terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Simbolismo do Triângulo no decorrer das Eras


O simbolismo do triângulo equilátero tem atravessado milênios de história e é utilizado nos principais centros iniciáticos do planeta, sendo diversas vezes também associado ao simbolismo do quadrado. Estas duas figuras geométricas simbolizam o homem em seu aspecto setenário. O triângulo equilátero simboliza a Individualidade vibrando no homem, ou a própria Divindade derramando-se em luz, sendo ele, a primeira figura utilizada na literatura exotérica. É o símbolo maior utilizado nos principais centros iniciáticos do planeta e adotado pelos discípulos que praticam as grandes iniciações. Podemos caracterizá-lo como um dos simbolismos mais arcaicos do esoterismo oriental, também largamente utilizado nos antigos monumentos cristãos, segundo a conceituação da mestra H.P.B, em seu Glossário Teosófico (página 702).



Encontramos também, essa figura geométrica nos tratados alquímicos na Idade Média, simbolizando a principal matéria da Obra durante o curso das operações na obtenção do Elixir. É denominado de triângulo, por ser composto de três princípios alquímicos fundamentais: Sal, Enxofre e Mercúrio, que comporão apenas uma matéria e um único corpo homogêneo. Dentro da nomenclatura teosófica, simboliza a consciência monádica, objetivada em raios de luz ao redor da tríade: Atmã, Buddhi e Manas. Para os maçons é fixado em seus altares, como símbolo do Supremo Arquiteto do Universo, ou seja, o Deus das religiões, aquele que governa os mundos por Ele criados.

As mônadas são descritas como fagulhas do Fogo Supremo, como fragmentos Divinos. Podemos entender esta descrição da seguinte maneira: a chama é a Divindade em sua primeira manifestação, as fagulhas aglomeradas, são as mônadas humanas e outras. “Aglomeradas” significando que as mônadas representam a própria manifestação do Eterno. Assim, podemos definir uma mônada como fragmento da vida divina, separada como entidade individual pela mais sutil película da matéria. Esta matéria é tão rarefeita, que enquanto forma separada não oferece obstáculo à livre intercomunicação de uma vida e se encaixa com as vidas similares que a circundam. Desta maneira, podemos entender que a mônada não é pura consciência, puro ser, é, na verdade, uma pura abstração.

No universo concreto sempre há o Eu e seus envoltórios ou veículos, por mais tênues que eles possam ser. Assim, podemos entender que a mônada é uma unidade de consciência e é inseparável da matéria. É exatamente por este motivo, que podemos afirmar, que a mônada é consciência mais matéria. Em estudos iniciáticos simboliza-se esse fenômeno esotérico dando-lhe a seguinte conceituação: Individualidade e Personalidade. A primeira, simbolizada pelo triângulo e a segunda pelo quadrado, formando-se desta maneira, o setenário. Agora, estamos aptos para compreender o Mental Abstrato, o terceiro plano da mônada no sentido de descida, que vibra no interior do homem verdadeiramente evoluído.

O Mental Abstrato é o estado de consciência que promove a ligação da mente subjetiva com a mente objetiva, ou o Mental Concreto, Intelectual, que o homem desenvolve no mundo da manifestação. Esta ligação ocorre de maneira sutil e imperceptível para a maioria dos seres que alcançaram esta dádiva no plano terreno. O homem começa de maneira gradual a desenvolver a percepção abstrata em relação aos objetos visíveis, palpáveis e materiais. Desperta interesse pelas boas músicas, principalmente, as clássicas, busca nas livrarias literaturas de caráter exotérico, pesquisa e faz contatos com escolas de caráter esotérico, passando a analisar a milenar sabedoria contida nos símbolos que foram e são cultuados pelos vários surtos civilizatórios. Com esta nova percepção passa a se interessar com maior frequência, pelos vários métodos de meditação e yogas apresentadas pelas tradições orientais. Rompe com os preconceitos, centros fomentadores da discórdia e do fanatismo e sua consciência alarga-se, liberta-se do quadrado representado por sua efêmera personalidade, que de maneira capciosa aprisiona a maioria dos seres.  

Desta maneira, o homem passa a experimentar o real sentimento de liberdade. Torna-se verdadeiramente fraterno por compreender com maior profundidade a Lei de Evolução, respeitando o estado de consciência daqueles que estão próximos ou distantes de si. Sua Iniciação Simbólica realizada no mundo tridimensional, gradualmente, passa a ser Real, e dentro de tal estado de consciência, o homem começa se identificar com os símbolos, tornando-se a manifestação ou a objetivação deles. A Iniciação Simbólica tem como principal objetivo despertar na consciência dos seres a reflexão que conduzirá ao longo do tempo o despertar do Mental Concreto. É exatamente por este motivo, que encontramos nas Igrejas, nas Sinagogas, nas Mesquitas, nos Templos Maçônicos e em todos os Santuários Iniciáticos erguidos na face da Terra, dezenas de símbolos. Tais símbolos adornam as paredes, o piso e o teto destes monumentos, para que, de maneira gradual, possam ser interpretados pela inteligência humana, dando-lhes luz e vida. Através deste processo constante de meditação dinâmica o ser penetra na essência de cada símbolo interpretando-o através do seu Mental Abstrato. Com a sua consciência subjetiva dinamizada, o discípulo é conduzido através dos símbolos à quarta ou quinta dimensão espacial, transformando-o em um autêntico iluminado. O mais interessante é que as alterações no Veículo Físico são pequenas, assim como, a frequência do Astral e do Mental Concreto diminuem, porque os atributos monádicos passam a vibrar com maior intensidade.

O verdadeiro mestre mostra e sugere símbolos como tema de meditação para seus discípulos, permitindo que eles façam suas interpretações com total liberdade, e não demonstram tais considerações interpretativas como certas ou erradas. O mais importante é a total abstração propiciada pelo símbolo e, através desta metodologia iniciática, o mestre consegue detectar com exatidão, o estado de consciência de seus discípulos. O universo simbólico tem sofrido interpretações errôneas por seres gananciosos, pervertidos e corrompidos pelo poder terreno. Eles são, em sua maioria, totalmente fechados para o mundo espiritual, exatamente pela necessidade de poder que engendraram intelectualmente. Na atualidade, encontramos dezenas, centenas ou milhares de pseudo-mestres, verdadeiros aventureiros, profanos ou vampiros dos centros iniciáticos, que manipulam a consciência dos demais em prol dos seus interesses pessoais. Assim caminham os aprendizes de feiticeiros: pensam que pensam, acham que sabem e, em sua infinita prepotência e vaidade, são derrubados de seus falsos pedestais, que um dia serviram para exaltar suas efêmeras personalidades.

Somos verdadeiramente sabedores de que a maioria dos seres ainda não se encontra suficientemente amadurecida para compreender o propósito ou as leis da evolução em que estão engajados. Entretanto, a Luz Mística que vibra nesta coluna poderá servir de fonte inspiradora para todos aqueles que se encontram no ápice do mundo concreto. Transformando-se em ponte iluminada para o plano do Mental Abstrato, que no sentido da subida da energia, representa o quinto veículo.


Texto de W. Capistrano Nobre.
Publicado no site da Confraria Mística Brasileira

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