
Veja
leitor que esta afirmação aparenta uma beleza inegável, uma condição de
elevação espiritual entre outros, porem isto não passa de uma armadilha, este
pensamento é em si o ápice da ignorância. A esta altura você deve estar se
indagando sobre o que quero dizer com isso, pois bem, me esclareço.
Apesar
de parecer uma afirmação politicamente correta, lhe pergunto se ao acaso você
daria uma arma de fogo a alguém que lhe é sabidamente um bandido, ou se daria
facas para crianças brincarem. Pois ao se abrir o acesso a um tipo de
conhecimento para qualquer um o
resultado que se obtém é justamente o de qualquer
um fazendo uso e desuso deste conhecimento e o que se percebe com
facilidade é que a grande massa em si não apresenta estrutura psicológica e nem
intelectual para lidar com tais materiais e possibilidades, por tanto ora
agindo eles como crianças com facas, ora como bandidos que acabaram de receber
a arma que precisavam.
Aquém
a esta incoerência ainda há aqueles que dizem que não há mais condições dos
bons mestres esperarem por bons discípulos, e que estes, os mestres, ou ainda
os portadores do conhecimento, devem buscar por tanto os aprendizes. E apesar
de crer que esta busca é sim ambígua, nunca tanto para um quanto para o outro
unilateral, e por tanto é um encontro duplamente favorável, percebo cada vez
mais que esta frase tem tido em si uma má interpretação ou uma descontinuidade
em seu entendimento. O mestre, tutor, ou portador do conhecimento de fato não
deve se esconder em uma caverna e esperar que o seu discípulo insurja por entre
as pedras com total sede de saber, mas este que detém alguma instrução, também
não fará jus a sabedoria se sair pelos quatro cantos como um pastor ensandecido
propagando as suas verdades na ânsia de que alguém implore por ser seu aprendiz
e por muitas vezes como tenho visto, implorando ele para que alguém se ofereça
para aprender seus ensinamentos.
O
conhecimento em qualquer grau e realidade sempre foi uma arma poderosíssima e o
seu portador sempre deve ter o cuidado de selecionar bem os que estão adequados
e aptos a se aprofundar na doutrina que ensina e os que não estão, é por tanto
natural que se peneire, ou seja, que se escolha cuidadosamente estas pessoas, e
ainda o próprio aprendiz tem que reconhecer que tal saber tem em si um peso,
uma responsabilidade e ainda um valor. Perceba que não me refiro a dinheiro, e
em geral se te pedem dinheiro corra, pois
coisa boa não costuma vir desses que se perderam na ganância de obter coisas
que a qualquer doutrinado jamais haveriam de fazer falta, ou serem necessárias
como moeda de troca pelo que aprendeu.
Por
muitas vezes angustiados, por motivos errados, aparecem exigindo que o
conhecimento seja passado a eles para que possam fazer isso ou aquilo, e lhes pergunto:
“O que você me oferece para que lhe transmita este saber?”, e então a pessoa
fica indignada, chegando alguns a fazer uso de palavras de baixa qualidade
moral, e cobram, exigem, reivindicam o seu direito ao conhecimento, dizendo até
que jamais alcançarei a minha evolução, pois me recuso a cumprir o dever
primordial de transmitir o saber para eles.
Atente,
pois leitor, principalmente se é um destes em estado ainda mentalmente reduzido
ao que direi. Ninguém é obrigado a transmitir-lhe qualquer saber, seja este
qual for, o saber deve e sempre deverá ser merecido e mesmo quando merecido
ainda sim conquistado. Por tanto, se queres chegar a condição de obter este
conhecimento, prove que está a altura dele, para tal não há de esperar cair do céu
este mérito, nem tão menos cairá algum dia e qualquer um que seja verdadeiramente
instruído ao perceber sua ausência de preparo, se afastará e se silenciará. Uma
vez que esteja a altura e a verdadeira oportunidade surja agarre-a e dedique-se
por inteiro, pois uma aula só rende frutos quando o aluno se aplica a matéria.
Progredir
Sempre
Lupos
Canis – O Caçador