sexta-feira, 14 de maio de 2010

Grande Rito

Texto retirado do Bruxaria.net


O Grande Rito é a representação da Deusa e do Deus fazendo amor, e quando isso acontece nasce o universo. A Bruxaria é um conjunto de crenças que se baseia no êxtase, seja através de danças, cânticos e rituais, até a própria energia gerada pelo sexo, que é considerado sagrado. Isto não significa uma orgia ritual e não existe a possibilidade de isso existir.

O Grande Rito pode ser (e geralmente o é na maioria dos covens) totalmente simbólico, e o coven está presente o tempo todo. Mas também pode ser “real”, com uma relação sexual de verdade entre o Sumo Sacerdote e a Suma Sacerdotisa, e o resto do coven não está presente no círculo.

Simbólico ou “real”, o Grande Rito é parte essencial dos rituais wiccanos. Para as bruxas, o sexo é sagrado, “uma manifestação daquela polaridade essencial que penetra e ativa o universo todo, do macrocosmo ao microcosmo, e sem a qual o universo seria inerte e estático ou, em outras palavras, não existiria” (Janet e Stewart Farrar, em Oito Sabás para as Bruxas).

O casal que realiza o Grande Rito está oferecendo a si mesmo aspectos dos deuses como fonte suprema. Trata-se da crença de “como é em cima, o é embaixo”, ou seja: como é no domínio dos deuses, é também no domínio dos homens. O casal está representando (e sendo) as polaridades que movem o universo em todos os níveis, e é por isso que se chama “Grande Rito”.

Também é por esse motivo que o Grande Rito “real” é realizado sem outras pessoas no local, não por uma razão de pudor, mas pela dignidade da privacidade. E o Grande Rito deve ser representado por parceiros casados ou que tenham uma união semelhante a um casamento. Como é um rito mágico, poderoso e carregado pela intensidade da relação sexual, se o casal tiver relações estreitas, o Grande Rito pode desencadear energias que podem desestabilizar e perturbar os envolvidos.

Doreen Valiente diz: “A relação sexual ritual é realmente uma idéia muito antiga, provavelmente tão antiga quanto a própria humanidade. Obviamente, é o próprio oposto da promiscuidade. Relação sexual com propósitos rituais deve ser com um parceiro cuidadosamente selecionado, na hora certa e no lugar certo… É amor e exclusivamente amor que pode transmitir ao sexo a centelha da magia” (Natural Magic).

O Grande Rito simbólico, em sua contraparte, por assim dizer, é absolutamente seguro e benéfico para dois bruxos do sexo oposto experientes e muito amigos, em um nível normal de amizade dentro do coven. A Suma Sacerdotisa decide quem é adequado.

Janet e Stewart Farrar sugerem: “Talvez uma boa maneira de expressá-lo seria dizer que o Grande Rito ‘real’ é magia sexual, enquanto que o Grande Rito simbólico é magia do gênero” (idem).

Realizar o Grande Rito remete à idéia de que o corpo da mulher é um altar, com seu ventre e órgãos de geração como seu foco sagrado, e o reverencia como tal.

Vale lembrar aqui que isso não tem absolutamente nada a ver com “missas negras”, pois a própria missa negra nada tem a ver com a bruxaria. Era uma heresia cristã, na qual eram utilizados objetos cristãos deturpados, realizada por sacerdotes corruptos ou destituídos da batina. O altar vivo era usado para profanar a hóstia, obscenidade pouco relacionada ao Grande Rito.

Doreen Valiente fala mais uma vez sobre o Grande Rito, aludindo à religiões pagãs honradas, onde “há uma figura genuinamente antiga: a mulher nua sobre o altar. (…) Seria mais correto dizer, a mulher nua que é o altar pois este é o seu papel original (…). Este uso do corpo de uma mulher viva como o altar, onde as forças da vida são veneradas e invocadas, remonta à época anterior aos primórdios da cristandade; aos dias do antigo culto da Grande Deusa da Natureza, na qual todas as coisas eram uma, sob a imagem da mulher” (An ABC Of Witchcraft). Tudo é o corpo da Deusa, na verdade.

O simbolismo apresentado pela Wicca é, então, apenas a forma mais viva e natural daquilo que outras religiões fazem indireta e inconscientemente.

O Grande Rito é realizado pelo Sumo sacerdote e pela Suma Sacerdotisa nos sabbats. Porém, a Wicca não tem nada a ver com regras e procedimentos fixos, então outro casal pode realizar o Grande Rito em outra ocasião.


- Douglas Phoenix -

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