Quando a cabeça decepada de um lobo, envolvida em lingerie feminina foi encontrada perto da cidade de Tabouk, no norte da Arábia Saudita esta semana, as autoridades sabiam que tinha um caso de "bruxaria" em suas mãos. Um crime capital no ultra-conservador reino do deserto. Agentes da Unidade Anti-Bruxaria do país foram enviados ao local a fim de se desfazer o feitiço no qual foi usado a cabeça da fera. A Arábia Saudita leva tão a sério a "bruxaria" que baniu a venda da série Harry Potter, escritos pela autora J.K. Rowling, onde contém passagens que remetem a contos de feitiçaria e magia.
Em maio de 2009 foi criada a Unidade Anti-Bruxaria, que pertence ao Comitê de Promoção a Virtude e a Prevenção do Vício (CPV ou CPVPV), também chamada de polícia religiosa da Arábia Saudita. "De acordo com a tradição islâmica, acreditamos que a magia realmente exista, e o fato de um órgão oficial, subordinado ao Ministério Saudita do Interior, com o interesse de combater práticas de feitiçaria, prova que o governo reconhece isso, assim como todos os mulçumanos pelo mundo", afirma Abdullah Jaber, cartunista político no jornal saudita Al-Jazirah.
A unidade tem como objetivo apreender feiticeiros e reverter os efeitos prejudiciais de suas magias. No site da CPV, um hotline encoraja cidadãos de todo o reino a denunciar casos de feitiçaria para as autoridades locais, para que estes possam entrar em ação imediata. No caso da Cabeça de Lobo, a unidade afirmou que conseguiu desfazer o feitiço e que a família desconhecida que tinha sido vítima de tal ato, agora estava "livre das garras do lobo".
A unidade tem como objetivo apreender feiticeiros e reverter os efeitos prejudiciais de suas magias. No site da CPV, um hotline encoraja cidadãos de todo o reino a denunciar casos de feitiçaria para as autoridades locais, para que estes possam entrar em ação imediata. No caso da Cabeça de Lobo, a unidade afirmou que conseguiu desfazer o feitiço e que a família desconhecida que tinha sido vítima de tal ato, agora estava "livre das garras do lobo".
A Unidade Anti-Bruxaria foi criada a fim de educar o público sobre os perigos de feiticeiros e "lutar contra as manifestações do politeísmo e crença em outros deuses", relata a Agência de Imprensa Saudita (SPA). A crença em atos mágicos é tão difundida no país que é usada até como defesa em casos judiciais. Em outubro do ano passado, um juiz acusado de receber propina em um projeto do estado-real, disse a um tribunal na Medina, que ele havia sido enfeitiçado e está em tratamento por meio de encantamentos do Alcorão, conhecidos como ruqiyah, um remédio comum para o mau-olhado. Jaber afirma que essas falsas crendices são próprias de um ignorância da massa mais velha do país, os quais possuem um baixo nível de alfabetização. "É uma questão de ignorância. Se as pessoas fossem mais educadas não acreditariam nisso", completa o cartunista.
A última vez que a Arábia Saudita executou uma pessoa acusada de feitiçaria foi no final de 2007, mas isto não indica a pena, com disse Cristoph Wilcke, pesquisador sobre o Oriente Médio pela Human Rights Watch. A Human Rights Watch apelou ao Rei Abdullah em 2008, para deter a sentença de morte de Fawza Falih, uma mulher saudita acusada de bruxaria. A sentença foi adiada, mas Falih faceleu na prisão, devido a problemas de saúde. (fontes não oficiais especulam que ela foi assassinada, temendo uma pena mais branda)
O país carece de um código penal, sendo a pena do acusado de bruxaria ficando a critério do juiz, afirma a Human Rights Watch. "Estrangeiros, como etíopes ou nigerianos, são acusados de feitiçaria na Arábia Saudita por causa de práticas comuns em seu país de origem. Eles geralmente são apreendidos e levados a tribunal, onde são soltos com advertências ou chicotadas. Em outros casos, porém, falsas acusações são feitas contra trabalhadores domésticos estrangeiros, a fim de contrariar as acusações de assédio sexual pelos patrões em casas sauditas. "Os patrões costumam dizer que as trabalhadoras domésticas os enfeitiçam para que estes se apaixonem por elas", disse Wilcke.
"A crença em feitiçaria não é, necessariamente, mais difundida na Arábia Saudita do que outros países do Golfo", acrescenta Wilcke. Na segunda-feira, o jornal dos Emirados Árabes, Al-Khaeej, relatou que a polícia de Dubai apreendeu um cidadão árabe da África devido a acusações de fraude e feitiçaria, depois de ter cobrado o aproximadamente a 4 mil dólares de uma mulher, cujo marido a deixou, prometendo trazê-lo de volta por uso de magia.
Mas a marca estritamente ortodoxa do islamismo praticado na Arábia Saudita, conhecida como Wahhabism, contribui para a tolerância zero contra magia, observa Wilcke. "Wahhabism acredita estritamente no monoteísmo".
"A Bruxaria é uma maneira de rezar para aqueles que não sejam de Deus"
Texto de David E. Miller, publicado originalmente no site The Media Line no dia 20/07/2011.
Traduzido por Douglas Phoenix
Outra fonte: The Jerusalem Post
1 comentários:
Não vejo nenhum problema com a notícia.
É um direito natural dos povos organizarem-se religiosamente e a condenação a práticas mágicas é tão antigas e até abordadas por Idries Shah no seu livro "Magia Oriental".
Para manter uma certa coesão social os casos de práticas de feitiçaria são devidamente condenados.Afinal,naquele contexto,este tipo de prática atenta contra aquilo que da suporte aquela sociedade saudita e monárquica.
Claro que certos principios legais que por lá são aplicados mais devem ao Rei Saudita do que a Shari'ah propriamente dita.
Por exemplo,a Shari'ah não proibi a construção e templos de outras religiões numa dar-al islam,mas o Rei saudita impões esta proibição no seu reinado.
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