ainda a total compreensão, dentro dessas correntes muitos aspectos são difundidos e por muitas vezes pouco ou nada questionados,  quando o fato maior é que se nem bolo, se seguirmos integralmente a receita, sem acrescer de quaisquer toque pessoal, fica bem feito, quiçá a nossa própria lenda poderá ser preenchida pelo texto de outro.

Viver imbuindo-se de chavões e condições mais hipotéticas do que fatídicas não lhe propiciará grandiosos frutos. Pensar em signos, nomes e influencias planetárias, não te fará ter real domínio de si. Tomar sua razão de ser como pré-definida por um mapa astral e se obrigar aqueles padrões não é ser controlador de suas vontades e sim ser controlado por rascunhos e rabiscos sobre parábolas planetárias. Pensar que todas as conseqüências de sua infelicidade se justificam na má organização numérica de seu nome é atestar-se incompetente e inábil  de construir ou mudar sua realidade. Supor que rituais só podem ser executados as terças de tal dia do mês sobre a influencia de tal hora é como declarar que sua condição criativa como um todo e sua condição de reflexo divino é limitada e parca demais para gerar aquela energia ou manipulá-la de acordo com suas necessidades e, ainda pior, é supor que o tempo da vida, espera os caprichos da semana.

O verdadeiro caminho tem que ser escrito um passo de cada vez e com um outro nível de atenção tal que os detalhes não passem despercebidos. De nada adiantaria saber do futuro se não pudéssemos alterá-lo, de nada serviria entender a teia do destino se ela não pudesse ser reescrita. Não haveria razão para buscarmos a iluminação se ela não pudesse ser alcançada em qualquer vida e momento e não seria ela algo tão grandioso se estivesse limitada a nomes, apelidos e horas quiçá a qualquer parafernália que se compra industrialmente em lojinhas de umbanda.

É obvio que os escritos e as tradições tem sim seu valor, mas se o buscador não gastar um bom tempo interpretando e buscando a verdadeira compreensão sobre tais assuntos ele se tornará somente mais um religioso cego. Um alguém que esta diante da paisagem e não consegue apreciá-la por que pouco antes decidiu jogar seus olhos fora. Ele se achará dono de si, quando na realidade continua sendo manipulado, só que agora pela ilusão de ter vida.

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