sexta-feira, 30 de maio de 2014

Por que o sexo é sagrado?


Enquanto as religiões patriarcais definiram o sagrado e o espiritual como algo totalmente separado do corpo, da natureza, e, certamente, do sexo, as antigas raízes da humanidade implicam um entendimento diferente. Não é por acaso que a palavra sacro também é o termo anatômico para o osso triangular na base da espinha, o mesmo lugar que o Tantra nos diz que é a sede da kundalini. Quando despertada, através da prática tântrica, a kundalini sobe a espinha para despertar os centros espirituais existentes no cérebro. 

O Sagrado é entendido de forma diferente em culturas indígenas. Os seres humanos, animais, plantas, e especialmente a própria Terra são sagrados. Todos nós somos parte do Todo. Ninguém e nenhuma coisa tem que ser provado digno de ser considerado sagrado. Várias civilizações sugerem que todo ser deve compreender a natureza sagrada do sexo. Esta sabedoria foi perdida durante a Inquisição, de fato, pode-se dizer que este foi o propósito da Inquisição: criar uma mudança cultural a partir do sexo sagrado e submetê-lo como pecado, muito bem demonstrado pelo filme Dangerous Beauty*.

Toda a criação é inerentemente sagrada porque é parte da teia interligada de ecologia que sustenta a vida. Nesta visão de mundo, a Terra não é apenas vista como sagrada, mas como um ser vivo. O Sagrado é uma espécie de consciência, não uma função do ego, da mente lógica, mas de uma consciência intuitiva de tudo que nos rodeia. Portanto, temos duas maneiras diferentes de olhar para o significado do sexo sagrado, que são totalmente complementares. A Sexualidade sagrada, ou espiritualidade erótica, como queira chamá-la, é uma parte de praticamente todas as tradições espirituais ao redor do mundo. No último par de décadas elementos do Tantra foram misturados ou fundidos com elementos do Taoísmo, Native American, cultura Africana, judaico-cristã e pagã, como base para restabelecer a sexualidade.

Agora é hora de voltar para a antiga sabedoria de adorar a vida em vez da morte. Ou, como dissemos, nos anos sessenta, "Faça amor, não guerra". O sexo é sagrado por causa de seu papel em conectar pessoas. Trocas sexuais mutuamente satisfatórias naturalmente intensificam a ligação entre parceiros, mas o sexo pode ter lugar sem ligação se formos cuidadosos para manter nossos corações fechados. O Sexo abre o coração quando nos eleva energeticamente. As atitudes tântricas de abrandar, despertando todos os sentidos, sintonizar-se com a energia sutil, deixando de lado julgamentos e culpa, o ato de expressar gratidão pelo dom da vida, e saborear o momento presente são ferramentas de apoio para um relacionamento íntimo. A consciência do uso da Energia Erótica trabalha lado a lado com a magia. Assim, quando nos abençoamos, purificamos ou honramos o corpo como parte de um encontro sexual, quando nós unimos mais profundamente durante o ato sexual, ou quando a união sexual nos encaminha para a consciência mais elevada, fazemos sexo sagrado.



*Dangerous Beauty é um filme estadunidense de 1998 dirigido por Marshall Herskovitz. O filme trata do romance vivido entre Verônica (uma cortesã veneziana do século XVI) e o Senador Marco Vernier.Verônica é brilhante e intelectual e acaba sendo desejada e por toda a aristocracia da época, como também uma das mulheres mais influentes. Nada disso salva Verônica da inquisição da época e ela é levada a julgamento.


Fontes:

CASTANEDA, Carlos. O Fogo Interior. Editora Record, 1984
HELLINGER, Bert.  A simetria oculta do Amor.  Editora Cultrix.
LOWEN, Alexander. A Espiritualidade do Corpo. Editora Cultrix, 1990.

1 comentários:

Unknown disse...

Tem um livro lançado em março desse ano (2014) bem interessante para quem quiser aprofundar esse tema: "Sexo e Religião", de Dag Oistein Endsjo, pela Editora Geração. Recomendo!

 
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