terça-feira, 17 de maio de 2011

Fauno



Na mitologia romana, Fauno é uma divindade campestre que primitivamente fora um rei da Itália, e cujo nome se tornou célebre, segundo a lenda, por ter criado leis para o seu povo e por ter inventado a flauta. Interessado em ensinar a prática da agricultura e da pecuária aos seus súditos, passou, por isso, a ser adorado como deus dos campos e dos rebanhos.

Mas também era venerado como divindade profética correspondente ao deus grego Pã, e por isso era representado da mesma forma que ele, Sileno ou Mársias, ou então sob o aspecto de um homem barbado, coroado de folhagens e recoberto apenas por uma pele de animal, tendo numa das mãos uma cornucópia. Cultuado originariamente como deus protetor dos pastores e dos rebanhos, com o tempo passou a ser tido como uma das entidades que apesar de serem divinas, não eram imortais. Sua esposa, a princípio chamada Marica, era a divindade que predizia o futuro das mulheres, mas após o casamento passou a ser denominada Fauna.

Seu principal santuário, denominado Lupercal, localizava-se no monte Palatino - uma das sete colinas romanas e sede da Roma quadrata, primeira cidade cuja fundação se atribuiu a Rômulo -, em cuja base existe uma gruta onde, segundo se acredita, os gêmeos Rômulo e Remo foram amamentados por uma loba. Nesta furna se celebrava o culto ao deus Luperco, ou Fauno, mais tarde assimilado pelos romanos a Pã, divindade grega associada à fertilidade, em cerimônias chamadas Lupercálias, ou Lupercais, realizadas no dia 15 de fevereiro. Infelizmente, a memória dessas festas perdeu-se no tempo, pois nem mesmo os romanos dos séculos anteriores à era cristã a elas se referiam. Sabe-se, porém, que os sacerdotes dessa confraria iniciavam a cerimônia religiosa sacrificando um bode; em seguida, tocavam na fronte de dois rapazes nobres com uma faca ensangüentada, a mesma usada no abate dos animais, gesto que simbolizava a memória dos homicídios sagrados que antes se consumavam; depois limpavam a nódoa com lã molhada em leite, iniciando, a partir daí, uma orgia em que os dois jovens percorriam dançando as ruas de Roma, usando chicotes feitos com a pele dos bodes imolados para açoitar as mulheres. Os romanos acreditavam que tal prática tornava os casais mais fecundos e as famílias mais numerosas.

As Lupercais foram criadas pelo rei Evandro, filho de Mercúrio e da ninfa Arcádia. Era uma das mais importantes do calendário romano porque além de apresentarem o caráter de uma purificação, se destinavam, também, a garantir a prosperidade do solo e dos rebanhos, protegendo-os, sobretudo, dos lobos. Evandro é considerado o civilizador do Lácio, berço dos povos latinos que, depois de se unirem e subjugarem os vizinhos, construíram o Império Romano e empreenderam a conquista do mundo conhecido dos antigos. Ali o rei se fixou cerca de sessenta anos antes da Guerra de Tróia, edificando uma cidade na base do monte Palatino, a qual deu o nome de Palantéia, e introduzindo no país o uso do alfabeto, as Artes, a agricultura e a música, além de ensinar a seu povo o culto de Pã (Fauno), Heracles (Hércules) e Deméter (Ceres). Admite-se que a palavra luperco tenha origem em lupus, lobo, e em arcere, afastar, repelir, donde "aquele que repele ou protege dos lobos".

Na mitologia romana os faunos são a multiplicação tardia do deus Fauno, cujo nome deriva do latim favere, "ser favorável", "benéfico". Representado como um ancião de barba longa, coberto com pele de cabra e às vezes segurando uma cornucópia, ele assim se assemelha ao deus grego Pã, mas posteriormente apareceu com patas de bode, tal como os sátiros gregos, multiplicando-se em numerosos semi-deuses representados com chifres, cauda e cascos de bode, todos mortais porém longevos.
     
            Na definição de Márcio Pugliese, em Mitologia Greco-Romana – Arquétipo dos Deus e Heróis, “os faunos e silvanos eram, como os deuses rústicos, representados sob a mesma forma que os sátiros, mas com feições menos feias e, acima de tudo, eram menos brutais nos amores. (...) Os faunos eram considerados filhos ou descendentes de Fauno, terceiro rei de Roma, o qual, dizia-se, era por sua vez filho de Picus ou de Marte, e neto de Saturno. (...) Os silvanos moravam nos pomares e bosques. Diz-se que seu pai, o deus Silvano, era um filho de Fauno”.

Texto de Fernando Dannermann 

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