Milhares de pessoas se reuniram ontem (8) na Praia de Copacabana para a 6ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, promovida pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio.
O objetivo do evento é chamar a atenção da sociedade para a necessidade do respeito, dos direitos de todos e, do amor ao próximo, princípio pregado por qualquer religião. Os participantes também pretendem denunciar ameaças a grupos religiosos e a espaços dedicados a cultos de origem africana no Rio.
Além disso, a comissão reivindica a implementação da lei 10.639/03, que institui os ensinos das histórias da África e da cultura afro-brasileira nas escolas do país, e a formulação do plano nacional de combate à intolerância religiosa.
"A caminhada é importante porque mostra o conjunto de todas as religiões. A gente tem que defender o Estado Democrático de Direito, e levar em conta que, além de religiosos, somos todos cidadãos. A democracia no Brasil tem que se consolidar e compreender que a religião não tem que se impor ao Estado Laico. Ela pode sugerir, mas respeitar o espaço de todos. Essa é uma riqueza da sociedade brasileira em que temos que insistir", disse o babalaô Ivanir Santos, presidente da comissão.
Ivanir destacou que a caminhada cresceu em número de religiões representadas, e comemorou a adesão maior dos evangélicos ao movimento. Apesar disso, ele lamentou a ausência de líderes protestantes. "O desafio é avançar e convencer os segmentos evangélicos de que temos que estar todos juntos".
Abraçado ao umbandista Adalmir Palácio, o monge budista Jyunsho Yoshikawa resumiu: "Toda crença religiosa prega por uma sociedade melhor". Sacerdote, ele trouxe cerca de 300 alunos de São Paulo e Paraná para participar do evento no Rio. "A semente está plantada. Trouxe eles aqui para sentirem esta realidade e levá-la às suas cidades", explicou.
Sacerdote e presidente da União Wicca do Brasil, Og Sperle, destacou que mesmo nos debates pela liberdade religiosa é preciso dar espaço a grupos menos numerosos, como o seu. "O problema é que as minorias não são vistas pelas religiões majoritárias. Não somos convidados a participar dessa construção da liberdade. Existe uma dúzia de religiões que se juntam para ditar as regras".
A interação entre as mais diversas religiões abriu espaço também para quem não possui uma crença divina. O ateu Sergio Viula compareceu para comemorar o evento e deixou claro que é contra qualquer tipo de fundamentalismo. Inclusive no ateísmo. "Eu estou aqui porque apoio a liberdade religiosa. Nós não precisamos de um estado teocrático, nem ateu. Precisamos de um estado laico", concluiu Sergio.
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